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Por que parece que os mórmons só têm líderes brancos e americanos

sobre o Brasil

Escrito por David Snell no site MormonHub

Eu reconheço que provavelmente estou dando a cara a tapas ao escrever sobre um tópico tão controverso (especialmente sendo um americano branco) mas eu acredito profundamente que os princípios em volta deste assunto são importantes a se discutir, então lá vai.

A nova Primeira Presidência de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias enfrentou algumas perguntas difíceis durante coletiva de imprensa no dia 16. Uma pergunta em particular se destacou para mim e eu gostaria de falar sobre ela diretamente. A pergunta da repórter religiosa do jornal The Salt Lake Tribune foi:

“Sob a liderança do Presidente Monson nós vimos algum progresso na direção de igualdade de gênero como a diminuição da idade missionária, especialmente para as missionárias, e a inclusão de mulheres em alguns comitês executivos. Mas a liderança da Igreja é ainda branca, masculina e americana. O que você fará em sua presidência para trazer mulheres, pessoas de cor e membros internacionais para a tomada de decisões na Igreja?”

Me desculpe, mas eu não vou falar sobre a questão de igualdade de gênero neste artigo. Esta é um assunto para outro dia, mas eu gostaria de abordar a questão da raça e nacionalidade. Francamente, para mim é mais uma questão de revelação do que raça, mas vamos chegar lá.

homens brancos e americanos

Por que há tantos americanos brancos como autoridades gerais?

Esta é uma reclamação ou comentário que eu já vi mais de uma vez. As publicações do Twitter ficaram cheias desses comentários quando três novos apóstolos (brancos) foram chamados.

“Ações falam mais alto do que palavras quando todos os apóstolos e profetas são brancos.”

“Todas as Autoridades Gerais
Todos nasceram em Utah
Todos são brancos
Todos nasceram nos anos 50
Chamados por meio de inspiração ou algoritmo? Difícil de lembrar.”

“Eu espero que o mormonismo não escolha três caras brancos de Utah como apóstolos. Dedos cruzados pela diversidade.”

O jornal The Salt Lake Tribune está levantando suas sobrancelhas agora e imagino que vai levantar novamente se o falecido Élder Hales for substituído por um homem branco.

Presidente Nelson respondeu ao jornal dizendo (em parte) que “os Doze e os Setenta não são uma assembleia representante de nenhum tipo,” mas que “viveremos para ver o dia no qual teremos mais sabores na mistura”

Presidente Oaks complementou dizendo:

“A coisa mais importante sobre nós é que somos todos filhos de Deus. Se mantermos isso em nossas mentes, vamos estar mais capacitados para nos relacionar uns com outros e evitar qualquer tipo de sistema de cota. Deus não derrama bênçãos nem demonstra Sua bondade e amor usando um sistema de cotas. E acredito que também não devemos usar”

O problema nas entrelinhas da pergunta

Quando o mundo questiona a raça ou nacionalidade dos líderes da Igreja há sempre uma acusação nas entrelinhas assumindo que o Deus dos mórmons é racista, ou que nossos líderes estão simplesmente mentindo sobre estas revelações de Deus.

Francamente, eu consigo entender essa perspectiva. Se você não é familiar com nossas doutrinas, práticas e crenças, seria muito fácil se prender ao politicamente correto em relação a nossa liderança.

Nós afirmamos que nossos líderes fazem designações por meio de revelação divina, mas qual tipo de revelação divina? Eu temo que muitas pessoas (até mesmo membros) pensam que Presidente Nelson acorda de manhã com um nome, local, e uma curta biografia de uma completo estranho que ele deve chamar para o Quórum. Eu não digo que este tipo de revelação não seja possível, mas eu tenho confiança de que elas são bem raras.

“Eis que não compreendeste; supuseste que eu o concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me.

Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto, sentirás que está certo.”

Doutrina e Convênios 9:7-8

Reclamações sobre a diversidade dos líderes representa uma falta de compreensão do que é revelação

Eu vou voltar um pouco no tempo, mas isso vai fazer sentindo daqui a pouco.

Quando eu comecei a faculdade, como muitos alunos, eu não fazia ideia do que eu queria estudar. Ao ponderar muito sobre isso meu pai sempre falava “só tenha a certeza que o Senhor aprova sua decisão.”

O mesmo conselho veio quando eu enfrentei a decisão do casamento: Estude isto bem em seu coração e mente, tome uma decisão, e leve a decisão até o Pai Celestial por confirmação.

Eu acho que muitos bispos vão concordar que quando eles dão um chamado para alguém da ala eles conversam antes com seus conselheiros, falam sobre alguns nomes em espírito de oração, e então, quando eles se sentem em paz com a decisão, eles dão o chamado ao membro.

Eu acredito que o Pai Celestial aprova esse processo. Ele permite que Seus filhos usem o dom celestial do arbítrio. Ele nos encoraja a agir e não simplesmente receber a ação. Eu acredito que o profeta e o Quórum dos Doze Apóstolos usam o mesmo processo para chamar pessoas para vagas em seus quóruns ou presidências.

Certamente o Espírito o guia durante o processo, da mesma forma que o Espírito guiou Néfi através das ruas escuras de Jerusalém em sua tarefa de buscar as placas de latão. Mesmo se qualificando como revelação divina, eu aprecio a definição do Élder Richard G. Scott de inspiração divina, sendo um termo ainda mais apropriado.

O que os líderes disseram sobre o processo de seleção

Não sabemos cada detalhe sobre o processo, mas o que sabemos confirma os passos de revelação que mencionamos.

Élder Christofferson disse em 2015:

“A prática do Presidente Monson é pedir a cada um de seus conselheiros e membros do Quórum dos Doze que deem nomes que eles recomendam para ele considerar, não para discutir entre eles, mas individualmente trazer a ele qualquer nome que eles sentiram que ele deveria considerar.

O processo que ele segue, eu não sei exatamente. Isto é algo particular dele. Então, depois de chegar à conclusão e receber a inspiração necessária, ele nos traz o nome ou os nomes para o conselho que temos entre a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze para que possamos apoia-lo. Então isso segue em frente para a conferência geral.”

Em 1994, Presidente Gordon B. Hinckley também compartilhou algo valioso:

“Para o preenchimento dessa vaga, todos os membros da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze puderam fazer sugestões. Estou certo de que houve sinceras e solenes orações. A escolha foi feita pela Primeira Presidência, novamente após oração solene. A escolha foi apoiada pelo Conselho dos Doze. E hoje, os membros da Igreja, reunidos em conferência, apoiaram essa escolha.

Meus irmãos, presto-vos testemunho de que o sentimento de que o irmão Hales deveria ser chamado para este alto e sagrado ofício veio do Espírito Santo, por meio do espírito de profecia e revelação. O irmão Hales não sugeriu seu próprio nome. Seu nome foi sugerido pelo espírito de revelação.”

O que isso quer dizer?

Este processo de revelação significa que para um chamado para o Quórum dos Doze, nossos líderes vão provavelmente sugerir nomes de pessoas nas quais eles confiam e que estejam à altura da tarefa. Aliás, eles vão estar trabalhando junto durante toda a vida. Então não é uma surpresa que todos sejam dos Estados Unidos e brancos.

O escritório da Igreja é nos Estados Unidos. As raízes do mormonismo são profundas aqui. A maioria dos líderes cresceram aqui. Faz total sentido para mim que os nomes que eles consideram para as vagas no Quórum sejam daqui. De acordo com o Centro de Pesquisas Pew, nos Estados Unidos, quase 90 dos mórmons são brancos.

Se os escritórios da Igreja de repente fossem transferidos para Gana, África, eu acredito que nós veríamos mais africanos em posição de liderança conforme os líderes atuais convivessem com eles.

Outro resultado desse tipo de revelação é que talvez não haja somente uma resposta certa para a pergunta: “Quem devemos chamar?” Eu estudei jornalismo na universidade, mas eu queria ter estudado biologia, ou filosofia. Eu confio que eu teria recebido a aprovação de Deus para essas escolhas. Bem, talvez não em filosofia.

Se nossos líderes chamassem Élder Donald Hallstrom, outro americano branco, para ocupar a vaga no Quórum dos Doze, isso significaria que mais ninguém no planeta poderia ter sido escolhido? Não acredito nisso. O chamado de um homem nunca deveria ser interpretado como uma declaração de desmerecimento de qualquer outra pessoa, branca ou não.

Se Élder Hallstrom fosse chamado por Deus para portar as chaves sagradas e oferecer seus talentos para o Senhor, eu tenho certeza que Élder Soares poderia fazer um trabalho exemplar da mesma forma. Há frequentemente mais que uma resposta certa.

Arte por Jerry Thompson

Uma Igreja global

Sim, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é uma Igreja global. E sim, seria muito legal ter líderes de partes diferentes do mundo. Isto traria uma perspectiva cultural diferente e permitiria que membros internacionais se identificassem com a liderança de uma forma única, o que seria ótimo.

Eu acredito que as seleções recentes têm tudo a ver com revelação e nada a ver com racismo. A ideia de pressioná-los a fazer escolhas mais diversas apenas para ser politicamente correto não parece nada bom para mim. A ideia de pressioná-los a fazer qualquer coisa não parece nada bom para mim.

Então, não, eu não vou publicar no Twitter minha desaprovação por suas decisões. Eu não vou deixar de ouvir seus conselhos porque eles são brancos e são idosos. Meu testemunho se seu chamado divino continua inabalável.

Fonte: MormonHub

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