4 Paradoxos do Evangelho de Jesus Cristo
Ao considerar a imensa sabedoria de Deus e nossa incredulidade e nossa ignorância, ponderei sobre alguns paradoxos do Evangelho do Salvador. Muito do que o Senhor faz parece-nos estranho (Isaías 28:21, D&C 95:4, 101:95). Isso acontece porque os pensamentos Dele são maiores que os nossos (Isaías 55:8-9). Listei alguns “paradoxos” do evangelho abaixo – verdades que nos parecem contraditórias no primeiro momento. Deixei alguns paradoxos sem explicação, no final, para sua ponderação.
1- Somos menos que o pó da Terra. Somos a maior e mais gloriosa criação de Deus.
O Rei Benjamim afirmou que somos menos que o pó da Terra (Mosias 2:25). E em Helamã é explicado o motivo: “Oh! Quão grande é a nulidade dos filhos dos homens! Sim, são até menos que o pó da Terra. Pois eis que o pó da Terra se move de cá para lá, separando-se segundo a ordem de nosso grande e eterno Deus.” E o homem, nem sempre obedece a voz do Criador… (Helamã 12:7-8).
Entretanto, quando Moisés se deu conta que “o homem nada é”, aprendeu também que o maior interesse de Deus é exaltar seus filhos (Moisés 1:10 e 39).
O Presidente Dieter F. Uchtdorf refletiu sobre esse paradoxo:
“Mas mesmo que o homem nada seja, enche-me de admiração e reverência pensar que “o valor das almas é grande à vista de Deus”. Embora possamos olhar para a vastidão do Universo e dizer: “Que é o homem, em comparação com a glória da criação?” Deus mesmo disse que nós somos a razão pela qual Ele criou o Universo! Sua obra e glória — o propósito deste Universo magnífico — é salvar e exaltar a humanidade. Em outras palavras, a vasta extensão da eternidade, as glórias e os mistérios do espaço e tempo infinitos foram todos criados para benefício de mortais comuns como eu e vocês. Nosso Pai Celestial criou o Universo para que pudéssemos alcançar nosso potencial como Seus filhos e filhas.
Este é um paradoxo do homem: comparado com Deus, o homem não é nada; ainda assim, somos tudo para Deus. Embora comparados ao cenário da criação infinita possamos parecer nada, temos uma centelha do fogo eterno ardendo dentro de nosso peito. Temos a incompreensível promessa de exaltação — mundos sem fim — ao nosso alcance. E é o grande desejo de Deus ajudar-nos a alcançá-la.” (“Você é importante para Deus”, A Liahona, Novembro de 2011, pg. 20)
2- Deus não depende de nós. Deus precisa de nós.
O Salvador falou desse paradoxo: “Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” (Lucas 19:40). Embora Deus se agrade quando O invoquemos, Ele é perfeitamente desvinculado da necessidade de nossos atos – e pode “crescer em glória” sem nossa participação.
João Batista disse ao orgulhosos judeus: ” E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” (Mateus 3:9).
O presidente Brigham Young foi mais direto:
“O Senhor é perfeitamente independente. Ele recebeu sua glória e reina de modo supremo e onipotente. O Senhor não depende de vós ou de mim. Se todos nós apostatássemos e fôssemos para o inferno, tal fato em nada acrescentaria ou diminuiria sua glória. Ele deploraria a tolice que fizemos em nos desviar dos santos mandamentos e permitir que a ira do todo poderoso recaísse sobre nós. Os céus chorariam por nossa causa, mas ainda assim o Senhor possuiria sua glória, e não estaríamos trabalhando em seu beneficio. Em beneficio de quem estamos trabalhando? De nós mesmos.” (“Deidade”, Discursos de Brigham Young, pg. 23)
Entretanto, por ser nosso Pai Amado, Ele precisa de nós – de cada um de nós. Nessa perspectiva de amor e misericórdia, lembremo-nos de que a Expiação foi realizada por cada um de nós (D&C 19:16). O “valor das almas é grande a vista de Deus (D&C 18:10).
O Elder Merrill J. Bateman ensinou:
“A natureza eterna recebida de Seu Pai deu a Jesus o poder de realizar a Expiação, para sofrer pelos pecados de todos. (…) Por muitos anos, pensei na experiência do Salvador no jardim e na cruz como lugares onde uma grande quantidade de pecados foi acumulada sobre Ele. Contudo, graças às palavras de Alma, Abinádi, Isaías e outros profetas, minha visão mudou. Em vez de uma massa impessoal de pecados, havia uma longa fila de pessoas quando Jesus sentiu “nossas fraquezas” (Hebreus 4:15), “tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores (…) e [foi] moído por causa das nossas iniquidades” (Isaías 53:4–5). A Expiação foi uma experiência pessoal e íntima na qual Jesus ficou sabendo como ajudar cada um de nós” (“Um Padrão para Todos”, A Liahona Novembro de 2005).
Deus permite que Sejamos seus servos para que nós mesmos sejamos abençoados. O Élder Mark E. Petersen, que serviu no Quorum dos Doze Apóstolos, acrescentou:
“Ele [Jesus Cristo] é o Filho de Deus. É divino. Foi enviado ao mundo por um decreto dos céus. Nós somos Seus representantes, Suas testemunhas, e Ele depende de nosso trabalho, para que o mundo acredite que Deus O enviou, e assim talvez muitos viverão Seu evangelho e serão salvos.” (“The Image of a Church Leader”, Ensign, agosto de 1980, pg. 5–8).
3- Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de Cristo, achá-la-á.
O Élder David B. Haight, que serviu como membro do Quorum dos Doze Apóstolos, ensinou:
“Lembro a vocês que o Salvador ensinou, conforme registrado em Mateus, que “quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”. (Mateus 10:39) Alguns estudiosos e outros já pensaram: “Isso é um paradoxo. É provavelmente uma tradução errada. Não faz muito sentido”. Está muito claro em minha mente, e espero que esteja na sua, que ao vivermos no mundo materialista, na Babilônia em que vivemos hoje, ao vermos o que acontece no mundo, quer leiamos as notícias da seção econômica, da seção de política ou de qualquer outra, podem perceber e sentir que encontramos força e achamos as respostas para as nossas dificuldades e nossos problemas ao darmos ouvidos à voz do profeta, do profeta de Deus sobre a Terra.
Nessa afirmativa do Salvador, vemos que ao vivermos num mundo materialista só estamos preocupados com o lado materialista da vida. Pensamos em tudo o que podemos acumular para nós mesmos. Não estamos pensando nos outros nem estamos vivendo de modo a ajudar outros a viver num plano superior. O Senhor está dizendo que quando se encontra a vida que Ele exemplifica perde-se a vida centrada em si mesmo: “e quem perder a sua vida, por amor de mim (…)” Quando estamos preocupados em fazer algo para outra pessoa e quando estamos pensando em partilhar o evangelho ou ajudar alguém a ir para um plano superior, moral ou fisicamente, quando estamos fazendo algo para outra pessoa e partilhando algo com ela, estamos ajudando essa pessoa, estamos indo em seu auxílio. É nisso que encontramos a vida da qual o Salvador fala, encontramos as bênçãos eternas, as bênçãos celestiais, as bênçãos do templo, todas as bênçãos que podemos ter advindas de termos uma família amorosa.” (“Apoio aos profetas”, Conferência Geral, Sessão da Tarde de Sábado, Outubro de 1998)
O Presidente James E. Faust também elucidou a escritura, ao dizer:
“Um dos paradoxos da vida é que uma pessoa que aborda tudo com a atitude o-que-eu-ganho-com-isso, pode conseguir dinheiro, propriedades e terra, mas ao final perderá a satisfação e a felicidade que sente uma pessoa que compartilha seus talentos e dons generosamente com outros.
Quero testificar que o maior e melhor serviço a ser desempenhado por qualquer um de nós é o realizado a serviço do Mestre. Nas diversas atividades de minha vida nenhuma foi mais recompensadora ou benéfica do que aceitar os chamados de serviço desta Igreja. Cada um deles é diferente. Cada um deles traz uma bênção separada. A maior realização na vida vem de se prestar serviço a outros e não ficar obcecado com “o que eu ganho com isso”. (“O que eu ganho com isso?”, A Liahona, Novembro de 2002, pg. 22)
4- Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros.
O profeta Néfi explicou esse paradoxo: “E chegará o tempo em que ele [Deus] se manifestará a todas as nações, tanto aos judeus como aos gentios; e depois de haver-se manifestado aos judeus e também aos gentios, ele manifestar-se-á aos gentios e também aos judeus; e os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.” (1 Néfi 13:42).
Em Éter 13:9-12, Morôni explica: “E haverá um novo céu e uma nova Terra; e serão como os antigos, exceto que os antigos morreram e todas as coisas se tornaram novas. E vem então a Nova Jerusalém; e bem-aventurados os que nela habitam, porque são aqueles cujas vestes são branqueadas por meio do sangue do Cordeiro; e são aqueles que são contados com os remanescentes da semente de José, que eram da casa de Israel. E então vem também a antiga Jerusalém; e bem-aventurados são os seus habitantes, porque terão sido lavados no sangue do Cordeiro; e são os que foram dispersos e coligados das quatro partes da terra e dos países do norte e participarão do cumprimento do convênio feito por Deus com seu pai Abraão. E quando sucederem estas coisas, cumprir-se-á a escritura que diz que há os que foram primeiros, que serão últimos; e há os que foram últimos, que serão primeiros.”
Os detalhes a respeito dessa “coligação invertida” não estão todos revelados. O Senhor disse: “Lembrai-vos, porém, de que aos homens não são dados todos os meus juízos; e assim como as palavras saíram de minha boca, assim serão cumpridas, para que os primeiros sejam os últimos e para que os últimos sejam os primeiros em todas as coisas que eu criei pela palavra de meu poder, que é o poder de meu Espírito.” (D&C 29:30).
Há outro significado desse paradoxo. O Senhor disse:
“Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida. Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros.” (Mateus 19:28-30).
Assim vemos que aqueles que são considerados os últimos pelo mundo, por serem pacíficos seguidores do Senhor, serão os primeiros para Deus, na eternidade.
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Outros paradoxos do evangelho para você ponderar:
- Os que possuem posições elevadas devem ser servos; o Filho foi Homem foi servo mesmo sendo o maior de todos.
- O mais glorioso e obediente Filho de Deus sofreu mais do que o pior dos pecadores.
- A fé para ser curado e a fé para não ser curado.
- Quanto mais aprendemos mais percebemos que sabemos pouco.
- Toda tragédia é uma nova oportunidade; toda dificuldade é uma bênção.
- O Senhor nos dá fraqueza para que nos tornemos fortes.