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Geografia, arqueologia e evidências do Livro de Mórmon

O Livro de Mórmon é a tradução de um registro antigo que conta a história de um grupo de judeus que saiu de Jerusalém, viajou pelo mar e viveu no continente americano por cerca de mil anos. Ele fala sobre a vida dessas civilizações, incluindo sua cultura, guerras e crenças religiosas.

Muitas pessoas se perguntam onde essa história aconteceu e se existem evidências que provam sua autenticidade. Outros acreditam que isso não é importante para nossa salvação, e realmente é possível aprender com os ensinamentos do livro sem saber onde os eventos ocorreram.

Mesmo assim, entender o contexto histórico do Livro de Mórmon pode enriquecer nosso aprendizado, e buscar conhecimento é sempre importante para nosso crescimento espiritual.

Teoria da Geografia Hemisférica

Quando se fala de território geográfio, uma das proba bilidades levantadas é de que os eventos do Livro de Mórmon ocorreram em todo o continente americano, abrangendo tanto o Hemisfério Norte quanto o Sul. Esta teoria sugere que a “pequena faixa de terra”, mencionada no Livro de Mórmon, refere-se à divisão entre os hemisférios.

Apesar de simplificar a visualização, enfrenta o desafio das distâncias longas, que dificultariam o deslocamento rápido descrito no texto.

Teoria da Geografia Limitada

Agora, algo que se destaca entre estudiosos modernos, essa teoria defende que os eventos ocorreram em uma região específica e limitada da América, como a Mesoamérica. Essa abordagem é mais aceita ao considerar:

  1. As informações sobre distâncias entre locais mencionados no Livro de Mórmon.
  2. Compatibilidade com áreas cultural e intelectualmente desenvolvidas, como a Mesoamérica.
  3. Visão mais realista das dificuldades de transporte e comunicação em sociedades antigas.

Principais teorias geográficas

  1. Mesoamérica (América Central): A teoria mais aceita pelos estudiosos Santos dos Últimos Dias, a Mesoamérica apresenta diversas semelhanças com o texto do Livro de Mórmon:
  • Cidades e registros escritos: Civilizações como os maias e olmecas tinham cidades fortificadas e sistemas avançados de escrita.
  • Rios e mares: A configuração geográfica da região se alinha com descrições do texto.
  • Eventos catastróficos: Erupções vulcânicas e terremotos são frequentes na região, o que se encaixa com os eventos destrutivos em 3 Néfi.
  • Clima: Permite plantações descritas no livro, como cevada e trigo, e está livre de neve, algo nunca mencionado no texto.
  1. Grandes Lagos (Norte dos EUA): Essa teoria sugere que os eventos ocorreram no norte dos Estados Unidos, próximo aos Grandes Lagos. Seus defensores apontam:
  • DNA indígena: Alguns estudos de DNA indicam conexão entre nativos americanos e populações do Oriente Médio.
  • Cenário natural: Os lagos poderiam ser os “mares” mencionados no texto. Contudo, essa teoria enfrenta desafios, como o frio rigoroso da região (com neve não mencionada no texto) e a dificuldade em identificar uma “faixa estreita de terra” compatível.
  1. Península de Baja (México): Essa teoria propõe que os eventos ocorreram na península de Baja:
  • Há uma faixa de terra estreita que poderia corresponder à mencionada no Livro de Mórmon.
  • Algumas características geográficas coincidem com o texto. Por outro lado, faltam evidências arqueológicas significativas, como cidades e registros escritos.
  1. Região Andina (Peru/Chile): Essa teoria sugere que o grupo de Leí chegou à América do Sul, possivelmente no Chile, e que os eventos ocorreram nos Andes:
  • Evidências arqueológicas incluem metais e cidades antigas.
  • Lendas de um “deus barbudo de pele branca” são apontadas como paralelos culturais. Porém, há dificuldades em localizar o Rio Sidon e em conciliar outros elementos descritos no texto.

A posição oficial da Igreja sobre a geografia do Livro de Mórmon

Embora líderes do passado tenham compartilhado opiniões sobre a geografia do Livro de Mórmon, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não reconhece essas declarações como revelatórias. Oficialmente, a Igreja não toma posição sobre a localização dos eventos descritos no Livro de Mórmon. Sobre isso, o Presidente Harold B. Lee afirmou:

“Se o Senhor quisesse que soubéssemos onde (…) Zaraenla estava localizada, Ele teria nos dado a latitude e longitude, não acham?”

Na Biblioteca do Evangelho em Tópicos e Perguntas, é esclarecido que:

“A Igreja não toma posição sobre as localizações geográficas específicas dos acontecimentos do Livro de Mórmon nas Américas antigas. Especulações sobre a geografia do Livro de Mórmon podem enganar em vez de iluminar; tal estudo pode ser uma distração de seu propósito divino.”

O pesquisador Michael R. Ash comentou que, embora Joseph Smith tenha recebido visões sobre povos antigos da América, isso não implica que ele soubesse a localização exata dos eventos:

“Ver pessoas e edifícios não é a mesma coisa que ver um mapa ou uma imagem de satélite.”

A posição oficial da Igreja reforça que o foco deve estar no valor espiritual e doutrinário do Livro de Mórmon, e não em sua geografia específica.

Como o estudo da Geografia do Livro de Mórmon é realizado?

O estudo da geografia do Livro de Mórmon começa com a análise do próprio texto sagrado. O Dr. John E. Clark, arqueólogo e ex-diretor da New World Archaeological Foundation, explicou que a primeira preocupação deve ser verificar se a geografia proposta é compatível com os detalhes fornecidos no Livro de Mórmon. Somente após essa etapa, deve-se considerar a arqueologia. Ele afirmou:

“O Livro de Mórmon precisa ser o final e mais importante árbitro na decisão da precisão de uma dada geografia; caso contrário, seremos eternamente prisioneiros dos ventos inconstantes da opinião de especialistas.”

O processo ideal consiste em criar um modelo geográfico que esteja alinhado com as informações do texto e, depois, utilizá-lo como guia para buscar locais reais no continente americano que correspondam às descrições.

Críticos frequentemente argumentam que a falta de locais precisos no Livro de Mórmon enfraquece sua credibilidade, apontando descobertas arqueológicas relacionadas à Bíblia. No entanto, esse raciocínio ignora as diferenças entre os contextos geográficos do Velho Mundo (Oriente Médio) e do Novo Mundo (Américas).

  • Velho Mundo: Terreno árido e exposto, facilitando a descoberta de ruínas e artefatos.
  • Novo Mundo: Áreas densamente florestadas e irregulares, que dificultam o acesso e tornam as escavações arqueológicas caras e logisticamente desafiadoras.

Além disso, os objetos encontrados, como utensílios e ferramentas, não oferecem, por si só, informações conclusivas sobre a cultura ou religião dos povos que os utilizaram.

Registros escritos: A chave para compreender as civilizações

Os registros escritos são umas das ferramentas mais importantes para identificar com precisão os aspectos culturais e religiosos de um povo. Sem esses registros, é impossível diferenciar, por exemplo, uma “panela nefita” de uma “panela maia”. 

Por isso, a ausência de dados conclusivos sobre as civilizações descritas no Livro de Mórmon não deve ser interpretada como ausência de evidência, mas como um reflexo das limitações arqueológicas no contexto das Américas.

O estudo da geografia do Livro de Mórmon é um tema muito interessante e cheio de desafios. Ele envolve a análise cuidadosa do texto sagrado para identificar pistas geográficas, culturais e históricas que possam auxiliar na determinação de onde os eventos narrados no livro poderiam ter ocorrido. Aqui estão alguns pontos importantes para entender como esse estudo é realizado e quais são as principais teorias:

  1. Análise textual: O primeiro passo é analisar as informações geográficas fornecidas pelo próprio Livro de Mórmon. Essas descrições incluem a posição relativa de rios, montanhas, mares e cidades, bem como distâncias aproximadas e características climáticas. Esse trabalho serve para criar um “mapa teórico” que se harmonize com o texto.
  2. Harmonização com o mundo real: Após a criação do mapa teórico, estudiosos buscam identificar locais reais no continente americano que correspondam às características descritas. Isso inclui considerar fatores como arqueologia, geografia física e cultural, e até padrões climáticos.
  3. Interpretação de evidências arqueológicas: Embora objetos e artefatos sejam úteis, registros escritos são essenciais para confirmar nomes de povos, crenças e eventos históricos. O Livro de Mórmon descreve um sistema de escrita entre os nefitas, algo encontrado principalmente na Mesoamérica.

A América era habitada antes do grupo de Leí?

Um ponto interessante é a sugestão de que o continente americano já era habitado quando o grupo de Leí chegou.

Em 2 Néfi 5:5-6, Néfi menciona que outros além de sua família imediata seguiram-no, indicando a possibilidade de nativos já existentes. Isso apoia a ideia de que o Livro de Mórmon descreve uma história em uma área geográfica limitada, interagindo com populações pré-existentes.

Embora nenhuma teoria tenha sido comprovada definitivamente, o estudo da geografia do Livro de Mórmon continua a ser uma área de investigação ativa. E, apesar de o foco principal do Livro de Mórmon ser espiritual, essas descobertas arqueológicas ajudam a eliminar a ideia de que ele seria apenas uma obra fictícia. 

Compreender o contexto geográfico e histórico dos povos descritos enriquece nossa visão sobre seus desafios, sentimentos e fé. Além disso, nos inspira a aprender com suas experiências e buscar constantemente o Salvador, a quem eles também foram convidados a lembrar.

Veja também: Declaração sobre a geografia do Livro de Mórmon

| Livro de Mórmon
Publicado por: Luiz Botelho
Luiz Botelho serviu na Missão Santa Maria e atualmente mora em Provo-Ut. Estuda Antropologia na Utah Valley University e descobriu na Ciência, História, Filosofia e Teologia sua verdadeira paixão. Atualmente trabalha voluntariamente como Diretor Internacional da FairMormon, é autor do Interpretenefita.com e um dos Diretores da More Good Foundation no Brasil.
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