Às vezes, enfrentamos perguntas que mexem profundamente com o coração: por que crianças — tão inocentes, tão cheias de luz — precisam passar por coisas ruins? Em alguns casos, conseguimos entender melhor as consequências de nossas escolhas, pois sabemos que as bênçãos do Senhor acompanham nossa obediência e que Sua justiça. Mas quando a dor atinge uma criança, seja por doença ou tragédia, o sofrimento nos parece mais cruel e intenso.
Questões assim nos levam a buscar respostas, não apenas para entender, mas também para encontrar consolo e fortalecer nossa fé.

O dom que nos dá liberdade — o arbítrio
Primeiro, é essencial lembrar que o arbítrio nos foi concedido por Deus: o direito de escolher entre o bem e o mal. Essa liberdade é a base de nossa existência mortal. Só que, por sua natureza, o arbítrio nos permite — e permite aos outros — agir de formas que causam dor.
Isso significa que não podemos controlar as escolhas alheias — mesmo quando essas escolhas machucam — mas podemos escolher como reagir. Podemos escolher estender compaixão, orar por aqueles que sofreram, e buscar a cura que Deus oferece. O arbítrio, embora tão precioso, nos lembra de que nem toda dor é por causa de Deus — muitas são consequência das escolhas de outros.
O profeta do Livro de Mórmon, Alma, compartilhou uma experiência profundamente dolorosa: Amuleque, seu amigo e companheiro missionário, viu crianças serem executadas simplesmente por acreditar em Jesus Cristo. Alma 14 descreve como isso aconteceu e o diálogo entre os dois missionários:
“Como podemos testemunhar esta cena horrível? Estendamos, pois, a mão e exerçamos o poder de Deus que está em nós e salvemo-las das chamas.”
“Alma, porém, disse: O Espírito constrange-me a não estender a mão; porque eis que o Senhor as recebe para si em glória; e permite que eles façam isto, ou seja, que o povo lhes faça isto segundo a dureza de seu coração, para que os julgamentos a que em sua cólera os submeter sejam justos.”

Deus é um Deus de justiça
O que podemos aprender deste relato?
Primeiro, Alma manteve sua fé firme. Ele olhou além do sofrimento e reconheceu que Deus está no controle, e que a Expiação de Cristo também alcança essas vítimas inocentes. Os perseguidores agiram por escolha própria — movidos por ignorância, medo e rejeição — e não pela vontade de Deus.
Além disso, aprendemos que Deus permite que as pessoas façam o mal para que, no juízo final, cada um receba o que merece conforme a lei da justiça. Quem faz o bem recebe sua recompensa, e quem faz o mal enfrenta julgamento por seus atos.
Alma também sabia que o Salvador viria para fazer justiça aos que sofreram injustiça e que a vida eterna espera os que creem nele.

A justiça divina e a restauração possível em Cristo
Nós cremos que Deus é um ser justo, perfeitamente amoroso e infinitamente misericordioso. Ele não ignora a dor — ao contrário, Ele a sente; Ele chora conosco. E ainda mais: Ele oferece consolo, esperança e a oportunidade de ressurreição.
A Expiação não traz de volta o passado, mas oferece força para suportar o agora, e fé para seguir adiante.
Em Cristo, todas as coisas são possíveis. Aprendemos com Alma que todas as coisas serão restauradas — inclusive a vida e as oportunidades que a mortalidade interrompeu injustamente. Em Alma 11 lemos:
“O espírito e o corpo serão novamente reunidos em sua perfeita forma; os membros e juntas serão restaurados à sua devida estrutura, tal como nos achamos neste momento; e seremos levados a apresentar-nos perante Deus, sabendo o que sabemos agora, e tendo uma viva lembrança de toda a nossa culpa.”
Quando crianças sofrem, Deus não nos abandona. Ele nos oferece um plano de Salvação divino, bem maior, e bem melhor do que podemos sequer compreender e imaginar.

Vivendo com esperança, mesmo nas circunstâncias difíceis
Como podemos viver essas verdades na prática? O Presidente Eyring nos ensinou:
À medida que vocês forem fiéis a essas promessas, descobrirão que o Senhor cumpre Sua promessa de ser um com vocês ao servirem, tornando seus fardos leves. Vocês passarão a conhecer o Salvador, e dia virá em que se tornarão como Ele é, de modo a “[serem] aperfeiçoados nele”. Ao ajudarem as outras pessoas pelo Salvador, vocês verão que estão se achegando a Ele.
Se estiveres angustiado, invoca o Senhor teu Deus com súplicas a fim de que tua alma se regozije. (Doutrina e Convênios 136:29)
Em um discurso na Conferência Geral de outubro de 2018, o Élder Neil L. Andersen compartilhou:
“Não há tristeza na Terra da qual o céu não vos possa curar.”

Ele ressuscitou
A pergunta “por que as crianças sofrem?” não encontra resposta completa em nossas explicações humanas, mas podemos confiar nos propósitos e planos de Deus. Ele nos concedeu o dom do arbítrio, que permite escolhas e, inevitavelmente, traz consequências — algumas boas e outras dolorosas. Ainda que não compreendamos todos os detalhes, sabemos que nada escapa à Sua justiça perfeita nem ao Seu amor eterno.
Podemos lembrar da passagem onde Maria Madalena e outras em tempos de dor e sofrimento foram buscar a Jesus e não o encontraram, e um anjo lhes disse:
“Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou”.
Lembremos também o que ele nos ensinou enquanto estava vivo. Ele ressuscitou, e promete a todos esse mesmo privilégio, e a oportunidade de voltarmos a viver com ele em paz, e em felicidade sem fim.
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