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Não concorda com o profeta? Leia isto

Nota: Esta é uma tradução do artigo “What’s the point of a profet who already agrees with you?” escrito por Meagan Kohler. As opiniões expressas são da própria autora.

Uma nova carta da Primeira Presidência abriu muitas conversas sobre as razões e universalidade de seguir um conselho profético.

Porém, um conselho profético é significativo porque pode ser uma comunicação de maneira nova e inesperada.

Recentemente, a Igreja emitiu outra mensagem da Primeira Presidência exortando os membros a usar máscaras ou distanciar-se socialmente e serem vacinados em resposta à pandemia da Covid-19.

Isto vem em sequência de uma mensagem semelhante em janeiro deste ano, logo após a vacina ter sido disponibilizada em grande parte do mundo.

Sempre que a Igreja fala sobre questões culturais e politicamente divisionistas, há um drama familiar on-line.

Os de um lado da questão alegram-se por ver os seus pontos de vista justificados, utilizando o conselho profético como um instrumento contundente para atacar os seus opositores ideológicos.

Os do outro lado, sentindo instintivamente a insinceridade daqueles que triunfam por terem escolhido “o lado vencedor”, refugiam-se do conselho da Igreja.

Embora seja verdade que “os ímpios tomam a verdade como difícil”, até os justos serão distraídos da verdade quando seus irmãos e irmãs em Cristo se favorecerem em vitória às suas custas nas redes sociais.

A Primeira Presidência é, de fato, inspirada?

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Isto não é exclusivo ao conselho sobre vacinas. Uma dinâmica semelhante tem se desenvolvido nos últimos anos sobre as declarações da Igreja sobre os direitos LGBTQ, casamento gay, aborto e imigração.

Qualquer que seja a questão em pauta, a rivalidade política inevitavelmente leva alguns membros da Igreja a interpretar a Doutrina e o conselho de uma forma que só apoia um ou o outro lado dessas questões.

Certamente, a doutrina da Igreja e o conselho profético são destinados a nos ajudar a navegar pelas questões contemporâneas, mas também podem conter princípios que os transcendem — princípios que perdemos em nosso foco de contarmos vantagem.

Tal enfoque, negligencia a possibilidade real de que as perguntas do dia-a-dia possam realmente desempenhar um papel limitado no conselho que está sendo dado.

Perder de vista os elevados propósitos do Senhor em meio à “politicagem” teologicamente informada é ignorar a possibilidade de que a Igreja possa não estar tomando o lado de ninguém.

E que o Senhor possa ter outros objetivos em mente que ninguém de ambos os lados do debate ainda contemplou.

Por exemplo, alguns sugerem que, uma vez que a vacinação não é uma questão de significado eterno, o conselho da Igreja para imunizar e mitigar a propagação da COVID-19 é pragmático, mas não doutrinário.

Assim, uma vez que o conselho sobre vacina não se relaciona aos ensinamentos fundamentais da Igreja, sobre a qual a dignidade para entrar no templo é determinada, a política da Igreja é mais provável que apenas uma necessidade prática, à luz das maiores pressões culturais para dar suporte a principal questão da pandemia.

É claro que a vacinação não é uma questão de dignidade do templo, como o dízimo ou a lei da castidade.

Mesmo ao argumentar a resistência em obedecer ao conselho profético, devemos ter o cuidado de não insinuar que ter dúvidas sobre a segurança das vacinas é um pecado.

No entanto, os debates sobre se a abstenção da vacinação, obscurecem questões que podem ser mais significativas: o que se pode ganhar espiritualmente ao levar a sério a ideia de que a mensagem da Primeira Presidência é, de fato, inspirada? E se não, o que perdemos?

O Senhor não está à mercê de instituições terrenas

Para começar, considere as implicações da ideia de que a Igreja emite políticas meramente para acomodar poderes.

Embora possa mitigar a confusão gerada pelo conselho que um considera problemático, ela o faz a um preço: agora devemos contemplar um Deus que não pode gerir seus assuntos sem ocasionalmente se curvar aos ditames da sociedade.

Enquanto as políticas da Igreja responderão, sem dúvida, a dificuldades culturais e políticas significativas, não precisamos supor que essas políticas sejam meramente reações à forças maiores, nem que o Senhor esteja à mercê de instituições terrenas e de seus debates momentâneos.

É mais provável que seja o contrário. E se as forças sociais e culturais estão, ao invés disso, proporcionando oportunidades para o Senhor revelar mais verdades e promover Seu trabalho?

A nossa santificação pessoal

Considere a revelação dada na seção 76 de Doutrina e Convênios. Quando eu estava pesquisando a Igreja, achei a doutrina dos três graus de glória bastante chocante.

Minhas inclinações teológicas eram principalmente protestantes, e a ideia de três reinos de salvação parecia uma tentativa infantil e desnecessariamente complicada para melhorar a justiça de Deus.

Fiquei aliviada ao saber que alguns dos primeiros santos, inclinados a serem contra o universalismo, foram igualmente apanhados de surpresa.

Como às vezes acontece quando novas verdades ou conselhos são dados, alguns desses primeiros santos perderam sua fé.

Talvez eles tenham visto esta revelação simplesmente como a tentativa da Igreja de tomar partido em um debate terreno (salvação universal vs. limitada).

Claro que não foi nada disso. Era algo novo e original, e, embora tivesse ecos de outros conceitos de salvação, os três graus de glória, é uma doutrina que só pode ser verdadeiramente compreendida em seu próprio direito — não apenas através da lente da nossa experiência prévia e questionamentos.

Em outras palavras, é revelado um conhecimento não discursivo. Do nosso ponto de vista moderno, é claro que o Senhor não estava interessado em estabelecer um debate, mas em avançar em seus próprios propósitos.

Um desses propósitos pode ser a nossa santificação individual.

Ensinada pelo Espírito de Deus

Lembro-me de estar sentada sozinha no meu computador quando li pela primeira vez a controversa política da Igreja de não batizar os filhos de casais homossexuais.

O meu coração doeu, esmagado por um sentimento instintivo de injustiça.

Eu sabia que o mundo iria olhar para aquilo com horror e não pude deixar de pensar se talvez, desta vez, eles estavam certos.

No entanto, também me lembro de uma voz mansa e delicada se formar em minha mente: “Espere. Confie em mim”.

Pensei em todas as vezes na minha vida em que senti, de fato, o amor e a misericórdia de Deus.

Embora esses sentimentos parecessem remotos, eu sabia que se rejeitasse o convite do Espírito, não seria porque eu não sabia, por mim mesma, da segurança de Deus.

Tomei a decisão consciente de pôr de lado a indignação que pairou dentro de mim e, naquele momento, o inconfundível calor e paz do Espírito Santo extinguiram toda a minha raiva e confusão.

De repente, pude ver muito claramente porque a nova política era, de fato, uma manifestação da misericórdia de Deus — uma inversão total do que senti. E assim, pela fé, apeguei-me a todas as coisas boas (Morôni 7:25).

Certamente, eu teria perdido a experiência sagrada de ser pessoalmente ensinada pelo Espírito Santo se tivesse permitido que minhas objeções iniciais afastassem Seus sussurros.

A necessidade da obediência

Mas também não posso deixar de me perguntar o que teria acontecido se a mudança na política não tivesse desafiado ou interferido em minhas convicções anteriores.

Se eu não precisasse da influência do Espírito para me guiar, não acho que eu teria olhado além dos aspectos culturais e políticos dessa mudança de política.

Pior ainda, poderia ter suposto que se destinava a confirmar as minhas expectativas culturais e políticas — uma esperança que teria sido frustrada pela subsequente inversão.

Claro, alinhar-se as revelações que confirmam nossas prioridades ainda é obediência, e é muito necessária.

Mas uma obediência comprada ao preço de nossas antigas convicções e instintos faz muito mais do que simplesmente alinhar nossos pontos de vista com as coisas como elas realmente são.

Ela forma o nosso caráter eterno, purifica os nossos desejos, e nos coloca em contato com a natureza transformadora de Cristo.

Afrouxa a nossa lealdade aos deuses deste mundo—tais como lealdades tribais, narrativas culturais, valores sociais e preconceitos pessoais, forçando-nos a arriscar conscientemente tudo isso na esperança de que Cristo estará à nossa espera.

Em outras palavras, o desconforto é parte do processo.

Confiar nas palavras dos servos de Deus

Mesmo que você não estivesse pessoalmente em conflito sobre a vacinação contra Covid, ainda pode haver empatia às preocupações sobre a sua segurança nascida da censura generalizada, arrogância científica, campanhas de pressão da mídia, mensagens inconsistentes, e conselhos conflitantes de especialistas.

As questões de confiança são claramente justificadas, e restaurar a credibilidade em nossas instituições será, sem dúvida, um processo meticuloso que envolverá vozes e pontos de vista que contradizem as narrativas tradicionais.

O progresso em qualquer empreendimento só é possível quando somos claros sobre nossas fraquezas, e qualquer instituição humana que assuma um ar de infalibilidade científica ou moral é, de fato, suspeita.

E ainda, quando há razões legítimas para questionar, confiar nos apelos de Deus, comunicados por meio de Seus servos ordenados, torna-se muito mais significativo.

O Senhor raramente ordena. Pela minha experiência, Ele chama, convida e recentemente, pede a nossa confiança e obediência com muito mais frequência.

Como ele pode cultivar a virtude em um coração que só O seguirá quando confrontado com a borda de uma espada espiritual?

“Na economia do céu, o Senhor nunca usa um holofote quando uma lanterna é suficiente” talvez porque Ele quer mais do que obediência forçada.

Não são apenas as nossas ações, mas as nossas motivações e os nossos desejos que O preocupam.

Ele está procurando criar um povo que ame o que Ele ama e busque voluntariamente as bênçãos de viver uma lei superior, mesmo na ausência de razões autoritárias para fazê-lo.

Fonte: Public Square Magazine

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