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A Responsabilidade é Nossa

Jesus e Pedro Mar

Stanley Milgram, um professor de psicologia na Universidade de Stanford, estava buscando respostas. Os eventos da segunda guerra mundial, especialmente concernentes ao holocausto, deixaram o mundo chocado e confuso. Como os seres humano eram capazes de fazer coisas tão horríveis? Por que os soldados seguiram as ordens dos superiores, mesmo quando sentiram que essas coisas eram moralmente erradas? O Dr. Milgram queria saber.

Dr. Milgram inventou um estudo ingênuo para estudar o equilíbrio entre a consciência pessoal e a obediência à autoridade.

No estudo, duas pessoas entraram numa sala onde ficava o Dr. Milgram. Tirando papéis de um chapéu, as pessoas receberam o papel de “professor” ou “aluno”. O “professor” ficava na sala com o Dr. Milgram e ficava no controle de uma maquina de dar choques, e o outro saía para outra sala onde a maquina se ligava ao seu corpo para receber os choques. O “professor” fazia uma serie de perguntas ao “aluno”, e cada vez que este errava, o participante do estudo era instruído a dar um choque nele. A intensidades dos choques aumentava 15 volts por cada erro cometido, começando com 15 choques. Perto do choques mais altos, a maquina emitia um aviso que dizia “Perigo: Choque Severo”. O choque mais alto, de 450 volts, era marcado com “XXX”.

O que o “professor” não sabia é que o “aluno” realmente era um assistente do Dr. Milgram e não recebia choque nenhum. Todavia, o “aluno” dava um grito cada vez que recebia um choque forte. Quando começou a entrar na zona de perigo, o “aluno” começava a protestar contra o estudo e pedia para sair. Nesse ponto, quase todos os participantes do estudo pediam para que o teste fosse suspenso. Quando isso acontecia, Dr. Milgram respondia “É essencial para o estudo que você continue” e esperava que o participante continuasse. Lembre-se, porém, que essas pessoas eram voluntários e podiam ter saído em qualquer momento sem nenhuma penalização.

Os resultados do estudo eram ainda mais “chocantes”: 65% das pessoas deram o choque “XXX” no aluno. Claro, ninguém realmente recebeu choque nenhum– mas os participantes realmente acreditaram que tinham machucado, e talvez assassinado, uma pessoa inocente.

O Dr. Milgram ficou muito perturbado sobre os resultados do estudo. Como é que as pessoas são capazes de fazer algo tão terrível? Para saber, ele entrevistava os participantes do estudo. Entre as possíveis respostas que ele encontrou, uma coisa ficou clara. As pessoas que deram o choque fatal diziam: “Não foi minha culpa! Era o Dr. Milgram que me estava mandando fazer!”.

Aqueles que não obedeceram e desistiram do estudo responderam diferentemente, e diziam coisas como “Eu não podia viver comigo mesmo se eu tivesse feito algo assim. É a minha decisão e minha escolha, e ninguém tira isso de mim.” A diferença? Aqueles que deram o choque não tomaram responsabilidade sobre suas ações, e os que se recusaram a continuar dando choques tomaram para si mesmos a responsabilidade.

O Rei Henrique V

Em conferência geral, o Élder D. Todd Christofferson nos ensinou sobre a justiça, a misericórdia, e especialmente, sobre o arbítrio. Ele nos avisou dos perigos que acontecem quando nós esquivamos de nossa responsabilidade pessoal e culpamos outras pessoas. Ele ilustrou este ponto com uma história da peça A Vida do Rei Henrique V por William Shakespeare:

“Sob uma luz fraca e parcialmente encoberta, o rei Henrique caminha despercebido entre os seus soldados. Ele conversa com eles, tentando avaliar a confiança de suas tropas que estão em menor número e, por não perceberem quem ele é, são sinceros em seus comentários.

Em uma parte da conversa, eles filosofam a respeito de quem tem a responsabilidade sobre o que acontece com os homens na batalha — o rei ou cada soldado individualmente.

Em determinado ponto, o rei Henrique declara: “Quanto a mim, em parte alguma poderia morrer tão satisfeito como na companhia do rei: sua causa é justa”. Michael Williams retruca: “Isso é mais do que podemos saber”.

Seus companheiros concordam: “Sim, ou mais do que nos compete inquirir. Já é suficiente saber que somos súditos do rei. Se sua causa for injusta, nossa obediência nos limpará de toda culpa”.

Williams acrescenta: “Mas se for injusta, o rei terá de prestar contas muito sérias”.

Não é de se surpreender que o rei Henrique tenha discordado: “Todo dever dos súditos é para com o rei; mas a alma dos súditos só a eles mesmos pertence””

Os soldados não tomaram responsabilidade por suas ações. Sentindo uma discórdia moral, eles tiraram toda responsabilidade deles mesmo, e simplesmente puseram no rei. Isso possibilitou que no dia seguinte, eles foram capazes de matar muita gente sem se preocupar muito sobre as suas almas.

Aplicação na Vida Diária

Creio que essas experiências são bem raras. Acredito que a maioria de vocês nunca tiveram que dar um choque fatal como parte de um estudo ou entrar numa guerra à ordem de um rei. Mas em nossas vidas diárias, o mesmo princípio se aplica. Vamos dar alguns exemplos.

Pensemos no pai que chega do trabalho muito estressado. Seus filhos se comportem mal, e pronto, o pai grita e xinga seus filhos. Depois, sentindo remorso, é provável que diga à sua esposa: “Me desculpe. É porque eu estou tão estressado por causa do trabalho.”

Pensemos no estudante que, ao receber uma nota baixa, diz “A culpa é do meu professor que é muito exigente! Ninguém tira uma nota boa naquela aula mesmo.”

Pensemos na mãe que diz “A culpa é do meu marido que meus filhos são tão malcriados”, ou o mestre familiar que diz “Não tive o tempo”, ou no filho que diz “Meus amigos me pressionaram a fazer isto.” É tão comum querermos tirar de nós mesmo a responsabilidade! E como vimos antes, quão perigoso isso pode ser!

Tomar a Responsabilidade

Qual é a solução? É simples. Tomemos a responsabilidade por nossas próprias ações. Admitamos culpa. Tentemos melhorar. Perdoemos um ao outro.

O Élder Christofferson conclui com uma mensagem forte: alguém pagou um preço muito alto para que pudéssemos ter essa responsabilidade.

“Cristo não morreu para salvar indiscriminadamente, mas para oferecer o arrependimento. Confiamos “plenamente nos méritos daquele que é poderoso para salvar” no processo do arrependimento, contudo, arrepender-se é uma mudança voluntária. Assim, fazer com que o arrependimento seja uma condição para receber o dom da graça, permite-nos manter a responsabilidade por nós mesmos. O arrependimento respeita e apóia nosso arbítrio moral: “E assim a misericórdia pode satisfazer as exigências da justiça e envolve-os nos braços da segurança, enquanto que aquele que não exerce fé para o arrependimento está exposto às exigências de toda a lei da justiça; portanto, apenas para o que possui fé para o arrependimento tem efeito o grande e eterno plano de redenção”

Presto testemunho que Deus, o Pai, vive, que Seu Filho, Jesus Cristo, é nosso Redentor e que o Espírito Santo está presente conosco. O desejo que Eles têm de nos ajudar é inquestionável, e a capacidade que têm de fazê-lo é infinita. Que possamos “[despertar] e [levantar] do pó, (…) para que se cumpram os convênios que o Pai Eterno fez [conosco]”. Em nome de Jesus Cristo. Amém.”

Este artigo foi escrito por Payton Jones

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