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Tenho atração pelo mesmo sexo. E agora? Eu me encaixo no Plano de Deus?

Os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acreditam que:

Todos os seres humanos —homem e mulher—foram criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos. O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um.” (“Família: Proclamação ao Mundo”)

Uma pessoa que sinta atração pelo mesmo sexo pode pensar que não se encaixa na doutrina apresentada acima. Pode pensar que não tem espaço pra ela no Plano de Deus. Isso é absolutamente falso!

As terríveis pressões mentais, espirituais e físicas que advém do inconformismo ou falta de entendimento sobre sua identidade sexual, podem fazer com que essa pessoa se torne ansiosa, hesitante e depressiva, e se afaste da fé.

Quando uma pessoa que sente atração pelo mesmo sexo pertence a uma família membro da Igreja, reconhecer-se como homossexual pode ser terrível. Afinal “o casamento entre homem e mulher foi ordenado por Deus e que a família é essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos” (Família: Proclamação ao Mundo).

A perspectivas de não casar, não ter filhos e não seguir  o “padrão” pode ser um peso quase insuportável.

Essa pessoa também pode perder o desejo de frequentar as reuniões da Igreja, com medo de ser julgada.

As circunstâncias e momentos da vida podem intensificar a adversidade. Recentemente um amigo que é casado há alguns anos me confidenciou estar lutando contra atração por outros homens.

Imaginei quão corajoso ele é por estar encarando essa prova sem se afastar da Igreja, confiando seus sentimentos e pensamentos a bons líderes. Fiquei ainda mais admirado com sua esposa, por ser valorosa e fiel aos convênios que fez com Deus e com seu marido.

Ela é uma verdadeira companheira na aflição terrível que ameaça a felicidade de seu casamento.

cova

Uma experiência de salvação

O Élder Jeffrey R. Holland  contou, numa Conferência Geral, como uma maravilhosa mãe ajudou seu filho:

“(…) falarei de um rapaz que foi dignamente para o campo missionário, mas, por escolha própria, voltou para casa mais cedo devido à atração por pessoas do mesmo sexo e a um trauma que ele sofreu a esse respeito.

Ainda era digno, mas sua fé estava em um nível crítico, seu fardo emocional ia se tornando cada vez mais pesado e seu sofrimento espiritual era cada vez mais profundo. Seu estado de espírito alternava entre mágoa, confusão, raiva e consternação.

Seu presidente de missão, seu presidente de estaca e seu bispo passaram inúmeras horas com ele, conversando, chorando e abençoando-o. Porém, grande parte de sua mágoa era tão pessoal que ele conservava ao menos parte dela fora do alcance deles.

O querido pai nessa história dedicou-se completamente a ajudar aquele filho, mas as exigências de seu emprego fizeram com que frequentemente o longo período de escuridão e tribulação fosse enfrentado apenas pelo rapaz e pela mãe. Dia e noite, primeiro por semanas, depois por meses que se transformaram em anos, eles procuraram ajuda juntos.

Em períodos de amargura (principalmente dele, mas às vezes dela também) e de medo interminável (na maioria das vezes dela, mas às vezes dele também), ela suportou as dores do filho — aí está novamente essa bela e intensa palavra. Prestou seu testemunho do poder de Deus, de Sua Igreja, mas especialmente do amor Dele por esse filho.

Do mesmo modo, ela testificou sobre seu amor eterno e ilimitado por ele. Para juntar aqueles dois pilares absolutamente essenciais de sua própria existência — o evangelho de Jesus Cristo e sua família —, ela derramou a alma em intermináveis orações.

Ela jejuou e chorou, chorou e jejuou. Em seguida, ouviu esse filho repetidas vezes dizer-lhe como seu coração estava partido. Assim, ela o carregou — novamente — só que dessa vez não por nove meses. Dessa vez, ela achou que essa luta em meio ao destroçado cenário do desespero dele não teria fim.

Mas, com a graça de Deus, com sua própria tenacidade e com a ajuda de muitos líderes da Igreja, amigos, familiares e profissionais, aquela mãe persistente viu seu filho retornar para a terra prometida.

Com tristeza, reconhecemos que essa bênção não vem, ou ao menos ainda não veio, a todos os pais que se angustiam com uma ampla variedade de situações em que seus filhos se encontram, mas havia esperança ali.

E a orientação sexual daquele filho não mudou milagrosamente — ninguém supôs que mudaria. Mas, pouco a pouco, o coração dele mudou.

Ele começou a voltar para a Igreja. Decidiu tomar o sacramento com real intenção e com dignidade. Recebeu novamente uma recomendação para o templo e aceitou o chamado para servir como professor do Seminário matutino, sendo maravilhosamente bem-sucedido nesse cargo.

E agora, depois de cinco anos, por sua própria vontade e com o auxílio considerável da Igreja, ele retornou ao campo missionário para completar seu serviço ao Senhor.

Chorei por causa da coragem, da integridade e da determinação desse jovem e de sua família para encontrar uma solução e ajudá-lo a manter sua fé.

Ele sabe que deve muito a muitas pessoas, mas sabe que deve muito mais a duas figuras messiânicas em sua vida, que o sustentaram e o carregaram, trabalharam com ele e o livraram — seu Salvador, o Senhor Jesus Cristo, e sua determinada, redentora e absolutamente santa mãe.” (“Eis ai tua mãe“, Conferência Geral outubro de 2015)

Que história linda. Todavia, muitos que estão lendo-a podem não ter uma mãe tão dedicada, ou amparo da família e bons líderes. Mesmo assim, podemos extrair alguns princípios  de verdade que se aplicam para todos que passam por semelhante adversidade.

Princípios de verdade:

agressor

Não se defina apenas pela atração sexual.

A primeira grande verdade é que somos filhos e filhas de Deus – e que Ele nos ama. É deste ponto que precisamos encarar a vida. Os líderes da Igreja e a família, em especial a mãe persistente, ajudaram o rapaz da história a entender seu valor individual como filho de Deus. Foi ai que ele teve “coragem,” “integridade” e “determinação” – ele buscou uma solução para “manter sua fé”.

A sabedoria do mundo é limitada.

Toda filosofia e ciência humana não podem compreender as maravilhas de Deus. Precisamos escolher beber da água pura da verdade. Os profetas tem advertido:

“A triste realidade é que há “servos de Satanás” (D&C 10:5) infiltrados na sociedade. Por isso tenham muito cuidado quanto a quais conselhos vocês darão ouvidos (ver Helamã 12:23).” (Presidente Russell M. Nelson, “Ser a verdadeira Geração do Milênio)

“Nosso conhecimento do plano de salvação revelado por Deus requer que nos oponhamos a atuais pressões sociais e jurídicas que procuram fazer com que nos afastemos do casamento tradicional e façamos mudanças que confundem ou alteram o gênero ou nivelam as diferenças entre homens e mulheres. Sabemos que os relacionamentos, as identidades e as funções dos homens e das mulheres são essenciais para que o grande plano de Deus seja cumprido.” (“A verdade e o Plano”, Conferência Geral outubro de 2018)

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Você pode resistir a tentação, esse é o teste da vida.

O Élder David A. Bednar ensinou que temos a capacidade de agir:

“Na condição de filhos e filhas do Pai Celestial, fomos abençoados com o dom do arbítrio moral, a capacidade de agir e escolher de maneira independente. Investidos do arbítrio, todos somos agentes e portanto devemos primeiramente agir e não só nos submeter à ação.” (“E para eles não há tropeço”, Conferência Geral outubro de 2006)

Então você pode escolher resistir a tentação, ainda que ela seja persistente e difícil. O Presidente Boyd K. Packer disse:

“Todos são testados. Alguém pode achar injusto o fato de ser diferente e de estar sujeito a uma tentação específica, mas esse é o propósito da vida mortal — sermos testados. E a resposta é a mesma para todos: Precisamos e podemos resistir a todo tipo de tentação.” (“Guiados pelo Seu Santo Espírito”, Conferência Geral abril de 211)

O Presidente Dallin H. Oaks, também ensinou que, a despeito de nossas susceptibilidades pessoais, somos responsáveis por nossos pensamentos e comportamento:

“Alguns sentimentos são inatos. Outros decorrem de experiências da mortalidade. Existem também aqueles que resultam de uma interação complexa entre “natureza e criação”. Todos temos sentimentos que não escolhemos ter, mas o evangelho de Jesus Cristo ensina que possuímos a capacidade de vencer esses sentimentos e mudá-los, quando necessário, para que não nos induzam a um comportamento pecaminoso ou a pensamentos impróprios” (“Atração por Pessoas do Mesmo Sexo”, A Liahona, março de 1996, p. 17)

falsas

Afaste-se do que é destrutivo.

Ao compreender a doutrina de Deus, uma pessoa que sofre com atração por outras do mesmo sexo se afastará de influencias ruins – como pornografia, entretenimento pernicioso e amizades que não edificam. Ela encherá a mente com a Palavra de Deus, hinos e procurará conselho e ajuda no Senhor e Seus servos.

Isso não significa que a ajuda profissional não seja bem vinda – mas quando a palavra de um especialista for contra a Palavra de Deus, devemos recordar que Ele disse:

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” (Isaías 55:8-9)

Luz de Cristo

Confie no poder de Cristo para curá-lo.

Quando Jesus estava ensinando a importância da fidelidade no casamento, acrescentou:

“Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” (Mateus 19:12)

Eunuco era alguém que era um servo de um rei ou líder civil. Ele era castrado ou devia se abster de relações sexuais. Essa passagem não fala sobre pessoas com atração pelo mesmo sexo, mas seus princípios podem ser adaptados. Espera-se que uma pessoa que sofra atração por outras do mesmo sexo se abstenha de comportamento e relacionamento sexual. A Primeira Presidência declarou:

“Existe uma distinção entre pensamentos e sentimentos imorais e a participação em qualquer comportamento imoral, seja hétero ou homossexual” (Carta da Primeira Presidência, 14 de novembro de 1991)

Em outras palavras essa pessoa será um eunuco até vencer esse desafio. Ela estará “se castrando a si mesma por causa do reino dos céus”. Evidentemente essa castração é simbólica não induz a pessoa a tomar remédios ou fazer tratamentos sem orientação médica competente. Mas em prol do Reino de Deus, ela fará um sacrifício enorme. De modo que, ao vencer, seja nesta vida ou na próxima, ela receberá todas as bênção de Deus, inclusive uma família eterna.

E isso só será possível devido ao poder de Cristo. Procure conhecê-Lo melhor.

pecadores

A ajuda está disponível.

“Por intermédio de Cristo e de Sua Igreja, aqueles que se esforçam podem obter ajuda. Essa ajuda resulta do jejum e da oração, das verdades do evangelho, da frequência às reuniões, do conselho de líderes inspirados e, quando necessário, do auxílio de um profissional para problemas que assim o exigirem.

Outra importante fonte de ajuda é a influência fortalecedora de irmãos e irmãs amorosos. Devemos compreender que a pessoa e os familiares que se debatem com o problema da atração por pessoas do mesmo sexo, precisam muito do amor e incentivo, que é responsabilidade expressa de todos nós, membros da Igreja, uma vez que sacramentamos, em convênio, o desejo de ‛carregar os fardos uns dos outros’ (Mosias 18:8) ‘e assim (cumprir) a lei de Cristo’ (Gálatas 6:2).” Élder Dallin H. Oaks, “Atração por Pessoas do Mesmo Sexo”, A Liahona, março de 1996, pp. 16–17.

verdades e mentiras

Acesse mais discursos e conteúdo sobre esse tema:

Ajudar Os Que Lutam Contra a Atração pelo Mesmo Sexo – Élder Jeffrey R. Holland

Minha Batalha contra a Atração pelo Mesmo Sexo – nome não divulgado – lds.org

Qual é a posição da Igreja em relação ao homossexualismo? Há algum problema em fazer amizade com pessoas que tenham sentimentos homossexuais? – A Liahona Janeiro de 2012

O Sexo (Masculino ou Feminino) e a Identidade Eterna” – A Família Eterna Manual do Professor – lds.org

Site Oficial da Igreja sobre o tema: mormonandgay.lds.org

Irmão Gay de Apóstolo Mórmon Compartilha Sua Jornada Espiritual

| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
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