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Como reconhecer melhor a revelação que o Senhor já está nos dando?

Para a celebração do bicentenário da Primeira Visão, o presidente Russell M. Nelson convidou-nos “a pensarmos profunda e frequentemente sobre esta pergunta-chave: De que modo você O ouve?” Ele então nos convidou “a tomar medidas para O ouvir melhor e com mais frequência.”

Acredito que estamos recebendo revelação por meio do Espírito Santo o tempo todo, mas muitas vezes não conseguimos reconhecê-la.

Responder às seguintes perguntas nos ajudarão a ouvi-Lo melhor e com mais frequência, reconhecendo a revelação que já estamos recebendo.

Pergunta 1: como a revelação geralmente vem, regularmente ou ocasionalmente? Ela é comum ou rara?

A primeira questão que precisamos considerar é a frequência com que podemos esperar receber a revelação pessoal. É algo que deve ser comum ou raro? A resposta pode surpreendê-lo.

O Élder David A. Bednar ensinou:

“Ao honrar nossos convênios, podemos ter o Espírito Santo como nosso companheiro constante. Muitas vezes falamos como se ouvir a voz do Senhor por meio de Seu Espírito é um evento raro. Se você e eu estamos fazendo o nosso melhor e não cometendo transgressão grave, então podemos sempre confiar no Espírito Santo para nos guiar.

Muitas pessoas parecem acreditar que a inspiração do Espírito Santo é dramática, grandiosa e repentina. A verdade é que o Espírito Santo nos guia de maneira mansa, delicada e crescente ao longo do tempo. Muitas vezes não reconhecerão que estão recebendo revelação no momento em que estão recebendo revelação. Néfi é o exemplo perfeito deste padrão” (discurso proferido em um devocional do Sistema Educacional da Igreja, fevereiro de 2020).

Esta poderosa doutrina, que a revelação é frequente, pode parecer surpreendente no início, mas é ensinada a nós todas as semanas durante oração sacramental. Quando tomamos o sacramento, recebemos a promessa de que se cumprimos nossos convênios, teremos sempre o Seu espírito conosco (D&C 20:77).

O profeta Joseph Smith ensinou que “nenhum homem pode receber o Espírito Santo sem receber revelações. O Espírito Santo é um Revelador” (ensinamentos P. 328). Então, se o Espírito Santo é um revelador, e Ele está conosco sempre, então isso implica que estamos sempre recebendo revelação. Estamos literalmente vivendo com a revelação!

O problema, então, não é receber revelação, e sim reconhecê-la. O profeta Joseph Smith ensinou que podemos observar “as primeiras impressões do Espírito de revelação quando sentimos que a inteligência pura flui em nós, de repente podem vir ideias, por conhecer e aceitar o Espírito de Deus, poderemos crescer no princípio da revelação até que cheguem a ser perfeitos em Cristo Jesus” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, capítulo 10).

Me pergunto se quando estivermos diante do Senhor e olharmos para trás, em nossas vidas, perceberemos que muitos dos pensamentos que tivemos, dos sentimentos e das impressões que recebemos e que pensávamos serem nossos foram, na verdade, do Espírito Santo. Ele está nos guiando, nos ensinando, nos direcionando—mais do que sabemos. Ele estava sempre conosco!

Pergunta 2: como a revelação geralmente vem, gradualmente ou de uma só vez?

Embora haja momentos em que o Senhor nos passe uma mensagem de repente e de uma vez, o padrão mais comum nas escrituras é que Deus revele as coisas gradualmente ao longo do tempo. Como o profeta Néfi explicou, “Pois eis que assim diz o Senhor Deus: Darei aos filhos dos homens linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui e um pouco ali; e a quem recebe darei mais” (2 Néfi 28:30).

Como Néfi explicou, uma razão pela qual Deus revela este caminho é para testar a nossa fé. Ele não revela o fim desde o início tudo de uma vez, ele geralmente revela apenas o suficiente para que possamos dar alguns passos.

Uma vez que damos esses passos de fé, então ele revela mais. Esse processo inspirado não só testa a nossa fé, mas também fortalece a nossa fé ao nos ensinar a confiar no Senhor para nos guiar, passo a passo.

O Élder David A. Bednar comparou esta forma comum de revelação gradual a um nascer do sol e contrastou com a experiência mais rara de receber revelação de uma só vez como um interruptor de luz. Ele explicou:

“O aumento gradual de luz que irradia do sol nascente é como receber uma mensagem de Deus “linha sobre linha, preceito sobre preceito” (2 Néfi 28:30). Mais frequentemente, a revelação vem em pequenos incrementos ao longo do tempo e é dada de acordo com o desejo, a dignidade e a preparação.

Esse padrão de revelação tende a ser mais comum do que raro” (Conferência Geral, abril 2011). Este padrão é visto quando Néfi foi buscar as placas de latão e quando construiu um navio, e também no processo da Restauração ao longo da história da Igreja.”

É especialmente importante reconhecer este padrão de revelação na busca de um testemunho. Élder Bednar manifestou a preocupação de que muitos membros da Igreja, particularmente os jovens, se questionem sobre seu testemunho “porque não recebem impressões frequentes, miraculosas ou fortes.”

Além disso, ele explica, “Talvez, ao considerarmos as experiências de Joseph no Bosque Sagrado, ou a de Saulo na estrada de Damasco, e a de Alma, o filho, venhamos a crer que algo está errado ou falta em nós, por não termos em nossa vida tais exemplos tão conhecidos e espiritualmente admiráveis.”

Mas o Élder Bednar nos assegurou que não ter este tipo de experiências espirituais dramáticas é “bastante normal” (Conferência Geral, abril 2011). É muito mais comum que nossos testemunhos cresçam gradualmente ao longo do tempo, em vez de passar por uma grande experiência.

O Presidente Joseph F. Smith compartilhou que sua própria experiência de ganhar um testemunho seguiu este mesmo padrão. Ele explicou:

“Quando eu, como um menino, comecei no ministério, eu frequentemente saía e pedia ao Senhor para me mostrar alguma coisa maravilhosa, a fim de que eu pudesse receber um testemunho. Mas o Senhor não me revelou as maravilhas, Ele mostrou-me a verdade, linha sobre linha, preceito sobre preceito, um pouco aqui um pouco ali, até que me fez conhecer a verdade do alto da minha cabeça até as solas dos meus pés, e até que a dúvida e o medo tinha sido completamente eliminados de dentro de mim.

Ele não tinha que enviar um anjo dos céus para fazer isso, nem tinha que falar com hostes de arcanjos. Pelos sussurros da voz mansa e delicada do Espírito do Deus vivo, ele me deu o testemunho que possuo. E por este princípio e poder ele dará a todos os filhos dos homens um conhecimento da verdade que permanecerá com eles. E nenhuma quantidade de manifestações maravilhosas jamais alcançará isso.”(presidente Joseph F. Smith, Doutrina do Evangelho p. 7)

Aprendi a mesma lição no CTM. Como jovem missionário, eu estava praticando convidar as pessoas a ler o Livro de Mórmon e orar sobre isso. A medida que praticava, ocorreu-me que nunca tinha orado para saber se o Livro de Mórmon era verdadeiro. Eu o tinha lido várias vezes, mas nunca tinha pensado em orar para saber de sua veracidade.

Fiquei preocupado que eu poderia não ter um testemunho porque eu nunca tinha recebido uma resposta dramática a tal oração. Motivado por esta preocupação, ajoelhei-me próximo a minha cama e perguntei a Deus se o Livro de Mórmon era verdadeiro. Esperava uma resposta, mas não a resposta que recebi.

A impressão inspirada que veio à minha mente e coração naquele dia foi esta: “Mark, você sabe que o Livro de Mórmon é verdade. Sempre soube que o Livro de Mórmon é verdadeiro. Agora, levante-se e vá testificar sobre o Livro de Mórmon.”

Naquele momento, percebi que meu testemunho do Livro de Mórmon estava ali o tempo todo. Ao ouvir as histórias do Livro de Mórmon no colo de minha mãe, no estudo pessoal e familiar das escrituras, na Escola Dominical e no seminário, esse testemunho vinha página por página e versículo por versículo enquanto estudava o Livro de Mórmon. Veio tão gradualmente, como um nascer do sol, que não consigo identificar o momento em que soube pela primeira vez que era verdade. Parece que sempre soube.

Ao compartilhar essa experiência, escutei muitas pessoas compartilhando comigo que passaram pela mesma coisa quando oraram sobre a veracidade do Livro de Mórmon. Foi assim que aprendi que a revelação vem gradualmente, como um nascer do sol, não tudo de uma vez, como um interruptor de luz.

Pergunta 3: como a revelação geralmente vem, de maneira óbvia ou sutil? Como um grito ou um sussurro?

Todos sabem que o Espírito Santo é muitas vezes comparado a uma “voz mansa e delicada”, mas muitos ainda esperam que as experiências espirituais sejam emocionantes. No entanto, o padrão mais comum nas escrituras é quando o Espírito é sutil ao invés de óbvio, um sussurro ao invés de um grito.

Elias, o profeta aprendeu esta lição no Monte Horebe (1 Reis 19:8). Monte Horebe é outro nome para o Monte Sinai, e é aqui que o Senhor dramaticamente fez a sua presença conhecida nos dias de Moisés, com trovões e relâmpagos, fogo e fumaça, enquanto toda a montanha tremeu (Êxodo 19:16-18).

Talvez Elias, o profeta, estava esperando a mesma revelação emocionante quando subiu para a mesma montanha gerações mais tarde, mas ele aprendeu uma lição poderosa. Quando ele se manifestou a Elias, “o Senhor não estava no terremoto; E também o Senhor não estava no fogo” ao invés disse ele se revelou por meio de uma voz mansa e delicada” (1 Reis 19:11-12).

Embora revelações emocionantes aconteçam, a forma mais comum de revelação é o sussurro sutil do Espírito Santo.

Na verdade, é muitas vezes quando ignoramos os sentimentos do Espírito que o Senhor deve recorrer a meios mais fortes para chamar a nossa atenção. Este foi o caso quando os anjos apareceram a Lamã e Lemuel (1 Néfi 3:29), e Alma e os filhos de Mosias (Mosias 27:11).

Ao repreender os irmãos, Néfi explicou, “Haveis visto um anjo que vos falou; sim, haveis ouvido sua voz de tempos em tempos; e ele vos falou numa voz mansa e delicada, mas havíeis perdido a sensibilidade, de modo que não pudestes perceber suas palavras; portanto, falou-vos ele com voz de trovão, o que fez tremer a terra como se fosse partir-se em pedaços” (1 Néfi 17:45).

Com a tecnologia moderna de telefones celulares, podemos facilmente ver por que isso seria o caso. Se você precisasse que uma mensagem importante e urgente chegasse a alguém rapidamente, a maneira mais rápida e fácil de fazer isso seria ligar ou enviar uma mensagem de texto.

Se a pessoa ignorasse as suas ligações ou não respondesse às suas mensagens, só então você iria a casa da pessoa e bateria à sua porta para lhe chamar a atenção. O Senhor muitas vezes nos fala da mesma maneira. Por que enviar um anjo se ele pode enviar a mensagem simples e rapidamente através do Espírito Santo? Afinal de contas, os anjos falam pelo poder do Espírito Santo de qualquer maneira, de modo que o efeito é o mesmo (2 Néfi 32:3).

O resultado interessante deste padrão de revelação sutil é que muitas vezes podemos recebê-lo e nem mesmo endendê-lo na época. O Presidente Boyd K. Packer compartilhou uma bela história que ilustra isso.

Quando ele e sua esposa estavam prestes a viajar de trem pela Alemanha Oriental comunista, o jovem missionário que os tinha trazido para a estação de trem teve a ideia de perguntar-lhes se eles tinham algum dinheiro alemão. Quando eles disseram que não, ele correu e entregou-lhes uma nota de 20 marcos alemães antes do trem partir.

Mais tarde em sua viagem, oficiais da Alemanha Oriental pediram para ver seus passaportes. Para sua surpresa, o passaporte da irmã Packer era considerado inválido e os oficiais poderiam colocá-la para fora do trem no meio da noite na Alemanha comunista. Lembrando-se do dinheiro alemão que o missionário lhe tinha dado, o Élder Packer colocou-o dentro do passaporte de sua esposa.

Quando os oficiais examinaram novamente, eles viram o dinheiro e decidiram mantê-la no trem em vez de expusá-la. Miraculosamente, irmã Packer evitou uma situação de risco de vida porque aquele jovem missionário teve o pensamento inspirado de dar-lhes dinheiro alemão.

O missionário na história era o Élder David A. Bednar, que não sabia que o pensamento foi inspirado até 30 anos depois, quando o Presidente Packer compartilhou a história! (New Era, junho de 2009). Este é frequentemente o caso da revelação, não a reconhecemos pelo que é até olharmos para trás e vermos os resultados (ver D&C 6:14-15).

Pergunta 4: Como é que a revelação geralmente vem, pela Sua própria voz ou pela voz dos Seus servos?

Embora a revelação muitas vezes venha até nós por meios de impressões independentes do Espírito Santo, um padrão de revelação que é talvez ainda mais comum é quando o Espírito confirma algo que ouvimos ou lemos as palavras dos profetas do Senhor. Esta não é uma forma inferior de revelação. Como o próprio Senhor ensinou,” seja pela minha própria voz ou pela voz dos meus servos, é o mesmo” (D&C 1:38).

De fato, foi assim que a primeira revelação da Restauração foi recebida. Joseph Smith descreve que, ao ler Tiago 1:5,

“Jamais uma passagem de escritura penetrou com mais poder no coração de um homem do que essa, naquele momento, no meu. Pareceu entrar com grande força em cada fibra de meu coração. Refleti repetidamente sobre ela” (JS-H 1:12).

Esta é uma descrição perfeita do Espírito da revelação e é exatamente o que todos podemos esperar experimentar enquanto estudamos as escrituras. Quando um versículo chama nossa atenção, quando uma mensagem toca nossos corações, quando sentimos a necessidade de marcar uma passagem, lê-la novamente, ou agir sobre algo que diz, todos estes são exemplos potenciais de revelação pessoal através do Espírito enquanto estudamos.

milagres

Ler a palavra de Deus pelo Seu Espírito para receber a revelação pessoal é como o Senhor sempre esperou que lêssemos as escrituras. Em Doutrina e Convênios, o Senhor explicou:

“Estas apalavras não são de homens nem de um homem, mas são minhas; Pois é a minha voz que vo-las diz; pois vos são dadas pelo meu Espírito; e pelo meu poder vós as podeis ler uns para os outros; Portanto, podeis testificar que ouvistes a minha voz e conheceis as minhas palavras” (D&C 18:34-36).

Isto significa que quando lemos as palavras do Senhor pelo Seu Espírito, é como se Ele estivesse revelando essas palavras diretamente para nós. Podemos então afirmar com confiança que ouvimos Sua voz e conhecemos as Suas palavras por nós mesmos.

Não só isso funciona para as escrituras, mas o mesmo princípio se aplica aos ensinamentos de nossos profetas modernos. Quando ouvimos ou lemos Suas palavras pelo Espírito, estamos recebendo revelação. O Senhor explicou isso quando Ele ensinou,

“E tudo que disserem, quando movidos pelo Espírito Santo, será escritura, será a vontade do Senhor, será a mente do Senhor, será a palavra do Senhor, será a voz do Senhor e o poder de Deus para a salvação” (D&C 68:4).

Quando ouvimos as palavras dos profetas pelo Espírito, é a voz do Senhor para nós. É revelação para as nossas almas. Como o Élder Jeffrey R. Holland explicou sobre a Conferência Geral,

“Se ensinarmos pelo Espírito e você ouvir pelo Espírito, alguém dentre nós vai abordar a sua situação, enviando uma epístola profética pessoal especialmente para você” (Conferência Geral, abril de 2011).

Conclusão

À medida que entendemos esses padrões comuns de revelação, que geralmente vem gradualmente, sutilmente, imperceptivelmente, e através das palavras dos profetas, então vamos perceber que a revelação do Espírito está vindo para nós o tempo todo.

Nossa principal responsabilidade, então, não é receber a revelação, mas reconhecer e agir de acordo com a revelação que o Senhor já está nos dando. “O que precisamos é de um ouvido de escuta” (Conferência Geral, outubro de 1948). Então, quando Ele fala, podemos “ouvi-Lo” (JS-H 1:17).

Fonte: Meridian Magazine

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