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O Espinho na Carne: dificuldades que nos acompanham apesar da retidão

O apóstolo Paulo em 2 Coríntios 12:7-9 disse:

E para que não me enaltecesse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, para que não me enalteça.
Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.

O Espinho na Carne

Não sabemos no que consistia o “espinho na carne” de Paulo. Ele diz que esta dificuldade temporal ou mortal dava poder ao “mensageiro de Satanás” para lhe esbofetear. A palavra “espinho” pode significar “estaca”, “espinha de peixe pontiaguda” ou “instrumento cirúrgico”. Cada um desses termos indica algo extremamente doloroso.

“Houve inúmeros debates a respeito do que poderia ser essa enfermidade, e entre as sugestões apresentadas, mencionaram-se a de uma esposa perversa que se voltou contra ele por ocasião de sua conversão, a epilepsia, uma enfermidade ocular muito grave, malária, ou alguma fraqueza espiritual que constantemente o atormentasse. Não temos meios de saber, através dos registros que atualmente possuímos, a que Paulo queria referir-se. Só podemos ter certeza de que cada um de nós tem suas fraquezas, espirituais ou físicas, que Satanás usará para nos desafiar” [1]

O Presidente Harold B. Lee declarou:

“O Senhor nos ensinou nas escrituras que Satanás e um inimigo de toda retidão, e por causa disso, aqueles que ocupam elevadas posições no reino de nosso Pai, serão alvo de seus incansáveis ataques. Podeis esperar, como o apóstolo Paulo com tanta clareza compreendeu, vos que presidis nos vários oficios do reino de nosso Pai, que um dia sereis sujeitos as investidas do diabo. “(…) Muitas vezes recebeis enfermidades, problemas e aflições, para que vossas almas sejam testadas. Nessa ocasião, os poderes de Satanás parecem estar sempre dirigidos contra vós, sempre atentos procurando quebrar vossa resistência; porem, as fraquezas oriundas dessas enfermidades vos proporcionarão o poder de Deus, que se derramara sobre vós, e, acontecera convosco como ocorreu ao apóstolo Paulo, que foi confortado pelo pensamento de que, através de suas provações, o poder de Deus nele habitaria.” [2]

o salvador e minha doença crônica

One By One – Walter Rane

Usar nosso arbítrio

O Presidente Dallin H. Oaks ensinou que, sejam quais forem nossas suscetibilidades ou tendências, temos a obrigação de empregar nosso arbítrio para vencer nossas fraquezas:

“Talvez, como dizem por aí, essas pessoas tenham ‘nascido assim’. Mas o que isso significa? Será que significa que as pessoas com suscetibilidade ou fortes tendências não têm escolha, que nesses casos não existe arbítrio? Nossa doutrina ensina o contrário. Sejam quais forem as suscetibilidades e tendências, elas têm liberdade de escolha. Seu arbítrio não ficou prejudicado. É sua liberdade que está limitada. (…) Somos todos responsáveis pelo uso que fazemos de nosso arbítrio. (…)

A maioria de nós nasce com ‘espinhos na carne’; alguns mais visíveis ou mais graves que outros. Aparentemente todos temos alguma tendência a desenvolver este ou aquele distúrbio; mas sejam quais forem nossas suscetibilidades, temos a liberdade e a capacidade de controlar nossos pensamentos e ações, e é assim que tem que ser. Deus declarou considerar-nos responsáveis pelo que fazemos e pensamos; consequentemente, nossos pensamentos e ações precisam ser controlados por nosso arbítrio. Ao alcançarmos a idade da razão ou a capacidade de responder por nossas ações, a alegação de que ‘nascemos assim’ não justifica atos ou pensamentos não condizentes com os mandamentos de Deus.

Precisamos aprender a viver de modo a não sermos impedidos de alcançar nosso destino eterno por causa de uma fraqueza mortal. Deus prometeu que consagraria nossas aflições para nosso benefício (ver 2 Néfi 2:2). O esforço que fazemos no combate a qualquer fraqueza herdada ou desenvolvida fortalece-nos espiritualmente, e essa força nos acompanhará por toda a eternidade. Por esse motivo, quando Paulo orou três vezes para que seu ‘espinho na carne’ fosse retirado, o Senhor respondeu: ‘A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’ [II Coríntios 12:9]” [3]

O Elder Oaks acrescentou alguns anos mais tarde:

“Assim como diferem em sentimentos, certas pessoas aparentam ser extremamente suscetíveis a determinadas ações, reações ou dependências. É possível que essa suscetibilidade seja inata ou adquirida sem qualquer culpa ou opção pessoal, tal como a aflição que o Apóstolo Paulo chamou de “um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”. (II Coríntios 12:7) Determinada pessoa pode, por exemplo, ter sentimentos que a predisponham ao jogo, mas em vez de fazê-lo esporadicamente, passa a apostar de modo compulsivo. Outra pessoa pode sentir prazer em fumar, tendo a propensão de viciar-se no cigarro. Outra pode sentir uma atração incomum por bebidas alcoólicas, sendo facilmente induzida ao alcoolismo. Outros exemplos podem incluir um temperamento violento, um caráter briguento, uma atitude invejosa, etc.

Em cada caso (e em outros exemplos semelhantes), os sentimentos e outras características que propiciam determinado tipo de comportamento podem estar, de alguma forma, ligados à hereditariedade. Essa ligação,contudo, é provavelmente bastante complexa. O fator herdado pode tratar-se apenas de uma tendência maior a desenvolver certos sentimentos, caso a pessoa venha a encontrar determinadas influências durante os anos de formação. Independentemente de nossas diferentes suscetibilidades ou vulnerabilidades, que representam apenas variações de nossa liberdade mortal [na mortalidade somos “livres (apenas) segundo a carne” (2 Néfi 2:27)], continuamos responsáveis pelo exercício de nosso livre-arbítrio nos pensamentos e na conduta que escolhemos. (…)

Sejam quais forem nossas suscetibilidades ou tendências [sentimentos], elas não nos podem sujeitar a conseqüências eternas, a menos que exerçamos nosso livre-arbítrio para fazer ou imaginar coisas proibidas pelos mandamentos de Deus. Por exemplo: Uma pessoa com tendência ao alcoolismo não dispõe da liberdade de tomar bebidas alcoólicas sem que se torne dependente, mas seu livre-arbítrio permite-lhe abster-se, escapando assim da debilitação física causada pelo álcool e da deterioração espiritual causada pelo vício.

Tomem cuidado com o argumento de que a pessoa com forte propensão a cometer determinado ato não possui capacidade de escolha, não podendo, portanto, ser responsabilizada por suas ações. Essa alegação contraria as mais fundamentais premissas do evangelho de Jesus Cristo. Satanás deseja fazer-nos acreditar que não somos responsáveis por nossos atos nesta vida. Esse era o resultado por ele almejado ao lançar seu desafio na pré-mortalidade. Aquele que insiste em declarar que não é responsável pelo exercício de seu livre-arbítrio, por ter “nascido assim”, ignora o resultado da guerra nos céus. Somos responsáveis, mas quando insistimos no contrário, nossos esforços tornam-se parte do trabalho de propaganda do adversário.” [4]

Conclusão

Cada um de nós tem dificuldades e tentações. Satanás procura nossas fraquezas para nos destruir. Entretanto, conforme o Senhor ensinou no Livro de Mórmon, quando nos aproximamos do Senhor nossas fraquezas ficam mais evidentes, porém, por meio delas, podemos, como Paulo, ser aperfeiçoados:

“E se os homens vierem a mim, mostrar-lhes-ei sua fraqueza. E dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam humildes; e minha graça basta a todos os que se humilham perante mim; porque caso se humilhem perante mim e tenham fé em mim, então farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles.” [5]

Podemos, como o grande Néfi exclamar:

“Oh! Que homem miserável sou! Sim, meu coração se entristece por causa de minha carne; minha alma se angustia por causa de minhas iniquidades.

Estou cercado por causa das tentações e pecados que tão facilmente me envolvem!

E quando desejo alegrar-me, meu coração geme por causa de meus pecados; não obstante, sei em quem confiei. (…)

Oh! Então se (…) em sua condescendência para com os filhos dos homens, [o Senhor] visitou os homens com tanta misericórdia, por que, pois, deveria meu coração chorar e minha alma padecer no vale da tristeza e minha carne definhar e minhas forças diminuírem por causa de minhas aflições?

E por que eu cederia ao pecado por causa de minha carne? Sim, por que sucumbiria a tentações, para que o maligno tivesse lugar em meu coração a fim de destruir minha paz e afligir minha alma? (…)

Desperta, minha alma! Não te deixes abater pelo pecado. Regozija-te, ó meu coração, e não dês mais lugar ao inimigo de minha alma.” [6]

Você pode se perguntar qual é seu espinho na carne. Já vimos que, aqueles que se aproximam de Deus acabam vendo sua pequenez e suas falhas ficam mais evidentes.

Ao refletir sobre seus desafios, talvez você fique chateado por ter que lutar constantemente. Nem três fervorosas orações do Apóstolo Paulo retiraram o espinho da carne de imediato. Isso talvez te desanime, mas o fato é que essa constante luta não significa necessariamente uma derrota. Ela lhe permitirá ficar alerta. O Presidente Boyd K. Packer disse:

“Todos são testados. Alguém pode achar injusto o fato de ser diferente e de estar sujeito a uma tentação específica, mas esse é o propósito da vida mortal — sermos testados. E a resposta é a mesma para todos: Precisamos e podemos resistir a todo tipo de tentação.” [7]

É possivel vencer. Alguns fardos são retirados assim que recorremos ao Senhor, outros não, para que possamos ser aperfeiçoados na fraqueza. Seja como for, a graça do Senhor nos basta – e se confiarmos “ele consagrará [nossas] aflições para [nosso] benefício.” (2 Néfi 2:2)

__________

[1] Manual do Aluno do Instituto – Curso do Novo Testamento, pg. 330.

[2] Conferece Report, outubro de 1949, pg. 57

[3] “Free Agency and Freedom”, Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr. (org.), The Book of Mormon: Second Nephi, the Doctrinal Structure, 1989, pp. 13–14; ver também A Liahona, março de 1996, pp. 14–24.

[4] Manual do Aluno do Curso do Casamento Eterno, pg. 296-297, ver também “Atração por pessoas do mesmo sexo”, A Liahona, março de 1996, pg. 14–24

[5] Éter 12:27

[6] O Salmo de Néfi, 2 Néfi 4

[7] “Guiados pelo Santo Espírito”, Conferência Geral, Abril de 2011

| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
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