Lidar com brigas familiares: um exemplo da vida do profeta Joseph Smith
Brigas familiares começaram antes mesmo da Terra ser formada. As escritura revelam que Lúcifer, se rebelou contra Seu Pai Celestial e com ele pelo menos um terço dos filhos de Deus destinados a vir a esta Terra.
Um dos filhos do primeiro casal, Adão e Eva, tornou-se assassino de seu irmão e perdeu qualquer esperança de redenção.
Também lemos que o ciúmes dos irmãos de José, fizeram que com o vencessem. O ódio de Lamã e Lemuel contra Néfi perpetuo-se com gerações. Os exemplos são muitos, e, conforme o livro “Santos” revela, o profeta Joseph Smith não foi poupado.
Joseph e seu irmão se desentendem
No capítulo 20 do livro Santos lemos que o verão de 1835 havia paz e prosperidade entre os santos de Kirtland. Joseph começará a estudar papiros antigos, que resultariam em parte do livro “Pérola de Grande Valor”. A obra do Templo prosseguia com vigor e tudo parecia ir bem.
Mas no outono, mais precisamente em 29 de outubro, após um jantar oferecido por Emma e Joseph a alguns membros, houveu ma reunião do Sumo Conselho:
“O irmão mais novo de Joseph, William, tinha acusado uma mulher da Igreja de maltratar fisicamente sua filha adotiva. Entre as testemunhas que depuseram no caso estava Lucy Smith, a mãe de Joseph, e William. Durante o testemunho dela, Joseph interrompeu quando ela começou a falar de algo que o conselho já tinha ouvido e resolvido.
Erguendo-se de um salto, William acusou Joseph de duvidar das palavras da mãe deles. Joseph se virou para o irmão e lhe ordenou que se sentasse. William o ignorou e continuou de pé.
“Sente-se”, repetiu Joseph, tentando acalmá-lo.
William disse que não se sentaria a menos que Joseph o derrubasse.
Agitado, Joseph se virou para sair da sala, mas seu pai o impediu e pediu que ficasse. Joseph chamou o conselho à ordem e deu fim à audiência. No final da reunião, ele tinha relaxado o suficiente a ponto de se despedir cordialmente de William.
Mas William estava furioso, ainda convencido de que Joseph estava errado.”
O relato prossegue:
“Um dia depois de discutir acaloradamente com o irmão, Joseph recebeu uma carta dele. William estava irritado porque o sumo conselho culpara a ele, e não a Joseph, pela briga. Acreditando estar certo em repreender Joseph na frente do sumo conselho, ele insistiu para se encontrar em particular com Joseph para defender suas ações.
Joseph concordou em se encontrar com William, sugerindo que cada qual contasse sua versão do ocorrido, reconhecesse seus erros e pedisse desculpas por qualquer coisa errada que tivessem feito. Como Hyrum tinha uma influência tranquilizadora na família, Joseph o convidou para estar com eles e fazer um juízo justo de quem estava errado.
William foi à casa de Joseph no dia seguinte, e os irmãos se revezaram na explicação da disputa. Joseph disse ter ficado irritado por William ter falado fora de hora na frente do conselho e ter deixado de respeitar a posição dele como presidente da Igreja. William negou ter sido desrespeitoso e insistiu em dizer que Joseph estava errado.
Hyrum ouviu atentamente os irmãos. Quando terminaram, ele começou a dar sua opinião, mas William o interrompeu, acusando a ele e a Joseph de ter jogado toda a culpa nele. Joseph e Hyrum tentaram acalmá-lo, mas ele saiu intempestivamente da casa. Mais tarde naquele dia, ele enviou a Joseph sua licença para pregar.
Logo, toda a Kirtland ficou sabendo da desavença. Ela dividiu a família Smith, que normalmente era muito unida, colocando os irmãos e as irmãs de Joseph uns contra os outros. Preocupado com a possibilidade de que seus críticos usassem a briga contra ele e contra a Igreja, Joseph manteve distância de William, esperando que a raiva do irmão esfriasse.
Mas William continuou a se queixar de Joseph nas primeiras semanas de novembro, e logo alguns dos santos também tomaram partido. Os apóstolos condenaram o comportamento de William e ameaçaram expulsá-lo do Quórum dos Doze. Joseph, porém, recebeu uma revelação pedindo que fossem pacientes com William.
Vendo a divisão se alastrar a seu redor, Joseph ficou triste. Naquele verão, os santos haviam trabalhado juntos com propósito e boa vontade, e o Senhor os abençoara com os registros egípcios e com grande progresso no templo.
Mas então, com a investidura de poder quase a seu alcance, não conseguiam se unir em coração e vontade.”
A briga se intensifica
A briga entre os irmãos impediu o Profeta de se concentrar na tradução do livro de Abraão. O tumulto em que se encontrava sua família e o fardo de liderar a Igreja eram bem pesados e, às vezes, ele falava rispidamente com as pessoas quando elas cometiam erros.
“Em dezembro, William começou a sediar uma sociedade informal de debates em sua casa. Esperando que os debates oferecessem oportunidades para aprender e ensinar pelo Espírito, Joseph decidiu participar. As duas primeiras reuniões da sociedade foram tranquilas, mas, na terceira reunião, o ambiente ficou tenso quando William interrompeu outro apóstolo durante um debate.
A interrupção de William fez com que algumas pessoas questionassem se a sociedade deveria continuar. William ficou zangado e deu início a uma discussão acalorada. Joseph interveio, e logo ele e William estavam trocando insultos.Joseph Sr. tentou acalmar seus filhos, mas nenhum dos dois cedeu, e William avançou sobre seu irmão.”
O que aconteceu a seguir foi trágico:
“Erguendo-se abruptamente para se defender, Joseph tentou tirar o casaco, mas ficou com os braços presos nas mangas. William o atingiu com força, repetidas vezes, agravando uma lesão que Joseph sofreu quando foi coberto de piche e penas. Quando alguns dos homens conseguiram afastar William, Joseph estava caído no chão, mal conseguindo se mover.”
Reconciliando-se com o irmão: o Espírito do Perdão e Amor
O que levou a essa situação tão angustiante para família e Igreja? E como tal situação podia ser contornada?
“Alguns dias depois, quando se recuperava da briga, Joseph recebeu uma mensagem do irmão. “Sinto que é meu dever fazer uma humilde confissão”, declarou William. Temendo estar indigno de seu chamado, ele pediu que o removesse do Quórum dos Doze.
“Não me expulse pelo que fiz, mas procure me salvar”, suplicou ele. “Arrependo-me do que fiz a você.”
Joseph respondeu à carta, expressando esperança de que os dois se reconciliassem. “Que Deus remova a inimizade que há entre mim e você”, declarou ele, “e que todas as bênçãos sejam restauradas e que o passado seja esquecido para sempre”.
No primeiro dia do ano novo, os irmãos se reuniram com Hyrum e seu pai. Joseph Sr. orou pelos filhos e lhes suplicou que perdoassem um ao outro. Ao falar, Joseph notou o quanto aquela desavença com William tinha feito seu pai sofrer. O Espírito de Deus encheu a sala, e o coração de Joseph se enterneceu. William também parecia contrito. Ele confessou seu erro e pediu novamente perdão a Joseph.
Sabendo que ele também estivera errado, Joseph pediu perdão ao irmão. Eles fizeram convênio de se esforçar mais arduamente para edificar um ao outro e resolver suas diferenças com mansidão.
Joseph convidou Emma e a mãe dele para a sala, e ele e William repetiram seu convênio. Lágrimas de alegria lhes rolaram do rosto. Abaixaram a cabeça, e Joseph orou, grato por sua família estar novamente unida.”
Somente o poder de Cristo pode gerar um amor tal que vença o orgulho e permita um profundo e total perdão e reconciliação. É preciso humildade, fé em Cristo e ação justa. Mas o exemplo da família do Profeta nos ensina que é possivel vencer as intrigas familiares e construir a paz e harmonia.
Depois deste episódio o Templo foi terminado e bênçãos infinitas forma derramadas sobre Joseph, sua família, sobre a Igreja e sobre o mundo inteiro, dos dois lados do véu.
Para acessar esse capítulo (capítulo 20 “Não me expulse”) do livro Santos clique aqui.
Os irmãos de Joseph Smith – Alvin, Hyrum, Don Carlos e William