O que significa tomar o jugo de Cristo sobre nós?
Jesus nos convida a “tomar Seu jugo”. Jugo, ao que tudo indica, sempre esteve relacionado à escravidão, peso. Como poderia alguém se tornar livre, portando um jugo? Acompanhemos um breve relato do significado e aplicação do jugo.
No hebraico, a palavra para jugo é “môt”, que quer dizer, peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho. Era proibido prender sob o mesmo jugo dois animais de espécie diferentes. Jugo, portanto, era uma espécie de disciplina para os animais. Também significava medida agrária equivalente ao que podia um par de bois lavrar num dia.
Jugo na história romana
Em Roma existia um lugar chamado Sororium Tigillum onde aconteciam verdadeiros festivais de humilhação. O Tigillum Sororium e os altares circundantes estavam localizados perto do Compitum Acili, no declive sudoeste da colina Oppia, ou, segundo Dionísio de Halicarnasso, encaixado nas paredes no lado oposto da rua. Uma trave de madeira, era usada para obrigar os condenados a passar por baixo, sob-brados da plateia. Essa prática era terrível, contudo devolvia ao subjugado o seu lugar na coletividade. Exércitos vencidos eram obrigados a passar embaixo do jugo dos vencedores. É famoso o caso do exército Caudino que em 321 a. C subjugou o exército romano, humilhando seus soldados com a passagem pelo jugo.
O jugo do mundo
O jugo era sempre pesaroso, difícil de carregar. Ninguém se alegrava em servir sob o jugo do inimigo. Animais sob o jugo trabalhavam bem e com disciplina, mas sofriam as penas da dor física e falta de liberdade. O pecado é considerado um jugo semelhante, que condiciona o homem à servidão, provocando consequências de toda ordem: Física, moral, espiritual, psicológica, social, enfim. E há uma contradição, válida, para o jugo do pecado: Ele é pesado, mas se apresenta disfarçado de leve. O prisioneiro vive como que uma ilusão, recebe o jugo para se sentir livre e acaba prisioneiro mil vezes mais. Ao curso do tempo – a longo ou curto prazo- ele será levado para o “sororium tigillum” onde humilhado, cairá pelas mãos do inimigo: Cigarro, álcool, pornografia, mentiras, roubo, corrupção…
Jugo da lei romana
A nação de Israel, na época do nascimento de Jesus, estava sob o domínio de Roma que com o comando de Pompeu, submeteu a Judeia em 63 a.C. A época era de forte opressão, econômica, social, política e religiosa. As pessoas viviam aguardando libertação do pesado jugo romano. A grande maioria dos sacerdotes, havia se corrompido pela associação com o corrupto poder político e pelas muitas correntes doutrinárias, citando algumas: Fariseus, saduceus, zelotes, herodianos. Onde estava a liberdade? Ela era aguardada. Judeus e gentios ansiavam pelo Messias. Ele era a esperança, proclamada desde o principio por Abraão e reafirmada por Moisés e os antigos profetas.
Um novo reino
Jesus surge em tempo de crise para Israel que aguardava a libertação. Contudo, a nação apostava em um rei político, que tomasse o poder das mãos de Roma e libertasse o povo dos impostos abusivos, da servidão aos imperadores. Jesus nasce em uma pequena aldeia chamada Belém e cresce como Nazareno. Nazareno, não só porque escolhera morar em Nazaré, mas porque essa era uma designação dada aos homens separados para exercer o sacerdócio (Nm 6:1, Jz 13:5, Am 2:12 ). Jesus era o Messias, o Ungido e separado. O despedaçador de jugos! A salvação anunciada havia chegado. Não através de um rei perfeito de porte e comandante de legiões de soldados, montados em cavalos, armados de escudos e lanças. O Rei não era essa figura temida, cujas características externas assombravam pelo vigor e força. Jesus era o oposto da soberba e violência que remete ao militarismo. Ele estava ali, em Israel, anunciando e cumprindo um Novo Reino, destinado aos humildes de coração. Toda a força seria resultado da comunhão com Deus, Comandante Maior. “E naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia. E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mateus 3:1-2)
O jugo de Jesus
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:29-30) Um reino destinado aos simples de coração. O passado de todo e qualquer homem, determina seu presente. O erro de um dia, pode refletir por toda a vida.
Um homem subjugado ao pecado é um escravo que sofre dias, meses, anos. Jesus se apresenta como solução, não apenas para a nação de Israel, mas para todos os cansados e oprimidos, em todas as nações. Ele é a própria paz. O jugo de Jesus é leve, porque doutrina o homem para o caminho do bem e ao se fazer o bem, se é recompensado. O jugo de Jesus liberta do pecado e conduz a uma nova vida. Ao dizer: “Tomai o meu jugo”, é o mesmo que Ele falasse: “Tire esse enorme peso que carrega e receba de mim algo leve, suave, que te dará descanso. Meu jugo é muito mais leve que qualquer outra coisa que o mundo tem a oferecer.”
O jugo de Jesus, não é um fardo, mas uma utilidade agradável. É algo que corrige, exige, mas de forma a não oprimir. Cristianismo é relacionamento com Jesus. É recebê-lo em nossa vida e aprender Dele. Jesus é jugo que permite descansar. Tomar o jugo de Jesus é renunciar aos jugos do mundo. Isso pode causar alguma dor de princípio, e também durante a jornada, mas o final será incomparavelmente melhor que usar o pesado e doloroso jugo do pecado que conduz à morte eterna.
Quando Cristo nos convida a irmos a Ele e tomar sobre nós o Seu jugo, em momento algum Ele propõe nos deixar livre de todos os jugos. Ele propõe uma troca – trocarmos o jugo do mundo, pelo Seu jugo!
É interessante notarmos a escritura em sua totalidade, pois, nela há dois convites. O primeiro é de que todos aqueles que se sentem cansados e oprimidos, podem se achegar a Ele e receberão alívio. No entanto, se pararmos nessa primeira parte, teremos somente alívio. Por outro lado, se perseguimos, aprendendo com Ele, nós encontraremos descanso. E descanso é diferente de alívio. Alívio é quando depois de empurrar o carro em uma rua íngreme, a beira da exaustão física, você alcança o resultado e então, está aliviado. Mas o descanso mesmo, só virá depois de algumas horas de sono. Conseguem compreender a diferença?
De forma semelhante, muitas e muitas vezes, nós nos achegamos ao Senhor somente em busca de alívio. Alívio de nossos problemas momentâneos, alívio de nossas dificuldades financeiras, alívio de nossos problemas de relacionamento. E dessa forma, só caminhamos metade da jornada e alcançamos somente 50% do que o Senhor tem para nós. E não há nenhum problema em recorrermos ao Senhor. Ele deseja nos ajudar. O problema está em pararmos aqui. Se perseveramos, além de alívio, encontramos descanso. Um descaso que o mundo não tem e não conhece. Um descanso que somente os que verdadeiramente optam pelo jugo de Cristo, podem ter.
Tomar o jugo de Cristo, em resumo, poderia ser descrito como aceitar todas as exigências do Evangelho, com amor e não com o sentimento de ser pesado demais para suportar. O jugo de Cristo nos afasta do pecado e nos faz livres, mais felizes e mais completos.
O convite do Salvador é sempre atual. Que nos acheguemos a Ele e tomemos sobre nós o seu jugo, pois somente dessa forma, encontraremos alegria nessa vida e felicidade também no mundo vindouro.