6 fatos incríveis sobre a doutrina da ressurreição
Anualmente, o mês de abril é marcado pela Conferência Geral e pela celebração da Páscoa cristã em lembrança da ressurreição de Jesus Cristo. A doutrina da ressurreição é a primeira vista bem simples. Cristo foi morto, ressuscitou na manhã do terceiro dia e tornou assim possível a esperança de ressurreição para todos nós. Nada complexo não é? Por essa perspectiva talvez não. O conceito da ressurreição quando analisado de maneira mais minuciosa, entretanto, revela questões interessantes e intrigantes a respeito dos mecanismos e implicações do evento.
Listamos abaixo 6 pontos interessantes a se refletir sobre a doutrina da ressurreição:
1. Ressurgiremos com o mesmo corpo da mortalidade?
A resposta para essa pergunta é relativa e depende objetivamente do que possuímos em mente com as palavras “mesmo corpo.” Se tivermos em mente a definição de “mesmo corpo” como literalmente a mesma matéria que compôs nosso corpo durante a mortalidade, a resposta é absolutamente negativa. Toda a matéria de nosso corpo é substituída no nível atômico e celular todos os dias, de maneira que praticamente todas as formas de vida estão de certa forma constantemente perdendo, ganhando e trocando matéria entre si.
Ao nos alimentarmos de carne bovina, por exemplo, integramos ao nosso corpo uma infinidade de átomos que previamente fizeram parte do corpo de outros seres vivos. Ao morrermos, retornamos ao solo, e cedo ou tarde, a matéria que comporá nosso corpo fará parte de outras formas de vida, seguindo o princípio científico básico de que no universo nada se perde ou ganha, mas tudo se transforma.
Em outras palavras, ressuscitar com o “mesmo corpo” é provavelmente uma indicação de nossa aparência física durante a mortalidade, embora ainda assim não seja uma indicação literal. Por que não literal? Por que embora algumas passagens das escrituras como D&C 88:28 indiquem que ao menos os seres celestiais ressurgirão com o “mesmo corpo que era um corpo natural,” outras passagens, por outro lado, indicam que corpos ressurretos sofrerão também algumas mudanças físicas. Um corpo ressurreto é imortal (Alma 11:45), perfeito (Alma 11:43), belo[1], glorioso[2] e desprovido de qualquer imperfeição mortal (Apocalipse 21:4).
Por essa razão, doação de órgãos, cremação ou qualquer ação de qualquer natureza sofrida por nossos corpos possuem relevância zero no evento da ressurreição.
2. Idade do corpo ressuscitado
A aparência de um corpo ressuscitado no que diz respeito à idade é evidenciada por diferentes declarações de líderes da Igreja. Joseph Fielding Smith sobre a aparência física de indivíduos adultos declarou:
“Temos razões para acreditar que a aparência da idade avançada desaparecerá e o corpo será restaurado com o completo vigor da masculinidade e feminilidade. Crianças ressurgirão como crianças, porque não há crescimento na sepultura. Crianças continuarão a crescer até que alcancem a completa estatura de seus espíritos. [3]
O Elder Oaks reforçou este ponto ao afirmar:
“Que grande consolo é saber que todos os que sofreram na vida com defeitos congênitos, lesões fatais, enfermidades ou com o definhamento natural da idade avançada serão ressuscitados em sua ‘própria e perfeita estrutura’.”[4]
3. A Expiação proporcionará a ressurreição de todas as formas de vida já criadas
A Expiação de Cristo possui tanto um efeito “salvador” como “redentor”. Entretanto, por não possuírem conhecimento do bem e do mal, animais são incapazes de se arrependerem ou cometerem pecados, e portanto, não necessitam de redenção da morte espiritual. Estão no entanto sujeitos à morte física o qual somente pode ser vencida através do poder da Expiação de Jesus Cristo. O Presidente Joseph Fielding Smith se referindo a isso declarou:
“É uma noção muito inconsistente apoiada por alguns, que a ressurreição virá unicamente a almas humanas, que animais e plantas não possuem espíritos e portanto não serão salvos pelo sacrifício do Filho de Deus, e portanto, que não estão designados à ressurreição.”[5]
O Presidente Joseph Fielding Smith sobre este fato ensinou:
“Toda criatura na terra, seja homem, animal, peixe ou outra criatura que o Senhora tenha criado, está redimida da morte nos mesmos termos em que o homem está redimido(…) eles estão designados para suas redenções e eterna duração.”[6]
Bruce R. McConkie atestou esse fato afirmando que “nada é mais absolutamente universal do que a ressurreição” e que “todo ser vivente será ressuscitado”[7]; e assim “todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.”[8]
4. O tipo de corpo ressurgido refletirá imediatamente o reino de glória que herdaremos
Outro ponto no mínimo curioso em relação à ressurreição é o fato de que nossos corpos ressuscitados nos “julgarão,” sendo um indicativo claro de que grau de glória herdaremos no dia do julgamento. [9] D&C 88: 28 evidencia este princípio ao afirmar que “recebereis vosso corpo e vossa glória será a glória pela qual vosso corpo é vivificado. Vós, que fordes vivificados por uma porção da glória celestial, recebereis sua plenitude. E aqueles que forem vivificados por uma porção da glória terrestre receberão sua plenitude. E também aqueles que forem vivificados por uma porção da glória telestial receberão sua plenitude.”
5. Ressurreição dos Filhos de Perdição
As escrituras e profetas antigos e modernos são claros ao ensinar que todos os mortais, sem exceção, serão ressuscitados e se apresentarão para serem julgados. A diferença é que os filhos de perdição ressurgirão com corpos não glorificados.[10]
O destino final dos espíritos e corpos ressuscitados dos Filhos de Perdição, entretanto, não é exatamente claro e a Igreja não possui posição oficial sobre o assunto. Com relação ao tema, ao menos duas perspectivas diferentes já foram compartilhadas por líderes da Igreja, sendo uma a ideia de que Filhos de Perdição “reinarão” nas Trevas Exteriores com seus corpos ressuscitados,[11] enquanto outra ensina que após julgados, os Filhos de Perdição terão seus corpos físicos e espirituais decompostos e desorganizados, perdendo assim sua identidade como se jamais houvessem existido.[12]
Um artigo completo sobre o destino dos Filhos de Perdição pode ser encontrado clicando aqui.
6. A Ressurreição é uma ordenança e exige chaves
Outro conceito surpreendente ensinado por diversos líderes da Igreja a respeito do assunto se refere ao fato de a ressurreição não apenas ser um evento, mas uma ordenança do Evangelho que consequentemente precisa ser realizada com chaves do sacerdócio que ainda não estão disponíveis nessa vida. [13] Brigham Young proveu um contexto maior sobre o tópico, ensinando que seres ressurretos serão ordenados por aqueles que possuem as chaves da ressurreição a ressuscitarem seus familiares e demais santos, evento este que ocorrerá em uma cadeia exponencial, até que todos os mortais tenham em fim ressurgido. [14]
Conclusão
Embora a ressurreição de Cristo seja um dos elementos mais importantes de toda a história do Cristianismo e do mundo, por mais de dois mil anos críticos tem negado sua realidade e em muitos casos atribuído outros significados para este evento. Tais pessoas um dia sentirão o profundo pesar de seus pecados, desejarão refazer más escolhas do passado e sentirão o amargo sabor de perder pessoas que amam. Naquele dia, entenderão porque precisam de um Salvador.
Que tal época jamais seja lembrada por coelhos ou ovos de chocolate mas pela tumba vazia, o amanhecer glorioso e a esperança de redenção para todos nós.
Referências:
[1] Lorenzo Snow, The Teachings of Lorenzo Snow, ed. Clyde J. Williams (1996), 99.
[2] Boyd K. Packer, “The 20-Mark Note,” Liahona, June 2009, 23; New Era, June 2009, 5.
[3] Gospel Doctrine, p. 23-24
[4] Dallin H. Oaks, Ressurreição, Conferência Geral de Abril de 2000.
[5] Smith, Answers to Gospel Questions, 5:7
[6] Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, 2:281
[7] Bruce R. McConkie, “Resurrection,” Mormon Doctrine, 637–643
[8] 1 Coríntios 15:22
[9] Callister, Douglas L., Resurrection, Encyclopedia of Mormonism, 1992.
[10] TPJS, p. 361
[11] Manual do Instituto – Doutrina e Convênios; D&C 76:44
[12] Journal of Discourses 7:57 p.58, Brigham Young, June 27, 1858; 2 Néfi 1:22
[13] Spencer W. Kimball, “Our Great Potential”, Ensign, maio de 1977, p. 49.
[14] Brigham Young, “Increase of Saints Since Joseph Smith’s Death, etc.”, Aug. 24, 1872, Journal of Discourses 15:137.