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Irmão gay de apóstolo Santo dos Últimos Dias compartilha sua jornada espiritual

Tom Christofferson estava certo de que as notícias recentes sobre a Igreja de Jesus Cristo eram apenas “rumores”

Era 15 de Novembro de 2015 e o telefone de Tom Christofferson estava tocando constantemente com novas mensagens sobre a nova diretriz de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A nova diretriz dizia que crianças tendo como pais um casal LGBT+ não poderiam receber as ordenanças do sacerdócio, e também considerava o casamento homossexual como razão para apostasia.

Tom, que se descreve como um “Santo dos últimos dias gay feliz” mandou uma mensagem de texto para seu irmão, Élder D. Todd Christofferson do Quórum dos Doze Apóstolos. O Apóstolo confirmou as notícias. Tom Christofferson se sentiu atordoado.

Em uma ligação mais tarde naquela noite, Élder Christofferson disse ao seu irmão que tinha gravado uma entrevista com o gerente diretor de assuntos públicos da Igreja, e complementou “Se você sentir que você deve se distanciar de mim, eu vou entender. ”

Tom respondeu: “Você nunca se distanciou de mim, e tenho certeza que não foi sempre confortável para você. Claro que nunca vou me afastar de você. ”

A conversa amorosa entre irmãos é um dos muitos relatos pessoais compartilhados por Tom Christofferson em seu livro: “Para que sejamos um: Uma perspectiva de um mórmon gay sobre Fé e Família” . O livro conta suas experiências de vida e sua jornada espiritual ao se afastar e depois voltar para a fé Santo dos Últimos Dias.

O que significa ser gay para Tom Christofferson

“Para mim, ser gay é uma das maiores bênçãos em minha vida porque eu cheguei em um ponto em que eu senti que realmente precisava saber que Cristo vive, que sua Expiação e Ressureição são realidades que tem um impacto em minha vida.”  disse Tom ao Deseret News “Outras pessoas chegam a esse conhecimento por cada um por sua própria maneira, mas isto fez com que eu buscasse conhecimento. Eu sou muito grato por esse caminho”

A história de Tom Christofferson será compartilhada no canal de TV KSL em uma programação especial durante o intervalo da Conferência Geral. O programa contará com uma entrevista com Tom e seus irmãos. Líderes de ala e estaca que o ajudaram a voltar para a fé Santo dos Últimos Dias depois de duas décadas também participarão.

Motivados pelo desejo de destacar os exemplos de amor e aceitação de sua família e os braços abertos de uma ala em New Canaan, Connectivut, Tom sentiu que compartilhar sua história era uma forma de compartilhar as histórias deles. É uma história que demonstra a forma de se tornar “Irmãos em Sião”, disse ele.

“Unidos nós trazemos uma maior habilidade de entender, ter compaixão e empatia, e é isto que realmente constrói uma comunidade. Nós podemos nos unir e trazer estas experiências, entendimento, atributos, personalidades, talentos, e tudo que temos. Desta diversidade surge uma comunidade próspera.”

Jeff Benedict, autor e amigo de Tom, disse que acredita que o livro terá um grande papel ao criar a comunidade que Christofferson deseja, por causa do amor Cristão oferecido a ele pelas pessoas.

A compreensão da comunidade Santo dos Últimos Dias

“Tom Christofferson e sua jornada pessoal trouxe entendimento e inspiração a muitos da comunidade da Igreja de Jesus Cristo.” Disse Benedict “O mais importante, é que sua história tem tido a capacidade de curar e dar esperança para nossos irmãos e irmãs homossexuais, os quais passaram muito tempo nas sombras solitárias das margens de nossa fé.”

Tom diz que começou a se sentir diferente por volta dos 5 anos de idade. Por ter sido criado em uma família Santo dos Últimos Dias, ele serviu uma missão de tempo integral e se casou com uma mulher no templo de Los Angeles, Califórnia. Apesar das diversas horas de oração, dias de jejum e anos de serviço, ele ainda era gay, de acordo com a introdução de seu livro.

Se afastando da Igreja

Não saber como conciliar o fato de ser homossexual e ser membro da Igreja, o seu casamento foi anulado e Tom pediu para ser excomungado da Igreja. Ele começou um relacionamento com um parceiro e se sentiu feliz, disse ele.

“Eu era um não-santo-dos-últimos-dias muito feliz e agora eu sou um santo dos últimos dias feliz novamente,” disse Tom. “Eu acho que nós estaríamos simplificando demais se simplesmente acharmos que não há felicidade fora da estrutura que nós conhecemos. Há amizades, alegrias da vida, e ainda um desejo de ser uma pessoa boa e íntegra, para fazer do mundo um lugar melhor. A felicidade vem de todas essas coisas.”

A maior parte da história de Tom foi a aceitação de sua família. Ele disse que seus pais oraram e jejuaram por inspiração e a receberam.

“Nós não entendemos como isso vai afetar sua eternidade” Tom relembra das palavras de seus pais na época, “Então, nós vamos ter a certeza de aproveitar cada momento que temos com Tom nesta vida.”

Eles fizeram um conselho familiar e encorajaram todos a amar Tom e seu parceiro. A resposta de seus pais fez tudo dar certo, e no fim, o guiou de volta para a Igreja.

“O maior conselho que posso dar para outras famílias é que elas devem buscar inspiração para o que é o certo para seus filhos e suas famílias” disse Tom.

Ficar longe da Igreja não foi uma época de escuridão para Tom, mas ele sentia falta do significado elevado que o evangelho trazia para sua vida.

Voltando para a Igreja de Jesus Cristo

“Uma das coisas que eu buscava quando eu voltei para a Igreja foi novamente aquele sentimento de ter um propósito elevado, ou um maior significado maior de vida do que além de diversão. Aqui é onde eu posso encontra isso. Mas também há pessoas que encontram um propósito maior ou grande significado em outros lugares. ”

Há aproximadamente 10 anos, ele se encontrou do lado de fora da sala do bispo Bruce Larson em New Canaan, Connecticut. Ele se apresentou, explicou que era gay e que estava em um relacionamento, e ele se perguntava se ele era bem-vindo na Igreja.

Tom menciona a resposta do bispo: “Nós amaríamos que você viesse e trouxesse seu parceiro. Gostaríamos de conhecer vocês dois. A missão de nossa ala é nos tornarmos discípulos de Jesus Cristo mais eficazes. Vocês podem nos ajudar. Todos nós trazemos algo e trabalhamos para cumprir esta missão” comenta Tom. “Eu acho que o que se destaca é que eu poderia ser honesto sobre minha vida e ainda ser bem-vindo para me unir ao Santos em adoração. Nós falamos sobre as qualificações para entrar no templo, e talvez nos esquecemos que as qualificações para entrar em uma capela são o simples desejo de conhecer a Cristo e a coragem para aparecer lá.”

A primeira reunião foi uma que Bispo Larson nunca vai esquecer, ele disse em um e-mail enviado de Hong Kong.

“Eu lembro que ele estava nervoso, e quem não estaria? Ele estava lá para perguntar a um bispo que ele nunca conheceu a pergunta mais humilde e assustadora, ‘Eu sou bem-vindo na Igreja? ’ Mas ele foi tão sincero e profundo em suas razões por estar lá que acabou sendo uma conversa maravilhosa. ”

A recepção

Tom e seu parceiro foram recebidos em uma ala onde membros trabalhavam em grandes empresas, viajavam internacionalmente e tinham um programa missionário forte, disse ele:

“Eles estavam adaptados a pensar sobre a experiência de outras pessoas. Eles estavam conscientes de quem estava entrando pela porta e tentavam fazer as pessoas se sentirem bem-vindas. ”

Foi nessa época que Tom também conheceu o antigo presidente do New York Knicks, Dave Checketts e sua esposa Debi. Dave estava servindo como o presidente de estaca da estaca Yorktown New York. Quando Tom aumentou sua frequência na Igreja, Dave o convidou para sua casa periodicamente nas manhãs de sábado para estudar as escrituras e discutir tópicos do evangelho. A busca genuína de Tom para entender a doutrina tocou o coração do presidente Chrcketts e o inspirou como líder da Igreja a incorporar algumas ideias que eles tiveram em sua visão para a estaca.

Por fim, o desejo de Tom de retornar à Igreja resultou no rompimento do relacionamento com seu parceiro, uma separação que foi pesarosa não somente para Tom mas também para sua família que tinha desenvolvido um amor por ele.

Buscar suas próprias respostas

O irmão de Tom Christofferson, Élder D. Todd Christofferson, também teve uma participação na volta de seu irmão para a Igreja. Mas Tom disse que seu irmão, Élder Christofferson, não costuma oferecer conselhos sem antes a pessoa fazer sua parte.

“Você tem que pedir e implorar. Eu acredito que sua sensibilidade vem de querer apoiar o indivíduo a achar suas próprias respostas e seguir onde se sente inspirado a ir” disse Tom, “Eu disse a ele que eu estava voltando para a Igreja. Mas quando eu voltei para a Igreja eu não imaginava que havia uma circunstância em que eu poderia me tornar membro novamente. Eu realmente queria estar em um lugar onde eu sentisse o Espírito de forma mais forte, ser parte de uma comunidade focada no discipulado e servir. Eu achei que qualquer coisa além disso, ficaria para depois dessa vida. ”

Os irmãos tiveram muitas conversas que ajudaram Tom, mas ele também tem se beneficiado dos discursos de seu irmão, assim como qualquer outro membro da Igreja o tem feito. Ele estava no Marriott Center quando seu irmão, Élder Christofferson expressou “ideias poderosas” em seu discurso “O Pão Nosso de Cada Dia Nos Dá Hoje”, um discurso que Tom menciona como um dos discursos mais impactantes que ele já ouviu.

“No livro eu falo sobre o pão nosso de cada dia, e a noção de andar na fé no dia de hoje,” disse Christofferson. “E se torna óbvio que um caminho é formado.”

Ser um membro novamente

O dia de Tom retornar para a Igreja oficialmente chegou. Dave conduziu uma reunião batismal simples na capela em Salt Lake City. O Bispo Larson batizou Tom, que foi confirmado por seu irmão, Élder Christofferson. Cada irmão da família Christofferson falou brevemente na ocasião. Dave disse que foi uma ocasião maravilhosa e cheia do Espírito.

“Tom Christofferson é a melhor parte da história. Ele abençoou muito nossas vidas com seu exemplo. Eu não consigo expressar o quanto significou para nossa estaca inteira ter ele conosco durante sua jornada e participar dela. Tem sido uma de nossas mais preciosas bênçãos,” disse Dave. “Ler o seu livro nos dá acesso ao seu coração. Eu acredito que seja uma obra prima.”

O livro de Tom Christofferson tem o potencial de ajudar centenas de membros LGBTQ+, suas famílias, líderes da Igreja e membros, disse Larson.

“É sobre a forma de aceitar e amar qualquer pessoa que tem uma jornada de vida diferente da nossa,” disse Larson, que foi desobrigado como bispo aproximadamente cinco anos atrás. “Com isso em mente, o livro deve ser lido por cada membro da Igreja. ”

Dave concordou que o livro deverá ter um impacto ainda maior na cultura dos Santos dos Últimos Dias. Ele disse:

“É uma história incrível, de primeira. Tem toda a porção de esperança que você poderia esperar. Família incrível, grandes exemplos de amor cristão em ação e diversas pessoas que tiveram um papel importante na sua vida enquanto ele se esforçava para encontrar um lugar onde ele se sentiria bem sobre como lidar com esta questão. ”

Passos de fé

John Gustav-Wrathall, o diretor executivo da “Affirmation”, um grupo que busca promover apoio para Santo dos Últimos Dias praticantes e não-praticantes que são LGBT+, tem sido um amigo de Tom por muitos anos. Eles estavam em situações similares quando eles se conheceram, ambos eram excomungados e ambos estavam em relacionamentos homossexuais enquanto buscavam um testemunho e serviço em suas respectivas congregações. Eles continuam amigos até hoje.

A história de Tom molda uma abordagem cristã incondicional, amorosa, sem julgamento e cheia de aceitação, disse John.

“Cada ser humano está em um lugar diferente e tem necessidades diferentes. Então, o que uma pessoa pode aprender com a história de Tom e sua experiência pode ser bem diferente do que outra pessoa pode aprender” disse John. “O que eu admiro sobre a jornada de Tom e certamente o que eu consigo me identificar é o sentido de confiança que Tom tem ao seguir em frente em sua vida. Ele não tinha todas as respostas necessariamente, mas ele estava disposto a dar qualquer passo que parecia ser mais apropriado e apenas confiar que ele estava fazendo o que era certo.”

Tom disse que ele não compreendia completamente o propósito do Senhor e como as coisas aconteceram dessa forma, mas ele encontra certeza em sua capacidade de estar disposto a seguir em frente com a fé de que um dia ele vai ter um maior entendimento.

“Não é somente uma coisa LGBTQ+, é para todo mundo. Todos nós temos problemas em nossas vidas que nós não conseguimos alinhar com nosso entendimento do Salvador e Seu Evangelho,” ele disse, “Então, para todos nós, há sempre um momento que temos que dizer ‘Eu estou ponderando, eu estou orando e eu estou disposto a continuar seguindo em frente com a fé de que uma compreensão maior virá em algum ponto. ’”

Encontrar as respostas voltando-se para Jesus Cristo

Tom espera que sua história possa ser útil para leitores, mas também encoraja fortemente a todos a buscar suas próprias respostas para as dificuldades da vida se voltando para Jesus Cristo.

“Culturalmente nós gostamos de apontar para as pessoas e dizendo ‘Nós deveríamos ser como ele’, o que eu acho que não é eficaz nem para a pessoa designada para ser o exemplo, nem para a pessoa tentando seguir o seu próprio caminho,” disse Tom. “Se há uma lição para tirar de minha experiência, eu espero que seja a determinação para seguir onde eles sentem que estão sendo guiados. Siga ao Salvador. ”

O livro “That We May Be One” esta disponível na Deseret Book e outras livrarias da Igreja nos EUA. Deseret Book é uma companhia ligada ao Deseret News. Ambos são propriedades de A Igreja de Jesus Cristo.

Fonte: Deseret News

Esse artigo já foi publicado pelo Mais Fé em 15 de set. de 2017, e foi publicado novamente com as atualizações do nome da Igreja hoje.

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