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Igreja incentiva que tenhamos muitos filhos? Mas e quanto a superpopulação?

Todo ano nascem 81 milhões de pessoas (que é o dobro da população do Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil). Mantido esse ritmo, passaremos dos atuais 7,3 bilhões de habitantes no planeta, para 9,6 bilhões em 2050, de acordo com as estimativas da ONU [1].

Você certamente já ouviu que a população do planeta, se não for contida, levará o mundo a um colapso: haverá fome, guerra e destruição. A superpopulação é o tema de muitos filmes de ficção cientifica.

Mas a verdade é que várias teorias que tratam da superpopulação mundial se mostraram falhas. Algumas previam uma grande fome globalizada nas décadas passadas – mas isso não aconteceu. Nem mesmo conseguiu-se relacionar apropriadamente o crescimento demográfico com o aumento da poluição ou escassez de alimentos e água. [1.1]

Porém, algumas áreas do planeta estão sofrendo as consequências negativas de uma densidade populacional extrema, o mundo como um todo está na verdade caminhando na direção contrária. De fato, as pesquisas mostram que por volta do ano 2040 a população mundial atingirá seu pico e então começará a diminuir [2].

 

Os profetas do Senhor, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Igreja Mórmon) tem aconselhado as pessoas a se casarem a a constituírem uma família. Eles disseram:

“Nós, a Primeira Presidência e o Conselho dos Doze Apóstolos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, solenemente proclamamos que o casamento entre homem e mulher foi ordenado por Deus e que a família é essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos. (…)

O primeiro mandamento dado a Adão e Eva por Deus referia-se ao potencial de tornarem-se pais, na condição de marido e mulher. Declaramos que o mandamento dado por Deus a Seus filhos, de multiplicarem-se e encherem a Terra, continua em vigor. (…)

A família foi ordenada por Deus. O casamento entre o homem e a mulher é essencial para Seu plano eterno.” [3]

A citação acima diz claramente que o mandamento de “multiplicar e encher a Terra” não foi revogado. O Elder Neil L. Andersen, do Quorum dos Doze Apóstolos, comentou:

“No “melhor dos tempos [e] (…) no pior dos tempos”, os verdadeiros santos de Deus, agindo com fé, nunca esqueceram, desprezaram ou negligenciaram o mandamento de “Deus (…) de multiplicarem-se e encherem a Terra”. Prosseguimos com fé, sabendo que a decisão de quantos filhos teremos e quando os teremos é algo para ser decidido entre o marido, a mulher e o Senhor. Não devemos julgar uns aos outros nessa questão.” [4]

Pelas citações acima fica evidente que a vontade do Senhor é que geremos filhos. Entretanto, às vezes ficamos preocupados com as condições perigosas do mundo. Sobre isso, o Presidente Boyd K. Packer contou uma experiência pessoal que teve quando seu netinho lhe foi visitar:

“Ele abraçou minhas pernas e eu olhei para aquele rostinho sorridente e para aqueles grandes olhos inocentes e pensei: “Como será o mundo em que ele vai viver?”

Por um instante fiquei ansioso, com esse medo do futuro de que tantos pais nos falam. Em todos os lugares que vamos, encontramos pais e mães preocupados com o futuro dos filhos neste mundo tão tribulado. Mas, então, fui tomado por um sentimento de confiança. Meu temor quanto ao futuro desapareceu.

O Espírito que orienta e consola e que nos é tão familiar na Igreja, lembrou-me do que eu já sabia. O medo do futuro desapareceu. A vida daquela criancinha de olhos brilhantes pode ser boa — muito boa — e a vida dos filhos e netos dela também; mesmo que vivam em um mundo em que há tanta iniqüidade.

Eles verão muita coisa acontecer ao longo da vida. Algumas coisas exigirão coragem e aumentarão sua fé; mas se buscarem orientação e ajuda em oração, receberão as forças para vencer as adversidades. Não será permitido que essas provações os impeçam de progredir, ao contrário, elas servirão de degraus para alcançarem maior conhecimento. [5]

Certo professor universitário, referindo-se a superpopulação disse:

A Terra existe para nós, não o inverso. A questão nunca é a terra versus o homem, mas a terra para uso do homem. As prioridades são claras: os benefícios da vida na Terra devem ser dados para o maior número de pessoas possíveis. Se a vida terrena é um período de aprendizado, vamos nos organizar para que os benefícios deste aprendizado possam ser dados a todos aqueles a quem o Pai deseja enviar. (…)

Para aquelas pessoas que vêem o homem como um descendente de formas inferiores de vida, um acidente em um universo acidental, e que vêem a vida como uma experiência breve e desagradável levando a lugar nenhum, talvez haja sentido na tentativa de garantir que o mundo de seus filhos seja tão agradável quanto possível e sem desafios. Nesta perspectiva, (…) talvez quanto menos homens, melhor.

Mas se acreditamos que o homem é filho de Deus, que a terra é para o homem, e que a vida na Terra é um tempo para ganhar um corpo, bem como experiências com outras pessoas, então, alguns dos problemas acima são transformados em desafios da vida. (…)

No entanto, você deve saber que os problemas sociedades humanas enfrentam não são devido a população, em si mesma, apenas, mas às formas corruptas e ineficientes de organização social. Alguns dos especialistas querem fazer crer o contrário, simplesmente porque é muito mais fácil evitar nascimentos de crianças, do que convencer os homens adultos e mulheres que é preciso alterar os valores que acreditam.

Nós, também, acreditamos que a poluição ambiental é um problema sério. Mas isso não decorre do tamanho da população, e sim de sociedades mal treinadas, mal organizadas, que não se importam com as consequências de suas ações. Acreditamos que se você ensinar os princípios corretos da família humana, eles podem criar uma qualidade e quantidade de vida humana em uma escala agora inimaginável.” [6]

O Presidente Russell M. Nelson, em um serão perguntou aos jovens adultos da Igreja: “Será que vocês vão escolher seguir o Senhor ou as filosofias dos homens?” E então disse:

“(…) em toda parte há alegações de que a Terra está perigosamente superpovoada e que os casais devem limitar o número de filhos. Você já ouviu isso? Contudo, no quinto Congresso Mundial das Famílias, em 2009, a irmã Nelson e eu ouvimos um estudioso apresentar um estudo no qual ele fez uma declaração surpreendente. Ele disse que se cada homem, mulher e criança que hoje vivem na Terra pudessem ter mil metros quadrados de terra, todos os 6,8 bilhões de habitantes da Terra caberiam no Brasil, deixando 20 por cento do país ainda desocupado”. [7] Será que isso faz parecer que o planeta está superpovoado?

Verifiquei esse cálculo. Está correto. Suplico-lhes que creiam no Senhor, que disse que “a Terra está repleta e há bastante e de sobra (Doutrina e Convênios 104:17)” [8]

A Irmã contou uma experiência interessante na última Conferência Geral que aborda o tema da sueprpopulação:

“Há alguns anos, orei para saber o que falar a fim de defender a maternidade quando recebi um telefonema anônimo.

A mulher ao telefone perguntou: “Você é Neill Marriott, a mãe de uma grande família?”

Respondi com alegria: “Sim!”, à espera de ouvi-la dizer algo como: “Bem, que bom!”

Mas não! Nunca vou esquecer a resposta dela enquanto sua voz, ao telefone, esbravejava: “Estou extremamente ofendida por você trazer filhos para este planeta superlotado!”

“Ah”, respondi. “Entendo como você se sente.”

Ela retrucou bruscamente: “Não, você não entende!”

Então lamentei: “Bem, talvez não”.

Ela iniciou um discurso inflamado sobre minha escolha tola de ser mãe. Ao ouvi-la, comecei a orar pedindo ajuda, e um pensamento sutil me veio à mente: “O que o Senhor diria a ela?” Então senti que estava com os pés firmes no chão e adquiri coragem ao pensar em Jesus Cristo.

Respondi: “Sou feliz por ser mãe e prometo-lhe que farei tudo ao meu alcance para nutrir meus filhos de maneira tal que eles tornem o mundo um lugar melhor”.

Ela respondeu: “Bem, assim espero!”, e desligou.

Não foi algo grandioso. Afinal de contas, eu estava segura em minha própria cozinha! Mas, em minha maneira simples, fui capaz de me manifestar em defesa da família, das mães e daquelas que nutrem por causa de duas coisas: (1) Eu compreendia a doutrina de Deus sobre a família e acreditava nela, e (2) orei para saber quais palavras usar para testificar dessa verdade.

Ser distintas e diferentes do mundo vai atrair algumas críticas, mas precisamos nos ancorar em princípios eternos e testificar deles a despeito da resposta do mundo. [9]

Portanto, respondendo a pergunta do título: A Igreja continuará a incentivar a constituição de famílias, deixando os casais decidirem junto com o Senhor o tempo de ter filhos e a quantidade. As teorias de que a superpopulação levará o planeta a destruição não tem fundamento cientifico, moral e religioso. Devemos confiar na palavra do Senhor que diz que a Terra tem bastante e de sobra – e ao mesmo tempo zelar pelos recurso que Ele nos concedeu, não desperdiçando, poluindo e participando das discussões políticas que visam a melhoria de nossa comunidade, nação e mundo.

_______________

NOTAS

[1] Acesse aqui a estimativa na ONU. Esta estimativa é isso mesmo: uma estimativa. A nota número 2 refere-se a uma estimativa diferente, e prevê um futuro alternativo ao dados da ONU. Ao levarmos em consideração pesquisas de especialistas, precisamos analisar a fonte, os métodos e até mesmo as circunstancias em que foram realizadas. Infelizmente há muita ideologia e politicagem que afeta dados científicos, como se percebe ao estudar a História da Ciência.

[1.1] Artigos que tratam sobre o tema podem ser encontrados, por exemplo: http://www.acidigital.com/vida/superpopulacao.htm e http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/13995-o-mito-da-superpopulacao.html

[2] Ver Nicholas Eberstadt, “The Problem Isn’t Overpopulation and the Future May Be Depopulation”,Marriage and Families, abril de 2000, pp. 9–10.

[3] “Família: Proclamação ao Mundo”. Leia aqui.

[4] “Crianças, Filhos”, conferência Geral outubro de 2011. Leia o discurso completo aqui.

[5] Howard M. Bahr, professor de Sociologia Washington State University

[6] “Q&A: Questions and Answers”, Ensign Outober de 1971 (tradução livre).

[7] Ver Don Feder, “The Perpetual-Crisis Machine of the Apocalyptic Left,” donfeder.com/articles/1002chickenLittle.htm.

[8] “Jovens de Nobre Estirpe: O Que Vocês Escolherão?”, Serão do SEI para Jovens Adultos • 6 de setembro de 2013 • Universidade Brigham Young. Clique aqui para acessar.

[9] “Que Faremos”, Conferência Geral abril de 2016. Acesse aqui.

 

| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
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