Se você entrou neste artigo, talvez seja porque está passando por algo parecido. Sente que, ultimamente, ir à Igreja já não é o mesmo de antes. Você não espera pelos domingos com a mesma animação.

Seu coração ainda precisa disso, mas simplesmente não encontra aquele descanso que antes encontrava lá. Talvez tenham ficado para trás os momentos em que sua alma se sentia em casa; quando ir à Igreja recarregava seu espírito e ajudava a começar a semana em paz.

E é um pouco irônico que quase não se fale sobre isso. Que deixar de ir à Igreja pareça significar automaticamente que você perdeu a fé ou que se “tornou menos ativo”. Mas fique tranquilo: você não está sozinho. Não é a única pessoa que se sentiu assim.

Ansiedade e ir à Igreja

Estar na Igreja às vezes tem sido uma grande luta para mim. Meu primeiro grande ataque de pânico aconteceu durante uma aula da escola dominical, enquanto eu estava na faculdade, e nos meses seguintes a essa experiência eu lutei com inexplicável e intensa ansiedade ao estar na Igreja e em outras configurações sociais.

Depois de algum tempo e com a ajuda da terapia, medicação e oração, a Igreja tornou-se novamente um lugar de paz ao invés de pânico para mim. Infelizmente, essa ansiedade retornou com força total recentemente.

Por causa da minha ansiedade e depressão, geralmente saio dessas conversas me sentindo um pouco sobrecarregado. Ao invés de focar em práticas específicas, o que mais me ajudou foi me ajustar a determinadas mentalidades que eu tinha sobre a Igreja.

Se você também se sente como a pessoa da experiência acima ou se por qualquer outro motivo, ir à Igreja também já não faz sentido, aqui estão algumas perspectivas que podem ajudar

Não faz mal deixar o jardim

Uma vez, uma pessoa compartilhou que sair de casa para servir em uma missão foi como ser expulso do Jardim do Éden. No entanto, ela disse que voltar para casa após a missão também fez com que se sentisse saindo do jardim.

Para muitas pessoas, a Igreja é como o Jardim do Éden: confortável, familiar e seguro. Para outros, a Igreja é desafiadora e desconfortável, e isso não é necessariamente uma coisa ruim. Depois de tudo, deixar o jardim do Éden foi uma experiência dolorosa para Adão e Eva.

Contudo, mais tarde alegraram-se, sabendo que eles não tivessem comido do fruto e saído do jardim, eles “jamais teriam conhecido o bem e o mal e a alegria da nossa redenção e a vida eterna que Deus dá a todos os obedientes” (Moisés 5:10). Deixar o conforto e a familiaridade do jardim permitiu que Adão e Eva crescessem e tivessem acesso a Deus e Suas bênçãos de maneiras que caso contrário não poderiam ter.

Embora às vezes seja desconfortável, frequentar a Igreja permite oportunidades de um crescimento além do que seria possível se ficássemos em casa no meu Éden pessoal.

A adoração na Igreja está estruturada para nos lembrar que não fazemos essa viagem sozinhos — estamos juntos na jornada. E entre nós, Cristo caminha e orienta e direciona por meio de seus servos chamados. Nós podemos encontrar Cristo não só nas escrituras e na quietude da contemplação, mas também quando amamos nossas congregações e participamos delas.

Não se culpe

Às vezes acreditamos que se nos custa ir à Igreja é porque perdemos o testemunho, mas isso não é verdade. A vida espiritual tem ciclos, assim como a vida emocional. Há momentos de entusiasmo, de paz e também de cansaço.

Reconhecer que você está desanimado não diminui o seu testemunho de Jesus Cristo; torna-o humano. É normal que haja dias em que o coração não tenha a mesma energia.

O importante não é se render a essa sensação, mas compreendê-la. Às vezes, descansar não significa se afastar, mas permitir que o Senhor renove você aos poucos.

Busque um novo enfoque

Pode ser que você não precise parar de ir, mas redescobrir o motivo pelo qual vai. Com o tempo, até as coisas mais sagradas podem se tornar rotina.

Vamos à Igreja, sentamos no mesmo lugar, cumprimentamos as mesmas pessoas e voltamos para casa. Sem perceber, o que antes era um momento de renovação espiritual pode começar a parecer apenas mais um compromisso na agenda.

Mas a adoração não é só receber; também é dar. Deus não nos pede que cheguemos perfeitos, mas dispostos. Tente ir com uma nova intenção: servir.

Antes de sair de casa, pergunte a si mesmo: a quem posso abençoar hoje? Talvez haja um novo converso que precisa de companhia, uma irmã mais velha que sente falta de uma conversa ou um jovem que não sabe onde se sentar.

A Igreja continua a mesma, mas nossa perspectiva pode mudar. Quando passamos a ver as reuniões não como rotina, mas como oportunidade de ministrar, o Espírito se faz sentir de outra forma. O que parecia repetitivo torna-se significativo, e o que antes cansava começa a nos fortalecer.

Às vezes, o Senhor não renova nossa fé de imediato; Ele faz isso através do serviço silencioso. Um sorriso, uma palavra gentil ou um gesto pequeno podem reacender algo dentro de nós. Porque quando ajudamos outros a sentir o Salvador, acabamos encontrando-O também.

Lembre-se do porquê você começou

Pare um momento e pense na primeira vez que sentiu que a Igreja era sua casa. Na oração respondida, no hino que te fez chorar ou na reunião em que o Espírito te encheu de paz.

Às vezes, as lembranças de experiências espirituais parecem distantes, mas não se foram. Apenas estão esperando que você as veja novamente.

Seu testemunho não se perdeu; ele continua ali, mesmo que hoje se sinta silencioso. A fé nem sempre fala alto; às vezes, ela habita o coração de forma silenciosa.

O que você pode fazer quando o desânimo chega

Quando esse cansaço espiritual aparecer, há ações simples que podem ajudar a recuperar o sentido:

  • Ore com sinceridade. Não precisa usar palavras perfeitas. Diga ao Senhor como se sente e peça forças para voltar a sentir alegria.
  • Cerque-se de pessoas de fé. Às vezes, o entusiasmo dos outros pode reacender o seu.
  • Busque um propósito maior. Ir apenas por hábito cansa; ir por amor renova.
  • Permita-se sentir. Não negue o cansaço nem se culpe por ele. Até os discípulos mais fiéis tiveram dias difíceis.

Seguir em frente mesmo quando é difícil também é um ato de fé. Não é fraqueza; é resistência espiritual.

Você não terá sempre o mesmo entusiasmo, e tudo bem. O Senhor não te mede pelo número de sorrisos ao entrar na capela, mas pela disposição de continuar buscá-Lo, mesmo quando custa.

A fé não é apenas crer quando tudo brilha; é continuar quando tudo parece “perdido”. Superar o desânimo também faz parte do processo de conversão.

Fonte: LDS Living, Más Fe

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