A Negação de Pedro de Carl Heinrich Bloch mostra Pedro momentos depois que ele negou que Cristo três vezes. Um incidente tão importante que todos os quatro evangelhos o incluíram. A vergonha profunda de Pedro por ter negado conhecer o Filho de Deus é clara no rosto sombreado. Muitas vezes interpretamos as ações de Pedro como um ato de covardia. Como naqueles momentos finais ele não conseguiu ficar ao lado do Salvador. Que ele escolheu a sua própria vida em vez da de Cristo.
Mas será que Pedro poderia ter diferentes razões para a sua negação?
Em 1971, o Presidente Spencer W. Kimball deu um discurso na Universidade Brigham Young intitulada “Pedro, meu irmão”. Nele, o Presidente Kimball relata sobre um tempo quando ele ouviu um ministro condenar Pedro por sua covardia. Mas o Presidente Kimball não conseguiu conciliar as palavras do ministro com suas próprias crenças. Ele via Pedro como um homem de grande fé e coragem, condizente com um apóstolo do Senhor.
Pedro pode não ter tido fé suficiente para permanecer à tona, mas ele teve fé suficiente para dar o primeiro passo.

O Presidente Kimball relata algumas vezes antes da crucificação de Cristo onde Pedro demonstrou uma enorme coragem e fé. Quando Cristo chamou Pedro para ser apóstolo, Pedro, “deixando logo as redes, [O seguiram]”. Quando Cristo andou sobre o mar da Galileia, Pedro disse: “manda-me ir ter contigo por cima das águas”.
Pedro afundou, e Cristo admoestou Pedro pela sua falta de fé. Mas nenhum dos outros discípulos chegou a pedir para juntar-se a Cristo na água. Bem antes de Cristo dizer a Pedro que ele iria negá-Lo, o próprio Pedro disse: “estou pronto a ir contigo até à prisão e à morte”. Finalmente, quando Cristo é levado para ser julgado, Pedro segue seu Senhor sozinho.
Então, como reconciliamos esse homem escolhido que tem fé com o homem que negou seu Salvador? O Presidente Kimball oferece uma solução.
“Ele tinha sido proibido pelo próprio Redentor de resistir à crucificação que estava próxima.”
Quando Cristo disse a Pedro, “nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás”, Cristo não profetizou um momento de fraqueza de Pedro. Cristo disse a Pedro que ele precisaria negar conhecer a Cristo.
Então por que Jesus faria isto, principalmente quando o Livro de Mórmon afirma “Ai do mentiroso, porque será lançado no inferno”? Primeiro, precisamos entender que o Presidente Kimball disse:
“Pedro jamais negou a divindade de Cristo. Ele apenas negou sua associação ou sua convivência com o Cristo, que é uma questão diferente”.
Se Pedro tivesse declarado o Salvador, a multidão teria matado Pedro também. Mas ele não negou seu testemunho. Pedro ainda tinha fé suficiente em seu Salvador para saber que Ele é o Redentor.
O Presidente Kimball sugere que as lágrimas amargas de Pedro eram lágrimas de entendimento. Que naquele momento, Pedro percebeu que Cristo morreria e não escaparia das mãos dos homens maus como tinha escapado antes. Ele sentiu que tudo em que ele acreditava tinha acabado com a morte de Cristo.
Mas Pedro não sabia o que Cristo o tinha chamado para fazer. Pedro batizou três mil pessoas no dia de Pentecostes. Ele recebeu a visão para batizar os gentios. Escreveu duas epístolas.
Pedro cura um homem coxo de nascença, como registrado em Atos 3.
Cristo precisava de Pedro para continuar Seu trabalho.
Veja bem, o Presidente Kimball não argumenta que esta interpretação é a única. Eu também não. Como um homem falho, Pedro era sujeito à fraqueza humana. O medo naquele momento poderia ter superado a sua fé. Sua devoção ao evangelho após a morte de Jesus poderia vir da escuridão que ele sentiu em negar Cristo. Ele pode ter esperança nesta interpretação, que mesmo se pecarmos, podemos nos tornar melhores.
Pois após muitas tribulações vêm as bênçãos. Portanto vem o dia em que sereis coroados de muita glória; ainda não é chegada a hora, mas está próxima. – D&C 58:4
Pense de modo mais profundo sobre essa história. Você ganhará uma melhor compreensão do caráter de Pedro e como nós podemos comparar sua história a nós. Muitos missionários servem em países onde eles não podem pregar o evangelho abertamente. Muitos que seguem o evangelho de modo fiel precisam enfrentar provas de que eles acreditam no impossível, como uma doença terminal ou um membro da família que sai da Igreja.
Mas Cristo um plano especial para cada um de nós. Podemos não entender por que o Senhor nos pede para fazer certas coisas. Mas, podemos ter fé em Sua promessa de que “depois de muitas tribulações vêm as bênçãos”, assim como aconteceu com Pedro.
Fonte: ThirdHour
Bom dia irmão, recebi essa mensagem, e longe de mim querer levantar espírito de contenda, mas gostaria de pacificamente tecer alguns comentários sobre a questão.
Ao ler o discurso do presidente Kimball na íntegra não vi diferença significativa da visão do presidente Talmage, ele apenas ressalta que Pedro não fora covarde apesar deste momento de fraqueza.
Mas em momento algum afirma que Cristo ordenou que o mesmo o negasse, achei estranha e um pouco ousada essa interpretação, apesar de ser interessante.
O presidente Talmage disse o seguinte:
*Pedro Nega o Seu Senhor*
Quando Jesus fora preso no Jardim de Getsêmani, todos os onze O haviam deixado e fugido. Isto não deve ser tomado como evidência certa de covardia, porquanto o Senhor havia indicado que deveriam ir. Pedro, e pelo menos um outro discípulo, seguiam de longe, e depois que a guarda armada havia entrado no palácio do sumo sacerdote com o Prisioneiros, Pedro “entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim”. Ele havia sido ajudado, para entrar, pelo discípulo cujo nome não é fornecido, e que era conhecido do sumo sacerdote. Aquele outro discípulo era, com toda probabilidade, João, conforme se pode concluir do fato de ser mencionado somente no quarto evangelho, cujo autor se refere a si próprio, caracteristicamente, sem citar o nome.
Enquanto Jesus permanecia diante dos sinedristas, Pedro estava embaixo, com os servos. A porteira era uma jovem, cujas suspeitas femininas se haviam aguçado, quando permitira a entrada a Pedro, e no momento em que ele se assentava com a multidão no pátio do palácio, ela apareceu, e havendo-o observado atentamente, disse: “Tu também estavas com Jesus, o galileu”. Contudo, Pedro o negou, afiançando que não conhecia a Jesus. Pedro estava inquieto, tanto sua consciência quanto o temor de ser identificado como um dos discípulos do Senhor, o perturbavam. Afastou-se da multidão e buscou parcial isolamento no vestíbulo; mas outra serva o viu e disse aos circunstantes: “Este também estava com Jesus, o nazareno”, ao que Pedro retrucou com um juramento: “Não conheço tal homem.”
A noite de abril estava fria, e um fogo havia sido aceso no vestíbulo ou pátio do palácio. Pedro assentara-se com outras pessoas ao redor do fogo, imaginando talvez que expor-se abertamente seria melhor que uma dissimulada precaução, como possível salvaguarda contra o reconhecimento. Cerca de uma hora depois de suas primeiras negativas, alguns dos homens ao redor do fogo o acusaram de ser discípulo de Jesus, e fizeram referência ao seu dialeto galileu como evidência de que era, pelo menos, conterrâneo do Prisioneiro do sumo sacerdote; porém, mais ameaçador ainda do que tudo, um parente de Malco, cuja orelha Pedro havia decepado com a espada, indagou peremptoriamente: “Não te vi eu, no horto, com ele?” Pedro então foi tão longe, no curso das falsidades em que se havia iniciado, que entrou a imprecar e a jurar, e a declarar veementemente, pela terceira vez: “Não conheço o homem.” Quando as últimas falsidades profanas saíam de seus lábios, as notas claras do canto de um galo feriram-lhe os ouvidos, e a lembrança da predição do Senhor brotou em sua mente. Trêmulo ante a desventurada verificação de sua pérfida covardia, voltou-se e cruzou com o olhar do Cristo mártir que, do meio da insolente populaça, mirava a face de Seu jactancioso, ainda que amoroso e fraco apóstolo. Fugindo do palácio, Pedro mergulhou na noite, chorando amargamente. Conforme o atesta sua vida posterior, aquelas lágrimas eram de real contrição e verdadeiro arrependimento.
Minha visão:
Eu sou mais adepto a esta linha de pensamento.
Sou fã de carteirinha de Pedro, tanto que meu filho herdou esse nome pois assim como Helamã queria que meu filho lembrasse dos antigos para guardar os mandamentos de Deus e aprender as coisas boas que por eles foram feitas.(Helamã 5:6).
Mas no que tange o episódio em questão o interessante é que Pedro de todos os personagens das escrituras era o que possuia mais defeitos, ele era essencialmente humano, é difícil para mim me enxergar no lugar de Néfi, Leí, João ou outros, pois eles são tão firmes e tão próximos da perfeição, mas Pedro não, Pedro era impetuoso, não pensava muito antes de agir, era falho, tinha fraquezas, era como muito de nós.
O que mais me intriga nisso tudo é a preocupação do Salvador para com ele, como o Senhor o preparou para o ministério futuro, imaginem que Cristo estava vivendo seu momento mais difícil, quantas coisas não estariam passando por sua mente naquele momento, mas ele em meio ao seu próprio sofrimento reservou um momento para olhar fixamente para Pedro, não imagino que tenha sido com desaprovação, mas com um olhar enternecedor capaz de mudar um homem.
O Salvador sabia quais experiência Pedro teria que passar até se transformar no homem que outrora comandaria a sua igreja na terra e batizaria 3mil pessoas de uma única vez. Ele estava sendo moldado.
Assim como nós quando erramos, suas fraquezas foram expostas, mas isso não é prova que somos incapazes, é apenas uma constatação que somos humanos e que inevitavelmente erraremos, sentiremos uma grande vergonha por isso, mas esta não é a hora de desistir, pelo contrário, é apenas o início do processo de arrependimento que nos torna grandes e como disse presidente Nelson: uma versão melhor de nós mesmos.
Mais uma vês reintero o fato que não quero de maneira alguma levantar discórdia, mas levar a luz uma outra visão dos fatos.
.desde já agradeço.
Att. Jackson Dourado
Sensacional o seu comentário. Me identifiquei plenamente com suas palavras. Parabéns e fraterno abraco.
É realmente um conhecimento grandioso. Eu também pensava que Pedro era um fraco, Más agora com o esclarecimento do presidente Kinball, fico feliz que Pedro não era um fraco más obediente .