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Um estudo dos ensinamentos históricos sobre a Mãe Celestial

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensina que a família é um modelo eterno, não apenas uma instituição terrena. Por meio do Evangelho Restaurado, aprendemos que a fidelidade e os convênios feitos nesta vida podem eternizar as relações familiares, permitindo que desfrutemos de progresso eterno junto a nossos entes queridos.

Os Santos dos Últimos Dias acreditam que todos somos filhos e filhas de um Pai Celestial amoroso e também de uma Mãe Celestial. Uma das referências mais conhecidas sobre a Mãe Celestial vem de um hino escrito por Eliza R. Snow, em 1845, que diz:

“Há somente um Pai Celeste?
Não, pois temos mãe também
Essa verdade tão sublime
Nós recebemos do além!
Quando deixar a humana vida
Este frágil corpo mortal,
Pai e mãe verei contente
Na mansão celestial”

Embora a Mãe Celestial seja mencionada com reverência, a Igreja reconhece que ainda há muitas verdades sobre ela que o Senhor revelará no futuro, como declarado em Regras de Fé 1:9:

“Cremos que Deus revelará muitas coisas grandiosas e importantes relativas ao Reino de Deus.”

Essa perspectiva amplia nosso entendimento do Plano de Salvação e da natureza divina de nossos Pais Celestiais.

Declarações oficiais sobre a Mãe Celestial

Em 1909, a Primeira Presidência declarou:

“Todos os homens e mulheres foram criados à semelhança do universal Pai e Mãe e são literalmente filhos e filhas da Deidade.”

Em 1995, a “A Família: Proclamação ao Mundo” reafirmou essa verdade:

“Todos os seres humanos – homem e mulher – foram criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos. O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um.”

Há um “silêncio sagrado” sobre a Mãe Celestial?

Alguns acreditam que há um “silêncio sagrado” sobre a Mãe Celestial para protegê-la de blasfêmias ou preservar sua pureza. Por exemplo, a escritora Amy Irvine, em 2008, relatou uma história fictícia em que uma visitante do templo pergunta sobre a Mãe Celestial e é informada que “Ela é tão especial que Deus nos declarou que jamais devemos falar sobre ela”.

Porém, pesquisas mostram que a ideia de “silêncio sagrado” não tem base em revelações ou declarações oficiais da Igreja. Nenhuma autoridade geral da Igreja declarou que falar sobre a Mãe Celestial seja inapropriado ou desencorajado.

Estudos históricos indicam que nossa Mãe Celestial desempenha papéis significativos como procriadora, co-criadora de mundos e participante no Plano de Salvação, refletindo seu amor e divindade.

O papel da Mãe Celestial como esposa e mãe

Nossa Mãe Celestial é descrita como uma procriadora e mãe, com um papel essencial na criação e no Plano de Salvação. O Presidente Joseph F. Smith declarou que “nossos Pais Celestiais percorreram muitos estágios ou estados pelo qual puderam alcançar a exaltação” e que juntos “propagaram a ordem mais alta de seres chamados espíritos”, ressaltando que esse ato não poderia ser feito de forma isolada.

Como filhos de Pais Celestiais, possuímos características divinas, e nossa Mãe Celestial teve um papel fundamental no desenvolvimento de nosso caráter pré-mortal. Susa Young Gates, filha do Presidente Brigham Young, sugeriu que, ao moldar a individualidade de Abraão, “nossa grandiosa Mãe Celestial foi a maior moldadora”. Ela descreveu a Mãe Celestial como alguém que tem um “olhar cuidadoso” e provê “cuidadoso treinamento” para seus filhos espirituais.

O Presidente Spencer W. Kimball ensinou que o Senhor “criou a mulher na imagem de sua esposa e companheira”. Já o Élder B. H. Roberts destacou que a doutrina da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias eleva a mulher, apresentando-a como mãe e esposa ao lado do Pai Celestial:

“O Cristianismo é desafiado a apresentar um conceito que iguale a nobreza da mulher e seu papel como mãe e esposa, colocando-a lado a lado como o Pai divino.”

Um Ser Divino

Desde a Restauração do Evangelho, nosso entendimento sobre o Plano de Salvação ampliou-se, revelando que as experiências da mortalidade preparam nossos Pais Celestiais para a exaltação. Aprendemos que, como filhos espirituais deles, temos o potencial divino de nos tornar como Eles são, pois Eles trilharam esse caminho antes de nós.

O Élder Orson F. Whitney declarou:

“Houve um tempo em que aquele ser que agora adoramos, nosso eterno Pai e Mãe Celestial, foram homem e mulher na mortalidade.”

Essas experiências moldaram a natureza divina de nossa Mãe Celestial, referida por líderes como “Mãe Deus”, “Deusa Mãe” e “Eterna Mãe”. O Apóstolo James E. Talmage afirmou:

“Somos literalmente filhos e filhas de Pais Divinos, a progênie espiritual de Deus, nosso eterno Pai, e de nossa Deusa Mãe.”

Apesar desse reconhecimento, o Presidente George Q. Cannon alertou que adoração e louvor devem ser direcionados exclusivamente ao Pai e ao Filho, para evitar práticas não reveladas. Contudo, o Presidente Rudger Clawson argumentou:

“Adorar nossa Mãe Celestial não diminui em nada a adoração a nosso Eterno Pai, da mesma maneira que não diminui o amor que possuímos por nosso pai terreno ao incluirmos nossa mãe terrena em nossas afeições.”

A relação da Mãe Celestial com a Trindade é um tema complexo. Como destacou o pesquisador David L. Paulsen, o equilíbrio entre o papel da Mãe Celestial e a ênfase na Trindade levanta questões sobre igualdade de gêneros exaltados e a centralidade do casamento eterno. Ele explica que a unidade familiar é a mais importante na eternidade, já que o processo de criação espiritual requer tanto o Pai quanto uma Mãe igualmente exaltada e divina.

Assim, compreendemos que a Mãe Celestial desempenha um papel essencial, não apenas como co-criadora, mas como parte integrante do propósito eterno de procriação e exaltação.

Co-criadora com o Pai

Um dos papéis mais significativos de nossa Mãe Celestial é sua participação no processo de criação. A irmã Eliza R. Snow, em “The Women of Mormondom“, afirmou:

“A Mãe Celestial é parceira do Pai na criação de mundos.”

Essa ideia é reforçada pelo Élder Milton R. Hunter, do Quórum dos Setenta, que ensinou que a exaltação compartilhada por homens e mulheres inclui “o poder para criar ou organizar mundos mortais”.

O Élder Jeffrey R. Holland, juntamente com sua esposa Patrícia, destacou que nossos Pais Celestiais continuam envolvidos no processo criativo com amor e cuidado, moldando tudo ao nosso redor. Esses ensinamentos refletem a importância da Mãe Celestial como co-criadora e evidenciam seu papel ativo e essencial na grande obra divina.

A Mãe Celestial e o Plano de Salvação

Nossa Mãe Celestial desempenha um papel essencial no Plano de Salvação, como ensinou o Élder M. Russell Ballard em seu livro When Thou Art Converted: Continuing Our Search for Happiness :

“Somos partes de um plano divino arquitetado por Pais Celestiais que nos amam.”

O Manual dos Princípios do Evangelho (1978) explica que nossos Pais Celestiais criaram um lar celestial glorioso onde éramos felizes. No entanto, para progredirmos e desenvolvermos qualidades divinas, precisávamos deixar esse lar temporariamente e enfrentar desafios na Terra.

No conselho pré-mortal, onde Cristo foi escolhido como Salvador, nossa Mãe Celestial também estava presente. O Élder Orson F. Whitney e o Presidente Harold B. Lee explicaram que a despedida de nossos Pais Celestiais foi um momento emocionante. O Presidente Lee escreveu:

“Possivelmente, com lágrimas nos olhos, deixamos o lar celestial. Apesar das incertezas, prometemos retornar com honra e um coração transformado.”

Essa despedida simboliza o amor e a confiança de nossos Pais Celestiais, que nos enviaram à Terra para crescermos e, um dia, retornarmos a Eles.

Envolvimento de nossa Mãe Celestial na mortalidade

Nossa Mãe Celestial continua a nos apoiar durante nossa vida mortal, assim como nos ajudou na esfera pré-mortal. O Presidente Harold B. Lee ensinou:

“Às vezes pensamos que todo o trabalho depende unicamente de nós, esquecendo-nos que há pessoas amadas além de nossa visão que estão pensando em nós e em nossos filhos. Nos esquecemos que temos um Pai e uma Mãe Celestial que estão ainda mais preocupados, provavelmente, do que nossos pais terrenos e aquela influência do além está constantemente trabalhando para tentar ajudar-nos, quando fazemos tudo o que podemos.”

Embora não possamos vê-los, nossos Pais Celestiais continuam a nos guiar, como destacou John Widtsoe:

O templo é um lugar de bênção. Recebemos promessas condicionadas apenas a nossa fidelidade, que se estendem por toda a vida e pela eternidade. Elas vão-nos ajudar a compreender nossa proximidade aos nossos pais celestiais.”

Apesar disso, o pecado e a ignorância podem nos afastar desse apoio divino. Nossa Mãe Celestial não apenas ajudou a planejar o Plano de Salvação, mas também dedica sua compaixão e cuidado ao nosso dia a dia, ajudando-nos a alcançar nosso potencial eterno.

Até que voltemos a nos encontrar

O papel e a natureza divina de nossa Mãe Celestial no Plano de Deus têm sido amplamente discutidos por líderes da Igreja desde os primeiros anos da Restauração até os dias atuais. Apesar da reverência necessária ao tratar de temas sagrados, as evidências mostram que a ideia de “silêncio sagrado” em relação a Ela nunca foi ensinada publicamente por autoridades gerais. Pelo contrário, muitos líderes falaram abertamente sobre Sua importância, exaltando Sua natureza divina.

Nossa Mãe Celestial é reconhecida como procriadora, Mãe, co-criadora e participante ativa no planejamento e execução do Plano de Salvação, tanto em um nível geral quanto individual. Sobre a eterna e divina natureza e papel da mulher, o Élder Glenn L. Pace declarou:

“Irmãs, eu testifico que quando estiverem em pé, em frente a seus Pais Celestiais naquela corte real, e olharem nos olhos Dela e contemplarem Seu semblante, qualquer dúvida que já possuíram sobre o papel da mulher no Reino, irá evaporar em um momento no ar celestial, porque naquele momento vocês verão em pé a sua frente, a sua própria natureza divina e destino.”

Veja também: 

Por que a Mãe Celestial é essencial?

Saber que és filha de uma Mãe Celestial

| Para refletir
Publicado por: Luiz Botelho
Luiz Botelho serviu na Missão Santa Maria e atualmente mora em Provo-Ut. Estuda Antropologia na Utah Valley University e descobriu na Ciência, História, Filosofia e Teologia sua verdadeira paixão. Atualmente trabalha voluntariamente como Diretor Internacional da FairMormon, é autor do Interpretenefita.com e um dos Diretores da More Good Foundation no Brasil.
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