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4 Lições de Esperança que Aprendi com o Suicídio da Minha Irmã, Meg

Imagem principal: Ganel-Lyn segurando sua nova irmãzinha, Meggan.

 

No mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio, queremos destacar a comovente história da autora SUD Condie Ganel-Lyn.

Ben encontrou nossa irmã morta.

Meggan tirou a própria vida no quintal dos nossos pais. Não havia mais onde se esconder do suicídio.

Era o aniversário da minha mãe. Terminamos o bolo e os presentes, a velas e os parabéns. Havíamos encerrado um dia tranquilo e amável com a comemoração. Depois das festividades, cada um foi para seu quarto a fim de se preparar para dormir. Subi as escadas e apaguei as luzes pensando que eu era a última, até que ouvi um barulho na cozinha e o som de uma maçaneta de porta. Encontrei meu padrasto, o papai Jim, vindo da garagem e soube imediatamente que algo estava errado. Foi como se uma bola de boliche batesse no meu coração, depois senti um nó na garganta. “Papai?” Perguntei. “Papai? Papai?”

“Andou bem devagar na minha direção. Pareceu mais que estávamos nadando na direção um do outro para atravessar o ar pesado que pairava na cozinha. “O Ben ligou”, disse ele. “Aconteceu um acidente.”

Lembro-me de gritar, já sabendo.  “Não! Não, papai! Traga ela de volta! Não, ela está morta? É a Meg?” Mas eu não precisava perguntar. Eu já sabia. Ele me abraçou gentilmente. “Sim, a Meg morreu. Não dá para trazê-la de volta.”

Não foi um acidente. Mas eu não consegui dizer a palavra em voz alta. Suicídio. Suicídio. Suicídio — uma palavra tão feia, final e dolorosa.

Eu comecei a implorar ao meu pai e a Deus como se minhas palavras pudessem mudar a situação. “Quero ela de volta. Faça ela voltar, por favor!”

meg

A Lápide de Meggan Meu sol se põe para levantar novamente.

O luto é difícil, não importa quem perdemos. Não minimizo a dor de ninguém, mas o suicídio tem um luto peculiar.  

Por mais que tentemos, não conseguimos nos esconder do monstro do turbilhão de sentimentos e das perguntas sem respostas. Não dá para evitar ou minimizar. Derruba os ventos e muitas vezes nossa fé. Atinge até mesmo os mais fervorosos discípulos de Deus.

Os santos dos últimos dias conhecem o grande plano de felicidade. Cremos no poder do sacerdócio e na graça da Expiação de Jesus Cristo. Mas não importa o que aprendemos com nossa fé, ainda assim sofremos. O plano de felicidade não nos isenta de enfrentar perdas e profunda dor enquanto na mortalidade, mas alguns falsamente acreditam que conhecermos o plano torna a dor do luto menos intensa.

O Falecimento de Meg não foi a minha primeira experiência com a morte. No entanto, me perguntei e ainda me pergunto: “Por que ainda dói?” Quando a Meg cometeu suicídio fiquei com uma ferida grande e bagunçada que exigiu a ser lamentada. Eu não sabia o que fazer. Eu queria seguir os passos do luto em ordem, como havia feito com perdas anteriores.

Mas o suicídio era diferente.

De maneira nenhuma alego que o luto por mortes causadas pelo câncer, por acidentes, pela idade ou a guerra são menos dolorosos para aqueles que ficam. Não é possível medir a dor da perda com trenas ou balanças.

Mesmo assim, existe um sentimento diferente quando ouvimos ou lemos a palavra suicídio. Com as semanas e meses que seguiram a morte de Meg, tentei observar meu próprio sofrimento e aprender com ele. Era isso ou eu me afogaria nele.

Minha intenção em compartilhar estas observações é ajudar aqueles que perdem entes queridos. Os amigos e familiares de pessoas que cometeram suicídio talvez entendam com mais sensibilidade os sentimentos confusos que vêm depois.

Perguntas sempre levam a mais perguntas. 

Depois da morte da minha irmã, sempre me perguntavam: “O que aconteceu?” O perigo desta pergunta é que ela de fato não tem resposta. Este processo pode assombrar aqueles que são deixados para trás por muitos anos. “O que aconteceu?” leva a “Por quê?”, que leva a “O que mais eu poderia ter feito para salvá-los?” Não nos perguntamos se podíamos ter evitado um ataque cardíaco ou curado um câncer. Mas é fácil brincar de “e se” quando alguém que amamos lida com uma doença mental.

Me perguntei várias vezes: “E se eu tivesse conversado com ela naquele dia?” E se eu tivesse visitado mais ela? E se tivéssemos jejuado novamente pela cura dela? E se tivéssemos mais fé? Alguma dessas coisas a teria salvado? Estas perguntas podem trazer intensidade e anos a mais no processo de luto. A verdade é que as respostas vêm somente de Deus. Ele conhece o coração de quem sofre, de quem tira a própria vida, e de quem tenta sobreviver ao sofrimento.

O luto profundo leva a perguntas intermináveis que só o Pai Celeste, que mantem as estrelas no firmamento, em última análise, pode responder. Lembrem-se de que algumas coisas só entenderemos na próxima vida.

O suicídio é muitas vezes inesperado. 

O comportamento das vítimas de suicídio muitas vezes esconde a dor que sentem por causa da doença mental. As pessoas com tendências suicidas sentem-se permanentemente paralisadas quando descobrem seus próprios defeitos. Não sabemos que batalhas extremas e privadas até mesmo a pessoa mais capaz e bela está enfrentando.

O presente que veio do suicídio da Meg foi perceber que eu tinha defeitos, mas que eu não era irreparável e sem valor. Eu aceitava que a Meg tinha defeitos, mas eu queria que ela estivesse viva a todo custo e sempre comigo. Mesmo assim, eu ainda lutei para aceitar minhas próprias imperfeições. Eu queria escondê-las de Deus e de todos. Quando criança, eu acreditava falsamente que se eu fosse perfeita e nunca cometesse um erro, as pessoas que eu amava não ficariam tristes ou magoadas. Mas isso não é verdade.

Eu vi a bondade de Meg em seus defeitos. E eu ainda preferia ela viva a morta toda vez.

O Élder Jeffrey R. Holland testifica,

“Mentes despedaçadas podem ser curadas assim como ossos e corações partidos. Enquanto Deus está operando tais reparos, o restante de nós pode ajudar, sendo misericordiosos, bondosos, sem julgamentos”. (“Como um Vaso Quebrado”, Jeffrey R. Holland, Conferência Geral, abril de 2013).

O suicídio faz as pessoas se sentirem desconfortáveis. 

Basta dizer a palavra suicídio e as pessoas começam a se contorcer. Alguns falsamente acreditam que uma pessoa que comete suicídio pode estar perdida por toda a eternidade, condenada. A declaração da Igreja sobre suicídio diz:

Embora seja errado tirar a própria vida, é possível que a pessoa que comete suicídio não seja responsável por seus atos. Só Deus pode julgar tal questão. O Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos, disse:

“Obviamente, não conhecemos todas as circunstâncias que envolvem todos os suicídios. Só o Senhor conhece todos os detalhes, e é Ele que julgará nossas ações aqui na Terra. Quando nos julgar, sinto que levará tudo em consideração: nossa formação genética e química, nosso estado mental, nossa capacidade intelectual, os ensinamentos que recebemos, as tradições dos nossos pais, nossa saúde e assim por diante ” [Suicide: Some Things We Know, and Some We Do Not (Suicídio: Algumas Coisas que Sabemos, e Outras que Não Sabemos), Ensign, outubro de 1987, p. 8].

Em muitas situações durante o ano passado, eu tentei compartilhar a minha compreensão e minha trajetória com esse tipo diferente de luto. O suicídio é uma última escolha e não representa todas as escolhas do nosso ente querido que se foi. Assim como eu chorei pelo corpo sem vida da Meg, vi claramente que toda sua vida e as muitas boas escolhas que ela fez permitiu que ela morresse com uma recomendação para o templo válida. O suicídio foi sua última escolha final na terra, não a soma de todas as que ela fez. Foram inúmeras boas escolhas, mas entre elas estava apenas uma última escolha que deu fim à sua missão mortal.

A verdade para quem está luto é que o sofrimento não nos torna fracos. Quem dá fim à vida muitas vezes enfrentam décadas de escuridão.

Tenham terna compaixão e orem por quem perdeu alguém que foi vítima do suicídio. Estejam dispostos a conversar sobre a perda e o ente querido que se foi. Às vezes sabemos que um ente querido é suicida, outras não sabemos. Independentemente dos detalhes específicos, ajude-os a livrar-se da vergonha. Simplesmente permita-os sentir tristeza.

É possível encontrar cura depois do suicídio de um ente querido.

Nosso Pai Celeste sabia que a vida seria repleta de alegria e dor. Então Ele misericordiosamente nos enviou Seu Filho, um Salvador. Ele expiou por nossas dores para curar todos os Seus filhos. O luto do suicídio pode ser um tipo diferente de luto pelo qual já passei, mas creio que a fonte da cura é a mesma.

A Expiação eterna de Jesus Cristo traz esperança e cura. Uma escritura que me trouxe grande consolo. Ela foi compartilhada por uma amiga na noite em que encontramos o corpo de Meg. Mosias 3:11.

“Pois eis também que seu sangue expia os pecados dos que caíram pela transgressão de Adão, que morreram sem conhecer a vontade de Deus acerca de si mesmos ou que pecaram por ignorância.”

A cura existe e virá pelo poder do sacerdócio, da oração e de outras pessoas. Tenho a esperança de um eterno reencontro com nossos entes queridos quando leio as palavras do Élder Holland:

“Presto testemunho do dia em que nossos entes queridos que sabemos que tiveram deficiências na mortalidade se erguerão diante de nós glorificados e grandiosos, admiravelmente perfeitos em corpo e mente. Que momento assombroso será!  Não sei se ficaremos mais felizes por testemunhar esse milagre ou mais felizes por eles, ao vermos que estão plenamente perfeitos e ‘finalmente livres’. Até aquela hora, quando o dom perfeito de Cristo for evidente para todos nós, vivamos pela fé, perseverando na esperança e sendo ‘compassivos’ uns com os outros.”  (“Como um Vaso Quebrado”, Jeffrey R. Holland, Conferência Geral, abril de 2013).

Mais títulos da autora: A Decisão que Mudou Minha Vida

Seja fazendo escolhas que mudarão nossa vida ou aparentemente pequenas decisões do dia a dia, escolher muitas vezes significa dar um passo rumo ao desconhecido. Em seu livro A Decisão que Mudou Minha Vida, a autora Ganel-Lyn Condie explora algumas decisões cotidianas feitas por 16 santos dos últimos dias comuns e os eventos que seguiram as tais escolhas. Ela explora também como as escolhas afetaram a vida dessas pessoas. Vemos desde o impacto da decisão de Janice Kapp Perry decidir seguir a carreira de música até o resultado de Chris Carter ter se convertido ao evangelho quando jovem, cada história demonstra os potenciais resultados de nossas decisões.

Escrito por Ganel-Lyn Condie e traduzido por Luciana Fiallo Alves

Fonte: www.ldsliving.com

 

| Para refletir
Publicado por: Luciana Fiallo
Tradutora e intérprete de formação e paixão. Escolheu essa profissão para, no futuro, poder fazer lição de casa com os filhos e continuar trabalhando.
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