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Compaixão: O milagre de perceber através dos sentidos

Escrito por Eva Falcão Amorim

A compaixão é uma força motivadora no ministério do Salvador, é ela que O faz ajudar inúmeras vezes as pessoas ao seu redor, discernindo entre suas necessidades e seus desejos. Jesus pode abençoar-nos e ensinar-nos de maneira pessoal por meio da compaixão.

O desejo que o Salvador tem de nos tirar de nossas aflições resultou em seu mais sublime ato de compaixão: Sua Expiação pelos pecados e sofrimentos da humanidade.

Sua capacidade de reagir às necessidades das pessoas é algo que podemos esforçar-nos para obter ao servirmos. Se vivermos em retidão e dermos ouvidos aos sussurros do Espírito, seremos inspirados a ajudar de maneiras significativas. 

Em hebraico a palavra compaixão é “rahamim”, que significa “ter entranhas”, sentir o outro com profundo sentimento. Etimologicamente a palavra compaixão apresenta dupla origem semântica: por um lado, procede do latim Cum-Passio e faz relação ao sofrimento compartilhado com outrem.

Ter compaixão é deixar de assediar, ridicularizar, discriminar e atacar a todos que você puder, incluindo a você mesmo, como por exemplo mensagens de texto impróprias e inadequadas, falar pelas costas de alguém, ignorá-la ou interrompê-la.

Não se trata de nunca defender suas verdades mas, qual a intenção com que você usa as palavras para comunicar algo e não magoar alguém – Há uma grande diferença. 

O Senhor da Oração, por Yungsung Kim. Imagem: Lighthaven

Como Jesus demonstrou compaixão?

Em Mateus 15:32 é registrado as andanças de Jesus “por todas as cidades e povoados”. Ao ver as multidões, Ele tinha compaixão delas “porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelha sem pastor” (Mateus 9:35-38). A multidão estava aflita e angustiada.

As pessoas estavam tão abatidas que quase haviam desistido da experiência espiritual que teriam. Os que tinham sido incumbidos de cuidar do bem-estar espiritual do povo de Deus haviam negligenciado seu dever. Jesus teve compaixão delas porque sabia que precisavam de um pastor.

Movendo-se de íntima compaixão

Jesus viajou 58,3 km a pé de Cafarnaum a Naim para consolar uma viúva que acabara de perder seu único filho. Ele sentiu seu sofrimento, e buscou socorrê-la em sua necessidade. Talvez, seu filho tenha voltado à vida por causa de sua mãe, que angustiada, tocou a íntima compaixão do Salvador do mundo que não pensou duas vezes em ir ao seu encontro.

Ao nos esforçarmos com real intenção para incorporar a atitude do Salvador em nossa vida, em cumprimento aos convênios que fizemos (Mosias 18:9), nos tornaremos mais sensíveis aos sentimentos das pessoas, evitaremos selecioná-las para abraçar, distribuiremos amor, acolhimento e alegria a todos, sendo instrumentos voluntários nas mãos de Deus, que nos fortalecerá e abençoará a medida que nos esforçarmos em sermos melhores.

A compaixão e a caridade vem do coração

Um exemplo disso encontra-se nas escrituras, no evangelho de Lucas, capítulo 7, quando o Senhor Jesus está na casa de Simão e, a mulher arrependida entra banhando os pés do Salvador em lágrimas e enxugando-os com seus cabelos, fazendo isso em busca do perdão de seus pecados.

O orgulhoso anfitrião que se considerava superior a ela em muitos aspectos, em seu íntimo dizia: “Se este fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o tocou, por que é pecadora” (Lucas 7:39). Esse tipo de atitude de Simeão o levou a julgar injustamente o Salvador e a mulher. Ele julgou Jesus ao subestimar quem Ele era e sua natureza divina. Fazemos o mesmo com Ele quando julgamos outras pessoas e nos consideramos melhores que ela.

A compaixão demonstrada pelo Salvador a esta mulher, era uma verdadeira evidência de seu desejo de conceder-lhe a remissão de seus pecados, contudo o coração endurecido de Simão o impediu de demonstrar empatia por ela e fez com que até mesmo tratasse o Salvador do mundo com indiferença e desprezo.

Essa atitude de Simão revela a todos nós que às vezes, nosso próprio modo de vida é semelhante ao dele: uma restrita e vazia observância de regras, uma externalização de suas convicções por meio de enaltecimento pessoal e falsa santidade.

Esta atitude de Jesus, tem raiz na caridade, um dom que é dado por Deus que consuma e ratifica os nossos atos de bondade. Sendo o puro amor de Cristo, ela nos envolve nos braços de Seu amor. Ela é uma característica fundamental dos que buscam santificar-se. Ela se entrelaça às outras características fundamentais para os que buscam ser aperfeiçoados em Cristo.

A expressão “compaixão por outros” é na realidade um aspecto essencial do evangelho de Cristo, é uma evidência marcante de nossa proximidade espiritual e emocional ao Salvador. Ela mostra o nível de influência que permitimos que Jesus tenha em nosso modo de vida e demonstra grandeza de nosso espírito. 

Compaixão é estar ciente da aflição das pessoas e ter o desejo de aliviá-las ou amenizá-las. O convênio de seguir o Salvador é um convênio de compaixão para “carregar os fardos uns dos outros” (Mosias 18:8).

A designação de zelar pelas pessoas é uma oportunidade de servir como o Senhor faria: com compaixão, fazendo algo significativo na vida delas (ver Judas 1:22). O Senhor ordenou: “Mostrai piedade e misericórdia cada um para com seu irmão” (Zacarias 7:9).  

As atitudes de amor nos levam a demonstrar para as pessoas que tipo de relacionamento temos com Deus. Isso não é sobre quantas vezes você serviu, ou perdoou, mas sobre quantas vezes você permitiu que essas coisas, pequenas e simples (Alma 37:7) impactam sua natureza e, torna você uma pessoa mais tolerável, amável, e cheia de compaixão.

Como praticar a compaixão?

O exercício diário de tal atributo consiste de atitudes diárias de fé e compromisso com seus convênios (Mosias 18:9). Descubra por si mesmo que ela está dentro de você e precisa ganhar a força necessária para aflorar e ser incorporada em suas ações diárias, com você mesmo e com o próximo:

1. Ame seu próximo

Esforce-se para amar seu próximo, seja ele quem for. Examine suas palavras antes de dizê-las, e pergunte-se: Falaria isso a mim mesmo? aceitaria que falassem comigo desta maneira? Se sim, prossiga, se não, revise!

2. Não se martirize

Identifique as palavras que você usa para se repreender ao cometer um erro. Se martirizar não adianta, o arrependimento é um processo diário de muitas tentativas (Alma 34:32-34) Ao fazer a lista das palavras que usa, observe se usaria elas com outras pessoas. Se sim, prossiga em sua melhora, se não, elimine-as de sua vida e busque novas formas de praticar o auto acolhimento e autocompaixão pois, se você souber tratar a si mesmo com tal atributo será mais capaz de entender, tratar e amar seu próximo.

3. Registre suas impressões

Escrever estimula o cérebro a se lembrar melhor, então registre as impressões que o Espírito traz a sua mente e ao seu coração (D&C 8:2-3) e se esforce para pratica-las. Elas devem representar um coração solícito (D&C 64:34).

4. Comece agora

Pense nas ações que você pode tomar imediatamente para se tratar e tratar os outros com compaixão, podem estar entre elas: 

  • Evitar fofocas a todo custo – palavras tem poder, as negativas também.
  • Ouça com paciência, sem interromper, isso te ajudará a desenvolver uma escuta mais atenta para si e para o outro. 
  • Tome cuidado para não gritar em uma discussão e respire fundo várias vezes antes de falar. 
  • Evite julgar ou ofender as pessoas por serem diferentes de você. Todos enfrentamos problemas e nem sempre estamos num bom momento.
  • Mantenha um sorriso no rosto. Tenha bom ânimo, pois Cristo venceu o mundo!

 

| Para refletir

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