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6 Dicas Para se Entender a Ciência das Escrituras

Ciência das escrituras

As escrituras são maravilhosas! Quando lembramos da coragem e sacrifícios feitos por muitos profetas e pessoas justas de todas as épocas para escrever e preservar esses registros sagrados para nós, nosso coração se enche de gratidão. O propósito de termos as escrituras e o modo que devemos usá-las foi muito bem sintetizado pelo profeta Néfi, que assim comentou: “Pois apliquei todas as escrituras a nós, para nosso proveito e instrução”.[1]

Obviamente as escrituras não constituem um conjunto de tratados científicos. Seu objetivo é falar, pregar e profetizar de Cristo[2], apontando o meio pelo qual, graças a Seu grande sacrifício expiatório, os homens podem encontrar sua salvação. Contudo o diligente estudioso das escrituras se deparará com vários ensinamentos ao longo dos livros sagrados que falam sobre a natureza, ou a mencionam, alguns dos quais podem, aparentemente, entrar em conflito com a visão da ciência moderna. Esse artigo tem como propósito apresentar as ferramentas que nos ajudarão a compreender essas passagens.

1. A vida digna e a oração sincera convidam o espírito a nos ensinar

Ciência das escriturasEsse ponto é bem conhecido por todos, mesmo assim, é bom relembrar. Por mais culto que seja o homem, por mais diplomas que ele possua, ou mais livros que tenha lido, ele não interpretará totalmente o conteúdo das escrituras sem a companhia e inspiração do Espirito Santo, pois as verdades espirituais só podem ser compreendidas espiritualmente[3]. Tais verdades incluem as citações sobre as criações físicas declaradas pelo Senhor e seus profetas. Antes de orar, permitamos-nos alguns segundos para meditar o que queremos perguntar ao Senhor. A oração deve ser sincera, como se O Senhor estivesse na nossa frente, e pudéssemos livremente lhe questionar sobre os mistérios do cosmos! Depois do “amém”, que possamos ponderar por alguns momentos em silêncio, de modo a dar ao Espírito tempo para nos comunicar sobre a verdade.

2. Não podemos encarar a ciência como meras teorias

É um equívoco comum de muitos irmãos da igreja, a ideia de que a ciência é meramente um conjunto de hipóteses em constante mudança. Tais pessoas, ao se depararem nas escrituras com questões que divergem do pensamento científico estabelecido, tendem a ultrajar este, perdendo o desenvolvimento de uma compreensão mais elevada por falta de um exame mais criterioso. É verdade que existem verdades que a ciência não conhece, e várias das que ela conhece, estão em diversas fases de compreensão. Contudo isso não dá liberdade para simplesmente ignorá-la.
Ciência das escrituras
Em quatrocentos anos de método científico, a raça humana ganhou grande entendimento sobre as leis da natureza, e a maior prova disso é a era moderna de arranha-céus, computadores, internet, engenharia genética, nanotecnologia, etc. A ciência é real, e apesar de sofrer mudanças, essas vem cada vez mais no sentido de expandir nosso entendimento, e não de contradizer um entendimento antes aceito. Tanto é que somos instruídos pelo próprio Salvador a aprender tanto coisas espirituais como seculares[4]. Nossa atitude deve ser, portanto, a de um verdadeiro pesquisador, buscando sinceramente nos comentários inspirados dos servos de Deus, bem como em bons livros científicos, até chegarmos a uma conclusão sensata da verdade.

3. Precisamos entender o propósito da passagem

Esse é um ponto interessante. Em raras partes das escrituras vemos uma descrição da natureza que tem propósito em si própria. Geralmente essas descrições tem como propósito ensinar uma valiosa lição espiritual, ou apresentar analogias que simplifiquem o entendimento de uma determinada doutrina[5]. Um exemplo claro disso é o relato da criação que encontramos em Gênesis 1 e 2[6]. O Senhor ensina nesses capítulos sobre a criação do nosso planeta terra, porém seu propósito não é descrever os meios pelos quais a criação ocorreu, de modo que os delineia em traços largos que reflitam (1) Seu poder, glória e perfeição; (2) Seu grande amor ao criar todas as coisas para o benefício e progresso do homem; (3)

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Para mostrar ao homem sua posição elevada como principal criação, feita a imagem do próprio Pai Celeste, que ele possui o direito e dever de agir como princípio ativo de seu próprio futuro e de sua função de formar famílias e conceder corpos físicos aos filhos espirituais de Deus. Conquanto reconheçamos a grandiosidade dessas lições, aquele que deseja aprender em detalhes os processos físicos relativos a criação, não se contentará apenas com isso.

4. Devemos buscar compreender o contexto histórico e moral

Uma ferramenta poderosa em nossa busca para interpretar certas verdades científicas ensinadas nas escrituras é compreendermos o contexto histórico da passagem, bem como a condição moral e espiritual da pessoa ou povo que está sendo ensinado. Isso inclui o entendimento de que muitas verdades “claras e preciosas” foram retiradas da Bíblia[7], e por isso, nesse livro em especial, podemos encontrar contradições não só de natureza científica, mas relativas a própria natureza de Deus[8]. Um exemplo claro da necessidade de se avaliar o contexto histórico e moral é o de Josué e os israelitas na batalha de Gibeão[9]. Nessa passagem é sugerido que o Senhor parou o movimento do sol, de modo que os israelitas tivessem um pouco mais de luz do dia para perseguir seus inimigos. A interpretação lógica, e até óbvia dessa sentença é que o sol se move, não a terra.
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Essa ideia é complementada por nossa observação do dia-dia, onde vemos o sol se erguer no leste e se pôr no oeste. Porém sabemos que naquela época, todo esforço de pregação precisava ser devotado a fortalecer a fé do povo israelita, quase sempre envolvidos em rebeliões e períodos de apostasia, de modo que o ensinamento científico era protelado para épocas de maior nível espiritual (que diversas vezes nunca chegaram). Fosse por isso, ou fosse essa uma das verdades modificadas na Bíblia ao longo de centenas de anos, sabemos hoje que essa visão não corresponde a realidade física, e não é necessário nem recorrer aos trabalhos de Copérnico e Galileu que usaram da matemática e das observações telescópicas, mas o profeta Helamã do livro de mórmon, munido de uma compreensão mais elevada, testificou que é a terra, e não o sol, que se move[10].

5. É necessário dar atenção às referências

Ainda é costume de muitos ler, em vez de estudar as escrituras. Essa prática significa muitas vezes escolher uma das quatro obras padrão e fracioná-la numa meta de “cinco capítulos por dia”, por exemplo. Esse tipo de abordagem tem grande utilidade quando estamos lendo as escrituras pela primeira vez, (ou seja, quando crianças ou recém-conversos), fortalecendo a fé, o testemunho da verdade e concedendo as primeiras experiências com o Espírito Santo. Contudo a medida que amadurecemos no evangelho, e buscamos níveis de compreensão mais elevados, precisamos migrar para métodos mais elaborados de estudo[11].

Isso inclui o uso das obras de roda-pé nas escrituras, comparando o mesmo ensinamento ou analogia em um livro de escrituras, com outras obras-padrão. Inclui buscar e estudar comentários inspirados feitos por apóstolos e profetas modernos a respeito do princípio, bem como de escritores honrados e munidos de bons argumentos.

6. Socializar o conhecimento pode ser importante

Por mais que a ponderação pessoal e a imersão em nosso próprios pensamentos seja fundamental e muito produtiva, muitas vezes compartilhar com outras pessoas nossas dúvidas e observações pode ser muito benéfico. Podemos conversar com nossos pais, ou outros parentes, com os líderes da igreja, ou com amigos que nutrem padrões elevados, ou fazer perguntas em aulas e serões onde nos seja dadas oportunidades de falar. O simples ato de repetir nossas reflexões em voz alta para outros, ou os comentários e opiniões dessas pessoas, podem abrir nossa mente a respeito de algo que até então noa havíamos visto.

As dicas acima sem dúvida serão uteis para abrir nossos olhos a respeito de verdades muitas vezes negligenciadas por falta do esforço necessário. Conquanto esse não seja um conjunto absoluto e fechado de regras, podendo receber adições ou modificações dependendo de cada caso, as ideias aqui apresentadas fortalecerão nossa busca diária, como discípulos fieis, do “Único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem [Ele enviou]”[12]. Sendo a obra de Deus tão vasta e seus propósitos tão perfeitos, pode ser que mesmo buscando com toda diligência, não encontremos a resposta para certas dúvidas. Nesse caso devemos seguir o conselho do apóstolos e profetas: mantenhamos o que já sabemos[12], e sejamos fieis o suficiente para continuar a crescer em luz e verdade, até que, no tempo do Senhor, venhamos a compreender!

Referências

[1] 1 Néfi 19:23;
[2] 2 Néfi 25:26;
[3] Alma 32:40;
[4] D&C 88:78-80;
[5] Exemplos disso encontram-se em Mateus 6:26-29; Alma 30:44; Alma 32:28-32;
[6] Registros semelhantes encontram-se em Moisés 2,3 e Abraão 4,5.
[7] 1 Néfi 13: 24-26;
[8] Por exemplo, Gênesis 6:7 sugere que um Deus perfeito poderia “se arrepender” por algo que fez.
[9] Josué 10:12-13
[10] Helamã 12:12-15;
[11] Alma 17:2;
[12] “Você Sabe o Suficiente”, Elder Neil L. Andersen, Aliahona, Novembro de 2008.

| Para refletir
Publicado por: Lukas Montenegro
Membro SUD, articulista da more good foundation e tradutor da fair mormon Brasil, bacharelando em física pela UFPB desde 2014; Interesses englobam as áreas de doutrinas sud, física, cosmologia, astronomia, astrofísica, ciência natural em geral, e tocar violino.
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