fbpx

Batismo Pelos Mortos – 5 Pontos a Entender

Uma prática comum entre os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias1 (também chamados de santos dos últimos dias ou mórmons) é o chamado “batismo pelos mortos” ou “batistério”. A prática consiste em um membro da Igreja ser batizado no lugar de uma pessoa falecida a mais de um ano. Para alguns que não pertencem a essa religião, a prática pode parecer um tanto estranha. Para que essa prática possa ser entendida existem algumas informações que devem ser antes compreendidas. Meu objetivo neste artigo é prover um entendimento do que leva os Santos dos Últimos Dias a praticarem o batistério provendo um conhecimento superficial dos pontos da doutrina mórmon que suportam essa prática. Outro objetivo é o de ajudar membros da Igreja a explicarem a outras pessoas essa prática quando questionados.

Pode ser que o leitor de outra crença não concorde com os pontos de doutrina abaixo apesar de serem comuns a outras religiões. O propósito do artigo não é o de convencer o leitor de que esses pontos de doutrina são verdadeiros, afinal cada pessoa é livre para crer e para discordar, respeitando igualmente a crença de outro. O propósito aqui é prover entendimento e compreensão cultivando um ambiente mútuo de respeito através de um olhar de dentro da crença dos santos dos últimos dias. Convido todos os leitores a refletirem e a orarem a respeito dos pontos a seguir.

1. A morte não é o fim da existência

Alguns alegam que pelo fato do batismo significar um renascimento para uma nova vida, não faz sentido batizar uma pessoa viva no lugar de quem já morreu, ou então, que é uma prática vã, visto que aqueles que morrem deixam de existir. Aqueles que não creem em uma existência após a morte realmente não entendem o motivo de se adotar tal prática. No entanto os Santos dos Últimos Dias creem que a morte não é o fim da existência de um indivíduo.Funeral Morte

Como nos ensinou Paulo, “se só nesta vida esperamos em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens” (I Coríntios 15:19)

Toda pessoa é composta de um espírito e um corpo físico. Na morte ocorre a separação do corpo físico e do espírito (Eclesiastes 12:7). O corpo físico permanece sem vida mas o espírito continua vivo e com as lembranças da vida mortal.

 

2. O Julgamento Final não acontece logo após a morte

Há alguns que, assim como os Santos dos Últimos Dias, creem que a existência não termina com a morte, mas também acreditam que logo após a morte as pessoas são imediatamente levadas a julgamento e encaminhadas a seu destino final.

O apóstolo Pedro ensinou que Cristo, após morrer na cruz “foi, e pregou aos espíritos em prisão”, inclusive os que foram rebeldes na época de Noé. (I Pedro 3:19-20).

Para Mórmons, após a morte o espírito vai ao chamado mundo espiritual. O mundo espiritual é um local para espera e preparação para o Julgamento Final que ocorrerá após a volta de Jesus Cristo à Terra. Entre as pessoas do mundo espiritual há aquelas que conheceram e aceitaram o plano de Deus, aquelas que não conheceram esse plano plenamente ou que conheceram e por escolha consciente negaram esse plano para suas vidas. Devo esclarecer que conhecer o plano de Deus envolve muito mais do que ter tido lições dos missionários mórmons em sua casa ou visitado a igreja. Envolve uma compreensão real através de revelação direta de Deus à pessoa deste plano.

As pessoas que ainda não aceitaram esse plano ou que não tiveram a oportunidade de conhecê-lo em vida estão neste momento sendo ensinadas por outros que já aceitaram e, igualmente, já morreram. O próprio Jesus pregou a essas pessoas no espaço de tempo entre sua morte e ressurreição (I Pedro 3:19-20).

Esse fato mostra ao mesmo tempo a justiça e a misericórdia de Deus. Justiça por prover uma oportunidade igual para que todas as pessoas conheçam seu plano e possam aceita-lo ou rejeitá-lo de maneira consciente (I Pedro 4:6) e misericórdia por prover mais um meio para a salvação de Seus filhos.

3. Todos precisam ser batizados

Quando Jesus disse a um homem instruído chamado Nicodemos que “aquele que não nascer da água e do espírito não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5) estava se referindo ao batismo por imersão e o posterior recebimento do Dom do Espírito Santo.

Deus ordenou que todos os seus filhos fossem batizados para poderem habitar com Ele. O próprio Jesus foi batizado para “cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15).Batismo de Jesus João Batista

De fato, o batismo não é o meio pelo qual ocorre a salvação mas sim, a graça de Jesus Cristo. O batismo, no entanto é a forma que testemunhamos a Deus que aceitamos e damos valor ao que Jesus fez a nós. Por se tratar de uma atitude, o batismo afirma de maneira mais forte o compromisso de obedecer a Cristo do que expressar esse compromisso por palavras. Além disso, o batismo ensina vários aspectos do plano de Deus através de simbologia.

Portanto, para que uma pessoa possa aceitar o sacrifício de Cristo em sua vida é necessário que ela seja batizada. As pessoas falecidas, como o item anterior explicou, também tem a chance de aceitar a Cristo e como todas as pessoas, também precisam ser batizadas.

Esse batismo é feito de forma simples. Santos dos últimos dias vivos são mergulhados na água representando uma pessoa já falecida. O corpo da pessoa viva não é possuído pelo espírito da pessoa falecida. Os restos mortais do falecido também não são utilizados. A prática é tão simples quanto a segunda frase do parágrafo.

Ter alguém vivo fazendo algo por alguém que já faleceu também não precisa soar estranho. O próprio Jesus, quando fez seu sacrifício, fez algo beneficiando pessoas que já haviam morrido. Dessa forma tornamo-nos imitadores de Cristo e “salvadores no monte Sião” (Obadias 21).

4. As pessoas que morrem ainda podem escolher

Outra alegação comum é a de que não se pode aceitar Jesus por outra pessoa. Essa afirmação é verdadeira. A escolha de aceitar Jesus deve ser algo individual. Sabendo agora que as pessoas mortas continuam existindo, que ainda estão sendo ensinadas sobre o plano de Deus e que podem ser batizadas através de um representante vivo, resta explicar que a pessoa falecida possui total liberdade de aceitar ou rejeitar o batismo feito em benefício dela.

Santos dos Últimos Dias vivos procuram nomes de seus antepassados falecidos para providenciar o batismo para eles. No entanto, com algumas exceções, não se sabe se a pessoa falecida concorda ou não com o batismo. Também não podemos julgar se a pessoa merece ou não receber o batismo para a remissão de pecados, por isso, a orientação é fazer para todos. Caso a pessoa falecida concorde e esteja preparada, será uma grande alegria a ela, caso rejeite ou não esteja pronta, o batismo permanece como se não tivesse sido feito até que o antepassado aceite e se prepare. Se a pessoa falecida não concordar com o ato, o batismo não tem valor algum.

5. Santos dos Últimos Dias são guiados pelas escrituras e por revelação moderna.

Mesmo com todos os pontos acima, o batismo em favor de pessoas falecidas não seria praticado na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias se isso não tivesse sido revelado por Deus.Apóstolos Quórum dos Doze

Em uma revelação a Joseph Smith4, o primeiro profeta dessa época, lemos instruções bem detalhadas dadas pelo Senhor a respeito dessa prática como esta:

“E também vos falo com relação ao batismo por vossos [antepassados] mortos.

Em verdade, assim vos diz o Senhor a respeito de vossos [antepassados] mortos: Quando um de vós for batizado por vossos [antepassados] mortos, que haja um registrador e que ele seja testemunha ocular de vossos batismos; que ouça com seus ouvidos para testificar a verdade, diz o Senhor”.

Conclusão

Talvez algum dos leitores tenham ouvido que um Santo dos Últimos Dias batizou um antepassado seu ou que pretende fazê-lo. Pode ser que você esteja receoso em permitir que isso seja feito, talvez por não querer “mexer” com uma pessoa morta, ou por achar que isso seria forçar a pessoa a mudar de religião, ou com medo do nome e memória da pessoa ser “desonrado” ou ainda por qualquer outro motivo, talvez falta de informação de qualidade.

Lembre-se que a prática é simples. As únicas coisas da pessoa falecida utilizadas serão o nome e alguma data (nascimento, falecimento, etc.) que são informações já disponibilizadas ao público. Portanto ninguém vai “mexer” com um ancestral falecido. Os restos mortais da pessoa não são usados.

A pessoa terá a oportunidade de escolher e por isso não será obrigada a mudar de religião depois de morrer. De fato, os nomes dessas pessoas não entram na contagem de membros da igreja. Mesmo que a pessoa tenha falecido com uma crença, sua opinião pode ter sido mudada ou não.

Por fim, para um santo dos últimos dias essa é a melhor maneira de demonstrar carinho e admiração por seu antepassado falecido e por isso o nome e memória dessa pessoa serão protegidos, respeitados e valorizados.

Novamente, você pode ter concordado ou não com o texto apresentado mas isso não nos torna inimigos. Espero que você tenha conseguido ter um entendimento do ponto de vista Mórmon. Entendimento sempre foi o objetivo desse artigo afinal, é com entendimento que se acaba com os desentendimentos e promove-se um ambiente de respeito que leva a paz.

Notas

1. Para conhecer mais sobre essa igreja acesse: https://www.mormon.org.br/ e https://www.lds.org/?lang=por

2. No Livro de Mórmon lemos que na ressurreição, nosso espírito se juntará a nosso corpo e seremos levados a presença de Deus “sabendo o que sabemos agora” (Alma 11:43). Portanto podemos concluir que nosso espírito carrega todas as nossas lembranças. Para mais informações sobre qual é o plano que Deus tem na sua vida, nosso caminho antes de nosso nascimento e após nossa morte acesse: https://www.mormon.org.br/plano-de-felicidade. Para aprender mais sobre o Livro de Mórmon, outro testamento de Jesus Cristo acesse: https://www.mormon.org.br/livro-de-mormon

3. Para mais detalhes sobre o Dom do Espírito santo acesse: https://www.mormon.org.br/perguntas-frequentes/tema/espirito-santo/pergunta/bencaos-do-espirito-santo

4. Para mais informações sobre o Profeta Joseph Smith, clique no link seguir: https://www.mormon.org.br/joseph-smith.

5. Revelação escrita no livro de Doutrina e Convênios, seção 127, versículos 5 e 6. Para conhecer mais sobre esse livro acesse: https://www.mormon.org.br/perguntas-frequentes/tema/escrituras

| Templos
Publicado por: Douglas Melo
Estudante do último período de Agronomia. Gosta de máquinas agrícolas e de novidades tecnológicas. É imensamente apaixonado por sua esposa e descobriu na escrita e no ensino um talento. Serviu na Missão Brasil Salvador Sul de 2010-2012. Também contribui como gerente da divisão de língua portuguesa da FairMormon.
Por que a Religião Importa: O Anseio Interior
Minuto Mórmon - 12 de Novembro de 2015

Comente

Seu endereço de e-mail não será divulgado. Os campos obrigatórios estão marcados com *