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CAPÍTULO 10
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10. Escolher acreditar

Era uma tarde de verão, nossa família estava visitando alguns parentes em uma cidade distante. Passeávamos em num parque da cidade quando, de repente, demos falta de nosso filho Tom, de 4 anos de idade. Procuramos em todos os cantos e acabamos envolvendo a polícia e os vizinhos. O dia foi escurecendo e começamos a ficar desesperados.

Reunimos a família e nos ajoelhamos em oração. Entre outras coisas, oramos para que Tom encontrasse alguém de confiança que entraria em contato com a polícia para que eles pudessem nos ligar. Pouco tempo depois, a polícia ligou para informar que o haviam encontrado, quase exatamente como havíamos suplicado na oração. Minutos depois, com as luzes vermelhas girando, um carro da polícia apareceu trazendo a entrega, com os olhos arregalados, um pouco abalada, mas intacta — usando um grande distintivo de papel colado na camisa: “Amigão do Departamento de Polícia de San Diego”.

Mais tarde naquela noite, o irmão mais velho de Tom comentou: “Pai, isso foi muita sorte, não foi?” Conversamos que não havia sido sorte, mas que o Senhor respondera nossa oração. Será que de algum jeito o Tom iria aparecer? Não dá para ter certeza. Mas nossa família decidiu acreditar que a oração fez a diferença.

Certo dia, ouvi um estudante universitário contar em seu quórum de élderes o que aconteceu logo após ele ter sido ordenado diácono. Ele morava em uma fazenda e seus pais haviam lhe prometido que ele iria criar um bezerro que estava prestes a nascer — seria seu primeiro. Certa manhã, seus pais haviam saído, ele estava trabalhando no celeiro quando, de repente, prematuramente, a vaca começou a parir. Maravilhado, ele assistiu ao nascimento do bezerrinho. Então, de repente, a vaca começou a rolar sobre o bezerro — e ele percebeu que ela estava tentando matá-lo. Ele clamou ao Senhor pedindo ajuda.

Sem fazer ideia de quanto a vaca pesava em comparação ao peso dele, ele a empurrou com toda sua força conseguindo afastá-la. Ele pegou o bezerrinho aparentemente sem vida em seus braços e olhou para ele, com lágrimas correndo pelo seu rosto. Então ele se lembrou de que tinha todo o direito de pedir a ajuda do Senhor. Então, ele orou novamente, com o coração típico de um menino cheio de esperança. Em pouco tempo, o pequeno animal começou a se mover e respirar normalmente. Ele sabia que sua oração havia sido ouvida.

Lágrimas brotaram de seus olhos e ele disse: “Irmãos, conto-lhes essa história porque acho que não faria agora o que fiz naquela ocasião. Agora que estou mais velho e menos ingênuo, ‘entendo melhor’ algumas coisas para não esperar a ajuda do Senhor em uma situação como essa. Se eu revivesse aquela experiência agora, provavelmente acreditaria que havia sido uma coincidência. Não tenho certeza no que mudei, mas posso ter perdido algo de grande valor”. Naquele momento, ele se sentia menos infantil, menos fervoroso.

O que significa a expressão “sede crentes”? E por que o Senhor espera isso de nós?

Morôni escreveu: “E quem dirá que Jesus Cristo não fez muitos milagres extraordinários? (…) E [Deus] não deixa de ser Deus e é um Deus de milagres. (…) Não duvideis, mas acreditai” (Mórmon 9:18–19, 27; grifo do autor). E o Senhor disse: “Buscai diligentemente, orai sempre e sede crentes; e todas as coisas contribuirão para o vosso bem” (D&C 90:24; grifo do autor).

O Senhor ressurreto aconselhou a Tomé: “Chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente” (João 20:27; grifo do autor). Mesmo após o incrédulo ter visto e sentido as feridas, para se tornar uma testemunha verdadeira, ele ainda precisaria acreditar.

O ato de acreditar se origina no coração de quem vê. O Salvador disse aos que estavam ao Seu redor: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lucas 8:8). No entanto, poucos daqueles ouvintes realmente entenderam Suas parábolas ou reconheceram Seus milagres. Não é fácil saber quais influências têm origem divina. Aqueles que viram Jesus curar os enfermos enfrentaram a mesma pergunta que enfrentamos hoje, quando alguém testifica que uma bênção do sacerdócio lhe trouxe cura. Foi realmente uma cura ou a pessoa teria se recuperado de qualquer maneira? O Senhor realmente ajudou nossa família a encontrar Tom? Ele realmente teria abençoado aquele menino de 12 anos com uma força maior para empurrar a vaca e ajudar o bezerro a se recuperar?

Mesmo a dúvida relativa à existência de Deus às vezes pode parecer uma conversa encerrada. Com as indescritíveis tragédias e a miséria que vemos ao longo da história, e agora mesmo ao nosso redor, alguns afirmam que a existência de um Deus não é algo possível. Outros dizem que a ordem na natureza nunca poderia ter sido acidental. Nenhum lado pode persuadir o outro apenas com base em evidências externas. Será que foi assim que o Senhor planejou — para que não sejamos forçados a acreditar de acordo com as circunstâncias? Há tantas coisas que Ele poderia fazer para abrir o véu. Porém, “andamos por fé, e não por vista” (2 Coríntios 5:7).

Os quatro filhos de Leí tiveram os mesmos bons pais. A diferença entre os que acreditaram e os que não acreditaram não foi tanto no que se passou com eles, mas em sua atitude com o que aconteceu. Essa atitude se originou em seu próprio coração, cada um fazendo sua própria escolha de acreditar— ou não.

Quando Néfi desejou ver o sonho de seu pai, o Espírito respondeu: “Acreditas que teu pai tenha visto a árvore da qual ele falou?” Néfi disse: “Sim, (…) acredito em todas as palavras de meu pai”. O Espírito então se alegrou, porque ele sabia que somente se Néfi tivesse uma atitude de fé, o Espírito poderia ensiná-lo. “Bendito és tu, Néfi, porque acreditas no Filho do Deus Altíssimo; verás, portanto, as coisas que tens desejado” (1 Néfi 11:4–6; grifo do autor).

Por ter acreditado, Néfi viu o sonho — mas isso aconteceu passo a passo. O Espírito interrompia repetidas vezes e perguntava o que mais ele desejava e o que ele havia entendido. Então, quando Néfi dava sinais de que havia entendido, o Espírito lhe dizia, repetidamente: “Olha!” Na sequência, Néfi olhava — e gradualmente compreendia: a cidade, a virgem, a criança, até que o anjo perguntou: “Sabes tu o significado da árvore que teu pai viu?” Naquele momento Néfi foi capaz: “Sim, é o amor de Deus, (…) e vi o Filho de Deus caminhando” (1 Néfi 11:21–22, 24).

Em vez de contar ou mostrar a Néfi toda a visão de uma vez, o Espírito o guiou — uma pergunta de cada vez — ajudando-o a descobrir por si mesmo, cena por cena, o que aquilo significava. Se o Espírito tivesse lhe contado tudo de uma vez, Néfi não teria compreendido todo o seu significado. Se Néfi não tivesse escolhido acreditar, não seria apenas uma questão de que o Espírito não lhe mostraria o sonho e lhe explicaria seu significado, mas de que Ele não poderia lhe mostrar as coisas de maneira tal que ele, Néfi, viesse a compreender plenamente.

Valorizamos o que descobrimos mais do que o que nos é dito. E a menos que descubramos a influência de Deus por nós mesmos, talvez não venhamos a saber que Ele existe, ainda que um anjo venha e nos afirme que sim. No sonho, Jacó sobre uma escada que chega até o céu, com anjos subindo e descendo; ele viu Deus parado no topo da escada, dizendo: “E eis que estou contigo, e te guardarei para onde quer que fores”. E então Jacó acordou e disse: “Certamente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia” (Gênesis 28:15 –16).

Cristo veio à Terra muito discretamente, muito pacificamente — uma luz que “resplandece nas trevas; e as trevas não a compreenderam. (…) Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (João 1:5, 12; grifo do autor). Tudo isso fazia parte de um plano cuidadosamente elaborado para que não acabássemos sendo obrigados a acreditar.

Jesus nos deixou outras pistas sobre a intencionalidade nesse plano. Frequentemente Ele dizia àqueles que foram abençoados por um milagre para que “a ninguém dissessem o que havia sucedido” (Lucas 8:56; ver também Mateus 8:4). Um componente essencial de Seu plano é o princípio de linha sobre linha, preceito sobre preceito (ver Isaías 28:10). Ele não apenas nos deixa com a iniciativa de acreditar, mas transmite a Seus ouvintes apenas o que eles estão prontos para ouvir. O leite vem antes da carne. “Ainda tenho muitas coisas que vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora” (João 16:12). Assim aconteceu com o Espírito e Néfi.

Estudiosos da filosofia do conhecimento nos dizem que as pessoas tendem a ver o que querem, especialmente quando as evidências são ambíguas. “Viés de confirmação”, por exemplo, é a “tendência humana de interpretar novas evidências como [uma] confirmação de suas crenças ou de teorias vigentes”.59 Talvez seja por isso que as névoas de escuridão no sonho de Leí descrevem tão bem as condições da mortalidade. Deus nos deixou livres, em meio a circunstâncias que não forçam nossa crença, a fim de escolhermos por nós mesmos, como um ato de vontade, como se estivéssemos agarrando a barra de ferro em meio às trevas.

O significado dessa “vontade de acreditar” se aplica a todo conhecimento e experiência humana, não apenas à experiência religiosa. O influente psicólogo americano William James disse: “A questão de ter crenças morais é decidida por nossa vontade. Se o seu coração não desejar um universo de realidade moral, sua mente, seguramente, nunca o guiará para um lugar como esse”.60

Nossa livre vontade de escolher no que acreditar pode muito bem ser o fator determinante para saber se as promessas de Deus para nós poderão ser cumpridas — já que nossas crenças são as impulsoras das ações que só nós podemos assumir, para que a semente da fé seja devidamente nutrida. A obra de Deus e Sua glória consistem em nos ajudar a desfrutar a vida eterna (ver Moisés 1:39), porém, ao “[negligenciarmos] a árvore [da vida eterna] e [deixarmos] de tratá-la”, por melhor que seja a semente ou por mais doce seja o fruto, “não podereis obter seu fruto” (Alma 32:38–39; grifo do autor). Se negarmos a nós mesmos essa bênção, não apenas prejudicaremos nossas próprias possibilidades, mas também estaremos frustrando os desejos de Deus para nos abençoar. Conforme William James mencionou, “O próprio Deus (…) pode extrair de nossa expressão fiel, o vigor e a vitalidade do ser”.61   

James também afirmou que a atitude agnóstica — o adiamento de decisões sobre questões relacionadas à fé até que tenhamos mais evidências —, na prática, é impossível:

“Crença e dúvida são atitudes vivas e que demandam empenho de nossa parte. (…) Se duvido que você seja digno de minha confiança, manterei você desinformado (…) como se você não a merecesse. Se eu duvidar da necessidade de um seguro para minha casa, deixo-a sem seguro (…) crendo não haver necessidade. [Em tais ocasiões] a falta de ação [conta] como ação, e quando não for a favor, será definitivamente contra; [em situações assim,] a neutralidade é (…) impossível de ser alcançada”.62

Visto que nossas atitudes e escolhas têm tanto peso nos resultados de nossa experiência de vida, James acreditava que valer a pena viver “dependerá dos que vivem” — daqueles que estão vivendo. Isso acontece porque “o otimismo e o pessimismo são definições do mundo” e nossas reações ao mundo frequentemente determinam qual definição está correta. Levando em consideração que a maneira como a vida nos trata depende muito de como nós a tratamos, estaremos constantemente à mercê de nossas próprias escolhas — talvez sem perceber o quanto uma escolha nossa, ainda que solitária, poderá nos proteger ou nos prejudicar.

“Nenhuma vitória é obtida, nenhuma ação de fidelidade ou coragem é praticada, exceto diante de um talvez; não há serviço (…) nem exploração científica, nem experimento, nem texto, que não tenha tido a possibilidade de ser um equívoco. (…) [Vivemos] apenas pondo em risco nosso ser, a cada momento. Em muitas instâncias, nossa fé, diante de um resultado improvável, é a única coisa que fará do resultado uma realidade.”63

Vamos supor que você esteja escalando uma montanha, escreve James, e em um determinado ponto sua única saída é saltar sobre um abismo profundo. “Acredite que você conseguirá” dar esse terrível salto, e “seus pés tremerão diante do desafio. Ao desconfiar de si mesmo (…) você hesitará [até] tudo balançar e soltar (…) e você passará a rolar abismo abaixo. Recuse-se a confiar e você estará com a razão”, pois então você morrerá. “Mas acredite, e novamente você estará com a razão, pois você precisa se salvar. Você faz com que tanto um como o outro desses dois universos se tornem possíveis a partir de sua confiança ou de sua desconfiança — que antes de sua escolha não passava de um talvez”.64

Assim, nossa fé no mundo invisível nos fortalece para fazermos aquilo que apenas nós conseguimos fazer, viabilizando que as promessas de Deus criem raízes, germinem, brotem e floresçam em nossa vida. A menos que confiemos Nele o suficiente para agir, as promessas de Deus permanecerão inócuas, como se não existissem. Por exemplo, a menos que escolhamos exercer fé e nos arrepender, estaremos tão perdidos quanto se Cristo não tivesse feito a Expiação. “Aquele que persiste (…) [nos] caminhos do pecado (…) permanece em seu estado decaído (…) como se não tivesse havido redenção” (Mosias 16:5). Por outro lado, o simples fato de nossa disposição de escolhermos a fé e a confiança permitirá que Deus influencie nossa vida gerando os resultados desejados: “O que confia no Senhor será posto em alto retiro” (Provérbios 29:25) e “[será auxiliado] em suas tribulações e em suas dificuldades e em suas aflições” (Alma 36:3).

Viktor Frankl foi um psiquiatra austríaco que sobreviveu anos de traumas indescritíveis em campos de concentração nazistas, observando seus colegas presos continuamente definharem e morrerem — ou serem mortos. Seu livro “O Homem em Busca de Sentido” relata como a brutalidade absoluta de sua experiência o ajudou a descobrir maneiras de encontrar sentido nas circunstâncias mais trágicas da vida — ou seja, como descobrir o significado da vida (e um desejo para continuar vivendo) a despeito das circunstâncias.

Por exemplo, Frankl escreveu: “Aqueles que têm um ‘porquê’ para viver podem suportar quase qualquer ‘como’”.65 “Não [importa] realmente o que [esperamos] da vida, mas sim o que a vida [espera] de nós”.66 “A última das liberdades humanas [é] escolher a própria atitude em qualquer conjunto de circunstâncias.”67 Portanto, “o sentido da vida é dar sentido à vida”.68

Ao fornecer um contexto mais amplo para essas penetrantes diretrizes de escolhermos acreditar que vale a pena viver a vida, Frankl escreve como se tivesse sido convidado para comentar nossa descrição anterior da “lacuna” entre o que é real e o que é ideal, entre o que é e o que deveria ser: “A saúde emocional tem como base a tensão (…) entre o que já foi realizado e o que ainda se deve realizar, ou a lacuna entre o que  é e o que se deve tornar-se. A tensão [inerente] é (…) indispensável para o bem-estar emocional”. Portanto, devemos desafiar a nós mesmos a exercer nossa própria “vontade de significar”, em vez de buscar o conforto de “uma situação sem tensão”. A tensão entre o que é real e o que é ideal não é uma ameaça à nossa segurança, mas “o apelo a um significado potencial à espera de ser realizado”.69

Frankl nos exorta a “nos esforçarmos e lutarmos” e a exercermos nossa própria “vontade de sentido” ao escolhermos acreditar que vale a pena viver a vida. Assim chegaremos até “a lacuna”, Deus segurará nossa mão e nos acolherá nos braços seguros de Seu amor. Lá conheceremos a nova simplicidade de voltar ao “nosso lar” novamente. Porém, ao contrário do bebê inconsciente nos braços de sua mãe, por meio de nosso esforço e combate, teremos pagado o preço para entender onde estaremos, quem seremos e o que significará viver com Deus.

Por que a mortalidade é estruturada dessa maneira? O Senhor está muito perto de nós. Ele até nos diz: “Meus olhos estão sobre vós. Estou no meio de vós e não me podeis ver” (D&C 38:7). No entanto, Ele se abstém deliberadamente de interferir em nosso arbítrio e em nossa iniciativa. Ele apenas diz: “Sede crentes” e “sede fiéis”, e “todas as coisas [contribuirão] juntamente para o [nosso] bem” (Romanos 8:28).

Há uma profunda diferença entre a pessoa “que (…) diz: Senhor, Senhor”, e a pessoa que “faz a vontade [do] Pai, que está nos céus” (Mateus 7:21; grifo do autor). Algo acontece com as pessoas que O recebem, que creem o suficiente para fazer a Sua vontade. Por um lado, eles aprendem por si mesmos que Sua doutrina é verdadeira: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo” (João 7:17). Além disso, alguns poderão dizer: “Não acredito nisso porque não consigo entender”. Mas a crença precede o entendimento. A compreensão não precede a crença: “Por causa de sua incredulidade não podiam compreender a palavra de Deus” (Mosias 26:3).

Além disso, os crentes que “o recebem” desenvolvem, gradualmente, capacidades e habilidades cristãs que outras pessoas não procuram. Seguir Sua vontade os transforma. Aqueles que buscam por um sinal, mesmo que o encontrem, geralmente não vivenciam tais transformações, porque as mudanças reais no caráter e no espírito dependem de nossa participação ativa e voluntária. Portanto, tornar-se crente, receber o Senhor e segui-Lo, põe em movimento o processo de uma pessoa se tornar semelhante a Ele.

O Senhor verdadeiramente não pode nos salvar sem nossa iniciativa, nossa energia, nosso desejo e nossa participação, livremente, de todo o coração. Você pode trazer um cavalo até perto da água, mas não pode obrigá-lo a beber. Você pode levar uma criança a um livro, mas não conseguirá fazê-la ler. O Salvador oferece a graça de Suas bênçãos de salvação e exaltação somente quando, voluntariamente, participamos de nossa própria libertação, escolhendo acreditar Nele e, em seguida, exercendo todas as nossas forças para segui-Lo. Essa participação voluntária e ativa é essencial para o processo de crescimento que resultará em nosso desenvolvimento pessoal e espiritual.

George Eliot escreveu sobre o famoso fabricante de violinos Antonio Stradivari, “Deus dá habilidade, porém não sem as mãos dos homens: Ele não poderia fazer os violinos do Antonio Stradivari sem o Antonio”. Pelo fato de o mestre violinista entender isso, ele disse a si mesmo: “Se minha mão afrouxasse, eu estaria roubando a Deus, já que Deus não pode fazer um violino Stradivari sem o Antonio”.70 E Ele não pode criar um coração crente a menos que eu decida acreditar. William James definiu isso muito bem: “O [significado] real do mundo invisível poderá (…) depender da resposta pessoal [que] dermos ao apelo religioso. (…) Se esta vida não for uma luta real, na qual o universo tem um ganho eterno em decorrência do sucesso, ela não valerá mais do que um jogo com peças específicas do qual qualquer pessoa poderá se retirar na hora que quiser. Mas tudo nos indica que há uma luta real — como se houvesse algo realmente turbulento no universo que precisamos [ajudar] a redimir; em primeiro lugar, redimindo nosso próprio coração dos ateísmos e dos medos. Tratando-se de um universo um tanto turbulento e um tanto resgatado, nossa natureza deveria se sentir em casa. A dimensão mais profunda em nossa natureza é a (…) a região sinistra do coração onde vivemos solitários com nossas vontades e contrariedades, nossas crenças e nossos medos”.71

O Senhor nos pede, portanto, que “sejamos” crentes — entretanto, para finalidades destinadas a encorajar nossa tão essencial participação, Ele não irá garantir uma crença inegável. Ele não pode exercer controle se iremos escolher, voluntariamente, acreditar, recebê-Lo, buscá-Lo. Ele irá apenas nos oferecer Sua mão, se decidirmos segurá-la, daí então Ele poderá nos guiar em direção a tudo o que necessitarmos exclusivamente para nosso próprio crescimento. Ele se acha muito próximo, muito disponível para aqueles que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver. Ele está muito próximo daqueles cuja fé não é cega.

Notas
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