Não somos “mórmons”. Por que alguns continuam a usar esse nome?
Em 1831, um ano após a fundação de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, as pessoas adotaram um novo termo para os chamados “proselitistas da Bíblia Dourada”: Mórmons.
O apelido, é claro, se refere ao Livro de Mórmon, que os membros da Igreja consideram como uma escritura, assim como a Bíblia. Durante os primeiros anos, na maioria das vezes o termo mórmon era usado de forma pejorativa.
Embora a Igreja tenha passado por períodos onde adotou o termo “mórmon” (por exemplo, a campanha “Sou mórmon”), em outubro de 2018, Russell M. Nelson, presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, anunciou uma nova ênfase no nome completo da Igreja, incluindo um pedido específico e claro para parar de usar o termo “mórmon” como um identificador da religião de maneira total.
Durante seu pedido, o Presidente Nelson mencionou a escritura que diz:
“Pois assim será a minha igreja chamada nos últimos dias, mesmo A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.” (D&C 115:4.)
Desde o anúncio do Presidente Nelson, a maioria das mudanças envolveu mudanças institucionais, incluindo a eliminação do termo “mórmon” do “Coro do Tabernáculo Mórmon”, a mudança de Mormon.org para VindeACristo.org e o fim da campanha “Sou mórmon”.
E os membros da Igreja começaram a referir a si mesmos como Santos dos Últimos Dias ou membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
A Igreja também publicou um guia de estilo atualizado solicitando que a mídia pare de usar o termo “mórmon” ou “SUD”.
Em março de 2019, o guia de estilo da Associated Press (AP), o padrão para jornalistas de notícias, endossou muitas das mesmas recomendações. Como a imprensa tem seguido o pedido da Igreja e as recomendações da AP?
Juntamente com o Instituto Elizabeth McCune, analisamos a cobertura da Igreja em um período de cinco meses, de 15 de julho de 2019 a 15 de dezembro de 2019, nos vinte maiores sites de notícias dos Estados Unidos.
O que descobrimos foi que os jornalistas que escreveram artigos negativos sobre a Igreja ou seus membros foram mais propensos a usar a palavra “mórmon” do que os termos fornecidos no guia de estilo.
Metodologia e limitações
Limitamos nossa análise aos vinte maiores sites. Os artigos foram analisados para determinar como eles atendiam às recomendações do guia de estilo da Igreja.
Classificamos os artigos com base na inclusão ou não, de conteúdo editorial positivo, negativo ou neutro sobre a Igreja.
Nossa análise baseou-se completamente em conteúdo escrito da web, excluindo outras mídias onde muitas pessoas tem acesso a notícias (televisão, jornais).
Também não analisamos mídias que escrevem notícias sobre a Igreja com mais frequência, como Salt Lake Tribune e Deseret News, ou outros blogs e fóruns
Portanto, o estudo não tem a intensão de avaliar como os leitores percebem o nome da Igreja na web em geral, mas sim como os jornalistas e escritores nacionais dos meios de comunicação mais lidos optam por representar o nome da Igreja.
O uso do nome completo da Igreja
Entre 15 de julho de 2019 e 14 de dezembro de 2019, os vinte maiores sites de notícias dos Estados Unidos publicaram 421 artigos que faziam referência à Igreja.
Entre os artigos analisados, 275 centralizaram uma atenção significativa na Igreja; 156 incluíram apenas menções incidentais (por exemplo, “Ocorre roubo do outro lado da rua de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”).
No geral, 180 dos 421 artigos (43%) aderiram amplamente às recomendações do guia de estilo da Igreja. Com relação aos artigos que tem a Igreja como enfoque, apenas 94 dos 265 artigos (35%) aderiram às recomendações do guia de estilo.
Entre o conjunto total de artigos, 52 artigos referem-se à Igreja no título do artigo. Destes, 5 (10%) mencionam a Igreja de acordo com qualquer um dos nomes recomendados pelo guia de estilo da Igreja, 4 (8%) fazem uso de “Igreja SUD”, e os 43 restantes (83%) usam o termo “Mórmon”.
Embora alguns jornais e mídias estejam usando corretamente o nome recomendado pela Igreja, muitos ainda usam o termo “mórmon”, principalmente em manchetes. Por que em certos casos o uso padronizado foi adotado, mas não em outros?
Algumas dessas descobertas podem envolver diferentes padrões nas publicações. Também é possível que diferentes escritores variem em sua compreensão do nome da Igreja. Então, exploramos outra possibilidade em nossa análise.
Entre os 180 artigos que seguiram o guia de estilo recomendado pela Igreja, 10 (6%) incluíam conteúdo editorial negativo. Por outro lado, dos 240 artigos que não seguiram o guia de estilo recomendado, 70 (29%) incluíam conteúdo editorial negativo.
Em outras palavras, se você encontrou um artigo na imprensa popular com conteúdo editorial negativo sobre a Igreja entre 15 de julho e 15 de dezembro de 2019, existe uma probabilidade de 86% (69 em 80) de que o artigo em questão inclua a palavra “mórmon”.
Enquanto que, durante o mesmo período, se você leu um artigo que menciona a Igreja sem conteúdo editorial negativo, é porque a palavra “mórmon” foi usada apenas 46% das vezes (157 de 341).
Com base no conjunto de dados de cinco meses que analisamos, descobrimos que há uma forte correlação entre o uso do termo “mórmon” e conteúdo editorial negativo sobre a Igreja.
Análise das opiniões em todo o conjunto de dados
Em nosso estudo, também analisamos artigos neutros ou positivos. É muito mais provável que esses artigos se refiram à Igreja, conforme recomendado pelo recente guia de estilo.
Novamente, em contraste, artigos que sugeriam que a Igreja ou suas ações eram negativas de alguma forma tendiam a usar o termo “mórmon” com mais frequência.
Esta é uma verdade mesmo ao comparar artigos semelhantes da mesma mídia, onde um segue as diretrizes da Igreja e o outro não.
Por exemplo, o LA Times publicou um artigo descrevendo Roland Spongberg, dono de uma franquia de restaurantes de sucesso e membro ativo da Igreja. Junto a seu tom neutro e positivo sobre a Igreja, o artigo usa o nome completo da Igreja próximo ao seu final.
Por outro lado, outro artigo do LA Times sobre o filme Them That Follow da diretora Britt Poulton, analisa como Poulton “realmente teve dificuldades” ao crescer na Igreja.
Junto ao seu diálogo negativo sobre a Igreja, a palavra “mórmon” é usada no início do artigo. Por outro lado, Poulton usa o nome completo da Igreja para descrever sua formação religiosa em outros artigos, como em sua entrevista para “Women and Hollywood”.
A maneira como diferentes publicações abordam a mesma história também pode ser esclarecedora.
Quando Ed Smart, pai de Elizabeth Smart, afirmou ser homossexual, as reportagens sobre a história que incluíam conteúdo negativo em relação à Igreja, como a matéria da NBC News, usaram a palavra “mórmon” com mais frequência, enquanto artigos que se concentraram em outros elementos da história e não incluíram conteúdo negativo, como a matéria do USA Today, usaram o nome completo da Igreja.
O que observamos é apenas uma imagem no tempo e exigirá um estudo mais aprofundado para examinar como os jornalistas e a mídia optam por representar a Igreja nas plataformas de mídia durante um período maior de tempo.
Fonte: Public Square Magazine
Louvar o nome do Senhor: Dois apóstolos compartilham a importância do nome da Igreja