Porter Rockwell – o guarda-costas e amigo do Profeta Joseph Smith
Uma das histórias mais impressionantes dos heróis da restauração é a de Porter Rockwell, que foi amigo e guarda-costas do Profeta Joseph Smith. De fato, ele se tornou uma lenda nos Estados Unidos. É conhecido como “o anjo destruidor do mormonismo”.
Alguns membros da Igreja especulam que ele tinha dons semelhantes ao de Sansão, da Bíblia – ou ao menos, tinha feito um convênio semelhante – se tornando um nazireu. O fato é que o Profeta Joseph Smith lhe prometeu que se ele permanecesse fiel à Igreja e não cortasse seu cabelo, ele nunca sofreria a morte por uma bala. A partir de então, Porter nunca cortou os cabelos.
Porter e Joseph – grandes amigos
Quando o jovem e ventureiro Orson Porter Rockwell ouviu a história de anjos e placas de metal desejou saber mais a respeito. A família dele era vizinha da família de Joseph Smith.
Apesar de Porter ser oito anos mais jovem que o Profeta, um vínculo forte de amizade entre eles foi rapidamente formado. Mais tarde, quando Joseph precisou de dinheiro para publicar o Livro de Mórmon, Porter trabalhou duro para ajudar a pagar a publicação.
Porter tinha dezesseis anos de idade quando foi batizado em 1830. Ele foi provavelmente o mais jovem membro do primeiro grupo a ser batizado na Igreja.
Quando o Ramo Fayette da Igreja se mudou para Kirtland, Ohio, Porter foi com eles. No entanto, a sua estadia lá foi curta. Ele foi enviado pelo Profeta com o primeiro grupo de santos para o condado de Jackson, Missouri, o local escolhido para reunião dos santos.
Os élderes da Igreja muitas vezes se reuniam na casa de Porter para discutir maneiras de proteger os santos das multidões sem lei do Missouri que os perseguiam. E foi lá, no Missouri, que Porter se tornou um atirador de elite, e sua fama começou a ser construída.
Potter fez várias viagens à Cadeia de Liberty para levar comida e conforto a Joseph Smith e seus conselheiros quando estes foram presos ilegalmente. Ele se ofereceu para permanecer no Missouri até que todos os santos tivessem chegado a Illinois.
Um homem perseguido
Por causa de seu destemor, várias acusações infundadas foram feitas contra ele, e ele se tornou um homem caçado. Em defesa de seu amigo fiel e valente, o Profeta Joseph disse:
“Orrin Porter Rockwell, que agora é meu companheiro de viagem, é um exilado de seu lar, por causa de ações assassinas e disposições diabólicas e infernais (…) e das mãos implacáveis dos Missourianos. Ele é um menino inocente e nobre. Que o Deus Todo Poderoso o livre das mãos de seus perseguidores. (…) Que ele receba sua porção das bênçãos da salvação e da honra.”(History of the Church, 5: 125)
Quando o ex-governador do Missouri, Lilburn Boggs, foi baleado, Porter Rockwell foi acusado do crime. Historiadores hoje reconhecem que Poter não foi o culpado. Entretanto, mesmo sem qualquer evidência de sua culpa, ele foi preso e mantido em uma masmorra sem aquecimento. Ele não tinha nenhum conforto. Nem mesmo cama por longos nove meses. Ele recebia a comida que até os cães se recusaram a comer. Sem sua forte resistência natural, ele nunca teria sobrevivido à provação.
Enquanto ele estava preso um um xerife foi até a prisão e ofereceu a Porter uma grande soma em dinheiro se ele o levasse para Joseph Smith, para capturá-lo. “Eu vou te ver morto primeiro”, respondeu Porter.
A Promessa do Profeta a Porter Rockwell
Após Porter ser liberado da prisão, ele andou a pé a maior parte do caminho para Nauvoo, Illinois. Ele chegou à casa de Joseph Smith no dia de Natal de 1843, quando o Profeta e seus amigos estavam fazendo uma ceia.
“Durante as festividades”, Joseph contou mais tarde, “um homem com o cabelo comprido e cambaleando, aparentemente bêbado, entrou e agiu como um missouriano. Pedi ao capitão da polícia para colocá-lo pra fora de casa. Seguiu-se uma briga e (…) para minha grande surpresa e alegria, descobri que era meu amigo Orrin Porter Rockwell há muito provado, caloroso – mas cruelmente perseguido.”(History of the Church, vol. 6 , pg. 134-135).
Acredita-se, por aqueles que conheceram muito bem Porter Rockwell, que foi nesta ocasião que o Profeta Joseph Smith prometeu a Porter que se ele permanecesse fiel à Igreja e não cortasse seu cabelo, ele nunca sofreria a morte por uma bala. James Jepson escreveu:
“O Profeta então disse a Porter que não cortasse seu cabelo, mas que o usasse por muito tempo e que se vivesse fiel seus inimigos não teriam poder sobre ele, eles não seriam capazes de tirar sua vida.” (Citado em “Porter Rockwell – a biography”, Richard Lloyd Dewey, pg. 77)
Não era incomum ver Joseph e Porter andando juntos. Quando Joseph foi a Washington, DC, para ver se as autoridades do governo federal poderiam ajudar a reparar os sofrimentos injustos dos santos, pelas mãos das turbas do Missouri, Porter foi com ele.
Algumas pessoas podiam supor que Porter era apenas um guarda-costas do Profeta Joseph. No entanto, muitos registros mostram que Porter participava das reuniões do conselho com Joseph Smith e outros líderes da Igreja. E quando José decidiu deixar Nauvoo e ir para o oeste para ajudar a diminuir a perseguição dos santos, Porter e apenas dois outros foram com ele. Posteriormente, quando o Profeta ficou sabendo que sua partida era considerada por muitos um ato de covardia, ele disse: “Se minha vida não tem valor para meus amigos, não vale nada para mim.” Voltando-se para Porter, ele perguntou “O que devo fazer?” Rockwell respondeu: “Você é o mais velho e deveria saber melhor que eu; mas onde você fizer a sua cama, eu vou me deitar contigo.” (History of the Church, 6: 549)
Após a morte do Profeta
Depois que Joseph e Hyrum foram mortos na Cadeia de Cartage, Porter foi para o oeste com o primeiro grupo de pioneiros. Ele acreditava que o Profeta Joseph gostaria que ele fizesse isso. Seus serviços como caçador eram inestimáveis.
Em 1849, Porter Rockwell foi nomeado vice-marechal de Vale do Lago Salgado, e ele serviu como oficial da paz em Utah até sua morte. Ao perseguir infratores, Porter era implacável e sua resistência foi mesmo lendária.
Detratores lembram muito o fato de que Porter Rockwell não sabia nem ler nem escrever. No entanto, ele teve um sucesso notável em várias empresas comerciais. Deve-se lembrar, também, que o analfabetismo não era incomum no século XIX.
Porter permaneceu fiel a sua família e amigos, e ele foi generoso com os outros que precisavam de sua ajuda. Um ato tocante da caridade de Porter, registrado em uma carta, foi o presente de parte de seu cabelo cortado à viúva de Don Carlos Smith, o irmão de Joseph Smith. A mulher havia perdido o cabelo quando tivera febre tifoide e o cabelo dele foi usado para fazer uma peruca pra ela. Quando o cabelo de Porter cresceu novamente, ele não mais o cortou.
Porter viajou milhares de quilômetros a cavalo a serviço da Igreja como batedor, guia e especialista na solução de problemas com os índios.
Quando ele morreu, por causas naturais, durante o verão de 1878, ele tinha sido um fiel membro da Igreja por mais tempo do que qualquer outra pessoa que vivia na época. Em seu funeral, o Élder Joseph F. Smith, do Quórum dos Doze, disse:
“Tinha ele suas pequenas falhas, mas a vida de Porter na Terra, vista de modo amplo, era digna de exemplo e refletia honra sobre a Igreja. Através de todas as suas provações ele nunca esqueceu suas obrigações para com seus irmãos e para com seu Deus ” (“Orrin Porter Rockwell”, Friends – heroes and heroines, Maio de 1984)