Nota do editor: Este artigo se baseia em informações coletadas do Scripture Central. A redação e a análise apresentadas são um resumo das descobertas publicadas nessa fonte.

Desde sua publicação em 1830, uma grande quantidade de novas pesquisas sobre as Américas antigas veio à tona — justamente onde os Santos dos Últimos Dias acreditamos que grande parte da história do Livro de Mórmon se desenvolve. A Mesoamérica, lugar que muitos especialistas sugerem ser o cenário principal, está no centro da discussão.

Desse modo, o curioso é que muitos detalhes do registro nefitas, que antes pareciam fora de lugar (anacronismos), acabaram se mostrando surpreendentemente autênticos, especialmente nesse contexto.

Para testar essa ideia, Bruce E. Dale e Brian M. Dale (pai e filho) mergulharam profundamente no assunto. Eles utilizaram a análise bayesiana (um método de investigação) para ver se esses paralelos entre o Livro de Mórmon e a mesoamérica poderiam ser apenas uma série de coincidências incríveis.

Portanto, para a comparação, usaram como fonte principal o livro Os Maias, de Michael Coe e Stephen Houston, uma obra fundamental sobre a cultura mesoamericana.

Livro de Mórmon e os maias
Imagem: Canva

A novidade da estatística bayesiana

Aqui vem o interessante: a estatística tradicional (de frequências) se baseia em uma enorme quantidade de dados observáveis. Pense em um ensaio clínico com milhares de pacientes: quanto mais dados, melhor a previsão.

Mas o que acontece quando não há dados suficientes para um cálculo perfeito? É como quando o chef está cozinhando e a luz acaba. Ele não tem um “cálculo de apagões” perfeito, mas, pela experiência, diz:

“Há 70% de chance de voltar em meia hora”. Esses 70% são uma estimativa intuitiva baseada em um número limitado de experiências anteriores.

É aí que entra a análise bayesiana. Ela é usada em cenários onde dados controlados são difíceis de conseguir. Segundo os Dales, esse método é perfeito para situações em que “não existem probabilidades matematicamente bem definidas”.

Assim, o aspecto interessante da abordagem bayesiana é que ela ajuda a avaliar o peso de múltiplas evidências. Você precisa atribuir um “índice de probabilidade” a cada peça de evidência, mesmo que esse valor seja baseado em um julgamento intuitivo ou informal.

Essa quantificação da intuição traz várias vantagens importantes, como transparência, comparação, colaboração e atualização.

Livro de Mórmon e os maias
Imagem: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

O Estudo Dale: 131 coincidências vs. 6 pontos contrários

Para o estudo, os Dales compararam detalhadamente o Livro de Mórmon com as características culturais presentes em Os Maias. Eles encontraram um total de 131 correspondências, distribuídas em seis categorias:

  • Política (33)
  • Cultural/Social (31)
  • Religião (19)
  • Militar/Guerra (12)
  • Física/Geográfica (13)
  • Tecnológica/Miscelânea (23)

Isso inclui governos do tipo cidade-estado, emboscadas militares, construção de grandes estradas elevadas e até práticas como o canibalismo.

Todavia, a análise não foi feita apenas pelo lado positivo. Os autores também incluíram evidências que, em sua opinião, jogam contra a conexão do Livro de Mórmon com a Mesoamérica. Eles identificaram apenas seis pontos negativos: as menções no Livro de Mórmon sobre (1) cavalos, (2) elefantes, (3) ferro, (4) aço, (5) cobre e (6) ouro e prata refinados.

Pirâmides
 Imagen: Concepto.

O Prior Cético e os controles

Os autores partiram de uma dúvida extrema para garantir que a análise fosse o mais rigorosa e equilibrada possível. Imagem: Concepto

Para evitar acusações de parcialidade, os Dales incluíram o que chamaram de “prior cético”: uma probabilidade inicial de um bilhão para um de que o Livro de Mórmon seja uma obra de ficção (uma barreira altíssima).

Ou seja, a análise começou com uma crença total na hipótese de que ele é falso.

Além disso, eles realizaram estudos de controle comparando Os Maias com outras obras do século XIX. Ambas apresentaram resultados fracos, demonstrando que o Livro de Mórmon não é apenas outro texto da época com coincidências vagas.

Livro de Mórmon e os maias
Imagem: Casey Adams, Deseret News.

O resultado final

As probabilidades calculadas desafiam a ideia de que o Livro de Mórmon seja simples ficção, segundo o modelo empregado. Créditos: Casey Adams, Deseret News

Logo, após somar todas as correspondências positivas e subtrair as seis negativas, a conclusão foi:

“A probabilidade de que o Livro de Mórmon seja ficcional é de aproximadamente 1,03 × 10⁻¹¹¹, ou seja, menos de um em mil, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões, trilhões.”

Portanto, para quem acredita que o texto é apenas ficção, esse nível de apoio parece impossível de absorver. Mesmo para os crentes na divindade do livro, esse tipo de afirmação estatística pode parecer desconfortável.

Lendo as escrituras
Imagem: Vinde a Cristo.

A bússola subjetiva

O estudo bayesiano não se baseia em probabilidades estatísticas empíricas ou objetivas. O índice atribuído a cada categoria de evidência foi um julgamento intuitivo e subjetivo dos autores.

Portanto, qualquer outra pessoa poderia alterar esses índices ou adicionar/remover evidências. Isso não invalida o resultado dos Dales — apenas destaca que a conclusão final é construída sobre uma amostra subjetiva de dados e uma série de avaliações de probabilidade igualmente subjetivas.

Assim, cada pessoa precisa decidir o peso que dá a cada evidência, porque a conclusão final depende de sua própria avaliação.

Contudo, talvez o aspecto mais útil do estudo Dale seja a transparência. Ele mostra inúmeras possíveis correspondências entre o Livro de Mórmon e a Mesoamérica e nos ensina como quantificar nossas intuições.

Como concluem os autores:

“Usando o próprio livro do Dr. Coe, encontramos que a antiga Mesoamérica realmente tem muito a ver com o Livro de Mórmon.”

Fonte: Masfe

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