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O Livro de Mórmon é o “outro evangelho” mencionado em Gálatas 1:8?

Pergunta:

“Como pode o Livro de Mórmon ser verdadeiro se Gálatas 1:8 afirma que mesmo que um anjo do céu anunciasse um outro Evangelho além daquele já anunciado, este seria anátema (amaldiçoado)? Não se enquadadraria o Livro de Mórmon nas palavras de Paulo?”

Anônimo


Resposta:

Olá,

Tal questão é sem dúvida uma das críticas mais frequentes, e menos fundamentadas, à doutrina da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Gálatas 1:8 é frequentemente utilizado por críticos como uma espécie de “xeque-mate” ao Livro de Mórmon, embora uma análise além da superfície demonstre claramente que o verso em nada influencia a veracidade da Restauração ou do Livro de Mórmon.

O verso declara:

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.”

O primeiro ponto a tornar claro é que de fato cremos na veracidade do princípio ensinado por Paulo no versículo, mas discordamos da interpretação atribuída de que o verso invalida o Evangelho Restaurado ou o Livro de Mórmon. Paulo é específico ao mencionar “outro Evangelho” e esse é o ponto central de toda a interpretação da escritura em questão. A palavra “Evangelho” como utilizada na versão grega do Novo Testamento (evangelion) significa “boas novas” e ganhou um contexto mais amplo com a pregação de Jesus e seus Apóstolos. O renomado dicionário Webster define ainda “Evangelho” como “as boas novas a respeito de Jesus Cristo, o Reino de Deus e a salvação.”

Dessa forma, o versículo unicamente poderia ser aplicado ao Evangelho Restaurado ou ao Livro de Mórmon caso estes se desviassem da definição que Paulo teve em mente para “outro Evangelho”. Afinal, seria o Livro de Mórmon um outro Evangelho, diferente daquele anunciado por Jesus e seus Apóstolos? A melhor resposta a tal questão é certamente permitir que o próprio Livro de Mórmon se pronuncie. Em 3 Néfi 27:13-23 temos uma incrível definição da palavra Evangelho, dada pelo próprio Jesus Cristo, que afirmou:

Eis que vos dei o meu evangelho e este é o evangelho que vos dei — que vim ao mundo para fazer a vontade de meu Pai, porque meu Pai me enviou.

E meu Pai enviou-me para que eu fosse levantado na cruz; e depois que eu fosse levantado na cruz, pudesse atrair a mim todos os homens, a fim de que, assim como fui levantado pelos homens, assim sejam os homens levantados pelo Pai, para comparecerem perante mim a fim de serem julgados por suas obras, sejam elas boas ou más —

E por esta razão fui levantado; portanto, de acordo com o poder do Pai, atrairei todos os homens a mim para que sejam julgados segundo suas obras.

E acontecerá que aquele que se arrepender e for batizado em meu nome, será satisfeito; e se perseverar até o fim, eis que eu o terei por inocente perante meu Pai no dia em que eu me levantar para julgar o mundo.

E aquele que não perseverar até o fim será cortado e lançado no fogo, de onde não mais voltará, em virtude da justiça do Pai.

E esta é a palavra que ele deu aos filhos dos homens. E por esta razão ele cumpre as palavras que proferiu; e não mente, mas cumpre todas as suas palavras.

E nada que seja imundo pode entrar em seu reino; portanto, nada entra em seu descanso, a não ser aqueles que tenham lavado suas vestes em meu sangue, por causa de sua fé e do arrependimento de todos os seus pecados e de sua fidelidade até o fim.

Ora, este é o mandamento: Arrependei-vos todos vós, confins da Terra; vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que sejais santificados, recebendo o Espírito Santo, para comparecerdes sem mancha perante mim no último dia.

Em verdade, em verdade vos digo que este é o meu evangelho; e sabeis o que deveis fazer em minha igreja; pois as obras que me vistes fazer, essas também fareis; porque aquilo que me vistes fazer, isso fareis;

Portanto, se fizerdes essas coisas, bem-aventurados sois, porque sereis levantados no último dia.

Vemos dessa forma uma definição no próprio Livro de Mórmon para a palavra “Evangelho,” que está em total harmonia com o significado e contexto original como utilizado na Bíblia. Em outras palavras, O Livro de Mórmon não é em nenhuma escala um “outro Evangelho” mas sim um “outro Testamento” de Jesus Cristo, palavras estas que não significam a mesma coisa e por essa razão, não podem ser utilizadas como sinônimos, como normalmente acontece.

O fato do verso citar um “anjo” trazendo outro Evangelho não pode ser comparado à ministração de Morôni à Joseph Smith por diversas razões:

  1. Embora as escrituras declarem que de fato Satanás pode se transformar em um “anjo de luz”, anjos ministraram a homens em diversas ocasiões e tal padrão é consistente com o modo do Senhor de preparar e advertir seus servos.
  2. Morôni não trazia um “outro Evangelho” como explicado anteriormente, mas um “outro Testamento” (testemunha ou evidência) contendo o mesmo Evangelho.
  3. Tanto Morôni como o texto do Livro de Mórmon testificam do chamado Messiânico de Jesus Cristo e do fato de que salvação pode unicamente ser alcançada por meio Dele. Simplesmente não há sentido em demonizar a ministração de Morôni a Joseph, quando este e o próprio livro testificam de Jesus Cristo do começo ao fim como o Messias prometido, considerando que tal princípio é exatamente o oposto do propósito de Satanás.

Dessa forma, fica evidente que Gálatas 1:8 não representa nenhuma inconsistência com a restauração do Evangelho ou do advento do Livro de Mórmon em nossos dias.

Abraço,

| Livro de Mórmon
Publicado por: Luiz Botelho
Luiz Botelho serviu na Missão Santa Maria e atualmente mora em Provo-Ut. Estuda Antropologia na Utah Valley University e descobriu na Ciência, História, Filosofia e Teologia sua verdadeira paixão. Atualmente trabalha voluntariamente como Diretor Internacional da FairMormon, é autor do Interpretenefita.com e um dos Diretores da More Good Foundation no Brasil.
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