Há apóstolos que marcam gerações com sua voz, outros com seu intelecto. Mas o Élder Jeffrey R. Holland faz as duas coisas — e ainda acrescenta algo mais: ele fala com o coração inteiro.

Quem já o ouviu discursar sabe do que se trata. Suas palavras não apenas ensinam; elas tocam, curam e acordam a fé adormecida dentro de nós. Ele fala como quem já passou pelo deserto, mas ainda acredita no oásis. Como quem conhece a dor humana, mas vive ancorado na esperança divina.

Um apóstolo amado — e ouvido com o coração

Entre os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o nome Jeffrey R. Holland é sinônimo de empatia, coragem e ternura.

Quando ele adoeceu recentemente, milhares de santos ao redor do mundo se uniram em oração. Não apenas por um líder, mas por um amigo que já os havia consolado tantas vezes com palavras do púlpito.

Esse amor recíproco não nasceu de gestos grandiosos, mas da constância de um homem que, há décadas, fala de Cristo com voz trêmula de emoção e convicção firme como pedra. Ele não tem receio de demonstrar lágrimas — porque entende que o evangelho também passa pelo coração.

Um mestre da palavra simples, direta e viva

Élder Holland domina o raro equilíbrio entre doutrina e sentimento. Ele fala a língua dos estudiosos e a dos simples, e faz isso com a clareza de quem acredita que a verdade não precisa ser complicada.

Antes de ser chamado como apóstolo, ele foi educador, reitor e presidente da Universidade Brigham Young. Sua formação refinou o intelecto; seu discipulado lapidou a alma. Por isso, cada discurso é uma ponte entre a mente e o Espírito.

Seu estilo eloquente — aquele modo único de ensinar — tem três marcas inconfundíveis:

• Histórias reais que ilustram princípios eternos.
• Emoção genuína, sem dramatismo.
• Clareza doutrinária, com citações precisas das escrituras.

É uma combinação rara. Ele fala com lágrimas, mas nunca sem lógica. Ensina com emoção, mas nunca sem base. Como quando recordou um momento difícil da juventude e transformou-o num hino de esperança:

“Não desista, rapaz. Não pare. Continue caminhando. Existe ajuda e felicidade logo adiante, e muita, nos 30 anos a contar de agora, e continuará existindo mais ainda. Tudo terminará bem. Confie em Deus e acredite nos bens futuros”.

O testemunho que ecoa e permanece

Em outubro de 2009, o Élder Holland defendeu a veracidade do Livro de Mórmon com uma intensidade que poucos esqueceram.

“(…) quero que fique absolutamente claro quando eu me colocar diante do tribunal de Deus que declarei ao mundo, na linguagem mais direta da qual sou capaz, que o Livro de Mórmon é verdadeiro, (…)”

Foi mais do que um discurso; foi uma declaração de alma. Desde então, muitos consideram esse testemunho um divisor de águas. Ele mostrou que a fé pode ser tão racional quanto apaixonada, tão estudiosa quanto ardente. Anos depois, ao falar sobre a autenticidade do evangelho, ele reforçou essa mesma convicção:

“Esta é a grande verdade de Deus. Não é um conto de fadas. Não é algo com que acordo todas as manhãs, e me pergunto: ‘Como posso enganar um outro grupo de pessoas hoje? Como posso fingir que algo é verdadeiro? Como posso montar uma grande farsa em público?’. Eu não faria isso, e minha vida me vale mais do que isso”

Essas palavras simples, mas sinceras, mostram o motivo pelo qual tantos confiam em sua voz: porque ela é íntegra.

“E agora vejo”

Na Conferência Geral de outubro de 2025, o Élder Holland voltou ao púlpito com o corpo fragilizado, mas com o espírito ainda mais forte. Seu discurso, intitulado “And now I see” (“E agora vejo”), foi uma das mensagens mais poderosas da conferência.

Baseando-se no relato de João 9 — o homem cego de nascença curado por Jesus — ele nos convidou a enxergar o poder de Deus em formas simples, até inesperadas: “um pouco de barro e saliva”, disse, “poderiam se tornar instrumentos da visão divina”.

Assim também, ensinou ele, Deus pode usar meios simples para abrir nossos olhos espirituais. Perto do final, sua voz vacilou, mas seu testemunho não:

“Estou prestes a completar 85 anos. Já andei com reis e profetas, presidentes e apóstolos. Mas, acima de tudo, fui tocado pelo Espírito Santo. […] Cheguei à minha convicção plena de que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é a restauração verídica da Igreja primitiva — e mais — porque não pude negar as evidências dessa restauração.”

E, então, quase como um símbolo de tudo o que ele viveu, o Élder Holland citou — e cantou — as palavras de “Amazing Grace”. Foi impossível ouvir sem sentir o Espírito. Aquele “agora vejo” parecia falar tanto da cura do cego de João quanto da própria jornada do Élder Holland — um homem que aprendeu a ver Cristo em cada lágrima, cada alma e cada pequeno milagre do dia a dia.

A força que consola: ternura e autoridade

Em seus discursos, o Élder Holland nunca separa autoridade e ternura. Ele ensina com firmeza, mas sempre envolve com compaixão. Um exemplo eterno disso é o discurso “Como um Vaso Quebrado”, sobre depressão e saúde emocional.
Nele, falou com franqueza sobre sofrimento e fé — e, talvez sem perceber, ergueu milhares de corações:

“Acima de tudo, nunca perca a fé no Pai Celestial, que nos ama mais do que podemos compreender. (…) apeguem-se às promessas aperfeiçoadoras da Expiação de Jesus Cristo. Acreditem em milagres.”

Essas palavras vieram de quem entende o que significa lutar e continuar crendo. É por isso que, quando o Élder Holland fala, sentimos que é o próprio evangelho que se aproxima de nós, dizendo: “aguente mais um pouco, você não está sozinho”.

Por que o amamos

Amamos o Élder Jeffrey R. Holland porque ele nos lembra que fé não é ausência de dor, é escolha de esperança.
Porque suas lágrimas no púlpito são sinceras — e suas palavras, inspiradas. Porque ele nos faz ver Cristo em lugares onde antes só víamos escuridão.

Em tempos de confusão, ele fala de certeza. Em tempos de cansaço, ele fala de perseverança. E, em todas as épocas, ele fala de Jesus Cristo. Talvez por isso suas mensagens ecoem tanto: elas não apenas descrevem o evangelho — elas o tornam vivo em nós. E assim, como o homem curado de Jerusalém, cada um de nós pode repetir, com o Élder Holland e com fé renovada:

“Eu que era cego, agora vejo.”

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