A inteligência artificial (IA) enfraquece o arbítrio dos pais? Sim. Se usada de maneira inadequada, ela transfere a confiança para ferramentas digitais que prejudica os verdadeiros vínculos familiares.
A IA que invade nossa sociedade está presente no meu dia a dia com frases como: “Deixe que eu faço isso para você” ou “Já resolvi”. A tecnologia nos conecta de inúmeras maneiras, mas os efeitos físicos e psicológicos da redução do contato humano — das interações reais — são preocupantes. Isso pode impactar indivíduos, famílias e até a sociedade.
Essa realidade nos leva a refletir sobre como a IA pode afetar os relacionamentos familiares e os princípios doutrinários de arbítrio e verdade.
A IA avança rapidamente, oferecendo cada vez mais oportunidades de integrar tecnologia à nossa vida. As IA’s são definidas como ‘máquinas que imitam o jeito humano de pensar, especialmente sistemas computacionais’ ou como ‘computadores que aprendem e tomam decisões por conta própria’.
IA e o papel dos pais
Com esses avanços tecnológicos, buscamos respostas para questões como: a IA vai afetar a paternidade e a maternidade?
Bom, não há nada mal em usar a IA para fazer uma receita, corrigir um texto ou ajudar a encontrar mais recursos de pesquisa para um trabalho na escola, ou faculdade. Podemos usá-la para nos apoiar, como um recurso ou uma ferramenta. Porém, se por um lado a IA pode ajudar, por outro ela pode levar pais cansados a terceirizar ainda mais a educação dos filhos para as telas.
O risco? Quando as pessoas dependem demais e os pais usam tanto essas tecnologias, eles perdem a oportunidade de se conectar com os filhos e acabam entregando seu arbítrio às inteligências artificiais. Nesse caso, os aspectos mais humanos da criação — amor, presença e exemplo — correm o risco de serem substituídos por algoritmos.

O arbítrio na era da inteligência artificial
O Plano de Salvação e a Expiação de Jesus Cristo colocam o arbítrio moral como o centro da nossa existência. Leí ensinou que Deus criou “tanto as coisas que agem como as que recebem a ação”. Pais e filhos devem agir por si mesmos, e não apenas se deixar influenciar.
A Família: Proclamação ao Mundo reforça essa verdade:
“Os pais têm o sagrado dever de criar os filhos com amor e retidão, atender a suas necessidades físicas e espirituais, ensiná-los a amar e servir uns aos outros, guardar os mandamentos de Deus e ser cidadãos cumpridores da lei, onde quer que morem.”
O Élder David A. Bednar alertou:
“Tomem cuidado. A facilidade de utilização, a precisão percebida, e o tempo de resposta rápido que caracterizam a inteligência artificial podem criar uma influência potencialmente sedutora, viciante e sufocante no exercício de nosso arbítrio moral. Como a inteligência artificial está envolta de credibilidade e promessas de progresso científico, podemos ingenuamente ser seduzidos a entregar nosso precioso arbítrio moral a uma tecnologia que só pode pensar telestial.”
Ou seja: os pais não podem permitir que a IA substitua a interação humana nem a orientação espiritual dentro do lar.
A verdade não pode ser imitada
Por mais avançada que seja, a IA é artificial. Ela não pode gerar luz e verdade — algo que vem de Deus. Somente o Espírito Santo pode testificar da verdade, santificar e guiar. Como declarou Jesus Cristo:
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.”
A inteligência verdadeira é “a glória de Deus”, e é isso que devemos buscar e ensinar. Como disse Brigham Young, todo conhecimento verdadeiro vem de Deus para preparar o mundo para a redenção final.

O chamado aos pais hoje
Vivemos uma época com descobertas incríveis, mas também cheia de perigos. Em 1966 presidente David O. McKay advertiu:
“Descobertas latentes com tamanho poder, quer seja para a bênção ou para a destruição dos seres humanos, fazem com que a responsabilidade dos homens de controlá-las seja a maior já colocada em suas mãos. (…) Esta época está repleta de perigos ilimitados, assim como de possibilidades incalculáveis”.
Por isso, precisamos equilibrar tecnologia com princípios eternos. A IA pode ser uma ferramenta, mas jamais substituirá o amor, a presença e os ensinamentos de pais justos.
“A inteligência artificial não pode simular, imitar ou substituir a influência do Espírito Santo em nossa vida.”
Criar filhos ”em amor e retidão” é um encargo sagrado dado por Deus. Não entregue seu arbítrio para decidir sobre sua família e seus filhos a uma tecnologia que pensa de forma telestial, enquanto temos Deus para nos ensinar princípios celestiais. A inteligência artificial pode apoiar ou destruir esse arbítrio. Cabe a nós decidirmos como usá-la sem abrir mão daquilo que é eterno.
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