Entendendo a poligamia de uma maneira espiritual
Entendendo a Poligamia
Agradeço imensamente a oportunidade que o Mais Fé me dá de expressar minha opinião e visão em um assunto tão questionado por dezenas de milhares de santos dos Últimos dias. Sempre costumo escrever meus artigos em terceira pessoa, para melhor atingir o público que o lerá. Porém, dessa vez vou fazê-lo em primeira pessoa e deixar bem clara que aqui será exposto somente minha opinião sobre o tema. Na verdade quero compartilhar com vocês coisas que aprendi com esforço de meus próprios estudos sobre o assunto. Vou tentar esclarecer o porque a poligamia não é uma obra de Joseph Smith, ou de qualquer outro homem, usarei somente obras-padrão e uma pequena parte do manual dos bispos e presidentes de estaca. Meu objetivo será discutir porque acontece uma indignação imediata ao tratar sobre o tema. Segue os ensinamentos que aprendi.
Para que serve a poligamia?
“Portanto, meus irmãos, ouvi-me e atentai para a palavra do Senhor: Pois nenhum homem dentre vós terá mais que uma esposa; e não terá concubina alguma. Porque eu, o Senhor Deus, deleito-me na castidade das mulheres. E as libertinagens são para mim abominação; assim diz o Senhor dos Exércitos. Portanto, este povo guardará os meus mandamentos, diz o Senhor dos Exércitos, ou a terra será amaldiçoada por sua causa. Porque se eu quiser suscitar posteridade para mim, diz o Senhor dos Exércitos, ordenarei isso a meu povo; em outras circunstâncias meu povo dará ouvidos a estas coisas.” (Jacó 2:27-30)
Antes de continuar leia novamente o último versículo e veja qual é o único motivo pelo qual a poligamia é aceita, que seria para suscitar posteridade.
A relação sexual destruída
A natureza da relação intimidade sexual vem sendo destruída. O Homem é por natureza, sensual, carnal e diabólico. Tentamos vencer esse mal a vida inteira, mesmo assim caímos nas ilusões do inimigo e cedemos, arrisco que com certa frequência, aos desejos da carne. Existe atualmente uma banalização da intimidade entre o homem e a mulher, muitas vezes se encherga essa intimidade apenas com a finalidade de obter prazer. Essa ideia vem sendo propagada com tanta intensidade que muitas vezes os temas referente a sexualidade vendo sendo tratados com cautela e algumas vezes até mesmo com vergonha.
Pais e filhos em grande maioria não querem falar sobre o assunto. Minha mãe, porém, não sendo membro, mas sabendo de todas as tentações que jovens passam, sentou comigo inúmeras vezes para explicar-me as perigosas consequências de ter relações sexuais fora de um casamento, e foi absolutamente clara em aspectos que alguns pais evidentemente têm receio de falar. Sou grato por ela ter sido minha amiga e ter-me orientando veemente sobre isso. Porém, usar relações apenas para satisfazer os desejos tem sido a meta dos homens, e de muitas mulheres também.
Se continuarmos nessa linha, poligamia é abominável. Não se pode olhar para tal e pensar que ter mais de uma mulher seja realmente uma ordem de Deus, não nessas circunstâncias, refiro-me ao fato da simples realização de prazeres e fetiches. Mas após refletir profundamente encontrei uma resposta inusitada que abriu minha mente sobre o assunto. Ao ler algumas páginas do Manual de Instruções para Bispos e Presidentes de Estaca algo me chamou a atenção e me fez ver a relação sexual de um outro horizonte: “Os casais também devem compreender que as relações sexuais dentro do casamento são divinamente aprovadas não só para fins de procriação, mas também como um meio de expressar amor e fortalecer os laços emocionais e espirituais entre marido e mulher. “ (Controle de Natalidade, Manual de Instruções da Igreja, 21.4.4, 2010)
Ver a relação sexual em uma visão espiritual ajuda a entender que a poligamia serve para trazer filhos à terra. Ou gerar filhos espirituais. Aí que entra a lei celestial.
Houve erro na prática da poligamia entre membros?
Não sei. Mas se houve erro das pessoas, isso não altera a santidade do mandamento. Quero compartilhar uma história:
“Minha mãe sempre me disse que ela não poderia duvidar que a ordem do casamento plural era de Deus, pois o Senhor o havia revelado para ela em resposta a uma oração.
Em Nauvoo, logo depois de voltar da Inglaterra, meu pai, entre outros de seus irmãos, foi ensinado sobre a doutrina do casamento plural. (…)
Meu pai percebeu a situação completamente, e o amor e a reverência que ele tinha pelo profeta foram tão grandes que ele preferiria ter perdido sua vida a traí-lo. Esse foi um dos maiores testes de fé que ele havia experimentado. (…)
Minha mãe [Vilate Kimball] havia percebido uma mudança em seus modos e aparência, e quando ela perguntou o motivo, ele tentou evitar as perguntas dela. Finalmente ele prometeu que diria a ela depois de um tempo, se ela pudesse esperar. Esse problema incomodou tanto sua mente que seu olhar ansioso e abatido o traía a cada dia e hora, e finalmente seu estado de miséria se tornou tão insuportável que era impossível controlar seus sentimentos. Ele ficou doente em seu corpo, mas sua miséria mental era grande demais para permitir que se eximisse, e ele decidiu caminhar na manhã seguinte e algumas vezes a agonia de sua mente era tão terrível que ele torcia suas mãos e chorava como uma criança e implorava que o Senhor tivesse misericórdia e revelasse a ela esse princípio. (…)
A angústia do coração deles era indescritível e quando ela descobriu que era inútil rogar mais tempo a ele, ela se retirou para seu quarto e se curvou perante o Senhor e entregou sua alma em oração a Ele, que disse: ‘Se tiverdes falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos a dá liberalmente e não o lança em rosto’. (…)
A ela foi mostrada a ordem do casamento celestial, em toda a sua beleza e glória, juntamente com a grande exaltação e honra que iria conferir-lhe em que esfera imortal e celestial, se ela aceitasse e permanecesse em seu lugar ao lado do marido. Ela também viu a mulher que ele tomou por esposa e contemplou com alegria o vasto e infinito amor e união que essa ordem traria, bem como o aumento dos reinos de seu marido, o poder e a glória que se estendem por toda a eternidade, mundos sem fim.
Com um semblante radiante de alegria, pois ela estava repleta do Espírito de Deus, foi até o meu pai, dizendo: ‘Heber, o que você ocultou de mim, o Senhor mostrou-me’. Ela me disse que nunca viu um homem tão feliz como pai como quando ela descreveu a visão, lhe disse que estava satisfeita e que sabia que vinha de Deus.
Ela fez convênio de apoiá-lo e honrar o princípio, o qual guardou fielmente, e apesar de suas provações serem muitas vezes pesadas e difíceis de suportar, ela sabia que meu pai também estava sendo provado, e a integridade dela se manteve até o fim. Ela permitiu que meu pai tivesse muitas esposas e elas sempre tiveram uma amiga fiel em minha mãe” (Orson F. Whitney, Life of Heber C. Kimball, 1967, p. 325).
Vilate Kimball conseguiu ver a espiritualidade desse mandamento. Não a concupiscência. Isso é algo extremamente difícil. Confesso que para mim foi difícil e ainda é pensar assim. Acredito que um dia com todo o conhecimento, chegaremos a esse maravilhoso ponto.
Conclusão
Aprendi que se a visão das relações sexuais não tivesse sido tão destruída por Satanás, provavelmente o mundo aceitaria diferente a poligamia. “O desafio de introduzir um princípio tão controverso quanto o casamento plural é quase impossível de se descrever. Um testemunho espiritual de sua veracidade permitiu a Joseph Smith e a outros santos dos últimos dias aceitarem esse princípio. Embora tenha sido muito difícil, a introdução do casamento plural em Nauvoo realmente “suscitou posteridade” a Deus. Um número substancial de membros da Igreja de hoje descende de fiéis santos dos últimos dias que praticaram o casamento plural.”(Tópicos do Evangelho, O Casamento Plural em Kirtland e Nauvoo).