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Pare de dizer que os membros da Igreja são hipócritas

Com o advento das mídias sociais todo mundo quer manifestar sua opinião. E isso é bom. Temos oportunidade de ser ouvidos e de expressar nossos sentimentos e pensamentos.

Infelizmente muitas pessoas usam o poder de comunicação apenas para criticar e reclamar. O negativismo impera nas redes sociais. É impressionante quantas pessoas falam mal umas das outras e dos fatos da vida. Talvez isso aconteça pois é muito mais fácil chamar atenção quando você fala mal de alguém ou de alguma coisa.

Na minha visão, certamente as grandes injustiças devem ser combatidas e não devemos deixar de expressar nosso ponto de vista sobre o que é certo e errado. Algumas vezes devemos ser energéticos. Mas algumas pessoas simplesmente só querem atenção ao digitarem palavras cheias de ódio e magoa. Temos tantos críticos hoje.

E quando as pessoas se colocam para julgar a Igreja e seus membros a coisa piora. Piora pois não apenas cometem o pecado da ingratidão, da vaidade e do egoísmo – piora, pois se colocam como inimigos do Reino de Deus.

A Igreja não é para os perfeitos, mas para os imperfeitos

É verdade que os membros da Igreja – inclusive os líderesinclusive os líderes gerais – não são perfeitos. E isso significa, como se já não fosse óbvio, que eles cometem erros e possuem fraquezas. Entretanto, o Senhor nunca exigiu que seus discipulos, mesmo os profetas e apóstolos fossem perfeitos. Ele exigiu que tivessem um coração quebrantado e um espírito contrito, ou, em outras palavras, exigiu humildade e desejo de melhorar.

Estou convicto que a esmagadora maioria dos membros da Igreja estão procurando se aperfeiçoar. É por isso que entraram e por isso que permanecem na Igreja. Eles desejam tomar sobre si o nome de Cristo, guardar os mandamentos e perseverar até o fim. A Igreja é como um grande hospital. Gosto muito dessa história contada pelo Elder Dale G. Renlund:

“Nossa querida amiga, Esther, contou como aprendeu essa lição com sua mãe, Julia. Julia e Esther estavam entre os primeiros membros negros conversos na África do Sul. Após o término do regime do apartheid [na Africa do Sul], foi permitido que os membros da Igreja, brancos ou negros, frequentassem a Igreja juntos. Para muitas pessoas, a igualdade nas interações sociais entre diferentes raças era muito recente e desafiadora. Certa vez, ao irem à Igreja, Julia e Esther sentiram que não estavam sendo tratadas com gentileza por alguns dos membros brancos. Ao saírem, Esther queixou-se amargamente da situação com sua mãe. Julia ouviu calmamente até que Esther houvesse expressado por completo sua frustração. Então falou: “Ah, Esther, a Igreja é como um grande hospital e todos nós estamos doentes de uma forma ou de outra. Vamos à Igreja para ser ajudados”. (“Santos dos Últimos Dias, Continuem Tentando Fazer o Melhor”, Conferência Geral abril de 2015)

Esse me parece ser só um exemplo da doutrina expressa pelo Senhor:

“E Jesus (…) disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos;
Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.” (Lucas 5:31-32)

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi estabelecida sobre o fundamento de apóstolos e profetas, tendo Jesus como a principal pedra de esquina para, entre outros sagrados propósitos, aperfeiçoar os santos (Efésios 2:20, 4:12). Veja, portanto, que um santo não é alguém perfeito. E a Igreja não é para perfeitos, mas para imperfeitos – para que se aperfeiçoem. De fato, aqueles que receberem o testemunho de Jesus e creram em seu nome, forem batizados, receberem o Santo Espírito pela imposição das mãos, e que vencerem pela fé serão “selados pelo Santo Espírito da promessa” e entrarão na “igreja do Primogênito”. Essa Igreja não é a mesma Igreja que temos hoje. Mas é a Igreja dos que herdarem o Reino Celestial (D&C 76:51-54).

Membros no Paraguai - muitos são descendentes de tribos antigas

Hipocrisia X Tentativa de melhorar

A palavra hipócrita, conforme usada no Novo Testamento, pode ser traduzida do grego como “fingidor”; a palavra grega significa “ator” ou “alguém que finge, representa, ou exagera” (Mateus 6:2).

Certamente existem pessoas que estão na Igreja e não são ativas no evangelho. São lobos em pele de cordeiro. Ou, para usar outra figuradas escrituras: são o joio que cresce no meio do trigo. Mas não é nos dado, na maioria das vezes, saber, que é o Judas. Nossa responsabilidade, recebida por convênio é darmos às pessoas a oportunidade de mudarem  suas vidas, em seu próprio ritmo. Se não o fizermos estaremos simplesmente fingindo ser santos dos últimos dias.

O Élder Dieter F. Uchtdorf disse:

“Alguns podem dizer: “Conheço um membro de sua Igreja que é hipócritaEu jamais me filiaria a uma Igreja que tem alguém como ele como membro”.

Se você definir como hipócrita alguém que não consegue viver perfeitamente aquilo em que ele acredita, então todos somos hipócritas. Nenhum de nós é totalmente semelhante a Cristo como sabemos que deveríamos ser. Mas sinceramente desejamos vencer nossas falhas e a tendência de pecar. Com nosso coração e nossa alma ansiamos tornar-nos melhores com a ajuda da Expiação de Jesus Cristo.

Se é isso que você deseja, então independentemente de suas circunstâncias, de sua história pessoal ou da força de seu testemunho, há lugar para você nesta Igreja. Venha, junte-se a nós!” (“Venham, Juntem-se a nós”, Conferência Geral Outubro de 2013).

Se a iniquidade for detecta, os líderes da Igreja agirão rapidamente, convidado a pessoa a se arrepender. Se a ofensa for grave, haverá medidas disciplinares pesadas – chegando até a desassociação e excomunhão.

Mas o fato de sabermos que somos fracos, imperfeitos – deveria nos dar um perspectiva solidária e empática para com os outros – que tem desafios como nós. A ideia de que Cristo pode nos mudar, melhorar – deveria nos inspirar. O Presidente Thomas S. Monson ensinou: “Devemos desenvolver a capacidade de ver os homens não como eles são, mas como podem vir a se tornar.” Ele então contou sobre um carcereiro americano, das décadas de 1940 e 1950, chamado Clinton Duffy, que ficou conhecido por seu trabalho de reabilitação de homens em sua prisão.

“Um crítico disse: “Você devia saber que cães velhos não aprendem truques novos!”

Clinton Duffy respondeu: “Você devia saber que não trabalho com cães, trabalho com homens, e os homens mudam todo dia” (Ver os outros como eles podem vir a ser”, Conferência Geral outubro de 2012)

Vencer o espírito de crítica

Agora, devido a imperfeição que existe em todo membro da Igreja, alguns apontam o dedo e os culpam de hipocrisia. Colocam em cheque a divindade da Igreja e dizem que uma Igreja que se diz divina não poderia comportar pessoas fracas e pecadoras.  Isso não é verdade.

Primeiro, precisamos reconhecer a divindade da Obra de Deus, inclusive da Expiação do Senhor Jesus Cristo. Ao fazermos isso, recendo um testemunho do Espírito Santo, sentiremos menos inclinação para reclamar e ver defeitos e falhas. Teremos vontade de mudar nós mesmos, em vez dos outros ou da Igreja. Não esteremos entre aqueles que, como afirmou o Elder Nel A. Maxwell, “preferem tentar mudar a Igreja em vez de mudar a si mesmos” (“If Thou ;endurence It Well, 1996, pg. 101)

O Élder Jeffrey R. Holland disse algo que devemos considerar sobre este tema:

“Irmãos e irmãs, esta é uma obra divina em andamento com manifestações e bênçãos abundantes em todas as direções, portanto não se aflijam se de tempos em tempos surgirem questões que precisem ser analisadas, compreendidas e resolvidas. Isso será feito. Nesta Igreja, o que conhecemos sempre supera o que não conhecemos. E lembrem-se, neste mundo, todos temos que andar pela fé.

Por isso, sejam pacientes com as fraquezas humanas — as suas próprias, bem como as daqueles que servem com vocês em uma Igreja que é liderada por homens e mulheres voluntários e mortais. Com exceção de Seu perfeito Filho Unigênito, as pessoas imperfeitas sempre foram tudo o que Deus teve para usar em Sua obra. Isso deve ser terrivelmente frustrante para Ele, mas Ele sabe lidar com isso. E devemos fazer o mesmo. Quando vocês virem imperfeições, lembrem-se de que a limitação não está na divindade da obra.”

Além dessa perspectiva misericordiosa podemos vencer o espírito de crítica podemos simplesmente ser gratos. O Élder Dieter F. Uchtdorf disse:

“Podemos decidir ser gratos, não importa o que aconteça.

Esse tipo de gratidão transcende tudo o que esteja acontecendo a nosso redor. Sobrepuja o desânimo, a frustração e o desespero. Floresce lindamente tanto na gelada paisagem de inverno quanto no agradável calor do verão.

(…) Ser gratos em momentos de aflição não significa que estejamos contentes com nossa situação. Significa, sim, que pelos olhos da fé olhamos para além de nossas dificuldades atuais.

Essa não é uma gratidão dos lábios, mas da alma. É uma gratidão que cura o coração e expande a mente.”

Pare de dizer aos outros que não devem julgar

Todos sabemos do mandamento “não julgar”. Sempre é bom lembrar o quão importante ele é. Entretanto, quando um enfoque demasiado é dado em um aspecto do evangelho, podemos correr o risco de nos tornarmos fanáticos ou céticos. Esses extremos são perigosos. Não devemos julgar, inclusive se outros estão julgando ou não!

É por essa razão que encontramos o mandamento: “Cessai de achar faltas uns nos outros” (D&C 88:3). Por que você acha que o Senhor nos ordenou não procurar, nem pensar nas faltas dos outros? Talvez por ser mais fácil para nós amarmos e ajudarmos as pessoas quando olhamos para seus pontos fortes e não para suas fraquezas e erros. Raramente sabemos tudo sobre os outros, portanto não estamos em posição de julgar comportamentos; quando começamos a achar falta, não somos capazes de ver a bondade nas pessoas. Devemos vencer o nosso próprio homem homem natural antes de procurar vencer o homem natural dos outros.

Agora, existe um tipo de julgamento que podemos e devemos fazer. Não se trata de condenar ou criticar – mas de escolher. Quando escolhemos amizades e hábitos, por exemplo, julgamos o que é melhor para nós. Esse tipo de julgamento ainda assim precisa levar em consideração a perspectiva divina.

Por fim, existem líderes na Igreja que são chamados a julgar. O bispo e o Presidente de Estaca podem julgar nossa condição espiritual. Eles tem chaves para isso. São juízes em Israel. Não devemos nos ofender caso eles nos convidem a melhorar e mudar nossas vidas. Os líderes do Sacerdócio e da Sociedade de Socorro, os missionários e irmãos e irmãs ministradores, bem como bons amigos, pais e outros familiares podem nos ajudar muito no processo de aperfeiçoamento. É bom ouvi-los e seguir bons conselhos.

Em nossas interações sejamos mais misericordiosos e bondosos.

Conclusão

Todos estamos no mesmo teste mortal, e precisamos lidar com dúvidas, desafios emocionais, físicos, espirituais. Temos o precioso dom da Expiação, que nos fortalece, resgata e salva. Temos o Espírito Santo. Temos a Igreja de Deus. Então podemos lidar com as imperfeições – nossas e de outros, mesmo que sejam líderes.

A Igreja irá avante. Nós podemos ir junto. Se escolhermos ser gratos, humildes e misericordiosos, venceremos o destrutivo espírito de crítica e rebeldia – e acharemos paz e felicidade, apesar de nossas fraquezas.

| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
Se Deus está comigo, por que ele permite o sofrimento?
abençoado
Este dia difícil será lembrado com gratidão no futuro

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