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Como são as entrevistas da liderança mórmon com as crianças?

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A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como Igreja Mórmon, possui a singular crença de que todas as criancinhas, antes da idade da responsabilidade não precisam de batismo, pois “estão vivas em Cristo”. Quando atingem a idade da responsabilidade, aos oito anos de idade, quando passam a discernir mais apropriadamente o certo do errado, elas podem optar por ser batizadas.

Antes do batismo, o bispo realiza uma entrevista, para verificar que a criança deseja ser batizada e compreende o suficiente do convênio associado ao batismo. Entre os líderes da ala, um dos conselheiros do bispo fica encarregado de cuidar do bem-estar das crianças. Existe uma organização na Igreja destinada às crianças – e se chama Primária. Porém, nem o bipo ou bispado, nem a Primária – com seus líderes e professores – assumem o lugar dos pais na orientação religiosa. É por isso que o Manual da Igreja explica:

“Os pais são os principais responsáveis pelo bem-estar espiritual e físico dos filhos (ver D&C 68:25–28). O bispado, as líderes e os professores da Primária apoiam, mas não substituem os pais nessa responsabilidade.” (Manual 2 item 11.1)

Quando a criança se aproxima dos 8 anos, os pais e o bispo dão atenção especial a mesma, a fim de prepará-la para o batismo. Contudo, os demais líderes e os professores da Primária, além dos ministradores, ajudam as crianças a preparar-se para o batismo e a confirmação. Os líderes do Sacerdócio de Melquisedeque e da Sociedade de Socorro (organizações para adultos da Igreja) também incentivam os pais a ensinar e preparar os filhos para essas ordenanças.

Como é a entrevista de uma criança com o bispo?

Uma entrevista na Igreja é uma reunião entre o bispo e outra pessoa. Em uma entrevista, o bispo faz perguntas, escuta, ensina e dá orientação a outra pessoa. As entrevistas são uma oportunidade para compartilhar informações ou prestar contas de uma designação ou chamado. Elas são também uma oportunidade para se dar instruções e conselhos. Uma entrevista é uma boa ocasião para o líder ensinar aos membros as doutrinas, princípios e práticas da Igreja, usando as escrituras e os ensinamentos dos profetas modernos como recursos. Antes do batismo, a criança tem a oportundiade de conversar com o bispo – e nessa conversa ela pode aprender, receber respostas a suas perguntas – e orientação sobre o convênio batismal.

Essas entrevistas normalmente são realizadas na capela, em uma sala em que o bispo e a criança fiquem só. Geralmente há um vidro na porta, que permite as pessoas de fora olhar para quem está dentro. Assim privacidade e segurança são combinadas.

Essas entrevistas não duram mais do que 40 minutos, e começam e terminam com uma oração.

Entre as perguntas realizadas durante a entrevista estão:

  • Você acredita que Deus é nosso Pai Eterno?
  • Acredita que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o Salvador e Redentor do mundo?
  • Você acredita que a Igreja e o evangelho de Jesus Cristo foram restaurado por intermédio do Profeta Joseph Smith?
  • Você acredita que o presidente atual da Igreja é um profeta de Deus? O que isso significa para você?
  • Foi-lhe ensinado que ser membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias inclui viver os padrões do evangelho. O que você compreende acerca dos seguintes padrões? Está disposto a obedecer a eles?

O Bispo fala sobre sexo na entrevista de crianças?

Os líderes da Igreja, especialmente os bispos, são sensíveis ao tratar de assuntos que envolvem a sexualidade.  A não muito tempo a Igreja emitiu uma declaração a este respeito, por meio de seu porta-voz:

“Nessas entrevistas, os líderes da igreja são instruídos a ser sensíveis ao caráter, às circunstâncias e à compreensão do rapaz ou da moça. Eles são aconselhados a não fazer perguntas de sondagem desnecessárias ou invasivas. Contudo, eles devem permitir que os jovens compartilhem suas experiências, lutas e sentimentos.

Há momentos quando uma discussão de limpeza moral é adequada — principalmente se um jovem ou uma jovem sente necessidade de arrepender-se. Nestes casos, os líderes são aconselhados a adaptar a discussão para a compreensão do indivíduo e tomar cuidado para não incentivar a curiosidade ou experimentação.

Os líderes da igreja têm a responsabilidade solene de manter confidenciais todas as informações que recebem em confissões e entrevistas. Quando um jovem enfrenta um pecado ou tentação grave, o bispo provavelmente o incentivará a compartilhar (conforme apropriado) suas lutas com os pais para que possam orar por ele, ensiná-lo e incentivá-lo.

Quando um líder da igreja se reúne com uma criança ou um jovem, eles são incentivados a pedir a um dos pais ou outro adulto que permaneça em uma sala adjacente, saguão ou corredor. Assim são evitadas circunstâncias que podem ser mal interpretadas.” (Leia a Declaração completa aqui).

Minha própria experiência

Sou mórmon desde que nasci. E sou extremamente grato por meus pais e líderes. Eles foram bons pastores, que me guiaram com segurança até onde estou hoje. Tive a oportunidade de, durante a vida, ser entrevistado por diversos líderes. Eram voluntários, e tinham as mais variadas personalidades. Alguns falam pouco, outros muito. Alguns eram bem-humorados outros sóbrios. Todos procuravam fazer o melhor, ouvindo a aconselhando. Como criança e jovem fui protegido ao ouvir esses líderes. Nunca me envergonharam ou me constrangeram. Nunca deixaram de levar em consideração minha maturidade. Nunca trataram indevidamente de assuntos pessoais. Assim, posso testificar em primeira mão que os homens e mulheres desta Igreja se esforçam para tornar a experiência de uma entrevista edificante e fortalecedora.

Talvez um outro outro erro tenha sido cometido – afinal os líderes são humanos. Entretanto, as pessoas que se voltam contra os procedimentos da Igreja, e dizem que as entrevistas são abusivas, normalmente são pessoas magoadas com a Igreja – e que não estão ativas. Faz parte da doutrina da Igreja ter líderes para orientar e guiar, não apenas em sermões públicos, mas por meio de ministério pessoal e íntimo – um a um, como o Salvador ensinou.

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| Para refletir
Publicado por: Lucas Guerreiro
Escritor, Advogado, Membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP, Membro da J. Reuben Clark Law Society São Paulo. Fez Missão em Curitiba - Brasil. Gosta de desenhar, estudar filosofia, fotografar, viajar e assistir series de super-heróis.
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