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O que a Sister Aburto nos lembra sobre temer a fraqueza

Ao ouvir os discursos da sessão das mulheres, na última Conferência Geral, me concentrei em muitas coisas. Os discursos foram inspiradores. Eu estava esperando as informações adicionais e as mudanças no programa das Moças, que foram prometidas na sessão anterior.

Meus pensamentos iam de um tópico a outro. Então, minha mente se voltou para o que tinha sido dito: A Sister Aburto acabou de falar que o pai dela cometeu suicídio?

Prestei atenção para ver se o que eu havia escutado estava certo. E sim, estava. Francamente, fiquei em choque. Em mais de 40 anos de sessões de conferência que já assisti, não me lembro de um irmão ou irmã compartilhar algo tão intenso e pessoal naquele púlpito.

Ponderei, ‘O que as pessoas vão pensar? Talvez alguns membros da Igreja pensem que a Sister Aburto compartilhou informações demais, ou que a conferência geral pode não ser o local apropriado para uma experiência daquele tipo.’ Mas meus pensamentos foram: graças, já estava na hora.

Amo o claro entendimento do evangelho da Sister Aburto. Fiquei muito impressionado com o primeiro discurso dela na conferência de abril de 2018, onde ela nos comparou com um caleidoscópio de borboletas, tentando encontrar nosso caminho para nossa casa celestial. Havia uma sinceridade natural em sua voz.

Meus primeiros pensamentos sobre seu caráter foram dramaticamente confirmados em seu último discurso. Não consigo imaginar a coragem que se deve ter, para falar no Centro de Conferências, com profetas e apóstolos atrás de você, e milhões de Santos dos Últimos Dias diante de você, e então falar sobre uma das experiências mais desesperadoras de sua vida.

Admiro verdadeiramente sua bravura e determinação. Acredito que os pontos principais de seu discurso, podem ser de grande ajuda para muitos, que atualmente compreendem erroneamente o papel da fraqueza em nossas vidas.

homem pensando sendado em uma passarela

O medo da fraqueza

Ninguém quer ser considerado como fraco. Há um tempo atrás, eu estava na quadra da escola de meus filhos e notei um grande quadro com nomes. Depois de procurar saber o que era, descobri que era uma lista de recordes dos alunos de atletismo.

Em cada linha, havia um tipo de modalidade do atletismo e um nome de um que representava a excelência naquela modalidade específica.

Alguns daqueles recordes estavam ali por anos. Aqueles eram alguns dos melhores atletas da escola. O quadro havia sido posicionado atrás de um grande mural de vidro que continha muitos troféus e prêmios de campeonatos regionais e estaduais, dentre outras conquistas notáveis.

O que eu não vi, foi um quadro que listava os times medianos, os quintos lugares, ou as repetidas tentativas de sucesso, que só conheciam falhas em cima de falhas. Eles não fazem quadros e troféus para casos como esses.

Em minha experiência, a vida é cheia de falhas, fraquezas, lutas e decepções. Felizmente, temos algumas vitórias. Alguns ainda têm seus nomes na tabela de classificação por um tempo.

Mas na maior parte dos dias, estamos nas trincheiras, tentando dar o nosso melhor, firmes em meio ao pelotão, só esperando para terminar a corrida.Olhamos para a tabela de classificação, nos desapontamos e pensamos, eu nunca estarei no topo.

Satanás se engrandece em nosso desânimo e tenta nos convencer a desistir de tentar.

“Para que continuar a corrida? Quando você sabe que não pode ganhar? Você nunca entrará naquela lista. Você nunca levará um troféu para casa. Você sabe disso tanto quanto eu sei. Você não é bom o suficiente. Desista agora enquanto ainda não rasgou o seu orgulho e a sua dignidade.”

Ele é convincente e aos poucos começamos a diminuir o nosso ritmo, buscando um momento conveniente para parar de correr.

E então, mulheres maravilhosas como a Sister Aburto, se colocam em frente a um público de milhões de pessoas e destroem a lógica de Lúcifer.

O discurso da Sister Aburto foi maravilhoso e muito bem apresentado. O que eu achei ainda mais extraordinário foi o sub-texto. O que ela não falou explicitamente, mas o que o mundo escutou, foi “podemos falar sobre fraquezas. Podemos compartilhar nossos desafios. Todos nós temos um histórico de desafios, e não precisamos fazer disso um segredo.”

Essas mensagens foram extremamente necessárias, em um mundo cheio de filtros em fotos e posts encantadores nas redes sociais. Muitos trabalham duro para esconder cada defeito, falha e decepção que começam a acreditar que ninguém tem provações ou dificuldades, além deles mesmos.

Nos sentimos sozinhos, estranhos e alienados. Mas a verdade é que em nossas falhas, estamos na companhia de um dos grandes indivíduos no mundo.

encontrar a verdade, síndrome de impostor

Fraqueza não é pecado

Temos a tendência de nos envergonharmos, acreditando que de alguma maneira, aquilo é fruto de decisões ruim que tomamos. Isso não é verdade. Podemos passar por algumas experiências por causa de algum pecado, mas o fato de sermos fracos não é pecado.

Não é uma falha. A verdade é que a fraqueza é um dom celestial, e é o primeiro passo para nos tornamos fortes.

Morôni, o filho de Mórmon, viveu em tempos de desespero. Seu pais e amigos já não estavam mais com ele. Todo o seu povo havia sido massacrado.

Ele nunca ficava em um só lugar, sempre estava fugindo dos lamanitas e tentando encontrar tempo para completar os registros inspirados de seu pai.

Imagino que em alguns momentos, ele se sentiu inadequado para a tarefa. Enquanto resumia o registro do povo jaredita, ele escreveu suas preocupações, afirmando que era um escritor medíocre e que sentia que os futuros gentios pensariam que seus esforços não eram nada.

O Senhor respondeu com ousadia e afirmação, ensinando Morôni sobre o propósito de sua fraqueza:

“27 E se os homens vierem a mim, mostrar-lhes-ei sua fraqueza. E dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam humildes; e minha graça basta a todos os que se humilham perante mim; porque caso se humilhem perante mim e tenham fé em mim, então farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles.” (Éter 12:27).

Muitos de nós estamos familiarizados com esse versículo. Nós amamos e sempre referenciamos a parte: “as coisas fracas se tornem fortes”. Essa é a parte final da escritura, e na maioria das vezes ignoramos a primeira parte, onde podemos aprender muitos pontos chave adicionais.

O primeiro ponto é que, se verdadeiramente desenvolvemos a força para ir até Deus, em busca de ajuda, então Ele irá nos mostrar nossas fraquezas. Ele acenderá um grande holofote e dirá, “Meu filho maravilhoso, se você ainda não sabia, você é fraco. Muito fraco. E é importante que você saiba disso.”

Ao tentarmos entender se devemos ser gratos por essa resposta, Ele nos ensina o segundo ponto. Não somente somos fracos, mas nossa fraqueza vem Dele. Ele completa, “Se lembra quando te mostrei o quanto você é fraco? Também gostaria de mencionar que Eu te fiz assim. Sua fraqueza vem de Mim.”

Ao nos segurarmos nessas revelações, Ele pacientemente continua suas instruções em um terceiro ponto. “Preciso que você seja humilde. A humildade é a única maneira pela qual você aprenderá a confiar em mim o suficiente, para segui os meus conselhos, voltando assim, para o seu verdadeiro lar. Sua fraqueza encorajará as sua escolha de ser humilde.”

Isto é a mais pura verdade. Quando estou na crista da onda, nem sempre preciso de ajuda. Mas quando estou sendo arrastando na areia, procuro pela primeira pessoa que possa me ajudar a me levantar.

Depois de nos lembrar sobre o propósito da humildade, em Sua maneira amorosa e compassiva, Ele nos ensina que essas obrigações chamadas fraquezas, são somente temporárias para aqueles que seguem o plano Dele.

“Não se preocupe, pequenino,” ele nos relembra. “Sua fraqueza só existe para te ajudar a progredir. Se você aceitar sua fraqueza, for honesto, e tiver fé em Meu Filho, então transformaremos a sua fraqueza em força. Eu te amo. Por favor, não me deixe de fora desse processo.”

Gratidão pela fraqueza

No Vem e Segue-Me para indivíduos e famílias, recentemente estudamos esse maravilhoso ensinamento de Paulo:

“Não o digo como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece. (Filipenses 4:11-13).

Não acredito que a alegria de Paulo, foi o resultado de sobrepujar sozinho todas as suas provações e fraquezas. Acredito que a alegria dele veio porque ele encarou suas fraquezas, se juntou ao Salvador e seguiu em frente com esperança, determinação e obediência.

Ele abertamente reconheceu suas fraquezas e entendeu que a ajuda celestial era seu melhor recurso.

Como eu desejo que todos nós pudéssemos seguir os exemplos de Paulo e da Sister Aburto!

Ao invés de se esconder de nossas fraquezas, e retoca-la com o éter digital, não podemos aceita-la como o presente celestial que é?

Não estou sugerindo que tenhamos uma lavação de roupa suja regular, mas certamente poderíamos melhorar em nossas habilidades de ser mais autênticos e ter o orgulho apropriado naqueles lugares mais baixos de uma classificação, especialmente quando aquele é o nosso melhor nível.

Quando a Sister Aburto contou sua trágica história, pensei nas dezenas de milhares de Santos ao redor do mundo, que deram o mesmo suspiro de alívio. Eles se sentiram menos sozinhos. Eles se sentiram compreendidos. Eles sentiram esperança. Eles sentiram que se ela podia encarar tais desafios, então eles também poderiam.

Quantos sinais de alívio poderíamos sentir se todos nós aceitássemos o risco de sermos um pouco mais humanos, reconhecendo nossas fraquezas, sem desistir de nós mesmos pelo desânimo, e estender as mãos para aqueles que estão abaixo de nós?

A fraqueza não é forte, não é ruim, não é pecadora ou está quebrada. É o primeiro passo dentro do plano celestial, para nos ajudar a reivindicamos a exaltação, como herdeiros legítimos de nossos maravilhosos Pais Celestiais, aprendendo a busca-Los por ajuda, através de nossas fraquezas.

Que todos nós tenhamos a coragem e a força para aceitarmos a vontade do Senhor, nos humilharmos e unirmos nossas forças as Dele, ao continuarmos nessa maravilhosa e difícil jornada.

Fonte: LDSLiving

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