Quando recebi meu chamado missionário para servir na Missão Brasil Santos, em fevereiro de 2020, imaginei que seria como sempre tinha visto: missionários nas ruas, batendo de porta em porta e compartilhando a mensagem do Evangelho. Poucos dias depois, o mundo mudou, a pandemia chegou.

O Centro de Treinamento Missionário (CTM) aconteceu online, e logo depois fui enviado ao campo Missionário. Mas, ao invés de sair todos os dias às ruas, o trabalho era feito diante do celular. Reuniões, contatos e ensinamentos eram online. A única exceção presencial era entregar um Livro de Mórmon a quem solicitasse. No início, isso me deixou confuso, porque não era a missão que eu tinha imaginado.

Com o tempo, percebi que a obra do Senhor não depende de circunstâncias. Ele adapta os meios para que Seu trabalho avance. E foi assim que conhecemos Isabeli, uma jovem cuja vida foi transformada graças à tecnologia.

Como a missão na pandemia alcançou Isabeli

Isabeli não morava perto da capela nem próximo da maioria dos membros da Igreja. Sua casa ficava em uma região distante, onde os missionários raramente chegavam, mesmo antes da pandemia. Sem a tecnologia, provavelmente ela nunca teria sido contatada presencialmente.

Mas, durante a pandemia, um anúncio nas redes sociais mudou sua história. Isabeli solicitou um Livro de Mórmon pela internet, e os missionários entraram em contato com ela de forma online. Ela relembra:

“A tecnologia foi fundamental. Se não fosse por ela, eu nunca teria conhecido a Igreja. Os missionários não podiam visitar as pessoas como antes, mas através das redes sociais conseguiram falar comigo e depois entregar o Livro de Mórmon.”

Como Alma ensinou: “pequenas e simples coisas são grandes para o Senhor” (Alma 37:6). Esse simples gesto, de solicitar um livro até então desconhecido, transformou a vida de Isabeli e abriu caminhos que talvez nunca fossem possíveis de outra forma.

A primeira impressão e a paz em tempos difíceis

A pandemia trouxe medo e incerteza. Isabeli lembra que, apesar de já acreditar em Deus e frequentar outra igreja, a presença dos missionários trouxe algo diferente. Ela compartilha que:

“As mensagens que eles traziam me davam paz, e mesmo depois da mensagem, essa paz permanecia. Em meio à confusão, aquilo foi luz para mim.” 

O Senhor usa pequenos meios para levar alívio e esperança, mesmo em tempos de caos.

A experiência de Isabeli mostrou que ninguém está distante demais de Deus:

“Ele está de braços abertos. Às vezes pensamos que não nos ama ou não nos ouve, mas sempre está a um passo — em uma oração ou leitura das escrituras. Ele nos ama de um jeito que não conseguimos compreender.”

Batismo da Isabeli

Quando a missão transforma vidas

Com o tempo, Isabeli percebeu que Deus conduzia cada passo de sua jornada:

“No começo eu não compreendia, mas depois do meu batismo senti paz e segurança. Olhando para trás, vejo a mão de Deus em tudo. Sei que Ele me escolheu e que sou uma filha amada.” 

Hoje, ela já serviu missão, ajudou outros jovens a se achegarem a Cristo e segue firme no Evangelho. Tudo começou com um simples pedido online de um Livro de Mórmon, de uma região onde dificilmente os missionários teriam chegado de outra forma.

Conclusão: Missão e tecnologia transformando vidas

Servir como missionário durante a pandemia me ensinou que o trabalho do Senhor nunca é interrompido. Mesmo com as ruas vazias, Ele abriu caminhos para que o Evangelho chegasse a pessoas distantes.

A tecnologia, que antes era só uma ferramenta, passou a ser ponte. Por meio de ligações, mensagens e videochamadas, pude compartilhar o Evangelho com pessoas que talvez nunca teriam nos recebido em casa, mas que abriram o coração do outro lado da tela.

A história de Isabeli é só uma entre tantas que marcaram aquele tempo. Vendo tudo isso, entendi de forma ainda mais profunda que Deus transforma limitações em oportunidades. Ele continua agindo, sempre.

Veja também: