A Maldição de Ser Muito Feliz
Por Jenna Kim Jones
Eu sou uma comediante de stand-up. Quando eu comecei no mundo da comédia, as pessoas brincavam comigo o tempo todo. E aqui está o porque. Lembro-me de estar em um clube de comédia alguns anos atrás, esperando minha vez de se apresentar quando puxei conversa com alguns outros comediantes. Eles me perguntaram por que eu estava andando naquele clube. Quando eu disse a eles que eu também era uma comediante de stand-up, eles não acreditaram em mim. Um deles disse: “Não, você não é um de nós. Você é muito feliz”.
Esta acusação tem me seguido durante anos como uma maldição – a maldição de ser “muito feliz”. A verdade é que eu sou uma pessoa muito feliz. Seja numa brincadeira, numa canção, ou em algo engraçado que um amigo disse, sinto-me no direito de ser feliz. O Presidente Dieter F. Uchtdorf disse: “Fomos criados com o propósito e com o potencial expresso de experimentarmos a plenitude da alegria. Nosso direito nato — e o propósito de nossa grande jornada nesta Terra — é buscar e vivenciar a felicidade eterna.”
Antes de me casar, eu estava muito feliz – tão feliz que pensei que talvez eu nem precisasse me casar. Eu tinha um trabalho extraordinário no The Daily Show com Jon Stewart, eu vivia na maior cidade do mundo, Nova York, e eu tinha amigos e família que sabia que podia contar sempre. Eu estava bem, perfeitamente contente. Além disso, namorar era difícil! E muito frequentemente, me causava dor. Então, quando eu conheci o meu marido, eu não estava à procura de um relacionamento. Na verdade, eu o dispensei logo de cara. Felizmente, ele foi persistente e acabamos indo num encontro. Ele tinha a minha idade, tínhamos mais em comum do que eu imaginava, e sair com ele parecia a coisa certa. Mas isso não significava que eu não estava aflita sobre o casamento. O problema de ter toda essa felicidade era que eu estava com medo de perdê-la. Eu não entendia que havia mais dessa felicidade reservada para mim.
Uma semana depois que meu marido e eu nos casamos no Templo d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Provo, Utah, começamos uma nova vida em uma nova cidade. Nos mudamos de Nova York para Los Angeles. Desistir do que imaginava ser a única vida perfeita foi um desafio. Eram tantas mudanças ocorrendo tão rapidamente! Eu estava com medo de perder a minha identidade. Eu estava em um lugar desconhecido sem emprego. Poderia ter sido muito fácil cair em uma depressão. No entanto, eu continuei. Eu comecei a fazer stand-up de novo, eu escrevi, me juntei a uma academia, fiz alguns amigos, e servi em minha nova congregação. E o melhor de tudo, todos os dias eu comecei a sair com meu melhor amigo, meu marido. O casamento é incrível! Eu me senti mais confiante a cada dia, sabendo que eu tinha alguém que me conhecia tão bem, que protegia as minhas costas, e que apoiava os meus objetivos. Quando olho para trás na minha vida de solteira e me lembro com carinho, nada se compara à felicidade que sinto agora, sabendo que estou casada com meu marido para sempre. Em vez de sentir que eu desisti de minha vida em Nova York, eu tenho novos objetivos e sonhos. Minha carreira decolou, e a partir de agora, eu tenho feito mais do que eu jamais pensei que faria.
Meu marido e eu recentemente celebramos o nosso aniversário de três anos. Três anos fantásticos! Nós estamos esperando nosso primeiro filho em novembro. Agora, deixe-me ser clara, eu sempre soube que queria ser mãe, mas não porque eu senti qualquer tipo de forte desejo materno. Na verdade, embora eu ame meus 15 sobrinhos e sobrinhas, eu também adoro vê-los ir para casa com seus pais. Trocar fraldas, dormir cedo, bebês chorando? Não, obrigada! A realidade é que eu queria ser uma mãe, porque eu senti que eu deveria ser uma, como se fosse meu dever como mulher. E, claro, como um membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, eu sempre senti que era uma obrigação. “Multiplicar e encher a terra”, certo? Estou começando a entender que a maternidade é muito mais do que trocar fraldas, colocar crianças para dormir cedo, bebês chorando e muito mais do que apenas uma obrigação.
Antes de ficar grávida, o meu marido e eu nos sentamos e tivemos uma conversa sincera sobre ter um bebê. Eu estava nervosa sobre dar o próximo passo porque eu nunca tinha sentido esse forte desejo de ter um filho. Meu marido, por outro lado, estava animado com a ideia de começar uma família em breve. Eu estava com medo de engravidar, porque eu não queria estragar aquela situação. Ou seja, eu não queria que nossas vidas mudassem. Nós estávamos REALMENTE felizes. Minha carreira estava indo tão bem. Tivemos tanta liberdade para fazer nossas escolhas! E vamos cair na real: ganhar peso não soa tão atraente também. Eu não sabia se eu estava disposta a desistir da vida que eu tinha. E o pior de tudo, por causa da experiência pessoal com o divórcio dos meus pais, eu estava com medo de que ter uma criança significaria um declínio inevitável no meu casamento. Meu marido foi extremamente compreensivo e não se ofendeu com as minhas preocupações. Depois de falar com ele abertamente e com sinceridade, eu decidi que estava pronta para dar o salto, pensando que levaria meses para engravidar de qualquer maneira. Eu engravidei cerca de um mês mais tarde. E desde então, a ansiedade que eu sentia por perder a felicidade que criamos está desaparecendo. Estou cheio de esperança de que a nossa menina (sim, uma menina!) vai nos trazer um novo tipo de felicidade que nunca senti antes.
Não me entenda mal; Eu não sou uma daquelas pessoas que está perpetuamente feliz. Todos nós já encontramos pessoas felizes que parecem viver uma vida encantada e pensamos, “ugh”. Eu enfrentei muitos desafios como divórcio, doença, e muito mais. Eu percebo que, embora eu me sinta excepcionalmente feliz, haverá momentos em minha vida em que enfrentarei profunda tristeza. Houve muitas noites em que eu pensei, “O que é que a vida vai me trazer agora?” Então eu olho para o meu marido e a vida que construímos juntos ou sinto meu bebê se mexendo dentro de mim, e sei que tudo vai ficar bem. A maldição de ser muito feliz ataca de novo!
Eu entendi que ao longo de todas estas grandes mudanças na minha vida, a fonte da minha felicidade permaneceu constante. No Livro de Mórmon lê-se, “E ainda mais, quisera que considerásseis o estado abençoado e feliz daqueles que guardam os mandamentos de Deus. Pois eis que são abençoados em todas as coisas, tanto materiais como espirituais; e se eles se conservarem fiéis até o fim, serão recebidos no céu, para que assim possam habitar com Deus em um estado de felicidade sem fim. Oh! Lembrai-vos, lembrai-vos de que estas coisas são verdadeiras, porque o Senhor Deus as disse” (Mosias 2:41). Minha fonte de felicidade vem de seguir o plano de Deus. Seja no casamento ou no começo de uma nova família ou até mesmo em algo tão simples como servir como voluntária na igreja, ou ser gentil com um estranho, quando coloco minha fé em primeiro lugar, a felicidade tende a vir. Meu casamento é excelente. Minha carreira está melhor. Minha força para vencer as provações é muito maior. E o melhor de tudo, a esperança vem muito mais facilmente. Eu sei que a felicidade não é uma maldição. “A felicidade é a [minha] herança.”
Jenna Kim Jones Moss é uma comediante stand-up, podcaster, esposa feliz, prestes a ser mãe, e claro, mórmon. Ela vive com o marido, Allan Moss, em Los Angeles, Califórnia.
Encontre Jenna online no JennaKimJones.com, ouça seu podcast (em inglês), ou a siga no Twitter.
Artigo original em mormon.org. Traduzido por Esdras Kutomi.