3 coisas que ninguém te diz sobre servir missão

Então, você decidiu servir uma missão? Ótimo! Espero que suas aulas de preparação missionária sejam úteis e que você tenha reservado tempo para dividir com os missionários de sua ala.
Seu bispo provavelmente deu alguns grandes conselhos sobre como se preparar, e esperamos que você leia alguns bons livros de preparação missionária.
Mas, apesar de todos os seus esforços em chegar ao campo preparado, ainda haverá algumas coisas sobre a vida missionária que lhe pegarão com a guarda baixa.
Segue abaixo uma breve abordagem sobre três coisas que os membros da Igreja frequentemente não abordam, mas que você seguramente pode esperar em sua missão.
1. Sua transformação não é automática, você receberá aquilo que investir
Já conheceu algum missionário retornado que simplesmente o impressionou? Aquele tipo de pessoa que, de alguma forma, irradiava aquela combinação poderosa de confiança, conhecimento e humildade? Talvez o tenha ouvido falar em uma reunião sacramental e pensado: “Eu quero ser como aquele rapaz/moça quando eu retornar!”
Então, preste atenção: tornar-se aquele tipo de pessoa não simplesmente acontece com você. Não é como se estivesse em um daqueles lava-jatos automáticos, onde o carro entra por um lado e sai do outro brilhando, sem que precisemos fazer nada.
Não, uma missão é mais como um “faça você mesmo”, onde você lava o seu próprio carro, com os seus materiais, na sua garagem ou na sua rua. O esforço é todo seu.
Algumas pessoas vão para a missão e apenas esperam que a experiência missionária aconteça a elas. Elas são ordenadas como missionários e, de alguma forma, ficam surpresas ao olharem-se no espelho e verem a mesma pessoa olhando de volta. Nada parece diferente.
Não espere acontecer
Então, esses jovens chegam ao CTM com os mesmos hábitos de estudo que tinham no colegial, riem do mesmo tipo de piadas e revisam todas as etapas do que missionários devem fazer, apenas esperando que algo maravilhoso os transforme em super missionários.
E, antes que percebam, voltam para casa 18 ou 24 meses depois praticamente como as mesmas pessoas que eram antes. Que oportunidade perdida! O que não percebem é que o poder transformador da graça de Cristo não é algo que apenas acontece conosco, mas algo que acontece dentro de nós.
Precisamos estar dispostos a mudar, a agir e pensar de forma diferente do que fazíamos antes. Precisamos estar dispostos a combater nossa velha personalidade, praticar novos hábitos e atitudes, ganhar novas perspectivas e estabelecer novos comportamentos.
Você pode sentir-se como um “novinho” quando iniciar essa jornada de tornar-se um missionário poderoso. Mesmo com pouco para oferecer a Deus, você descobrirá que a graça Dele irá combinar com seu esforço humilde e sincero e, de alguma forma, multiplicá-los em um banquete grande o suficiente para todos.
Como Ezra Taft Benson certa vez afirmou:
“Homens e mulheres que direcionam suas vidas a Deus descobrirão que Ele pode fazer muito mais por suas vidas do que eles. Ele aprofundará suas alegrias, expandirá suas visões, acelerará suas mentes, fortalecerá seus músculos, levantará seus espíritos, multiplicará suas bênçãos, aumentará suas oportunidades, confortará suas almas, trará amigos e estabelecerá paz. Qualquer que perder sua vida no serviço de Deus encontrará vida eterna.” (Jesus Christ—Gifts and Expectations, Ensign, dez. 1988, p. 4)
Explorador e refletor
Para facilitar tal transição, procure praticar as habilidades do “explorador” e do “refletor”.
Missionários exploradores estão preparados e dispostos a encontrar transformação através das respostas do mundo que os cercam. Eles frequentemente perguntam: “O que posso aprender com essa pessoa? Como essa experiência me ensinará?” Eles ficam animados ao estudar com outros, absorvendo novas perspectivas e ensinamentos, e dispostos a admitir sua ignorância em áreas que precisam melhorar.
“Missionários refletores” procuram transformação através de respostas encontradas no lado de dentro. Eles regularmente separam tempo para ponderar. Examinam escolhas e experiências passadas cuidadosamente, analisando-as para que possam encontrar entendimento e perspectivas.
E se animam ao estudar individualmente, para que possam descobrir luz e verdade ao se aprofundarem nas escrituras.
Seja você um explorador ou refletor (ou, em alguns casos, ambos!), certifique-se de registrar seu aprendizado em um diário e compartilhá-lo com outros em discursos e reuniões de testemunho.
Escolha uma ou duas novas habilidades que deseja colocar em prática e acompanhe seu desenvolvimento, mesmo que seja em passos de bebê. Antes que perceba, você será capaz de olhar para seu “eu” do passado e ver o quão longe a graça capacitadora de Cristo o levou.
2. Decisões nem sempre são inspiradas, então seja flexível, tenha fé e esteja disposto a perdoar
Algumas vezes, compramos a ideia de que missionários estão constantemente sendo guiados por inspiração de pessoa a pessoa, como se cada direção tomada fosse dada pelos céus.
Todos nós já ouvimos histórias de élderes e sísteres encontrando a pessoa certa na hora certa ou sendo guiados à porta exata, então, naturalmente, terminamos por esperar que isso seja a regra, não a exceção.
Mas a realidade é que você fará suas próprias decisões e terá que decidir qual é a melhor ação a ser tomada, sem nenhum sussurro indicando para qual lado deve seguir. Você nem sempre terá direções específicas de líderes ou sussurros do Espírito dizendo o que fazer a cada minuto do seu dia.
Ao mapear seu curso no deserto da vida missionária, você talvez esteja aguardando uma barra de ferro, mas, em vez disso, talvez se encontre como uma Liahona — com vagas ideias de onde deve ir, mas nenhum detalhe sobre como chegar lá.
Assim, a falta de direção será desconfortável para alguns e até mesmo assustadora em certos casos. Sabemos de missionários que sofreram grande ansiedade ao tentar trabalhar sem supervisão. Eles estavam tão preocupados com a possibilidade de fazer escolhas erradas que raramente faziam qualquer escolha.
Esses missionários pensavam que Deus deveria determinar cada passo a ser dado a cada dia, e quando tal inspiração não aparecia, eles sentiam-se abandonados e sozinhos. Eles queriam sucesso garantido antes mesmo de dar um único passo.
Continue trabalhando
Por outro lado, também vimos missionários que estavam animados pela liberdade que experimentaram. Eles viam cada rua como uma nova chance para serem criativos e explorar ideias de como ensinar o Evangelho e servir as pessoas ao seu redor.
Em vez de perguntar a Deus o que deviam fazer, eles estudavam em suas mentes, tomavam uma decisão e, em suas orações, basicamente diziam: “Deus, achamos que temos um bom plano, então isso é o que tentaremos fazer. Se sairmos do trilho no decorrer do curso, por favor, nos mostre.”
Às vezes, eles tinham sucesso, e, às vezes, não. Se não funcionava, eles não perdiam a fé; simplesmente reagrupavam, identificavam o que havia saído errado e o que podiam aprender daquilo, para assim tentar de novo. Eles confiavam na inspiração casual que vinha enquanto se moviam, mesmo que, às vezes, falhassem no decorrer do curso.
Então, se você se encontrar sem um mapa claro de como realizar seu trabalho missionário diário ou como resolver uma situação complicada, não entre em pânico.
Desde que esteja tentando ouvir os gentis sussurros do Espírito e humildemente fazendo o seu melhor, você continuará a mover-se adiante. Entretanto, não estou dizendo que cada escolha ou decisão que fizer será a melhor, mas é por isso que Deus nos relembra a continuar trabalhando “com toda paciência e fé.” (D&C 21:5)
Permaneça firme na esperança de que tudo conspirará a seu favor e, até que isso aconteça, seja paciente consigo mesmo e com os outros quando cometer erros.
1. Faça contato visual
Um amigo que tem conhecidos no comitê de saúde missionária compartilhou uma informação interessante: uma das fontes de ansiedade mais reportadas entre novos missionários no CTM é a “desintoxicação da tecnologia”.
Em outras palavras, o fato de terem que subitamente encarar um mundo sem recursos eletrônicos, após terem um celular em suas mãos quase que ininterruptamente por anos.
Sim, você provavelmente terá um celular para mensagens básicas e, em algumas missões, um iPad. Mas a maior parte do seu tempo será dedicada a conversar com outras pessoas face a face, sem nenhuma conexão de internet para responder perguntas rápidas ou distrações aleatórias.
A melhor coisa que pode fazer agora para se preparar é praticar essa vida desde já. Você não precisa se desligar subitamente do mundo, mas talvez agendar alguns horários durante a semana sem nenhum contato com tecnologia. Domingos são ótimos dias para começar.
Soldados do Senhor
Tente deixar seu celular em casa na próxima vez que sair com amigos ou quando for fazer compras. Determine um limite de tempo a ser gasto com seus dispositivos e siga.
Estabeleça uma rotina diária para estar ao ar livre a cada dia, sem a presença de tecnologia. Faça uma regra severa de que apenas responderá mensagens em um horário pré-definido à noite, após seu estudo de preparação missionária estar concluído.
Preparar-se para servir uma missão exige trabalho duro, então lembre-se de que ninguém espera que esteja 100% preparado no primeiro dia no CTM. Você não foi apenas “chamado a servir”, você foi chamado como “soldado do Senhor”. É na missão Dele que você está trabalhando.
O nome de Jesus Cristo estará em sua plaqueta logo abaixo do seu, e é a Ele que você tentará trazer pessoas. Quando agir com fé e humildade e unir suas mãos às Dele, você O verá realizar maravilhas nas vidas daqueles que você ama — e especialmente em sua própria vida.
Agora, prepare-se. Dezoito ou vinte e quatro meses passam voando.
Fonte: LDS Living
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