A única vez que Jesus usou um nome em Suas parábolas
Todo mundo já ouviu falar de Lázaro. O irmão de Marta e Maria que morreu e foi deixado em sua tumba por quatro dias, cheirava mal e foi milagrosamente levantado dos mortos por Jesus. Ele faz parte de um dos milagres mais impressionantes e de cair o queixo que Jesus fez.
Bom, esse não é aquele Lázaro.
Mas, você precisa saber que esse Lázaro é a única pessoa nas parábolas de Cristo a ter um nome. Em todas as outras, ele utilizava somente títulos: o semeador, o pai, o filho pródigo, o devedor, o mestre, o fariseu, as virgens.
Por outro lado, esse homem recebeu um nome legítimo. E porque Cristo sempre ensinava algo em seus atos, penso que existe uma boa razão para que esse “mendigo” tivesse um nome.
O nome Lázaro é uma variação grega de Eleazar, que significa “Deus é minha ajuda. ” O Élder Talmage tinha uma ideia interessante sobre isso: o mendigo ter nome e o rico não, pode significar que o Salvador teria encontrado o nome do homem pobre no livro da vida, porém não havia encontrado o nome do homem rico.
De acordo com o dicionário bíblico, o livro da vida é “um registro celestial dos justos, inclusive seus nomes e um relato de seus nobres feitos.” Parece que o fato do mendigo ter um nome, indica que apesar de sua condição financeira, ele teve mais sucesso nos aspectos celestiais do que o homem rico. Na verdade, o Salvador fala exatamente sobre isto ao decorrer da parábola.
Considere também que Jesus fez exatamente o oposto do que a maioria de nós esperávamos. Qual nome seria mais fácil de sabermos? O do homem rico que está na mídia todos os dias? Ou o mendigo que vive sentado na esquina do posto de gasolina? É claro que reconheceríamos o Silvio Santos ou o Ronaldo Fenômeno ou a Ana Maria Braga, mesmo que nunca os tivéssemos conhecido pessoalmente. Mas o mendigo? Sem chance!
Pense no que Cristo está dizendo com esta parábola
Se você estivesse andando com Jesus e vocês passarem por um homem rico, você poderia perguntar para Ele quem era aquele homem e ele te responderia: “Ah, é um homem rico.” Mas se você perguntasse sobre o mendigo sentado naquela esquina, ele te responderia, “Aquele é Lázaro”. Ele diria o nome do mendigo, mas não o do homem rico, o que é exatamente o oposto do que poderíamos esperar. A ironia presente nessa parábola, não para por aí.
Além de nos dizer o nome do mendigo, Jesus já começa a nos mostrar uma clara descrição dos dois personagens da parábola:
“Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele; E desejava saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e até vinham os cães, e lambiam-lhe as chagas.” (Lucas 16:19–21).
O homem rico vestia purpura – uma cor usada pela realeza e por ricos. Ele também vestia “linho finíssimo. ” Na época de Cristo, pessoas pobres usavam roupas feitas de lã, cânhamo ou algodão; os ricos usavam seda e linho. É obvio que as roupas do homem rico o destacavam na multidão. Ele era bem sucedido.
Em caso de alguém perder aquele exato detalhe, o Salvador vai além e diz que ele “vivia todos os dias regalada e esplendidamente.” Ele não poupava dinheiro. É difícil encontrar adjetivos suficientes para descrever a maneira que o homem rico comia, o que não era de vez em quando, mas todos os dias. O dicionário define as palavras ‘regalada e esplendida’ como abundante, luxuoso, grandioso, magnificente. E lembre-se, era assim todos os dias. É como imaginar comer em qualquer restaurante luxuoso que você queira todos os dias.
E Lázaro, o mendigo? Ele só queria as migalhas que caíam da mesa do homem rico. Não dá para entender como Lázaro se sente a respeito da comida do homem rico. Ele quer aquilo que o homem irá jogar fora. E pelo que parece, nem as migalhas ele consegue. O que sabemos é que ele nunca foi convidado para se sentar à mesa e partilhar da comida.
Enquanto o homem rico vestia as melhores roupas, o mendigo está coberto de “chagas”. Jesus não explica a razão dele estar nesta condição, mas isso não importa. Cristo nos conta de maneira clara quais eram as reais condições daquele homem. E não se esqueça que Lázaro estava “à porta daquele,” e os cachorros lambiam suas feridas. Parecia que Lázaro não tinha forças para se livrar dos cachorros, o que nos faz presumir que ele estava muito fraco e doente.
Ao ouvir Jesus contar essa história, você pode pensar ‘os cachorros estava tentando ajudar! Aonde estavam as pessoas?’ Talvez Jesus tenha usado essa descrição visual para nos ajudar a entender que o mendigo havia sido excluído da sociedade. Ninguém veio limpar suas férias, nenhum amigo ou familiar foi até ele, pelo menos ninguém que é descrito na parábola. Os cachorros que lambiam as suas feridas eram seus companheiros, e talvez era assim que as pessoas o enxergavam – como um animal de rua.
Ao considerar todos os aspectos da parábola e comparar os dois personagens, Jesus desenhou um perfeito contraste entre o rico e o pobre, o privilegiado e o desamparado. É difícil de imaginar que qualquer um que ouvisse essa parábola não pudesse entender a situação e o quão diferente eram estas duas pessoas. Eles estavam em lados completamente opostos.
Jesus continua:
“E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, erguendo os olhos, estando em tormentos, viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.” (Lucas 16:22–23).
Como o Élder Talmage escreveu.
“Lázaro morrera; não é feita menção do seu enterro; seu corpo ferido provavelmente fora atirado numa vala comum; mas anjos levaram seu espírito imortal ao Paraíso, o lugar de descanso dos abençoados e comumente conhecido, na linguagem figurativa dos rabis, como o seio de Abraão. O rico também morrera; seu enterro, sem dúvida alguma, fora suntuoso, mas não lemos sobre quaisquer anjos recebendo seu espírito. No inferno, levantou os olhos e viu à distância Lázaro, em paz, na morada de Abraão.”
Nossa! Isso foi um choque para o homem rico. O que aconteceu? Ele acabou atormentado no inferno, enquanto o mendigo cheio de feridas e abandonado foi recebido no seio de Abraão? Não era só um homem. Era Abraão, o judeu dos judeus. O pai da religião. Para as pessoas a quem aquela parábola estava sendo dita, Jesus não poderia escolher um nome melhor do que o de Abraão para receber Lázaro. Para nós, seria como passear com Joseph e Emma Smith.
O que a frase “o seio de Abraão significa?
Muitos estudiosos acreditam que se refere a Lázaro e Abraão partilhando uma refeição. Os judeus comiam perto do chão, e muito deitavam apoiando-se no quadril e no cotovelo esquerdos e comendo com a mão direita.
Durante a última ceia, é dito que João está perto de Jesus, o que significa que ele está comendo ao lado Dele. Neste caso, a posição de Lázaro foi completamente ao contrário. Que ironia! Ele não conseguia pegar as migalhas que caiam ao chão, e agora está sentando ao lado de Abraão.
Como disse Jesus, de repente Lázaro não estava tão mal aos olhos do homem rico. Na verdade o homem rico “clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.” (Lucas 16:24).
Então, ele sabe o nome do mendigo. Ele sabia quem era Lázaro quando eles estavam na terra. Ele não achava que Lázaro merecia algumas migalhas antes que os dois morressem, mas e depois? Ele ainda queria que Lázaro o servisse. Ele ainda enxergava Lázaro como nada além de um mendigo.
Note pela maneira que o homem rico pedia por gotas de água – não por copos de água, não por uma jarra de água. A situação deles foi totalmente revertida, Lázaro pedia por migalhas de comida, agora o homem rico pedia por gotas de água.
Vamos ver a resposta de Abraão: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado, e tu, atormentado” (Lucas 16:25). Em outras palavras, em vida você não tive migalhas. Agora você não receberá nem mais do que uma gota de água.
Mas não para por aí: teria sido impossível para Abraão atender ao pedido do homem rico descrito pelo Élder Tlmage como “miserável sofredor”. Cristo estava dizendo aos Fariseus que “os justos e os injustos habitam separadamente durante o intervalo entre a morte e a ressurreição, é claro.” Porque: “entre a morada dos justos, onde descansava Lázaro, e a dos iníquos, onde ele sofria, “está posto um grande abismo”, e a passagem entre os dois é interditada” – o que significa ser proibida.
Esta é uma passagem importante para nós Santos dos Últimos Dias, porque acreditamos que antes da ressureição do Salvador não havia interação entre o mundo espiritual e a prisão espiritual, e D&C 138 aprendemos que o próprio Salvador organizou esta missão enquanto Seu corpo jazia na tumba.
Antes de você pensar que o problema foi o dinheiro, lembre-se que o bom Samaritano usou dinheiro para abençoar algumas vidas. O Manual do Aluno do Novo Testamento diz que:
“O Salvador não disse que o homem rico era mal – mas que ele havia recebido todas as bênçãos e mesmo assim não havia utilizado sua riqueza para ajudar o próximo. Os fariseus podem ter ficado surpresos ao escutar que o homem rico havia sido enviado para o inferno, enquanto Lázaro foi para o paraíso. Nesta parábola, o Salvador nos ensinou a sermos sábios em como usamos nossas bênçãos temporais e espirituais.”
O rei Benjamin resume:
“E agora, por causa das coisas que vos disse — isto é, para conservardes a remissão de vossos pecados, dia a dia, a fim de que andeis sem culpa diante de Deus — quisera que repartísseis vossos bens com os pobres, cada um de acordo com o que possui, alimentando os famintos, vestindo os nus, visitando os doentes e aliviando-lhes os sofrimentos, tanto espiritual como materialmente, conforme as carências deles.” (Mosias 4:26).
Essa parábola nos ensina que o que acontece conosco após a morte, depende muito do que decidimos aqui: a vida que levamos na mortalidade determinará o estado que nos aguarda na vida vindoura. E se as coisas que nos serão permitidas ter após a morte, são aquelas que damos na terra? O que você teria agora? Provavelmente 10% da sua renda, biscoitos, canetas, chicletes, roupas velhas e um monte de bichinhos de pelúcia.
O exemplo de Larry Stewart
No final dos anos 60, Larry Stewart perdeu seu emprego e sua casa. Com fome e com frio, ele entrou no restaurante Dixie em Hustoun, Mississippi, e pediu um café da manhã. Ele sabia que não poderia pagar por ele. Ele planejava sair de fininho antes de ter que pagar a conta.
O dono do restaurante, Ted Horn, sabia o que o jovem pretendia fazer. Ele caminhou até a mesa de Larry e lhe entregando uma nota de 20 dólares disse, “Com licença senhor, acredito que você deixou isso cair.” Larry pagou pelo seu café da manhã e fez uma promessa. Ele prometeu a Deus que se ganhasse muito dinheiro, devotaria o dinheiro para ajudar pessoas da maneira que Ted Horn o havia ajudado. Ele cumpriu com a sua promessa.
Depois de fazer milhões de dólares com televisão a cabo e no ramo de chamadas de longa distância, Larry voltou até o restaurante do Ted e lhe deu 10 mil dólares. Ele também se tornou o Papai Noel Secreto do Sul. Ele passou os feriados de natal distribuindo notas de 5, 10 20 e 100 dólares por 26 anos. Ele só parou após adoecer de câncer em 2006. Tenho certeza que hoje ele está no seio de Abraão.
E a melhor parte é: você não precisa ser rico – não em riquezas materiais – para se qualificar. Você precisa estar atento, precisa notar, precisa doar o que pode, precisa se achegar até mesmo (ou talvez especialmente) ao mendigo sentado no portão, coberto de feridas e que só espera por migalhas. Uma migalha pode ser dada de muitas formas – dinheiro, comida, serviço, um olhar, um sorriso, um bom dia.
De acordo com o Élder Dieter F. Uchtdorf, nosso desafio é simples e profundo:
“Quando penso no Salvador, com frequência imagino-O com as mãos estendidas para consolar, curar, abençoar e amar. Ele sempre conversava de igual para igual com as pessoas, nunca as fazia sentir-se inferiores. Ele amava o humilde e o manso, e caminhava ao lado deles, ministrando-lhes e oferecendo-lhes esperança e salvação. Foi isso que fez durante Sua vida mortal; é isso que estaria fazendo caso vivesse entre nós hoje; e é isso que devemos fazer como Seus discípulos e membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.”
Fonte: LDSLiving
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