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Omanenses Dão Permissão Para Escavações na Terra de Abundância de Néfi

Praia de Khor Kharfot -Terra de Abundância

Praia de Khor Kharfot, a mais provável Terra de Abundância de Néfi descrita no Livro de Mórmon. Imagem via LDSMag.com.

Por ScotMaurine Proctor

Parecia impossível que o governo do país muçulmano devoto de Omã no sudeste da península arábica concedesse permissão para uma equipe arqueológica, dirigida por um santo dos últimos dias (mórmon), cavar na praia isolada chamada Khor Kharfot, que não é apenas um, mas provavelmente o único candidato viável para a terra de Abundância de Néfi.

Os Omanenses não só concederam permissão como estão dispostos a serem nossos parceiros, facilitando o trabalho, permitindo a coleta de amostras para serem analisadas fora do país e muito mais. Estes são muçulmanos apoiando graciosamente o projeto Mórmon que visa conhecer o que pudermos sobre a terra de Abundância de Néfi.

O que vamos contar aqui é a história notável de como isso se sucedeu. Entender o porque disso ser incrivelmente significativo requer algum contexto.

Litoral de Omã, possível Terra de Abundância

Imagem via LDSMag.com.

Ao descrever Abundância, onde a família de Leí construiu um navio, Néfi nos dá detalhes específicos, incluindo que é um lugar à beira-mar acessível a partir do deserto elevado, diretamente leste de Nahom, um lugar com muitas frutas, mel e um lugar com uma quantidade significativa de madeira. Ela deve ter uma fonte de água fresca, minério de ferro para fazer ferramentas, sílex para fazer fogo, uma montanha perto o suficiente para que ele possa ir lá para orar muitas vezes, e os penhascos à beira-mar onde seus irmãos ameaçaram jogá-lo. (Ver mais descrição detalhada aqui)

A localização de Nahom foi descoberta no Iêmen, um lugar chamado por esse nome muito antes de Leí passar por lá em 600 a.C. Então, o que diretamente a leste de lá poderia preencher esses muitos critérios especificados ou sugeridos na história de Néfi?

Francamente, a terra de Abundância de Néfi simplesmente não se encaixa na estéril expansão seca e sem árvores da Arábia. Sua terra de Abundância seria tão distinta como um diamante na areia naquela paisagem. Onde é coberto de árvores e verdejante na Arábia? Apenas alguns poucos candidatos possíveis e todos eles pecam em várias maneiras. Apenas um lugar reúne cada critério de uma praia isolada, perto da fronteira do Iêmen chamado Khor Kharfot.

Caminho de Khor Kharfot, possível Terra de Abundância

Imagem via LDSMag.com.

Warren Aston descobriu este lugar mais de 25 anos atrás, e uma pequena quantidade de santos dos últimos dias têm visitado esse caminho desde então. O que ficou claro é que, embora seja totalmente desocupada agora, pelo menos duas levas de pessoas viveram nesta pequena área no passado e deixaram sua arqueologia para trás como testemunhas mudas de que elas estavam aqui.

Possível Terra de Abundância

Imagem via LDSMag.com.

A lagoa de água doce divide a praia e é uma rede rica de arqueologia em ambos os lados. Longas filas duplas de pedras se estendem por toda a praia. Cercas e restos caídos de edifícios cicatrizam a paisagem. Um grande monte que já foi uma espécie de torre fica no leste do lugar. Um beiral protege imagens e escrita antigas. Paredes direcionam o que já foi a saída da nascente de uma montanha. A arqueologia de Khor Kharfot é primitiva, intocada e não estudado, mas implora para ser.

Se esta é a terra de Abundância de Néfi, perguntas nos veem imediatamente à mente. Como era a vegetação na época? Que plantas cresciam? E sobre a lagoa, que agora é impedida de escoar para o mar por uma colina de areia? Será que suas águas uma vez fluíram diretamente para o mar e foi, portanto, o lugar perfeito para construir um navio?

Qual foi a data em que os primeiros colonos vieram, e depois deixaram este lugar? Néfi e Leí chegaram em um lugar com habitações abandonadas, para que, como o Senhor tinha prometido, todas as coisas necessárias fossem preparadas para eles e eles tivessem apenas que ocupar aquele lugar?

A questão mais importante

A questão que importa acima de todas as outras é quase demasiadamente tentadora para se perguntar. Néfi e Leí deixaram algo para trás para indicar que eles estiveram aqui? No início, a resposta parece ser ‘não’. Eles permaneceram aqui talvez de dois a quatro anos preparando todas as coisas e construindo um navio, o que não é tempo suficiente para deixar sua marca.

Praia de Khor Kharfot, possível Terra de Abundância

Imagem via LDSMag.com.

Isso é o que todos nós assumimos, mas quando Warren Aston deu a Richard Hauck um desenho dos restos de uma estrutura particular, no lado ocidental da praia de Khor, ele ficou atordoado. Hauck tinha estudado extensivamente o Templo de Salomão, o Tabernáculo no Deserto, e estruturas semelhantes na América Central, e por isso ele reconheceu imediatamente o que estava olhando. Ele tinha olhos para ver o que nenhum outro observador casual poderia ter notado.

O que estava desenhado era o esboço de um santuário para adoração com uma estrutura arquitetônica e um layout correlacionado diretamente com o Templo de Salomão. Ele se pareceu em todos os sentidos com os restos de um santuário hebraico. Nessa viagem e nas viagens a seguir para Khor Kharfot, Hauck estudou cuidadosamente o local específico onde este desenho tinha sido feito.

Ele podia ver a partir dos restos deixados para trás que a estrutura, que esteve uma vez lá, empregou os conceitos sagrados em medição e desenho que tinham sido usados na construção do Templo de Salomão. Na verdade, ele encontrou 14 correlações que alinharam, não só com o Templo de Salomão, mas dois templos onde havia trabalhado na América Central.

Como um arqueólogo, Hauck deixou de somente pensar que aquele era um provável candidato para a terra de Abundância de Néfi para acreditar firmemente nessa probabilidade. Quem, senão um profeta, teria construído um santuário para o culto de sua família que tão especificamente incorporou todos os conceitos sagrados evidentes no Templo de Salomão?

Terra de Abundância

Warren Aston, à direita, e outros dois arqueologistas estudam algumas das ruínas 3 expedições atrás. Isso foi antes da permissão para realizar a escavação. Imagem via LDSMag.com.

O que também foi intrigante foi que, apesar da extensa arqueologia do local indicando que outra população muçulmana passou por esse local nas últimas centenas de anos, o santuário permaneceu intocado. O local onde o santuário se localiza é o mais favorável em Kharfot, estando presente em um cume que recebe uma brisa contínua do oceano que alivia o calor presente em toda a parte.

Teria sido um lugar provável para que outra pessoa construísse algo, ocultando assim o santuário que esteve lá, mas as fontes de água que alimentavam o local secaram ao longo dos séculos, e ninguém mais escolheu aquele lugar para construir algo – uma benção que deixou os contornos do santuário à vista.

Agora, o próximo passo para aprender mais sobre este site santuário e responder a todas as outras questões seria cavar – fazer o trabalho arqueológico de forma cuidadosa e paciente, revelando o passado. Mas isso requer a permissão de Omã.

Os membros da fundação Khor Kharfot tinham muitas vezes falado sobre o que faríamos quando chegássemos a esta conjuntura. Nós não estávamos certos de que neste país muçulmano devoto um projeto dos mórmons sobre o Livro de Mórmon seria bem visto. Nós não estávamos certos, na verdade, se eles nos excluiriam por completo de Kharfot.

Hauck reuniu uma equipe sofisticada de arqueólogos, nenhum dos quais era mórmon, mas cada um com especialidades que eram importantes para o trabalho, e criou um projeto de pesquisa arqueológica para o site.
O projeto iria responder a todas as perguntas que tínhamos sobre a terra de Abundância de Néfi, bem como muito mais. Era hora de levá-lo para o governo de Omã para obter permissão. O projeto de pesquisa arqueológica ficou por conta própria, sem a necessidade de explicar a nossa querida motivação para aprender mais sobre Néfi.

A trama se complica

Em 08 de novembro de 2015, Hauck e o arqueólogo Kimball Banks se reuniram em duas reuniões com autoridades de Omã. Na primeira reunião estavam presentes as pessoas-chave para a aprovação da escavação, Dr. Said Al Salmi, Director Geral do Gabinete do Conselheiro para Assuntos Culturais e Hassan Al-Jaberi, Diretor de sítios arqueológicos. Todos os Omanenses, é claro, estavam vestidos com seus trajes tradicionais de Omã, vestes brancas e envoltórios na cabeça.

Hauck e Banks fizeram uma apresentação geral sobre a importância arqueológica da região de Khor Kharfot à história cultural de Omã. Eles passaram vários fatores de pesquisa e os omanenses concordaram que cada ponto era importante.

Eles disseram que a decisão final sobre a licença não se arrastaria para o futuro, mas seria feita naquele mesmo dia e tudo parecia favorável. Então veio a surpresa quando eles disseram que teriam uma breve reunião com o consultor do Sultão, Sua Excelência Al Rowas.

Enquanto iam para esta reunião, Hassan fez uma pergunta que deixou Hauck completamente pasmo  Ele disse que tinha uma dúvida sobre se haviam realmente um ou dois profetas. Néfi e Leí foram dois profetas ou um? Isso foi uma surpresa, já que o Livro de Mórmon não tinha sido um tema de discussão da reunião.

Tudo estava prestes a mudar.

A primeira pergunta de Sua Excelência já trouxe esse efeito, “O que é que você deseja realizar vindo para Omã?” Hauck começou a dar-lhe a visão geral do Distrito Arqueológico de Khor Kharfot, avaliando as ocupações Paleolíticas, Neolíticas, da idade do Bronze e da Idade do Ferro no Médio Oriente.

Sua Excelência não estava claramente satisfeita e disse que Hauck realmente não tinha respondido à pergunta que tinha sido feita de várias maneiras. “Você não veio de tão longe e gastando tanto para estudar comércio de incenso? Nós sabemos o que vem acontecendo em Khor Kharfot. Se você não responder a esta pergunta a entrevista será encerrada imediatamente”.

Hauck escreveu: “Como eu percebi o que o assessor estava pedindo, concluí imediatamente que eu deveria dar-lhe o que ele buscava, embora pudesse custar-nos a nossa oportunidade para a obtenção de permissão para trabalhar em Khor Kharfot. Eu sabia que deveria explicar-lhes a conexão mórmon com Omã – que Khor Kharfot é um candidato viável para a terra perdida de Abundância, onde um navio foi construído pelos antigos profetas do Livro de Mórmon, e explicar essa conexão poderia nos levar a ser expulsos do país. Concluindo que ser transparente sobre nossas intenções na investigação era a única chance que tínhamos de ser bem sucedidos neste esforço, mergulhei no caldeirão fervente.

“Respirando fundo eu disse, eu sou um mórmon. mas Drs. Kimball Banks e Linda Cummings não são mórmons e, portanto, eles não estão interessados na conexão Mórmon em Khor Kharfot”. Eu continuei dizendo que por causa desta diferença fundamental, mas necessária, nós, como profissionais, trabalhamos em duas camadas. Uma camada é o plano global de investigação geral que tem de ser realizado, a fim de compreender o contexto cultural, temporal e espacial para o distrito de Khor Kharfot. E a outra camada, que, como mórmons sobrepomos sobre o primeiro, relaciona-se com o desejo dos mórmons realizarem uma pesquisa arqueológica e ambiental em Khor Kharfot.

Litoral de Omã, possível terra de Abundância de Néfi

Dr. Ric Hauck e sua equipe dirigem-se à terra de Abundância de Néfi 3 expedições atrás. O local é de mais fácil acesso por vias marítimas. Imagem via LDSMag.com.

“Fui explicando sobre o trajeto da família de Leí, que fugiu de Jerusalém por causa da perseguição, viajando para o sul numa rota de caravanas até onde hoje é o Iêmen, e em seguida partindo para o leste e continuando até chegar no mar arábico, no presente estado de Omã. Essa viagem os trouxe diretamente para a área de Khor Kharfot.  Mencionei que por um curto período, estimado entre dois a quatro anos, eles permaneceram ali na costa de Omã construindo de um navio que foi usado para levá-los através do mar para as Américas”.

“Concluí relatando como Néfi, em seus escritos, refere-se continuamente à viagem de sua família, da destruição certa em Jerusalém, da liberdade na Terra Prometida no Novo Mundo, e comparei com a jornada do movimento de massas que Moisés e seu povo fizeram ao saírem da escravidão no Egito para a liberdade na Terra Prometida da Palestina”.

Isto é o que o Assessor do Sultão queria ouvir. Então, ele fez outra pergunta chave. Hauck disse: “Ele se perguntou se tínhamos encontrado alguma evidência real de que os personagens do Livro de Mórmon visitaram anteriormente Khor Kharfot. O Espírito era muito forte e eu sabia que deveria responder aquilo”.

“Eu respondi dizendo: ‘Sim, nós temos alguns indícios que podem se relacionar com o curto período em que Leí e Néfi residiram em Khor Kharfot”. Ao fazer essa declaração, eu tirei o desenho do local do santuário e coloquei diante dos omanenses. Expliquei que esta estrutura aparentava representar um local de culto. Sua arquitetura e suas medições eram completamente consistentes com as do templo de Salomão em Jerusalém e com várias outras complexas e antigas dos templos onde tenho trabalhado na América Central.

“Todos os três omanenses ouviram com muita atenção e pareciam estar completamente abertos a tudo o que eu relacionava. O conselheiro do Sultão, em seguida, salientou-nos que seu escritório foi completamente imparcial e aberto a todos os povos, religiões e crenças e que ele e sua equipe iriam respeitar os nossos interesses”.

Sua Excelência trouxe um jornal daquela manhã contendo um artigo de primeira página sobre o discurso do Sultão na 38ª Conferência Geral da UNESCO em Paris, onde salientou a necessidade de criar e manter relacionamentos fraternos entre todas as nações e pessoas, condenando a violência que existe no Oriente Médio e usando seu próprio país e seu governo para demonstrar a aplicabilidade de tais amizades abertas e abrangentes.

O que para nós foi um milagre absoluto, os Omanenses deram permissão total para os nossos esforços arqueológicas em Khor Kharfot e serão nossos parceiros para facilitar o trabalho.

Agora, vamos ver o que encontramos.

 

Artigo original em LDSMag.com. Traduzido por Esdras Kutomi.

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Publicado por: Esdras Kutomi
Formado em SI, mórmon, gosta de RPG e Star Wars, lê artigos científicos por diversão, e se diverte mais com crianças ou idosos do que com pessoas de sua idade.
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