fbpx

O Dia Em Que Ouvi a Voz da Minha Filha Falecida e a Lição Que Aprendi

“O Senhor tem oferecido a mim e a minha família, muitas ternas misericórdias de comunicação espiritual que nem todas as pessoas receberão. Contudo, também sei que os espíritos de quem amamos estão mais próximos do que sabemos, não importa quem sejamos. Em Maio de 2012, minha filha Holand foi diagnosticada com um tumor no cérebro, logo depois do seu terceiro aniversário. Os 14 meses que se seguiram foram uma sequência de idas ao hospital, cirurgias no cérebro, novos diagnósticos, quimioterapia, e muitos desafios de fé até que ela não resistiu e faleceu em Agosto de 2013. Apesar de esse ter sido de longe o maior desafio que nossa jovem família jamais enfrentou, as lições que aprendemos foram insubstituíveis e uma nova jornada se iniciou para nossa família. Hoje contarei as lições que aprendi através da terrível experiência de ter uma filha falecida.

TORNANDO-SE MELHOR APÓS OS DESAFIOS

Cada um de nós enfrenta desafios nessa vida que as vezes podem nos sobrecarregar. Durante esses momentos, precisamos lembrar que nós podemos crescer através deles. Deus permite que coisas ruins aconteçam com pessoas boas para as pessoas boas se tornarem ainda melhores. Nossos desafios e dificuldades não são porquê Deus está nos punindo. A verdade é que essas dificuldades nos permitem confiar ainda mais em Deus e aprender a vontade Dele pra nós. Se submetermos nossa vontade à Deus nos tornaremos melhores através dos desafios. Se não fizermos, seremos consumidos por eles.

Cada um de nós tem a escolha de se tornar amargos ou melhores. Se eu focar em como um problema vai afetar somente a mim, então rapidamente me tornarei amargo com o mundo e com Deus por me tratarem tão injustamente. Mas se eu escolher focar no que posso me tornar como resultado desse desafio, então estarei me tornando melhor. Precisamos perguntar Por que Deus quer que passemos por isso e como nós podemos ajudar outros. E assim podemos nos tornar melhores.

Para minha família, a pergunta “Por que?” tem muitas respostas. Nos permitiu servir outros e oferecer conforto em seus momentos de dores e mágoas. Nos deu mais amor por nossos outros filhos. Nos permitiu sentir o mundo espiritual ao nosso redor. Nos permitiu confiar em Jesus Cristo e entender ainda mais Sua Expiação. Tudo isso pode ser somado ao fato de que nossa visão da vida, morte e do plano de salvação foram expandidas.

COMPREENDENDO A MORTE EM CONTEXTO

Deus não vê a vida somente com o nosso primeiro e último suspiro. Ele vê como Vida Eterna. O plano de salvação nos deu verdades maravilhosas. Uma das maiores verdades é que a vida não começa quando nascemos e não vai terminar quando morremos. Armados com essa verdade podemos perceber que a Expiação sobrepujou o pecado e a morte — significando que não precisamos ter medo de morrer porque Cristo já tomou conta disso e que não precisamos ter medo de cometer erros porque Cristo nos deu um meio de cuidar disso também.

Deus não nos enviou a morte para nos punir ou nos tornar miseráveis. A morte é apenas uma transição de um estado para outro. Deus não lamenta nossa morte física; na verdade, Ele geralmente se alegra quando voltamos à Sua presença. A dor é saudável, mas quando nos consome geralmente é porque não estamos vendo a vida assim como Deus vê.

A morte de uma criança pode ser difícil, mas é apenas a transição de uma forma de existência para outra. Se você é pai ou mãe de um adulto, lembre-se de quando eles eram crianças. Você lamenta o fato de que eles não são mais bebês? Não, claro que não. Você talvez sinta saudades da inocência e momentos adoráveis que teve quando eles eram pequenos, mas você está feliz por eles terem se tornado quem são hoje. Você está feliz que eles cresceram e se tornaram melhores do que eram. Não pretendo trivializar a morte de uma criança porque eu certamente sei que é um dos maiores desafios que enfrentaremos na mortalidade. A separação, tristeza, raiva, confusão e até culpa que os familiares experienciam é muito real e significativa. Contudo, é encorajador saber que as crianças que perdemos continuam a crescer e aprender na presença do Senhor.

Com um ponto de vista eterno, podemos agora olhar para nossa filha e nos alegrar por onde ela está agora. Ela está onde Deus precisa que ela esteja. Com certeza sentimos saudades de quem ela era, sentimos falta de nossa interação diária com ela; das memórias que nunca teremos a chance de ter, mas somos gratos por quem ela é agora – e isso é algo que sabemos porque ela não nos abandonou.

SENTI MINHA FILHA PERTO DE MIM

No dia depois da morte da minha filha eu estava orando na varanda dos meus pais vendo o sol nascer. E naquele momento de paz e tranquilidade, eu ouvi a voz dela – foi tão próximo de uma voz audível como todas as vozes espirituais. Eu sabia que estava ouvindo com meus ouvidos espirituais. Ela me disse muitas coisas naquele momento, mas uma lição que até hoje permanece comigo foi o fato de que ela está com o Salvador e se eu quisesse visitá-la eu precisaria ir ao Templo, e não na sua sepultura. Sua sepultura era simplesmente o local onde seu corpo descansava esperando pelo momento da ressurreição. Sua essência de vida agora era somente no espírito.

E daquele dia em diante tenho frequentado o Templo toda semana esperando ouvir a voz dela de novo. As vezes escuto e as vezes não. O Senhor, em resposta a uma oração, uma vez me disse que eu ouviria a voz dela quando eu precisasse e não quando eu quisesse. Uma vez, num momento de desespero, implorei para vê-la, senti-la, verdadeiramente ouvi-la com meus ouvidos físicos. A resposta do Senhor tem me ensinado uma valiosa lição que mudou a maneira como eu vejo o mundo ao redor. Ele disse, “Você é um ser de corpo físico e corpo espiritual. Ela é somente espírito agora, e ainda você deseja que ela seja como você. Você tem um espírito e ela tem um espírito; você precisa aprender a ser mais como ela.” Eu precisei usar meu espírito para comunicar-me com ela como eu sempre fiz.

Quando o bebê é recém nascido, eles não se comunicam verbalmente e ainda assim uma mãe sabe quando eles estão com fome, molhados, triste e feliz. Ela sabe o que o bebê está sentindo e pensando sem ele falar uma palavra. A mãe e o bebê tem uma conexão espiritual que existe além do relacionamento físico que eles compartilham. Pensem também de alguma vez que você e outra pessoa tiveram uma profunda conversa espiritual. Vocês talvez se conectaram de uma maneira que sobrepujou as palavras que estavam usando para se comunicar. Isso acontece porque o sentimento espiritual de paz e conforto é seu espírito comunicando-se com o outro espírito. A verdade é que todos nos envolvemos em comunicação espiritual nessa vida, quer identifiquemos como espirituais ou não. E quando alguém que amamos morre, essa conexão espiritual só morre se nos recusarmos a reconhecê-la. Algumas vezes somos tão sobrecarregados com dores e tristezas que ficamos entorpecidos e não reconhecemos a comunicação espiritual que eles estão tentando fazer conosco.

INCOMPREENSÃO DO PODER SELADOR

Muitas pessoas frequente e erroneamente pensam que o poder selador é somente para o momento da ressurreição, mas o poder selador é levado durante toda esta vida até a próxima ocupando todo espaço entre elas. Isso é verdade não somente para nossos entes queridos nessa vida, mas para nossos ancestrais também. Cada nome no pedaço de papel que levamos ao Templo é mais um espírito que empoderamos para nos ajudar em nossa jornada mortal.

O Presidente Ezra Taft Benson disse: “As vezes o véu entre essa vida e a próxima se torna muito fino. Nossos entes queridos que já se foram não estão longe de nós (Conferência Geral, Abril 1971). Também há a famosa citação do Presidente Brigham Young que nos ensinou que o mundo espiritual é na terra, ao nosso redor (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young [1977]). Tenho aprendido por mim mesmo que isso é verdade. Não somente com a minha filha, senti a presença espiritual dos meus avós, tios, amigos, outros parentes e ancestrais que tem me guiado durante momentos de desafios e alegrias.

Sei que o Senhor tem oferecido a mim e minha família suas ternas misericórdias da comunicação espiritual que nem todas as pessoas receberão. Contudo, também sei que os espíritos de quem amamos estão mais próximos do que frequentemente sabemos. Independente de reconhecermos eles ou não. Talvez você não ouça uma voz espiritual como eu ouvi, mas se você esquecer sua dor e tristeza e focar na vontade do Senhor e no que Ele está tentando ensiná-lo, sei que Ele lhe dará o que você mais precisa para ser confortado e sentir o amor dos espíritos que estão ao seu redor.”

Artigo originalmente publicado no LDSLIVING.COM e traduzido por Rafael Sales

| Fortalecendo as Famílias
Publicado por: Rafael Sales
Natural de Santarém-Pa, hoje moro em Fortaleza-Ce. Servi na Missão Campinas. Sou apaixonado por conhecimento! Especialmente sobre o Evangelho. Adoro as coisas simples da vida. Trabalho com Finanças mas leio sobre Humanas. Adoro empreender e servir. Amo muito minha Família.
sensibilidade
Um conhecimento que fez toda a diferença em minha luta contra a...
Cristo estátua templo da França Jardim - fotos oficiais
Primeiras Fotos Oficiais do Templo de Paris França

Comente

Seu endereço de e-mail não será divulgado. Os campos obrigatórios estão marcados com *