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O Nepotismo e o Evangelho de Jesus Cristo

Nepotismo é definido como favorecimento de parentes em cargos de responsabilidade. Uma pessoa que possui determinada posição ou cargo de poder beneficia os que possuem vínculo de parentesco – com um emprego, um cargo, um função, uma posição de destaque ou uma responsabilidade. Trata-se de uma prática ruim, pois geralmente desconsidera o mérito e os talentos para levar em consideração os laços familiares.

O evangelho de Jesus Cristo – que é o Plano de Deus para salvação do homem – ensina que todos os homens são iguais perante Deus (Jó 34:19, Atos 10:34, D&C 38:16 e 26) – irmãos e irmãs – porém, possuem talentos diferentes  (Mateus 25:15) – de modo que podem contribuir no Reino de Deus de maneira diversa (1 Coríntios 12:12-27).

Analisemos o exercício dos chamados ou cargos na Igreja, tanto no passado, como no presente para verificar se a perniciosa prátia do nepotismo se fez presente.

Parentes na Liderança nas Escrituras

Quando Jesus Cristo organizou Sua Igreja na Terra chamou Doze Apóstolos. Isso é bem conhecido. O que talvez não seja ão evidente é que muitos deles eram parentes. Pedro era irmão de André, Tiago (maior) era irmão de João e Tiago (menor) era irmão de Mateus – assim vários dos apóstolos tinham irmãos no quórum. Alguns podem supor que o Salvador contava, na época da escolha dos Doze, com um grupo muito reduzido de discipulos. Todavia, o chamado dos Doze ocorreu no segundo ano do Ministério Público do Senhor (Marcos 3:13-19) – quando grandes multidões já o seguiam (Marcos 3:7-9).

De maneira semelhante vemos, no Livro de Mórmon que os Doze Apóstolos nefitas também contavam com parentes – Néfi e Timóteo eram irmãos, Jonas era filho de Néfi (sobrinho de Timóteo, portanto), Matôni era irmão de Matonia (3 Néfi 19:4). Veja que esses apóstolos foram escolhidos entre uma “grande multidão” (3 Néfi 11:1) – sobreviventes de grandes catástrofes por serem justos (3 Néfi 9:12-13).

No Livro de Mórmon também é nítido que os profetas e líderes políticos são geralmente filhos ou irmãos de outros profetas e líderes políticos.

Em Nossa Dispensação, vários parentes do Profeta Joseph Smith foram chamados para cargos de liderança: Samuel Smith, irmão do Profeta, foi o primeiro missionário; a esposa de Joseph, Emma, se tornou a primeira Presidente da Sociedade de Socorro (D&C 25); o pai do Profeta se tornou o Primeiro Patriarca da Igreja; William Smith (também irmão de Joseph Smith) foi escolhido pelas Três Testemunhas do Livro de Mórmon para compor o primeiro Quorum dos Doze Apóstolos; com a Queda de Oliver Cowdery, Hyrum Smith (irmão de Joseph) se tornou o segundo na liderança da Igreja.

Quando há Espírito, não há nepotismo

Neste ponto é preciso esclarecer que todos esses aparentes casos de nepotismo (parentes na liderança), tanto na história antiga mencionada nas escrituras, como na inauguração desta dispensação, se deram segundo a vontade de Deus.

Devemos nos lembrar que os pensamentos de Deus não são como os nossos – pois Seus caminhos são mais elevados (Isaías 55:8-9). E também que os chamados na liderança do Reino são consequência de preordenações que foram feitas antes da fundação do mundo (Jeremias 1:5, Abraão 3:22-23).

Deus, que determina a época e lugar de nosso nascimento (Atos 17:26), faz com que espíritos pré-ordenados, nasçam em circunstâncias que os fazem desenvolver certos talentos e habilidades – para que cumpram Seus Santos propósitos. Ao compreendermos isso não é de se admirar que Deus envie vários espíritos escolhidos  para um mesmo lar a fi mde se prepararem para liderar sua Obra na Terra. Também não é surpreendente que Deus faça com que esses passem a infância e adolescência em locais próximos e em circunstâncias similares.

Lembremo-nos que João Batista era primo de Jesus Cristo, e que Tiago, bispo de Jerusalém, que escreveu o versículo que culminou na Restauração do Evangelho (Tiago 1:5) era irmão do Salvador.

 

Não há Nepotismo na Igreja

É evidente que erros podem acontecer na administração da Igreja, devido a fraqueza e imperfeição dos homens. Entretanto, a obra é Santa – e o Evangelho perfeito. Assim, Deus está no comando – e ainda que Ele tolere alguns desvios, não permitirá que Sua Obra seja destruída. Podemos ter certeza que seus líderes são escolhidos por revelação quando nós mesmos recebemos revelação.

As chaves do sacerdócio são também uma proteção contra o nepotismo e qualquer injustiça na liderança da Igreja. Todo líder na Igreja é supervisionado por outro, que o treina. Assim, a Igreja é mantida em ordem e é zelada por aqueles que possuem as chaves da administração e liderança do Reino.

Em lugares com poucos membros ou poucos com capacidade de liderança, talvez ocorra  que membros de uma mesma família sirvam temporariamente em chamados de destaque (como aconteceu no começo desta dispensação). Entretanto, isso é bem mais raro em congregações médias e grandes. Além disso, todos os chamados na Igreja são temporários (com exceção do chamado ao quorum dos Doze apóstolos). Um natural rodízio de membros ocorre, portanto, nos chamados do Reino.

Conclusão

O nepotismo é pernicioso, mas não afeta a Igreja verdadeira de Cristo. O Senhor trabalha muitas vezes de modo que surpreende os homens – pois seus “estranho ato” (D&C 101:95) resulta em bênçãos maiores do que o homem pode imaginar. Três filtros impedem o nepotismo: revelação pelo Espírito Santo, chaves do sacerdócio e temporalidade nos chamados do Reino.

Podemos adquiri nosso próprio testemunho de que Deus esta no comando – e que Ele chama e qualifica seus servos – sejam parentes de outros que já servem como líderes ou não.
Este texto é uma adaptação do original publicado no blog Teologia Mórmon.
Veja mais: A Revelação e o Chamado um Novo Presidente de Estaca
| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
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