Pergunta
Às vezes, quando vejo tantas dificuldades e coisas ruins acontecendo no mundo, eu fico me perguntando qual é o verdadeiro poder de Satanás. Até que ponto ele realmente tem influência sobre o que acontece na minha vida e sobre as coisas nesta Terra?
Resposta
Ao considerar o poder de Satanás, é importante que nosso entendimento se baseie nas escrituras e nos ensinamentos proféticos. Segundo A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, todo poder verdadeiro provém, em última instância, de Deus.
O Élder Robert D. Hales, em seu discuso da Conferência Geral de 2006, disse:
“Embora o diabo ria, seu poder é limitado. Alguns devem lembrar-se do velho adágio: “O diabo me fez fazer isto”. Hoje quero afirmar, em termos absolutamente claros, que o adversário não pode fazer com que façamos coisa alguma. Ele jaz à nossa porta, como dizem as escrituras, e deseja possuir-nos. A cada vez que saímos, a cada decisão que tomamos, estamos escolhendo nos mover na direção dele ou de nosso Salvador. Mas o adversário terá que ir embora se dissermos a ele que vá. Ele não pode influenciar-nos a não ser que permitamos que o faça, e ele sabe disso!”
A principal fonte do poder de Satanás deriva de seu conhecimento e de sua capacidade de tentar, enganar e persuadir. O poder de Satanás vem do fato de que ele possui conhecimento. Ele sabe como Deus organizou as coisas e como as pessoas respondem e reagem a elas.
O aspecto mais marcante de seu poder que enfrentamos diariamente é a habilidade de nos tentar, de nos afastar lentamente de Deus e nos levar a fazer o que ele deseja. Essa habilidade de influenciar por meio do engano é a ferramenta mais formidável do adversário.
Além disso, Satanás conhece muitas maneiras de mover as pessoas, e não hesita em usar esse conhecimento. Por isso, sinais ou atos sobrenaturais não são prova infalível de que alguém está agindo por autoridade divina. Como advertiu Jesus:
‘Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, que farão sinais e maravilhas tão grandes que, se possível, enganarão até os escolhidos.’ (Mateus 24:24)
Esse exemplo mostra que devemos considerar outros fatores além do “milagre”, como o caráter da pessoa, o fruto de suas obras e se seus ensinamentos estão alinhados com o evangelho, para discernir se realmente vem de Deus.

Um poder limitado
Satanás, originalmente conhecido como Lúcifer, rebelou-se contra o plano do Pai Celestial na existência pré-mortal. Ele buscou destruir o arbítrio humano, travou uma guerra no céu e foi expulso com a terça parte dos exércitos celestiais (Moisés 4:1-4; Apocalipse 12:7-9).
A punição por essa rebelião foi a separação da presença de Deus e a negação de corpos mortais ou de qualquer progresso adicional. Dessa forma, Satanás e seus seguidores se tornaram tentadores e adversários da humanidade, atuando dentro dos limites permitidos por Deus.
É crucial reconhecer que o poder de Satanás é estritamente limitado. Conforme explicado no livro de Apocalipse, Satanás não faz nada além do que Deus permite e, mesmo assim, sua capacidade é restringida, às vezes a um período específico, a certos grupos (como apenas poder atormentar os ímpios) ou a um escopo limitado.
Deus está no controle e define os limites do adversário. O Élder Larry R. Lawrence ensinou:
“É importante saber que há limites para o poder do mal. A Trindade estabelece esses limites, e Satanás não tem a permissão de ultrapassá-los.”
O poder de Satanás sobre nós também é limitado pelo nosso próprio arbítrio. Seu poder não é de comando, mas de influência. Ele pode tentar e persuadir, mas não pode nos forçar a agir contra nossa vontade.

Oposição em todas as coisas
Em 2 Néfi 2:11 aprendemos que “é necessário que haja uma oposição em todas as coisas”. A própria presença de Satanás e sua habilidade de tentar são cruciais para o plano de salvação, porque permitem a escolha genuína e o crescimento. Satanás queria nos forçar a ser bons, tirando nossa liberdade. Jesus Cristo, ao contrário, defendeu o plano do Pai, que nos permitia escolher.
Por termos escolhido o plano do Pai, Deus limitou o poder de Satanás. O adversário pode nos tentar e nos influenciar, mas ele nunca pode nos obrigar a nada. A escolha final é sempre nossa. O Élder Richard G. Scott ensinou exatamente isso:
“Nem Satanás, nem qualquer outro poder pode enfraquecer ou destruir o seu caráter em crescimento. Apenas você poderia fazer isso por meio da desobediência”.
Isso significa que nossas escolhas definem quem somos, não as tentações que enfrentamos.

Necessidade de superar a tentação
Enfrentar tentações é parte essencial do nosso crescimento espiritual. O Senhor nos assegurou que nunca seremos tentados além daquilo que podemos suportar e que sempre haverá uma saída (1 Coríntios 10:13).
O Élder Rulon G. Craven ensinou:
“Vocês não precisam ceder a tentações! Controlem o que permitem que seus olhos vejam, que seus ouvidos ouçam, que sua boca fale e que suas mãos toquem.”
Ao escolher resistir e evitar o pecado, fortalecemos nossa capacidade espiritual e nos aproximamos de Cristo, que venceu todas as tentações e pode nos fortalecer em nossas próprias lutas.
Isso explica, em parte, por que o bem e o mal coexistem nesta Terra. A rebelião de Satanás estabeleceu o cenário para uma oposição intensa, mas também tornou central e necessária a missão expiatória de Jesus Cristo.
Como ele age?
Satanás age principalmente por meio de:
- Tentação: De forma sutil e persistente, atraindo as almas à desobediência das leis de Deus. Foi assim que tentou o Salvador no deserto, oferecendo poder e glória em troca de adoração (Mateus 4:1–11).
- Engano: Manipulando a verdade e apresentando o mal como bem. Jesus Cristo advertiu que Satanás é “o pai da mentira” (João 8:44). O Livro de Mórmon ensina que ele “transforma-se quase em anjo de luz e incita os filhos dos homens a combinações secretas” (2 Néfi 9:9).
- Falsos milagres e imitação: Realizando sinais que imitam o poder de Deus, com a intenção de enganar, como os magos de Faraó, que imitaram os sinais de Moisés até certo ponto (Êxodo 7:11–12). No fim, o poder de Deus prevalece.
- Coerção espiritual e, mais raramente, física: Embora a maior parte da sua atuação ocorra por tentação, há exemplos de possessão demoníaca nos evangelhos, que foram vencidas pelo poder de Cristo (Marcos 5:1–13). Joseph Smith também relatou uma forte oposição espiritual antes da Primeira Visão, sendo libertado ao clamar a Deus (Joseph Smith—História 1:15–17).

Escolhamos a Cristo
As táticas de Satanás se concentram em corroer o arbítrio, criando vícios, mitigando a percepção das consequências, obscurecendo o julgamento e incentivando a racionalização por meio de mentiras e filosofias humanas.
Por outro lado, a proteção contra a influência do diabo se encontra na obediência aos mandamentos e leis do evangelho de Jesus Cristo. O próprio Salvador prometeu: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo” (João 16:33). Assim, em Cristo, os fiéis encontram poder para vencer provações e resistir ao adversário.
A verdadeira disputa na mortalidade não é se Satanás é forte ou astuto, ele é. A questão é se escolheremos Cristo. Como declarou Brigham Young, o único poder que Satanás tem é o poder de destruir, mas ele nunca pode construir nada; ele é um impostor e uma fraude, e todo o poder que ele tem sobre nós é o que nós lhe damos.
Fonte: Ask Gramps
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