Perguntas e respostas: quem são os filhos de perdição?
Entre os assuntos mais intrigantes que despertam curiosidade sobre a doutrina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias estão os ensinamentos sobre quem são, o que fazem e qual o destino dos chamados “Filhos de Perdição”.
Para ajudar a esclarecer dúvidas, reunimos as 9 perguntas mais comuns sobre o tema.
- Quem são os Filhos de Perdição?
- O que é o “pecado imperdoável”?
- Qual é a natureza dos filhos de perdição?
- Os filhos de perdição serão ressuscitados?
- Qual é o destino final dos filhos de perdição?
- Judas Iscariotes foi um filho de perdição?
- O que são as “trevas exteriores”?
- Uma mulher pode se tornar um filho de perdição?
- A Expiação de Cristo não cobre os filhos de perdição?
Vamos lá!
1. Quem são os Filhos de Perdição?
No site oficial da Igreja, os filhos de perdição são descritos como “seguidores de Satanás que sofrerão com ele na eternidade”. Eles se dividem em dois grupos:
- Aqueles que seguiram Satanás na vida pré-mortal e foram expulsos do céu por se rebelarem.
- Aqueles que nasceram aqui na Terra, receberam um corpo físico, mas acabaram servindo a Satanás e se voltaram completamente contra Deus.
As escrituras explicam que se tornar um filho de perdição durante a mortalidade envolve cometer o “pecado imperdoável” ou “blasfêmia contra o Espírito Santo”. Alguns exemplos de escrituras que falam sobre o assunto são Mateus 12:21-32, Marcos 3:28-29 e D&C 132:27. Isso acontece quando a pessoa nega a Cristo depois de receber um conhecimento perfeito sobre Ele.
Além de Satanás e seus seguidores, dois exemplos conhecidos nas escrituras são Caim e Judas Iscariotes.
2. O que é o “pecado imperdoável”?
De forma geral, o Senhor promete perdão para praticamente qualquer pecado. Ele disse:
“Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”.
Mas há uma exceção: o “pecado imperdoável”, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Esse pecado torna impossível receber perdão, tanto nesta vida quanto na próxima.
Em Doutrina e Convênios, o Senhor explica:
“A blasfêmia contra o Espírito Santo, que não será perdoada no mundo nem fora do mundo, é cometer assassinato derramando sangue inocente e consentir em minha morte depois de terdes recebido meu novo e eterno convênio”.
Embora “derramar sangue inocente” geralmente lembre assassinato, o Manual do Instituto traz mais clareza sobre isso. Ele explica:
“O “sangue inocente” mencionado em Doutrina e Convênios 132:27 é o sangue inocente de Jesus Cristo, e é a isso que a frase “consentir em minha morte” se refere nesse versículo. Essa é a descrição de uma pessoa que se tornou um filho de perdição.”
Ou seja, blasfemar contra o Espírito Santo não é apenas expressar descrença ou ódio. É um ato muito mais profundo e consciente. No manual do Instituto aprendemos:
O que deve fazer o homem para cometer o pecado imperdoável? Tem que receber o Espírito Santo, ter os céus abertos a ele e conhecer Deus, e depois pecar contra Ele. Depois de haver pecado contra o Espírito Santo, para ele não há mais arrependimento.
3. Qual é a natureza dos filhos de perdição?
As escrituras descrevem os filhos de perdição como “vasos de ira”, condenados a um tormento eterno, em um lugar metaforicamente chamado de “fogo inextinguível”. Sobre isso, Joseph Smith declarou:
“Não se pode salvar tais indivíduos; Não se pode trazê-los ao arrependimento.”
Essas pessoas não são apenas perversas, mas também incapazes de se arrepender, pois cruzaram todos os limites possíveis de pecado e rebelião. Elas se deleitam no mal e lutam contra tudo o que representa inteligência, luz e progresso. Como sabem que não podem atingir diretamente a Deidade, seu objetivo é atacar o que o Senhor mais ama: seus filhos, tentando fazê-los tão miseráveis quanto elas mesmas.
4. Os filhos de perdição serão ressuscitados?
Sim, todos os mortais, sem exceção, serão ressuscitados e comparecerão para o julgamento. A diferença é que os filhos de perdição ressuscitarão com corpos não glorificados.
5. Qual é o destino final dos filhos de perdição?
A Igreja não tem uma posição oficial sobre o destino final dos filhos de perdição. Líderes da Igreja ao longo do tempo apresentaram diferentes opiniões, mas as escrituras ensinam que o estado final dessas pessoas será conhecido apenas por aqueles que passarem por essa experiência.
A teoria da dissolução dos espíritos
Uma outra teoria, defendida por alguns líderes da Igreja, sugere que os filhos de perdição poderiam ser dissolvidos e retornar ao estado inicial de inteligências desorganizadas. Essa ideia, além de lógica, parece encontrar respaldo em algumas escrituras e ensinamentos.
Brigham Young foi um dos primeiros a mencionar essa possibilidade, afirmando:
“Eles serão decompostos, tanto a alma como o corpo, e retornarão a seus elementos nativos. Não afirmo que eles serão aniquilados, mas desorganizados, e será como se nunca houvessem existido, e enquanto nós viveremos e reteremos nossa identidade e contenderemos contra aqueles princípios que tendem à morte e dissolução (…) Eu desejo preservar a minha identidade, para que possam me ver nos mundos eternos assim com me veem agora.”
Nesse contexto, as palavras de Leí a seus filhos rebeldes ganham ainda mais significado:
“Para que não sejais amaldiçoados com uma terrível maldição; e também para não incorrerdes no desagrado de um Deus justo, trazendo sobre vós a destruição, sim, a eterna destruição, tanto da alma como do corpo.”
Outras passagens sugerem algo semelhante, especialmente quando falam da segunda morte espiritual, que representa um afastamento completo de tudo que é concernente à retidão.
Apoiando a teoria
Um dos versículos que parecem sustentar essa ideia está em Doutrina e Convênios 88. Após mencionar os que herdarão os reinos Celestial, Terrestre e Telestial, o texto diz:
“E os que restarem também serão vivificados; contudo, regressarão a seu próprio lugar para usufruir aquilo que estiverem dispostos a receber, porque não estavam dispostos a usufruir aquilo que poderiam ter recebido.”
O uso da palavra “regressarão” sugere um retorno ao estado inicial, o que se alinha com o conceito ensinado por Brigham Young. Segundo essa visão, os filhos de perdição seriam desorganizados e voltariam às trevas exteriores, onde reina o caos e a escuridão, sem corpo ou identidade.
O Propósito de Satanás
Compreender esse possível destino dos filhos de perdição também nos ajuda a entender melhor a motivação de Satanás. Ele sabe que seu fim é o tormento eterno, e sua única “vitória” é levar outros a um estado de destruição e miséria.
Essa teoria, apesar de não ser uma doutrina oficial da Igreja, apresenta uma perspectiva interessante sobre a justiça e a misericórdia divinas, oferecendo uma visão mais ampla sobre as consequências eternas das escolhas feitas nesta vida.
6. Judas Iscariotes foi um filho de perdição?
A pergunta sobre Judas Iscariotes ser ou não um filho de perdição sempre gerou opiniões diversas. No entanto, o Apóstolo James E. Talmage oferece um ponto de vista interessante em seu livro Jesus, o Cristo:
“Sob a luz da palavra revelada, aparentemente deixou ser levado pela causa de Satanás enquanto ostensivamente servia a Cristo (…) Ele havia recebido o testemunho de que Jesus era o Filho de Deus; e, na plenitude da luz daquela convicção, se voltou contra o Senhor e o traiu com a morte… Não importa qual seja a opinião de críticos modernos sobre o bom caráter de Judas, possuímos o testemunho de João, que por três anos esteve em companheirismo com ele, e afirmou que o homem era um ladrão. O próprio Jesus se referiu a ele como ‘diabo’ e ‘filho de perdição’.”
Esse entendimento sugere que Judas, por conhecer plenamente a divindade de Cristo e ainda assim traí-lo, pode ter alcançado o estado de um filho de perdição.
7. O que são as “trevas exteriores”?
A expressão “trevas exteriores” aparece nas escrituras e é usada para descrever duas condições ou lugares distintos:
- O inferno temporário: Trata-se da morada espiritual dos desobedientes na mortalidade. Esse inferno terá fim, pois ali os espíritos aprenderão o evangelho e, em algum momento, serão ressuscitados para o grau de glória que merecem. Aqueles que não se arrependerem, mas não forem filhos de perdição, permanecerão no inferno durante o milênio e só ressuscitarão para a glória telestial após esse período.
- O inferno permanente: Esse é o destino eterno dos filhos de perdição. É onde habitarão Satanás, seus anjos e todos os que negaram o Filho após receberem a plena revelação do Pai (D&C 76:43–46).
Em seu livro Mormon Doctrine, o Élder Bruce R. McConkie explicou sobre as trevas exteriores:
“O inferno é, literalmente, um lugar de trevas exteriores, de escuridão que odeia a luz, sepulta a verdade e se deleita na iniquidade.”
8. Uma mulher pode se tornar um filho de perdição?
Embora a expressão “filhos de perdição” pareça, à primeira vista, se referir apenas a homens, líderes da Igreja já esclareceram que tal destino não está limitado ao gênero masculino. O Élder Melvin J. Ballard afirmou:
“O Senhor possui outros filhos e filhas que nem mesmo alcançarão o Reino Telestial. Eles são filhos de perdição assim como Satanás e seus anjos.”
Portanto, o termo se aplica a qualquer indivíduo, homem ou mulher, que escolha rejeitar a luz de forma definitiva.
9. A expiação de Cristo não se aplica aos filhos de perdição?
A Expiação de Jesus Cristo é infinita e capaz de cobrir os pecados de todos os homens, como ensinado em Doutrina e Convênios 18:11. No entanto, a limitação está naqueles que rejeitam esse presente. Os filhos de perdição, por sua própria natureza imutável e decaída, não possuem desejo de se arrepender.
A Expiação é comparável a um presente oferecido a todos, mas que deve ser aceito. Os filhos de perdição escolhem rejeitá-lo, e, ao fazê-lo, perdem o acesso às bênçãos redentoras.
O Evangelho de Jesus Cristo é, em sua essência, edificante e cheio de esperança. Contudo, compreender a história e o destino dos filhos de perdição pode nos ajudar a evitar seus erros e a guiar nossas vidas em direção à luz e à retidão. Essa perspectiva nos lembra da importância de escolhermos diariamente seguir a Cristo, aceitar Sua Expiação e buscar nos alinhar com o plano de salvação.
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