Pergunta

Como podemos progredir da prisão espiritual para o paraíso espiritual, também é possível regredir do paraíso para a prisão espiritual?

Resposta

A resposta rápida e simples é: não que eu saiba.
No entanto, como temos novos leitores, incluindo membros novos e pessoas que não são membros da Igreja, vale a pena revisitar os conceitos de prisão espiritual e paraíso espiritual.

arrependimento no mundo espiritual, batismo pelos mortos

O mundo espiritual: um lugar de progresso, aprendizado e oportunidade

Segundo os ensinamentos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, após a morte, os espíritos de todos os que viveram na Terra entram no mundo espiritual, um estado temporário onde as almas aguardam a Ressurreição e o julgamento final. Esse reino não é um destino final, mas um lugar de progresso contínuo, aprendizado e, o mais importante, oportunidade.

Os primeiros cristãos chamavam esse estado intermediário de “as partes inferiores da Terra” ou Hades, e acreditavam que todos, justos e injustos, permaneceriam ali até a ressurreição.

Tad R. Callister, ao resumir as visões dos primeiros pensadores cristãos e das escrituras modernas, ensina que

“Todos são detidos em um mesmo e comum lugar de confinamento, até que chegue o tempo em que o grande Juiz fará uma investigação de seus méritos.”

O profeta Joseph Smith explicou algo semelhante:

“Hades, em grego, ou Sheol, em hebraico… significam o mundo dos espíritos. Hades, Sheol, paraíso e espíritos em prisão são todos um — é o mundo dos espíritos. Os justos e os ímpios irão para o mesmo mundo espiritual até a ressurreição.”

julgamento e reinos de glória

Diferença entre paraíso e prisão espiritual

Embora todos os espíritos compartilhem o mesmo domínio, há uma distinção essencial entre paraíso, um estado de descanso e paz para os justos, e prisão espiritual, um lugar de trevas e remorso para os impenitentes ou para aqueles que não possuem conhecimento do evangelho.

Essa divisão, conforme descrita no Livro de Mórmon e com apoio da parábola do rico e Lázaro, não é marcada por muros físicos, mas por separação espiritual — “posto um grande abismo” (Lucas 16:26).

As escrituras descrevem o paraíso como um “estado de felicidade, que é chamado paraíso, um estado de descanso, um estado de paz, onde descansará de todas as suas aflições e de todos os seus cuidados e tristezas.” (Alma 40:12)

Em contraste, os espíritos dos ímpios “serão atirados nas trevas exteriores… num estado de espantosa e terrível expectativa da ardente indignação da ira de Deus sobre eles.” (Alma 40:13–14)

Podemos regredir no mundo espiritual?

Quem habita cada lugar no mundo espiritual

Mas quem exatamente habita cada lado?

Seria apenas uma questão de filiação à Igreja, ou há algo mais profundo em jogo?
A resposta, segundo profetas antigos e modernos, é complexa.

Somente a filiação à igreja não concede a entrada ao paraíso, mas sim o fato de viver uma vida justa — escolher o bem em vez do mal, abraçar os princípios do evangelho e buscar o arrependimento.

O profeta Alma ensinou que: “o espírito daqueles que são justos será recebido num estado de felicidade, que é chamado paraíso… [e] os espíritos dos iníquos… serão atirados nas trevas exteriores.” (Alma 40:12–13)

Podemos regredir no mundo espiritual?

O evangelho é pregado aos espíritos em prisão

Embora o batismo e outras ordenanças sejam essenciais para a salvação plena, o mundo espiritual é um lugar onde oferecem o evangelho a todos que não o receberam na mortalidade.

O apóstolo Pedro falou de Cristo pregando “aos espíritos em prisão; os quais antigamente foram rebeldes… nos dias de Noé.” (1 Pedro 3:18–20)

A revelação moderna esclarece que os espíritos justos no paraíso são organizados para ensinar o evangelho aos que estão na prisão espiritual, e que as ordenanças vicárias realizadas nos templos permitem que esses “prisioneiros” aceitem o evangelho e progridam.

Está claro, pelas palavras de Alma, que é a retidão que permite a entrada no paraíso.


Alma continua dizendo que “eles não têm parte nem porção do Espírito do Senhor; pois escolheram obras más em vez de boas.” Com essa explicação, podemos presumir em qual lugar o Senhor receberá cada pessoa — embora o julgamento pertença unicamente a Ele.

A pergunta que naturalmente surge é:

Se as ordenanças são essenciais, isso significa que ‘pessoas boas’ que nunca receberam o batismo — como Madre Teresa, por exemplo — não recebem o paraíso?

As escrituras modernas oferecem uma resposta esperançosa. Aqueles que não tiveram a oportunidade de receber o evangelho na mortalidade terão essa oportunidade no mundo espiritual. Se o aceitarem e se os membros realizarem as ordenanças necessárias por procuração nos templos, poderão “preparar-se para deixar a prisão espiritual e habitar no paraíso.”

O caso de alguém que morre excomungado ou que nunca se filiou à Igreja é tratado com grande misericórdia.

Essas pessoas não recebem eternamente a prisão espiritual, mas têm a chance de se arrepender, aceitar o evangelho e receber as ordenanças por meio do trabalho vicário.

Podemos regredir no mundo espiritual, sem a ordenança do batismo pelos mortos, Templo de Lisboa Portugal
Sala de batistério do Templo de Lisboa, Portugal. Imagem: churchofjesuschrist.org

Existe regressão no mundo espiritual?

A vida no mundo espiritual não é estática. Os espíritos continuam a pensar, refletir, fazer escolhas e se relacionar. Orígenes, um dos primeiros cristãos, descreveu esse ‘estado’ como uma sala de aula, onde os espíritos recebem instrução a respeito do que não aprenderam na Terra ou do que virá.

A doutrina moderna confirma isso:

“Os espíritos dos homens são eternamente ativos. Enquanto na Terra, os homens pensam, ponderam e fazem escolhas. Quando morrem, seus espíritos continuam a pensar, ponderar e fazer escolhas.”

Esse trabalho inclui esforços missionários. A seção 138 de Doutrina e Convênios descreve como, após Sua crucificação, Cristo organizou os justos para pregar o evangelho aos que estavam em trevas — cumprindo a profecia de que o evangelho seria “pregado também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, porém vivessem segundo Deus em espírito.” (1 Pedro 4:6)

A diferença para os que estão no paraíso é que eles descansam das tentações de Satanás, tendo já vencido na mortalidade, enquanto os que estão na prisão espiritual ainda estão sujeitos à tentação e à influência de Satanás.

Podemos regredir se não estudarmos.
Menino e menina
Imagem: churchofjesuschrist.org

Progresso entre a prisão e o paraíso

Brigham Young explicou:

“Se formos fiéis à nossa religião, quando formos para o mundo espiritual, os espíritos caídos… não terão influência sobre nós. Todos os demais filhos dos homens estão mais ou menos sujeitos a eles, assim como estavam enquanto na carne.”

Assim, a prisão espiritual é tanto um lugar de aprendizado quanto um estado de cativeiro para os que não se arrependeram ou que permanecem em ignorância espiritual.

Uma das doutrinas mais singulares e misericordiosas da Igreja é a possibilidade de movimento entre a prisão espiritual e o paraíso, possibilitada pela pregação do evangelho e pelas ordenanças do templo realizadas pelos vivos em favor dos mortos. Os espíritos em prisão que aceitam o evangelho e suas ordenanças podem cruzar o “abismo” e unir-se aos justos no paraíso.

Importante lembrar: entrar no paraíso após aceitar o evangelho na prisão espiritual não garante a exaltação. Após a ressurreição e o julgamento final, cada indivíduo irá ser designado a um dos reinos de glória — celestial, terrestre ou telestial — conforme sua fé, aceitação do evangelho e fidelidade aos convênios.

Sabemos que há três graus de glória. Não haveria propósito em haver três reinos se todos os que estão no paraíso (inclusive os que aceitaram o evangelho na prisão) fossem recebessem a exaltação.

Podemos regredir no mundo espiritual?
Casal Feliz.

O paraíso e a prisão: estados espirituais e emocionais

Portanto, a resposta é: não, nem todos os que entram no paraíso receberão a exaltação. Mas o paraíso e a prisão espiritual são locais literais ou estados de consciência e ser? Os ensinamentos da Igreja afirmam que são ambos.

Há uma “separação espiritual” — um sentimento de paz, alegria e esperança para os justos, e de remorso, trevas e angústia para os impenitentes. O Livro de Mórmon ensina ainda que, na vida futura,

“O mesmo espírito que possuir vosso corpo quando deixardes esta vida, esse mesmo espírito terá poder para possuir vosso corpo naquele mundo eterno.” (Alma 34:34)

Ou seja, levamos conosco nossa direção moral e espiritual. O paraíso ou a prisão espiritual são, em parte, a continuação natural de nossos desejos e escolhas na mortalidade.

Fonte: Ask Gramps

Veja mais