O que podemos aprender com a parábola das dez virgens
“Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo.
E cinco delas eram prudentes, e cinco, insensatas.
As insensatas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo,
Mas as prudentes levaram azeite nos seus vasos, com as suas lâmpadas.
E tardando o noivo, tosquenejaram todas, e adormeceram,
Mas à meia noite ouviu-se um clamor: Aí vem o noivo, saí-lhe ao encontro.
Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
E tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos.
E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que não vos conheço.
Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir.”
O que podemos aprender com essa parábola?
A parábola das dez virgens é muito conhecida e sua mensagem, profunda.
Jesus utilizou a descrição de um típico casamento judaico da época nessa parábola. Era costume que o noivo fosse, acompanhado de seus amigos, tarde da noite, à casa da noiva. Lá, a noiva o esperava com suas damas de honra (as virgens), que, ao serem avisadas da aproximação do esposo, deviam sair com suas lâmpadas para iluminar o caminho do noivo até a casa, onde haveria a celebração das núpcias.
Sobre a escolha do número de dez virgens, acredita-se que, geralmente, esse cerimonial era composto por dez damas, isso pelo fato de que as formalidades judaicas eram realizadas com o comparecimento de ao menos dez pessoas, ou seja, a quantidade de “dez” era significativa em certas ocasiões.
Eis aqui alguns pontos a serem pensados e coisas que podemos aprender:
Todas eram virgens
Historicamente a virgindade sempre esteve relacionada à religiosidade e ao sagrado. Na parábola tanto as prudentes quanto as loucas eram virgens. Isso não significa que alguns perderão a salvação, mas que alguns nunca a tiveram.
As virgens loucas em nenhum momento foram prudentes, e as prudentes em nenhum momento se tornaram loucas. A parábola começa e termina com cinco prudentes e cinco loucas. Se aqui a virgindade se refere à religiosidade, claramente podemos perceber então que tal religiosidade não poderá salvar ninguém.
Não basta ser virgem, é preciso ter o azeite. As loucas eram virgens, tinham lâmpadas, mas saíram sem o azeite (Mt 25:3).
As aparências enganam
As dez eram virgens, possuíam lâmpadas e, pelo que o versículo 8 nos diz, saíram ao encontro do esposo com as lâmpadas acessas. Nesse momento talvez fosse praticamente impossível humanamente separá-las, pois aparentemente eram idênticas. Realmente é muito difícil conseguir separar aqueles que estão guardando os mandamentos, daqueles que não estão.
Eles frequentam a mesma Ala/Ramo, ouvem os mesmos discursos e cantam os mesmos hinos. Alguns se destacam e acabam fazendo grandes prodígios. Eles oram fervorosamente, pregam eloquentemente, curam doentes, expulsam demônios e dizem levar o nome de Cristo.
Eles enganam os homens, mas não enganam a Deus. Curiosamente na Parábola das Dez Virgens (vers. 12) Jesus usa praticamente a mesma expressão que Ele já havia utilizado em Mateus 7, “[…] Nunca vos conheci; apartai-vos de mim […]” (Mt 7:23). Nosso Deus é justo, e naquele dia não haverá intruso (cf. Mt 22:1-14).
As lâmpadas apagaram
Se por um lado inicialmente é muito difícil perceber quem são os prudentes e quem são os insensatos, há um momento em que essa diferença se torna duramente visível: ao apagar das lâmpadas. Aqueles que não estiverem firmes, não conseguirão manter sua lâmpada acessa no momento em que o Noivo vier.
Sua hipocrisia, sua religiosidade e sua aparência podem até iluminar o caminho de sua vida por um tempo, e de maneira tal que há quem o siga.
Quando olhamos para a lua durante a noite ficamos admirados por sua luz, mas logo de manhã a verdade de que ela não possui luz alguma vem à tona. Ela reflete uma luz que não é dela. A falsa fé é assim, brilha por um tempo, mas nunca terá o brilho definitivo da verdadeira fé salvadora.
O azeite é pessoal
Nesse ponto os estudiosos defendem significados diferentes para a figura do azeite, porém seja a preparação espiritual, testemunho, fé, conversão, experiência, Graça de Deus, um testemunho pessoal ou a companhia do Espírito Santo, ambos os significados são insubstituíveis, indivisíveis e notórios na vida do verdadeiro cristão.
Quando a Graça de Deus alcança o pecador ele é regenerado pelo Espírito Santo e passa conhecer a fé salvadora. Esse azeite não se pode dividir, é pessoal, suficiente apenas para os prudentes.
A respeito do azeite (ou óleo) o Presidente Spencer W.Kimball ensinou:
“Isso não foi egoísmo nem indelicadeza. A espécie de óleo que é necessário para iluminar o caminho e romper a escuridão não é partilhável. Como é possível partilhar a obediência ao princípio do dízimo, a mente tranquila por um viver digno, ou o conhecimento acumulado? Como pode alguém partilhar a fé e o testemunho?
Como pode alguém partilhar as atitudes e a castidade, ou as experiências de uma missão? Como pode alguém partilhar os privilégios das ordenanças do templo? Cada um deve obter essa espécie de óleo por si mesmo. (…)
Na parábola, o óleo podia ser comprado no mercado. Em nossa vida, o óleo da preparação é acumulado gota a gota por meio de um viver digno. (…) Cada ato de dedicação e obediência é uma gota acrescentada em nossa lâmpada” (Faith Precedes the Miracle [A Fé Precede o Milagre], 1972, pp. 255–256).
A verdade é que não podemos pedir emprestada a preparação espiritual dos outros.
O azeite deve ser adquirido dia após dia
Talvez as virgens loucas da parábola não levaram consigo azeite porque acharam que o noivo viria rapidamente. Quando perceberam que o noivo tardou em vir, então desesperadamente tentaram comprar o azeite que lhes faltava.
A parábola termina com as virgens loucas batendo à porta do Noivo, e sendo por Ele rejeitadas. Pode ser que elas queriam mostrar que se “esforçaram” para estarem ali, correram em busca de azeite para que pudessem participar das bodas, mas seus esforços nada puderam fazer por elas.
A prudência e a vigilância
Muitos pregadores de maneira equivocada pregam apenas que as virgens loucas dormiram, mas as prudentes também dormiram. Existem diferentes opiniões sobre a natureza desse sono, mas uma coisa é certa: o sono não foi o sinal de loucura, ou seja, as virgens prudentes não passaram a ser loucas pelo fato de terem dormido.
Isso quer dizer que a prudência não está relacionada ao sono, mas ao fato de ter ou não o azeite, isto é, ser prudente e estar preparado é possuir o azeite. A lição principal dessa parábola é o mandamento de “vigiar”.
A vigilância prudente é aquela que nos prepara para uma longa espera. É fácil esperar pouco tempo. Na fila de um banco, quando o tempo de atendimento é curto, todos permanecem esperando, mas quando a fila é imensa e demorada muitos desistem. A demora da volta de Cristo separa os prudentes dos loucos, os sábios dos tolos. Precisamos ser zelosos todo o tempo de nossas vidas.
O zelo temporário pela volta de Cristo não serve para nada. Precisamos estar prontos, e isso pode significar uma longa espera. Algumas pessoas acham que vigiar é esperar pela volta de Cristo a qualquer momento, mas na verdade vigiar é estar preparado para a volta dEle a todo tempo. Isso até parece ser a mesma coisa, mas acredite, não é.
Essa parábola nos ensina tal diferença, as virgens néscias esperaram o Noivo a qualquer momento, mas apenas as prudentes esperaram a todo tempo. Elas tinham o azeite, elas estavam preparadas para uma longa espera, elas vigiaram.
O Presidente Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou quem as dez virgens representam:
“As dez virgens obviamente representam os membros da Igreja de Cristo, pois todas foram convidadas para a festa de casamento e sabiam o que lhes seria exigido para poderem entrar quando o noivo chegasse. Mas apenas a metade estava preparada quando Ele veio” (“A preparação para a Segunda Vinda”, A Liahona, maio de 2004, p. 8).
Ainda sobre a preparação para espera do Noivo, o Presidente Kimball explicou:
“As virgens insensatas não se opunham à compra de óleo, e sabiam que deviam tê-lo em reserva. Elas simplesmente deixaram para a última hora, não sabendo quando chegaria o noivo. (…)Meia noite é tarde demais para quem procrastina” (Faith Precedes the Miracle [A Fé Precede o Milagre], 1972, p. 256).
Nada melhor do que as próprias palavras de Jesus:
“Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.”
E quanto a nós? Como estamos nos preparando?
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