Todos os dias, em qualquer lugar do mundo, vemos acontecimentos ruins e terríveis sendo noticiados na TV, no rádio, no celular. Muitas vezes, um ato de uma única pessoa pode impactar cem, mil ou até milhões de outras. Às vezes, essas escolhas também nos afastam do que temos de mais sagrado: nossa pureza espiritual. Mas… e quando somos nós que nos ferimos?

Quando a dor vem de nossas próprias escolhas? Será que existe volta, mesmo depois de uma queda tão grande que parece não ter conserto? Isso é sobre a castidade e a grande pergunta é: será que podemos ser puros novamente?

O que é a castidade e por que ela está ligada à pureza?

Sua primeira definição que quase não é lembrada é:

Castidade significa pureza sexual. Aqueles que são castos são moralmente limpos em seus pensamentos, suas palavras e suas ações.

Logo, ser casto é manter-se moralmente limpo. Isso quer dizer: cultivar um coração e uma mente alinhados com valores elevados, mesmo diante do que o mundo diz hoje. E sim, é um grande desafio nesses tempos e não é fácil para ninguém. Com tudo, a castidade inclui o compromisso de não ter relações sexuais antes do casamento. Mas seu significado é mais amplo e profundo. Ele abrange a forma como nos relacionamos com nós mesmos e com os outros nos aspectos da vida.

Em Moisés 5 lemos que “os homens começaram, daquele tempo em diante, a ser carnais, sensuais e diabólicos”. Essa parte revela sobre a natureza humana: todos nós nascemos com tendências e desejos da carne. Isso pode nos afastar do caminho da pureza e do bem se não soubermos ter controle. Por isso, a Lei da Castidade é muito mais do que uma regra externa. Ela é um convite para deixarmos para trás o “homem natural” que age conforme os impulsos que podem nos destruir.

Quando é escolhido passar pela transformação de nos tornarmos puros não significa que será confortável. Nem mesmo imediato, mas é fundamental para encontrarmos paz, dignidade e verdadeira felicidade. Ao nos afastarmos da carne, nos aproximamos do nosso espírito e do potencial divino. E assim vivendo em harmonia com os ensinamentos do Salvador e experimentando as bênçãos da pureza espiritual. Porém, como isso acontece?

O que induz a quebrar?

Quebrar a Lei da Castidade por escolha própria, muitas vezes, não é apenas uma questão de ceder de vez ao desejo físico. É, acima de tudo, o reflexo de momentos de caos, dias difíceis, vazio emocional ou perda de identidade por razões profundas e íntimas. Ainda mais quando se está cercado por um mundo que é constantemente bombardeado com mensagens que confundem o que é amor. Redes sociais, séries e músicas intensificam essa confusão, mas raramente mostram o custo real dessas escolhas que cobrará sua paz, sua saúde mental e o bem-estar do seu corpo e do seu espírito. Além disso, existe uma pressão interna: É o sentimento de não ser suficiente, a busca por pertencimento ou a tentativa de preencher um vácuo espiritual que, na verdade, nenhum prazer momentâneo pode curar.

Essa é a realidade de muitos que vivem em situações difíceis, e assim se desconectam de si próprios por reputação, confusão mental, rebeldia, vulnerabilidade e entre outras razões. Se afastam do relacionamento com o Pai Celestial, tomando escolhas que machucam física e emocionalmente, deixando cicatrizes no corpo e na alma. Mesmo quando alguém acredita estar preparado ou acha que não ligará para as consequências, o pior momento chega e pode desencadear ansiedade, depressão e uma aflição ainda maior para uma mente e um coração já feridos.

Um casal demonstrando arrependimento após perder a pureza.

E como será a volta?

Quando esse ato é cometido sem real compreensão de seu valor, a volta é possível. Com apoio, torna-se mais fácil, ainda que não seja simples. Os sentimentos de indignidade, humilhação, culpa, sensação de estar sujo, amargura e agonia são completamente compreensíveis. Por isso, é essencial o perdão e o arrependimento sinceros ao buscar seu bispo, que irá te ajudar muito mais do que a vergonha e pesar que estará sentindo.

Ao aceitar e iniciar o processo de arrependimento, entenda que esse sofrimento pode durar um tempo. Pois, quebrar a Lei da Castidade toca o corpo, a mente e o espírito. Mas mesmo que pareça impossível, essa dor não é eterna. Com o Salvador, ela pode se transformar em aprendizado e em um caminho real de volta à pureza.

Será muito bom, por exemplo, procurar nunca deixar de orar, mesmo que falte palavras. Fale com o Pai Celestial como se falasse com um amigo querido, conte a Ele tudo, sem medo. Preencha sua mente com coisas que te façam sentir-se leve, limpo(a) e perto do Salvador: leia as escrituras, ouça hinos que aquecem seu coração, procure estudar sobre o poder da Expiação e das promessas Dele para você.

Busque também fortalecer sua autoestima de forma prática: escreva coisas boas sobre você, cerque-se de pessoas que te edifiquem, sirva alguém porque servir ajuda a curar e a preencher mente vazia. Não se isole: converse com amigos de confiança, líderes ou um terapeuta se precisar.

E Jesus Cristo e o Pai Celestial são os que mais te amam, não há palavras para descrever o quanto Eles desejam o seu bem. Eles não te julgam por ter caído, mas celebram cada passo que você dá para se levantar. Busque-Os sempre. A alegria verdadeira voltará, mais limpa e mais forte. Mesmo que o pecado pese sobre seus ombros, O Redentor carregará o peso para você.

Usar o corpo com propósito sagrado

O profeta Alma no Livro de Mórmon ensinou a gravidade desse pecado e o porquê do arrependimento, dizendo a seu filho Coriânton:

“Não sabes, meu filho, que essas coisas são uma abominação à vista do Senhor? Sim, mais abomináveis que todos os pecados, salvo derramar sangue inocente ou negar o Espírito Santo.” (Alma 39:5).

O Pai Celestial abomina essas coisas porque, quando usamos esse poder de forma sem valor real, acabamos vulgarizando um dos maiores dons que Ele nos concedeu nesta Terra: o poder de gerar filhos. É importante compreender que, sim, o sexo existe principalmente para que a vida continue, trazendo os filhos do Pai a este mundo. Por isso, Ele nos deu o prazer como uma bênção, para ser desfrutado da maneira correta dentro dos convênios sagrados e não da forma banalizada como vemos hoje.

Mesmo assim, a maravilha do evangelho é que não há peso que Ele não possa carregar quando há arrependimento verdadeiro. A Expiação de Cristo é infinita porque o amor Dele é infinito. Quando entendemos a gravidade de quebrar a Lei da Castidade, entendemos também a profundidade da graça Dele o poder real de limpar nossos erros, restaurar nossa dignidade e nos ajudar a caminhar novamente em pureza.

Um casal sorrindo e demonstrando pureza no relacionamento.

Sempre há volta pela graça de Cristo

Assim, viver a castidade não é apenas evitar algo “proibido” porque, na realidade, não se trata de algo proibido, mas de algo que tem seu tempo e deve ser esperado como o Pai Celestial deseja para o nosso bem. É escolher, todos os dias, convidar o Espírito para habitar em nós. É decidir enxergar a nós mesmos como Deus nos vê: com potencial divino, dignidade e valor infinitos. Mesmo que os erros aconteçam, a mudança de coração precisa ser real, para que a cura também seja.

Porque sempre é possível buscar a pureza novamente pela graça real, viva e infinita de Jesus Cristo.

“Ele é a luz, a vida e a esperança do mundo. Seu caminho é aquele que conduz à felicidade nesta vida e à vida eterna no mundo vindouro. Graças damos a Deus pela incomparável dádiva de Seu Filho divino.” (O Cristo Vivo)

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