O conceito de unção não é algo exclusivo das práticas atuais da Igreja. O registro mais antigo remonta ao tempo de Moisés, quando os israelitas, recém-libertos do Egito, construíram um tabernáculo no deserto. O Senhor ordenou que Moisés consagrasse não apenas pessoas, como Arão e seus filhos, mas também objetos sagrados usados no culto do templo, usando azeite de oliva como meio de unção. O capítulo 30 de Êxodo descreve essas instruções: “Moisés consagrou Arão para seus deveres sacerdotais no templo, ungindo-o com óleo e separando-o por meio da imposição de mãos.”
O azeite de oliva tinha um significado especial para o antigo Israel. Ele era usado para ungir profetas e sacerdotes, bem como reis (como Saul, Davi e Salomão), além de instrumentos sagrados do templo. A unção simbolizava ser separado, tornado santo, para a obra de Deus. Era um sinal público e visível de que aquela pessoa ou objeto estava agora dedicado a um propósito divino.
Esse simbolismo era profundo: o ato representava purificação, santificação e a concessão de autoridade ou bênção divina. É significativo observar que, ao longo do Antigo Testamento, os profetas foram repetidamente instruídos a usar óleo para separar aqueles escolhidos por Deus para chamados ou curas importantes, reforçando o peso sagrado desse ritual.
Por que o azeite de oliva é o símbolo escolhido
Por que, especificamente, o azeite de oliva ainda é usado hoje? Tanto antigamente quanto agora, ele é um símbolo poderoso. Era considerado “o mais limpo, mais claro, de melhor queima e mais duradouro entre todos os óleos animais e vegetais”, puro, útil como alimento, para cura e como combustível para lâmpadas. Para os israelitas, seu valor era enorme: ele nutria, curava feridas e iluminava.
Dessa forma, o azeite de oliva se torna um símbolo adequado de Jesus Cristo. Ele é a fonte de alimento espiritual, cura e luz. As próprias palavras “Messias” (em aramaico) e “Cristo” (em grego) significam “o Ungido”, destacando a ligação única de Jesus com o ato de unção e santificação. Para os membros da Igreja, essa conexão lembra que todo poder real vem da graça e da mediação do Salvador.
Mas o simbolismo do óleo só tem efeito depois de ser consagrado por autoridade adequada do sacerdócio. Conforme instruções da Igreja, somente azeite 100% puro de oliva deve ser consagrado e usado em bênçãos; misturas ou outros tipos não seguem o padrão das escrituras. Uma vez corretamente consagrado, o óleo deve ser visto como um instrumento sagrado nas mãos de Deus, não uma substância mágica, mas um sinal tangível de fé, obediência e das promessas do Senhor.
A unção e as bênçãos do sacerdócio nos nossos dias
Nos tempos modernos, a unção com óleo consagrado é usada principalmente em bênçãos de cura. Ela é uma parte essencial das bênçãos sacerdotais para os enfermos, mas não se restringe a isso; também aparece em ordenanças do templo e, em raros casos, na designação de pessoas para deveres sagrados. O processo tem duas etapas: um portador do Sacerdócio de Melquisedeque unge a pessoa com o óleo e outro sela a unção pela imposição de mãos com uma oração de fé.
Uma história memorável contada pelo Élder Glen L. Rudd ilustra esse princípio de maneira linda. Ele relatou a visita a uma menina de 12 anos, Janice, que havia sofrido ferimentos gravíssimos após um acidente. Com fé e seguindo o padrão prescrito, unção seguida de selamento, ela recebeu a bênção de que se recuperaria sem sequelas. Contra todas as expectativas, Janice cresceu, tornou-se mãe e avó, e nunca teve efeitos duradouros do acidente.
O Élder D. Kelly Ogden explicou:
“Aplicamos mãos e óleo, o toque físico e a substância tangível, mas nem as mãos nem o óleo curam. É a fé em Jesus Cristo e o poder do sacerdócio que curam.”
A ordenança, com suas ações e símbolos, concentra a fé de todos os envolvidos no Salvador, servindo como um lembrete poderoso de Seu poder de curar e abençoar.
A Igreja tem um processo definido para consagrar óleo, descrito em manuais oficiais e guias familiares. Qualquer azeite de oliva 100% puro, não precisa ser extravirgem, pode ser consagrado por portadores dignos do Sacerdócio de Melquisedeque. Embora o óleo se degrade com o tempo, não há deficiência espiritual no uso de óleo novo ou antigo, desde que seja puro e devidamente consagrado. Muitos portadores do sacerdócio carregam pequenos frascos de óleo consagrado, prontos para administrar a ordenança quando necessário.

Quem pode usar o óleo consagrado nas ordenanças
Nos últimos anos, houve discussões sobre quem pode usar óleo consagrado e administrar bênçãos do sacerdócio. Alguns entenderam erroneamente declarações de líderes da Igreja sobre mulheres e poder do sacerdócio, interpretando de forma incorreta ensinamentos do Presidente Russell M. Nelson sobre mulheres “compartilharem o sacerdócio” como permissão para que elas unjam e abençoem com óleo.
É essencial esclarecer: na Igreja, as mulheres participam plenamente do poder do sacerdócio por meio de convênios, especialmente no templo. Porém, a imposição de mãos com óleo consagrado é reservada àqueles que foram ordenados ao Sacerdócio de Melquisedeque e são dignos. Como ensinou o Presidente Nelson:
“Irmãs, vocês têm o direito de liberalmente invocar o poder do Salvador a fim de ajudar sua família e outras pessoas a quem amam.”
Porém, ele explicou que isso não ocorre por meio das mesmas ordenanças externas realizadas pelos homens que portam o sacerdócio. Para as mulheres, esse acesso vem principalmente por meio da fidelidade aos convênios, do serviço e da inspiração do Espírito Santo.
Na prática:
– Apenas portadores dignos do Sacerdócio de Melquisedeque podem consagrar óleo e realizar unções.
– Mulheres não usam óleo consagrado nem impõem as mãos para pronunciar bênçãos; sua participação com o poder do sacerdócio é espiritual e baseada em convênios, não em ordenanças.
Essa distinção não diminui a fé ou o acesso de ninguém ao poder de Deus, mas honra os padrões divinamente estabelecidos para as ordenanças na Igreja.
Como funciona a preparação e o uso do óleo consagrado
Muitos membros têm dúvidas práticas sobre a unção. O óleo precisa ser extravirgem? E quanto às misturas ou ao óleo guardado por muito tempo? A resposta é simples: o único requisito é que seja azeite 100% de oliva, sem misturas. Qualquer outra diferença de qualidade não importa. Uma vez consagrado por autoridade adequada, não é necessária nenhuma preparação adicional.
Embora o azeite extravirgem seja considerado superior, ele não é espiritualmente melhor nem obrigatório. Com o tempo, o óleo pode perder clareza, então alguns preferem renovar seus frascos de tempos em tempos, mas isso é apenas preferência pessoal.
Outra dúvida comum é sobre dar uma bênção sem óleo quando não há nenhum disponível. Nesses casos, portadores do Sacerdócio de Melquisedeque podem impor as mãos e oferecer uma oração de fé, confiando totalmente na misericórdia e vontade do Senhor. A ordenança continua válida, fundamentada na fé do receptor, de quem administra a bênção e, acima de tudo, em Jesus Cristo.
Aqueles que realizam a ordenança devem buscar ser dignos, mas, como pontuou a irmã Gale Boyd, “A dignidade do élder não é tão importante quanto a fé do indivíduo. Ele é apenas um canal para o Senhor, e o foco não está nele.” O Senhor honra os princípios de fé e obediência, usando instrumentos humildes para realizar Sua obra de cura e santificação.
Fonte: Ask Gramps
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