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O poderoso testemunho de alguém que não podia ter filhos

Marie-Françoise Euvrard nasceu em Paris, França, e se filiou à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em 1960.

Ela é a mãe de dois meninos maravilhosos que ela e seu marido adotaram do Nepal. Profissionalmente, ela é professora de piano e traduz hinos e canções para a Igreja. Ela e seu marido, Christian, servem como diretores do centro de visitantes ao lado do templo de Roma, Itália.

Uma vida simples

Durante décadas, sonhei em ser e fazer tantas coisas diferentes. Ao longo desses anos, pouco do que orei pedindo ao Senhor me foi dado, e meus desejos foram mudando aos poucos.

Olhando para o passado, consigo ver agora que Ele alargou os meus horizontes mais do que eu poderia imaginar e me ofereceu experiências que me trouxeram mais alegria do que eu jamais poderia esperar.

Eu nasci na cidade de Paris, filha única de pais que eram muito mais velhos do que os pais de qualquer um dos meus amigos. Enquanto crescia, frequentava escolas só para meninas e só tinha professoras.

Mesmo depois de meus pais e eu nos filiarmos à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, quando eu tinha oito anos, eu tive pouca interação com meninos da minha idade, porque não havia ninguém da minha idade em nosso ramo de Paris.

Na verdade, os adolescentes ou jovens adultos mais próximos de mim no ramo eram mais de cinco anos mais velhos do que eu, e eu era muito tímida para conversar com aqueles muito mais velhos. Então, com minha mãe servindo como presidente da Primária, eu continuei frequentando a Primária para evitar atividades com crianças mais velhas.

Ensinei os rapazes de dez e onze anos e servi como secretária da Primária. Embora a minha mãe me tenha ensinado a ser uma boa mãe para as minhas bonecas, nunca tive muita certeza de que a vida de uma mulher na Igreja poderia ser boa e gratificante.

Um casamento singular

Aos vinte anos, fui chamada para servir como líder feminina dos jovens adultos de nossa área. Essa responsabilidade exigia que eu servisse ao lado de um rapaz chamado como o líder masculino.

E para minha surpresa, eu comecei a gostar do rapaz e decidi servir uma missão ao mesmo tempo que ele. Que surpresa foi saber que fomos chamados para servir na mesma missão. O Senhor tinha maneiras muito bem-humoradas de me preparar para o que Ele tinha reservado para mim.

Um ano depois das nossas missões, eu e Christian nos casamos pelo tempo e toda eternidade. Como recém-casados, identificamos tantos projetos maravilhosos que queríamos realizar juntos, incluindo a bênção que ambos mais desejávamos: ter filhos.

Embora nada tenha acontecido da maneira que tínhamos imaginado, nossa vida de casados era incrível e gratificante: nos mudamos nove vezes entre a França e a Itália, nos estabelecemos em carreiras que nos abriram muitas portas para servir mais na Igreja, e aprendemos sobre liderança, compaixão e esperança por causa das interações com pessoas e culturas de todo o mundo.

Mas o nosso sonho de ter filhos continuava longe de nós. Este sonho demorou muito, mas muito tempo.

Nossos planos como recém-casados nunca incluíram anos de tratamentos médicos; dolorosas aulas na Sociedade de Socorro que focavam na educação de filhos; ou o que parecia milhares de pessoas constantemente perguntando: “quantos filhos você tem?”; a preocupação de nossos pais e seu questionamento impaciente “o que está acontecendo?”; e nossas próprias orações fervorosas, que muitas vezes eram acompanhadas de muitas lágrimas.

Um aprendizado singular

Esses anos seguiram um caminho longo e sinuoso, mas aprendi muito ao percorrê-lo.

Com a oração aprendi sobre a paciência e o verdadeiro poder do Consolador. Chorei ao Senhor, com lágrimas molhando meu travesseiro, por muitas noites, sentindo-me deprimida e sem esperança.

Todas as manhãs eu acordava com esperança e novos projetos felizes para o dia: o Espírito Santo tinha usado o Seu poder de cura durante o meu sono. Devo dizer também que, muitas vezes, no domingo, fui à igreja com um coração frustrado e, às vezes, rebelde.

Me parecia que cada discurso ou cada aula mostrava apenas um modelo para obter a vida eterna: casar-se no templo e produzir uma linda família com muitos filhos como você pode imaginar. Eu chamava isso de o princípio da “Família Modelo da Igreja “.

No entanto, também aprendi com as escrituras durante esses anos que tal modelo não é descrito nelas. As escrituras falam sobre homens de Deus que lutaram para encontrar uma boa esposa e sobre boas mulheres que não tinham filhos por muitos anos.

As escrituras descrevem sua humilhação e desespero enquanto elas continuavam com fé e obediência. Em algumas dessas histórias, mulheres sem filhos até se tornaram mães de profetas!

Os líderes da Igreja durante as conferências gerais também me confortaram com a realidade de uma “felicidade nada parecida com o modelo” que imaginara. O currículo da Sociedade de Socorro mudou seu foco da maternidade e do trabalho do lar para viver o evangelho.

As mulheres sem filhos, como Ardeth Kapp e Sheri Dew, foram chamadas para servir em altas responsabilidades da Igreja e me provaram que o Senhor não faz acepção de pessoas. Ele ama as suas filhas que não têm filhos, assim como ama as filhas que têm.

Acima de tudo, o Senhor me forneceu maravilhosas alternativas à maternidade por meio do serviço em Sua Igreja. Servi muitas vezes na Primária, onde tive a oportunidade de ensinar os pequenos, me divertir com eles e sentir o seu amor.

Eu servi na organização das moças, fui professora do seminário, e pude ajudar os adolescentes a encontrar o seu caminho no evangelho e experimentar a felicidade em tempos difíceis.

E que oportunidade incrível de acompanhar o meu marido à Itália, onde servi com o meu marido quando ele foi chamado como presidente da missão. Eu era a mãe da missão, como me chamavam, para 386 elderes e sísteres que eram apenas dez anos mais novos do que eu!

A resposta e dois milagres

A resposta só veio em vinte anos.

Vinte anos.

Depois de estarmos casados há vinte anos, a solução veio suavemente à minha mente e ao meu coração. Adoção.

Em 1990, com o acordo de adoção francês e uma carta de convocação da Organização do Orfanato Kathmandu em minha mala, embarquei para o Nepal para trazer o nosso primeiro filho para casa. Sim, os nossos filhos nasceram debaixo do “telhado do mundo”, aos pés das montanhas do Himalaia!

Pensei em voltar com o nosso filho em dez dias, mas na verdade, demorou cinco semanas. Todos os dias, eu chorava no Ministério de Assuntos Internos do Nepal, quando ouvia repetidamente que não podia voltar para França com o meu filho.

Mais uma vez, confiei em orações fervorosas, encorajamentos amorosos diários por telefone do meu marido, um jejum especial dos membros da nossa estaca, e a ajuda bondosa de uma família americana que conheci no ramo de Kathmandu.

Eles me levaram para sua casa e cuidaram de mim, física e espiritualmente.

No fim de tudo, consegui segurá-lo pela mão e ouvi-lo me chamar do nome mais doce de todos: “mamãe”. Seu incrível irmão mais velho se juntou à nossa família apenas dois anos depois, depois de muitos outros altos e baixos emocionais, entre decepções, esperança e espera.

Agora temos uma família maravilhosa com alegrias e desafios como aqueles que qualquer outra família sabe. O Senhor, em Seu amor, me poupou a dor do parto. Sou tão grata por isso. Mas eu acho—em algum lugar e de alguma forma – que eu realmente sobrevivi durante vinte anos de gravidez e dois anos e cinco semanas de parto!

Provei das ternas misericórdias do Senhor. O meu Salvador me confortou e me instruiu nas minhas expectativas. Ele gentilmente me conduziu pela mão para me levar onde Ele sabia que eu encontraria mais sabedoria e felicidade do que no caminho que eu imaginava.

Hoje, me regozijo por ser uma mulher, uma esposa, uma mãe e uma avó. Mas, acima de tudo, me regozijo por ser filha de Deus e Ele me conhecer.

Fonte: LDS Living

 

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