Adão foi o primeiro homem? E quanto ao Homem de Neandertal?
A questão que nos propomos a enfrentar é: Adão foi o primeiro homem? Se sim, como adequar os achados arqueológicos de espécies humanoides muito semelhantes ao homem moderno – como o Homem de Neandertal – com o evangelho? Se não, como sustentar as crenças mais básicas da doutrina – como a Criação, a Queda do homem e a Expiação de Cristo?
Nosso texto será curto e não abordará todas as possibilidades, até porque pouco foi revelado a respeito. Deve-se dizer também que este é um texto que procura conciliar o conhecimento cientifico atual com as verdades do Evangelho que nos chegaram pelos céus. Mas não é um texto cientifico! Nem procura consolidar a visão oficial da Igreja.
Com novas descobertas cientificas e novas revelações, uma perspectiva ainda mais concreta formar-se-á. Deve-se lembrar que esses assuntos – que incluem o Homem de Neandertal – serão totalmente revelados numa época futura (D&C 101:32-34).
Adão – o primeiro homem
As escrituras ensinam que Adão foi o primeiro homem (1 Coríntios 15:45, Moisés 1:34 e 3:7, Abraão 1:3, D&C 84:16). Além disso, todas as obras-padrão consideram Adão como uma pessoa real – e não como um personagem fictício.
Em 1909, a Primeira Presidência declarou:
“Há quem afirme que Adão não foi o primeiro homem criado nesta Terra, e que o ser humano original se desenvolveu de formas inferiores da vida animal. Tais ideias, entretanto, são teorias dos homens. A palavra do Senhor declara que Adão foi ‘o primeiro de todos os homens’ (Moisés 1:34); temos, portanto, o dever de considerá-lo como o pai da raça humana. O Senhor mostrou ao irmão de Jarede que todos os homens foram criados no princípio segundo a imagem de Deus; e quer achemos que tal criação se referia ao espírito ou ao corpo, ou a ambos, isso nos leva à mesma conclusão: O homem iniciou a vida como ser humano, à semelhança de nosso Pai Celestial.
É verdade que o corpo do homem inicia sua existência como um minúsculo germe ou embrião, que se torna um bebê, vivificado em certo momento de sua vida pelo espírito ao qual pertence seu tabernáculo, e a criança, depois de nascer, se desenvolve até tornar-se um homem. Nada existe nisso, porém, que indique que o homem original, o primeiro de nossa raça, tenha começado a existir como algo inferior a um homem, ou inferior ao germe ou embrião humano que se torna um homem” [1]
O Presidente Spencer W. Kimball testificou que todos os seres humanos descendem de Adão e Eva:
“Adão e Eva foram os progenitores da raça. Eles foram o primeiro pai e a primeira mãe, e todos os filhos da mortalidade são descendência daquele casal” [2]
Os “homens” antes de Adão – os “pré-adamitas”
Vejamos as constatações cientificas sobre espécies muito semelhantes a nós – como o Homem de Neandertal. Ao fazê-lo é preciso relembrar que o conhecimento cientifico na área da biologia, arqueologia e paleontologia não é exato – de fato, essas ciências lidam com estimativas, indicações, suposições e rastros.
A teoria da Evolução é, antes de tudo, uma teoria – e não se pode, por esta razão, ainda que alguns o queiram, ser aceita como verdade absoluta. Cito isso, pois ao lidar com o tema de pré-adamitas, necessariamente precisamos compreender a abordagem da teoria da evolução, aceitando-a parcial ou completamente ou simplesmente refutando-a.
Eu aceito-a parcialmente [3].
Como se viu na declaração da Primeira Presidência mais acima, não cremos “que o ser humano original se desenvolveu de formas inferiores da vida animal.” Isso não exclui necessariamente vários fatos alegados pela teoria da evolução (como adaptação dos seres vivos ou mutação) – mas deixa claro que não havia humanos antes de Adão e Eva.
Assim, as espécies extintas, por exemplo o Homem de Neandertal e o Homo erectus [4], chamados de os pré-adamitas por alguns, não podem ser consideradas como homens essencialmente. Veja, não estou dizendo que tais seres não tenham existido (pois creio de existiram), mas afirmando que não são homens tais como nós ou como nosso Pai Adão.
A ideia de que havia criaturas semelhantes ao homem há 2 milhões de anos – que caçavam, se vestiam, desenham nas cavernas, enterravam seus mortos e que desenvolveram uma organização social primitiva – não exclui necessariamente o relato das escrituras e nossa crença pessoal em Adão como primeiro homem. Os “homos” antes de Adão, os pré-adamitas, devem ser considerados como animais, mais aproximados dos chipanzés e gorilas do que de nós. E tal classificação não advém da biologia, mas da constatação de que o homem tem em si um espírito eterno, que foi gerado por Deus [5].
Com tudo isso sustento que a cronologia bíblica não precisa ser refutada. Adão viveu cerca de 4 mil anos antes do Salvador.
O homem é homem por ter sido criado a “imagem e semelhança de Deus” e por possuir um espírito eterno. Os animais e plantas também possuem um espírito (Moisés 3:5), mas diferente de nós, não descendem de Deus – e não podem evoluir a galgar a deidade [6].
Relacionando as ideias
Não havia homens antes de Adão e Eva. Mas possivelmente havia criaturas inteligentes que viveram e morreram antes que a terra estivesse pronta para o homem ser colocado nela [6], tal como o Homem de Neandertal (que de homem só teria o nome).
Ora, sabemos que o mundo não foi criado em um período de tempo maior do que alguns supõem [7]. E sabemos também que Deus cria e extingue suas criações para alcançar seus eternos propósitos [8]. Sabemos que foi assim no caso dos dinossauros [9].
Sabemos que há criaturas muito inteligentes que possuem uma forma diferenciadas [10]. Sabemos que há muitos mistérios que ainda não foram revelados (GEE “Mistérios”).
Sabemos que alguns líderes da Igreja se posicionaram contra a Teoria da Evolução [11]. E concordamos com eles ao dizer que tal teoria, ao excluir Adão e Eva e a Queda do Homem exclui também a importância da Expiação de Cristo [12]. De fato, a abordagem da Teoria da Evolução tem sido usada como um argumento ateu de que não houve criação divina. Mas tal abordagem, ainda que predominante, é desonesta. Afinal, os fatos apontados pela teoria da evolução não contradizem as verdades do Evangelho, mas chegam até a sustentá-las [13]. O problema surge na interpretação destes fatos e nas hipóteses criadas para preencher as lacunas do desconhecido.
Exemplo disso é que não se pode afirmar com absoluta certa que o homem atual é descendente literal de um “homo” mais primitivo, como o Homem de Neandertal. Animais muito pouco semelhantes ao homem também apresentam níveis de sociabilidade e comunicação impressionantes [14].
Verdade é que os cientistas não conseguiram entender ainda a razão pela qual os “homos” que antecedem Adão desapareceram quase que repentinamente, para dar lugar a homens como nós. Se os chimpanzés atuais tiveram os mesmos ancestrais comuns que o Homem de Neandertal e nós – qual foi o motivo do desaparecimento apenas do Homem de Neandertal – já que eram mais “evoluídos” ou “adaptados” que os chimpanzés? Será que nós (como espécie mais avançada) exterminamos todos os outros? Se foi isso, porque não aniquilamos os “macacos” também? Há teorias sobre isso, mas extremante fracas e conflitantes.
Mais uma informação: o estudo do genoma humano não fortalece a ideia de que o homem atual teve uma origem comum a do chipanzé, e que neste caminho passou por espécies mais primitivas. Afinal o estudo concluiu que “depois de 6,5 [milhões] de anos de evoluções distintas, as diferenças entre chimpanzés e humanos são dez vezes maiores do que entre duas pessoas independentes e dez vezes menores do que aquelas entre ratos e camundongos”. Ou seja, não somos apenas muito parecidos com os “macacos” – mas também somos muito parecidos com os ratos! [15]
A conclusão é que toda vida compartilha muita semelhança entre si – e isso indica, ao menos para mim, que há uma marca de um Único Criador em toda parte.
Conclusão
Pré-adamitas existiram? Não! Adão foi o primeiro homem, e Eva a primeira mulher. Nossa crença é sustentada pelas escrituras e palavras dos profetas vivos, bem como por revelação pessoal. As teorias cientificas vem e vão, mudando conforme novas evidencias são descobertas ou reinterpretadas. Isso não tira a autoridade e importância da ciência, que muito de bom trouxe ao mundo – mas coloca o conhecimento cientifico, quando confrontado, em segundo plano, frente as verdades divinas do Evangelho.
Há, porém, fatos constatados pela ciência que demonstram verdades importantes, como a existência de seres vivos antes do homem ser colocado na Terra – tal com o homem de Neandertal. Tais seres foram criados por Deus e extintos por Deus também. Seja lá qual tenha sido o propósito de sua existência e extinção deixaram rastros que instigam nossa curiosidade.
Assim, houve mesmo criaturas muito semelhantes ao homem – e o Homem de Neandertal é uma delas. Mas não eram verdadeiramente “homens”, pois não possuíam o espírito eterno descendente de Deus, nem foram formados a imagem de semelhança do Senhor.
Nosso Pai Celestial deseja que aprendamos todas as coisas – e busquemos conhecimento pelo estudo e pela fé (D&C 76:5-10, D&C 109:7). É verdade que alguns mistérios serão revelados apenas no Milênio, mas precisamos nos empenhar ao máximo para aprender, pois cremos que isso nos trará vantagem neste mundo e no vindouro (D&C 130:19).
Quando uma teoria ou ideia cientifica desafia as verdades que o Espírito Santo já ensinou devemos refutar tais coisas, com a esperança de que mais conhecimento nos será dado, linha sobre linha, do devido tempo do Senhor [16].
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Referências e Notas
[1] “The Origin of Man” [A Origem do Homem], Ensign, fevereiro de 2002, pg. 30
[2] “O Plano do Senhor para Homens e Mulheres”, A Liahona, abril de 1976, pg. 1
[3] Aceito a evolução no sentido de mutação, adaptação – mas não incluo ai aleatoriedade, ausência de organização ou direcionamento divino. Um borboleta azul pode adaptar-se e, com o tempo, adquirir nova coloração – mudar o tamanho e até a forma – mas ainda continuará sendo uma borboleta. Uma especie fundamental não se torna outra. Para mim, há abundantes evidências fósseis e biológicas que demonstram uma espontânea proliferação de vida diversa quase que instantaneamente no passado – e não um lento e gradual surgimento de novas e diferentes espécies a partir de um ponto em comum.
[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Homo
[5] O homem difere de todas as demais criaturas – pois é filho de Deus. “Como filho de Deus, o homem recebeu poderes que não foram outorgados a qualquer outra forma de vida. Ele faz parte da raça divina, tendo, portanto, o direito ele desfrutar de muitos privilégios e poderes relativos à divindade” (Mark E. Petersen, em “The Seventh Commandment”, Part 1, The Ten Commandments Today, pg. 104).
[6] O Elder James E. Talmage, que foi um renomado geólogo e membro do Quórum dos Doze Apóstolos, disse que os animais fossilizados “viveram e morreram, de era em era, enquanto a Terra ainda não estava pronta para o homem ser colocado nela.” (Tradução livre de “Questions and Answers,” Tambuli, Apr 1988, 29–32. Fonte: https://www.lds.org/liahona/1988/04/questions-and-answers?lang=eng )
[7] O Presidente Brihgam Young, falando a respeito dos seis dias da criação, disse que seis dias “é apenas uma expressão, mas não importa se ela levou seis dias, seis meses ou seis mil anos. A criação durou determinados períodos de tempo. Não estamos autorizados a dizer qual foi a duração desses dias, se Moisés usou essas palavras como as usamos, ou se os tradutores da Bíblia deram a essas palavras o significado que quiseram. Contudo, Deus criou o mundo. Deus reuniu o material com o qual Ele formou esta Terra firme sobre a qual vagamos. Há quanto tempo existia esse material? Uma eternidade, em determinada forma e condições”. (Discourses of Brigham Young, sel. John A. Widtsoe, 1971, p. 100; ver também Alma 40:8.)
O Élder Bruce R. McConkie ensinou que um dia, no relato da Criação, “é um período específico de tempo; é uma era, um éon, uma divisão da eternidade; é o intervalo entre dois eventos conhecidos. E cada dia tem a duração, seja ela qual for, necessária para seus propósitos (…). Não existe nenhuma revelação que especifique que cada um dos ‘seis dias’ referidos na Criação tenha tido a mesma duração”. (“Christ and the Creation”, Ensign, junho de 1982, p. 11.)
[8] O fato que Deus extingue os animais é provado pelas escrituras. Por exemplo: Isaías 50:2 e D&C 133:68. Contudo, a questão mais importante é a seguinte: havia morte antes de Adão e Eva? De fato havia, pois criaturas, tais como os dinossauros, ““viveram e morreram, de era em era, enquanto a Terra ainda não estava pronta para o homem ser colocado nela.” (ver Nota 6). Após Deus ter terminado sua obra de Criação no sexto dia, abençoou o dia sétimo. Alguns interpretam essa passagem de modo extensivo, querendo dizer que partir daquele ponto, ao menos no Jardim do Éden, não havia morte. De fato, Adão e Eva comiam livremente do fruto da Árvore da Vida – que concedia imortalidade. Ao comerem do fruto proibido, contudo, Adão e Eva teriam introduzido a morte ao mundo recém terminado e santificado. “Devido à Queda de Adão, toda a humanidade está sujeita à morte física (a separação do espírito imortal e o corpo mortal) e à morte espiritual (a separação da presença de Deus). Além disso, por cederem às tentações de Satanás, os homens se tornam “carnais, sensuais e diabólicos e encontram-se afastados da presença de Deus”. (Moisés 6:49) As boas novas do plano de salvação são que por meio da Expiação de Jesus Cristo toda a humanidade vencerá a morte física e poderá vencer a morte espiritual. (Ver Romanos 3:23; Mosias 16:3–4; Alma 11:42–43; Helamã 14:14–18; Moisés 6:52. – Manual do Aluno do Curso da Pérola de Grande Valor, pg. 20)
O presidente Joseph Fielding Smith ensinou: “Por causa de sua transgressão, foi pronunciada sobre Adão a morte espiritual – banimento da presença do Senhor, bem como a morte temporal. A morte espiritual deu-se no momento da queda e banimento; e na mesma hora, foram lançadas igualmente as sementes da morte temporal; isto é, Adão e Eva sofreram uma transformação física, tornando-se mortais, ficando assim sujeitos aos males da carne que resultaram no seu declínio para a idade avançada e finalmente, na separação do espírito do corpo.” (Doutrinas de Salvação, Vol. 1, p. 121; ver D&C 29:40-41; Alma 42:7.)
Ele também ensinou: “Muitas pessoas do mundo ensinam que a morte física sempre existiu e, portanto, não poderia ter começado com Adão e Eva (…) A educação moderna afirma que nunca houve coisa como a Queda do homem, mas que neste mundo mortal as coisas sempre andaram como hoje. Dizem que morte e mutação sempre foram condições naturais nesta terra e que no universo inteiro prevalecem as mesmas leis. Declaram que o homem ascendeu ao elevado lugar que agora ocupa no decorrer de incontáveis eras de desenvolvimento que gradualmente o foram distinguindo de formas de vida inferiores.
“Tal doutrina descarta obrigatoriamente a história de Adão e do Jardim do Éden, que é tida como mito, por nós herdado de um remoto tempo de tola ignorância e superstição. Ainda mais, ensina-se que, como sempre houve morte aqui e uma condição natural prevalece em todo o espaço, não poderia haver possivelmente uma redenção da transgressão de Adão, por conseguinte não havendo necessidade de um Salvador para um mundo caído.” (Doutrinas de Salvação, vol. I, p. 339.)
De fato, é possivel crer que Adão e Eva tenham sido os primeiros pais – criados em um lugar divino onde não havia morte – e, por transgressão, introduzido a morte no mundo – sem, não obstante, descrer nas descobertas cientificas que mostram que o tempo geológico é remoto e que houve vida e morte antes da Terra estar pronta para o homem.
[9] Recomendamos a leitura deste artigo: “Dinossauros e o Plano de Salvação”
[10] Na visão de João, em Apocalipse, aprendemos sobre criaturas não-humanas louvando a Deus, o que denota bastante inteligencia. O Profeta Joseph Smith explicou: “”João viu animais muito estranhos no céu; na realidade, viu todas as criaturas que ali havia: todos os animais, aves e peixes no céu, glorificando a Deus. Como sabemos disso? (Ver Apocalipse 5:13.) “Suponho que João viu ali seres de mil formas que haviam sido salvos dez mil vezes de dez mil terras como esta: animais estranhos dos quais nenhum conceito temos; todos poderão existir no céu. O grande segredo foi mostrar a João o que havia no céu. João entendeu que Deus se glorifica a si mesmo, salvando tudo o que suas mãos fizeram, sejam animais, aves peixes ou homens; e ele se glorificará a si mesmo com eles.” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, pg. 281-283.)”
[11] Recomendamos o seguinte : “Seria a teoria da Evolução contrária à existência de Deus?“.
[12] Adão sabia que “na carne”, ou como ser ressuscitado, ele veria Deus. Eva testificou a respeito da alegria de sua redenção. Ela sabia que por meio da Expiação de Cristo eles receberiam a vida eterna, se fossem obedientes. Para aprender mais a respeito da alegria, veja 2 Néfi 2:25. Para ressurreição, veja 2 Néfi 9:6–14. Os benefícios que Adão e Eva receberam por causa da Queda e da Expiação de Jesus Cristo estão resumidos em 2 Néfi 2:22–28
[13] Ver “Teoria da Evolução – parte 1”
[14] Entre os animais há aqueles que passam pelo luto (como aves e mamíferos – veja por exemplo essa entrevista). É pacifico hoje em dia, entre os cientistas, que os animais tem consciência. Muitos deles tem formas de organização social e um padrão de comunicação.
[15] Ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_sapiens e também https://drauziovarella.com.br/drauzio/sobre-homens-e-ratos/
[16] O bispo Richard C. Edgley ensinou: “Quando a lógica, a razão ou o intelecto pessoal entrarem em conflito com a doutrina e os ensinamentos sagrados, ou quando mensagens conflitantes atacarem suas crenças, como os dardos inflamados descritos pelo Apóstolo Paulo (ver Efésios 6:16), escolham não lançar a semente fora de seu coração por descrença. Lembrem-se de que não recebemos um testemunho até que nossa fé tenha sido provada (ver Éter 12:6).” (“Fé – a escolha é sua“, CG outubro de 2010).
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ADENDO 1
Manual do Instituto Curso do Velho Testamento (Curso de Religião 301, pg. 34):”Todo estudante colegial, já teve a oportunidade de ver gravuras, talvez até mesmo em seus livros de biologia, retratando um ser cabeludo e seminu, o homem de Neanderthal, de pescoço curto, ombros caídos, pernas arqueadas e aparência bestial. Tal gravura é fruto da descrição do Homem de Neandertal feita pelo francês Boule, em 1911-13. (Marcellin Boule, Fossil Men.) Esse retrato tem sido publicado sem alterações, de um livro para outro, ano após ano, durante quase sessenta anos. Porém, Boule baseou sua descrição originalmente num esqueleto cujos ossos, segundo se verificou recentemente, haviam sido gravemente deformados pelo artritismo. “William Straus e A. J. E. Cave, os dois cientistas que descobriram o fato declararam: ‘Assim sendo, não existe uma razão aceitável para crermos que a postura do Homem de Neandertal, do quarto período glacial, diferia significativamente da do homem moderno … Não obstante, se pudéssemos revivê-lo e colocá-lo num metrô de Nova loque – desde que tivesse tomado banho, feito a barba e vestisse roupas modernas – duvido muito ele que chamasse mais atenção que qualquer um de seus concidadãos.’ (William L. Straus, Jr., e A. J. E. Cave, “Pathology and the Posture of Neanderthal Man”, Quarterly Review of Biology, dezembro de 1 957, pg. 358- -59.) Esse parecer foi escrito há alguns anos. Hoje em dia, mesmo sem se barbear, o homem de Neanderthal nilo atrairia a menor atenção!” (Coffin, Creation, pg. 6, 10.)
ADENDO 2
O Irmão Glen C. Tuckett comentou sobre a necessidade de desenvolvermos um testemunho espiritual do Evangelho, pois as teorias dos homens sempre mudam. Ele disse: “Eu preferiria ter um testemunho espiritual do que um testemunho intelectual. Eu posso ler o livro de Hugh Nibley Approach to the Book of Mormon, eu posso ler o Julgamento de Jack West de The Stick of Joseph, e não há nenhuma maneira de pensar no Livro de Mórmon além do que ele afirma ser. Mas isso é um testemunho intelectual. Eu me lembro, quando eu era um jovem na escola, estudei homem pré-histórico. Eu sabia tudo sobre homem pré-histórico – Homem de Neanderthal [e] homem de Pequim. Na verdade eu escrevi um artigo sobre o homem de Pequim. Eu sabia onde ele morava, como ele morava, o tipo de trabalho que ele tinha, e até o tipo de garota com quem ele se casou. Eu era realmente um profissional sobre o homem pré-histórico. (…). Alguns anos atrás [porém] eu li sobre um grupo de arqueólogos e antropólogos em Londres, que se reuniram e concluíram: “Nós todos realmente sentimos que não há essa tal coisa de homem de Pequim. Nós criamos isso de algo que realmente não existia.” (Tradução e adaptação livre. Leia o original aqui).
ADENDO 3
Nossa posição neste texto foi a de que Adão e Eva existiram literalmente – e que foram criados do pó da Terra. Eles inauguraram a mortalidade. Todavia, cremos que, antes de serem colocados na Terra, havia um processo divino criativo em andamento. Não temos todos os detalhes. Mas fósseis de animais e plantas, e o estudo geológico, nos ensinam que havia morte antes da época da Queda (segundo o relato bíblico). Isso não contradiz nossa teologia, que afirma que o homem esta trilhando os mesmos passos que Seu Criador um dia trilhou. Portanto, de certa maneira a morte existia bem antes de Adão e Eva. Mas houve um momento e um local em que não havia mais morte – e assim continuaria – se não fosse a Queda.
Uns poucos santos dos últimos dias acreditam na Teoria da Evolução e especulam que Adão e Eva seriam o resultado da evolução natural dos “homos”. Após Adão “nascer”, teria sido separado e colocado no Jardim do Éden. Tal teoria não apenas contradiz claramente os ensinamentos da Primeira Presidência e de diversos apóstolos, mas também distorce as escrituras.
O processo de criação do homem não foi revelado. O Élder Bruce R. McConkie escreveu:
“Os elementos naturais que compõem a Terra física são às vezes chamados de pó nas escrituras. Adão, portanto, foi criado do pó da Terra, ou seja, o corpo físico que ele recebeu foi criado a partir dos elementos da Terra. (Gênesis 2:7; Moisés 3:7; Abraão 5:7; D&C 77:12) De modo semelhante, todos os homens foram criados do pó da Terra; ou seja, os elementos organizados em um corpo mortal são reunidos por meio do processo do nascimento (Moisés 6:69)”. (Mormon Doctrine, p. 209.)
Na criação física, o homem tornou-se uma “alma vivente”. (Ver Moisés 2:26–27; ver também D&C 88:15.) Isso significa que seu corpo espiritual ganhou um corpo físico de carne e ossos. O Presidente Joseph Fielding Smith explicou que o corpo de Adão e Eva era a princípio “vivificado pelo espírito e não por sangue. (…) Após a queda, provocada pela transgressão da lei sob a qual Adão vivia, o fruto proibido teve o poder de produzir sangue e modificar sua natureza, fazendo a mortalidade ocupar o lugar da imortalidade; e todas as coisas, participando da modificação, tornaram-se mortais”. (Doutrinas de Salvação, 1:84–85) Desse modo, na Queda, Adão e Eva tornaram-se os primeiros seres na Terra que tinham carne mortal, ou sujeitos à morte. (Ver Manual do Aluno do “Curso da Pérola de Grande Valor”, pg. 9)