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Qual foi o plano apresentado por Lúcifer no conselho nos céus?

Pergunta:

Costumamos ouvir que, no conselho nos céus, uma guerra foi iniciada porque Satanás rejeitou o plano apresentado por Deus e tentou “destruir o arbítrio do homem.” Costumamos associar essa tentativa de destruir o arbítrio com a ideia de coerção, onde Satanás forçaria a humanidade a fazer o bem, sem o direito de escolha. Afinal, qual foi o plano apresentado por Satanás no Conselho Pré-mortal?

Resposta:

A ideia de Satanás “destruindo o arbítrio” do homem através da coerção é, de fato, muito comum na cultura e no ensino da Igreja de Jesus Cristo, mas uma análise detalhada das escrituras demonstra que não apenas existem outros meios de destruir o arbítrio, como também meios mais eficientes e atrativos do que a coerção e a ideia de “forçar alguém a ser fiel.”

Ao apresentar o Plano de Salvação, o Senhor não o fazia com o objetivo de reunir ideias sobre como o plano deveria ser executado. 

O Plano de Salvação é provavelmente repetido na mesma ordem de eventos ao longo de toda a história do universo e da geração de seres exaltados, não apenas porque é a forma mais eficiente de elevar inteligências à condição de deuses.

Mas por ser essa a única forma, cujos termos não foram estabelecidos por Deus, mas constituem as próprias leis sobre as quais o universo (no sentido mais absoluto da palavra) está fundamentado.

Lúcifer não apenas apresentava um plano alternativo com um atalho para a salvação; ele desejava destronar Deus, alterar os termos das leis universais e receber a glória por isso. A ideia de forçar a humanidade a não pecar e chegar ao julgamento final sem pecados não possui apoio escriturístico.

O objetivo era destruir o arbítrio

Remover a possibilidade de escolher o mal é, sem dúvida, uma forma de destruir o arbítrio, mas certamente não é a única — e muito menos a mais eficiente. O Presidente J. Reuben Clark Jr. indicou outra alternativa que tornaria a destruição do arbítrio do homem uma tarefa ainda mais fácil e atrativa: “salvar o homem em seus pecados.”

O autor e pesquisador Terryl Givens compartilhou sobre isso:

“A proposta de Lúcifer pode muito bem ter consistido na promessa de que, independentemente das escolhas humanas na provação mortal, a salvação seria garantida. Os seres humanos não seriam forçados a fazer escolhas corretas; qualquer escolha que fizessem seria suficiente. O que é o mesmo que afirmar que nenhuma escolha que fizessem importaria. E, se a escolha não importa, então o arbítrio moral é apenas um vago clichê. Isso ofereceria um cenário plausível pelo qual ele buscou destruir o arbítrio do homem, em uma estratégia tão tentadora como ainda é em nossos dias.”

Se retirarmos as consequências de nossas escolhas, o plano de progresso espiritual cai por terra. Isso, elimina de forma efetiva o arbítrio do homem e viola a lei eterna da oposição em todas as coisas, que proporciona as circunstâncias pelas quais o livre arbítrio e o crescimento espiritual podem existir.

É possível ver diversos exemplos nas escrituras de como a ideia de inconsequência tem sido utilizada por Satanás em seus esforços para tornar cada filho de Deus tão miserável quanto ele próprio.

No Jardim do Éden, contrariando o aviso claro de Deus de que, se comessem do fruto proibido, “certamente morreriam” (Gênesis 2:17), Satanás disse a Eva: “Certamente não morrereis” (Gênesis 3:4).

No Livro de Mórmon, lemos o relato de ao menos três anticristos pregando ao povo o conhecido método da inconsequência dos atos.

Em Jacó 7:2, Serém prega “muitas coisas que eram lisonjeiras” ao povo e afirmava saber “que não existe Cristo algum, nem existiu, nem existirá.”

Em Alma 1:3-6, lemos a história de Neor, que pregava que “toda a humanidade seria salva no último dia e que não precisariam temer nem tremer, mas que podiam levantar a cabeça e regozijar-se”.

Alma 30:17-18, por sua vez, menciona Corior, que prometia que “nada que o homem fizesse seria crime” (…) e que “quando o homem morria, tudo se acabava.”

Uma armadilha para o nosso verdadeiro potencial

Em nosso dia a dia, encontramos ainda aqueles que ensinam que não há Deus e, portanto, não há consequências para os pecados. Outros ensinam que não importa que religião se siga, contanto que façamos coisas boas, e ainda há alguns que acreditam que “já foram salvos” ou que “Deus perdoará a todos no final”. 

Em cada caso, vemos exemplos da mesma tática de Lúcifer empregada há milênios: atrair os filhos de Deus com ensinamentos “agradáveis” que eliminam o senso de que, para toda ação, há uma reação ou consequência.

O plano de Lúcifer no Conselho Pré-mortal não era apenas sobre tirar a liberdade das pessoas pela força, mas sobre eliminar as consequências das escolhas. Ao prometer salvação sem esforço, ele anulava a importância do arbítrio, fazendo com que as decisões deixassem de ter valor. 

Mas sem escolhas reais e sem aprender com os erros, não haveria crescimento ou transformação espiritual.

O plano de Deus, com suas provações e aprendizados, é o que nos permite evoluir e nos tornar mais parecidos com Ele. A proposta de Lúcifer, no fim, não era um atalho para a felicidade — era uma armadilha que nos impediria de alcançar nosso verdadeiro potencial.

Veja também:

Um olhar através do véu: as promessas que fizemos na vida pré-mortal
Somente homens seguiram Lúcifer na batalha nos céus?
A guerra nos céus e o plano de Lúcifer

| Inspiração
Publicado por: Luiz Botelho
Luiz Botelho serviu na Missão Santa Maria e atualmente mora em Provo-Ut. Estuda Antropologia na Utah Valley University e descobriu na Ciência, História, Filosofia e Teologia sua verdadeira paixão. Atualmente trabalha voluntariamente como Diretor Internacional da FairMormon, é autor do Interpretenefita.com e um dos Diretores da More Good Foundation no Brasil.
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