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4 Fatos Surpreendentes Sobre J. Golden Kimball, o Apóstolo sem Papas na Língua

Fatos sobre um apóstolo criado num meio de palavras fortes e que falava tudo o que vinha a sua mente

O artigo a seguir é uma adaptação do livro de Kathryn Jenkins Gordan, “J. Golden Kimball: The Remarkable Man Behind the Colorful Stories”.

J. Golden Kimball não é tão conhecido pelo que ele fez quanto pelo o que ele disse – e as coisas que ele disse são caracterizadas por dois elementos: profanidade leve e falar tudo que lhe vinha à cabeça. Ele era – como seu sobrinho-neto James N. Kimball disse – “uma lembrança de que até os Santos tem por vezes sua auréola um pouco torta”.

A linguagem de J. Golden Kimball era tão chula que não muitas pessoas buscavam a fundo entender qualquer outra coisa dessa enigmática Autoridade Geral (…). Mas – quer você acredite ou não – não é somente a sua linguagem que era chula e que valesse a pena contar. Na verdade, ele também era um homem espiritual, humilde e realizado que passou por dificuldades e falência financeira, e por problemas de família dolorosos. Talvez, alguns podem ter pensado, seu característico senso de humor resultou como uma maneira de lidar com essas coisas que, de outra forma, poderiam tê-lo devastado ou até debilitado. Ao levar essas dificuldades em consideração, seu firme serviço ao Senhor e à Igreja ficam ainda mais em destaque.

Aqui vão quarto coisas que talvez você não saiba sobre J. Golden Kimball:

1. J. Golden Kimball tinha 64 irmãos e irmãs.

Seu pai era o apóstolo Heber C. Kimball, que teve 64 outros filhos com as suas várias esposas. Se você lembrar a História da Igreja, você se lembrará que Joseph Smith teve dificuldades com isso no Quórum dos Doze Apóstolos. De fato, Heber C. Kimball foi um de dois dos apóstolos originais que nunca deram para trás quando se tratava de lealdade absoluta ao Profeta Joseph; o outro foi Brigham Young. E vemos também que J. Golden Kimball cresceu sempre ouvindo desse fato – e a sua vida também seria caracterizada por essa mesma forte lealdade (…).

Certa vez perguntaram para o irmão J. Golden se ele acreditava que Jonas fora realmente engolido por uma baleia.

Depois de pensar um pouco a respeito, ele disse “Não sei. Mas vou perguntar a ele quando eu for para o céu”.

“E se Jonas não estiver no céu?”, perguntou o homem.

“Então você pergunte a ele”, respondeu o J. Golden.

Mesmo sabendo que J. Golden Kimball passou um bom tempo com seu pai, e que era aparentemente considerado um dos favoritos de seu pai, há indicações de que os dois não eram tão próximos assim – pelo menos não o que consideramos “próximos” hoje em dia. Ele talvez fosse um dos favoritos de seu pai, mas J. Golden parecia distante dele (mas como exigir isso de alguém com 65 filhos?). Um sinal dessa falta de proximidade entre eles era que J. Golden sempre se referia a seu pai pelo que outras pessoas diziam sobre ele, ao invés de compartilhar seus próprios sentimentos e observações. Nas Conferências Gerais ele gostava particularmente de citar o que Brigham Young e George Q. Cannon falaram sobre seu pai Heber. (mais informações no livro de James N. Kimball: “J. Golden Kimbal: Private Life of a Public Figure”, The Journal of Mormon History, 24:2 (1998), 58).

Numa ocasião rara, J. Golden compartilhou uma memória pessoal de seu pai:

“Quando eu era um menino, meu pai fazia a maioria das orações em casa, e quando eu cheguei numa idade adulta, eu não sabia orar (…) Eu não sabia como e nem pelo quê orar. Na verdade, eu não sabia muitas coisas sobre o Senhor (…) E eu fiquei chateado muitas vezes por não saber orar como o meu pai, pois ele parecia estar numa conversa pessoal com Deus. Parecia haver uma amizade entre meu pai e Deus, e quando você o ouvia orar, parecia que o Senhor estava ali ao lado conversando com ele”. (Conference Report, Apr. 1913, 86).

Finalmente, com 77 anos – a apenas oito anos de sua morte – J. Golden compartilhou com os ouvintes na conferência geral um tributo inspirador sobre o papel e caráter de seu pai:

“Honro meu pai por sua fé, coragem e integridade a Deus, o Pai, e a Seu Filho, Jesus Cristo. Ele foi um dos primeiros apóstolos escolhidos que nunca desejou o lugar do Profeta – suas mãos nunca tremeram, seus joelhos nunca cambalearam, e ele era verdadeiro e fiel à Igreja e ao Profeta Joseph Smith (…).

Tenho orgulho de ser filho de meu pai, e enquanto eu viver quero honrar meu pai e seus sucessores, e ser tão leal e firme na fé como eles têm sido” (Conference Report, Oct. 1930, 60-61).

2. Sua linguagem chula foi influenciada pela sua experiência em conduzir uma mula quando tinha 15 anos.

A morte [de Heber C. Kimball] deixou [sua esposa] Christeen abandonada – pelo menos num primeiro momento. Heber morreu sem deixar um testamento, e o acordo foi um processo longo, extenso e complicado. J. Golden resumiu dessa forma:

“Por fim, nós estávamos passando fome. Não tínhamos condições. Mamãe costurou para a Z.C.M.I. ganhando insuficientemente, morando numa pensão, um lugar inóspito, sendo expulsos da mansão de meu pai para viver numa casa de dois cômodos. Minha mãe pediu ajuda ao irmão Brigham repetidas vezes para que me desse um trabalho, mas sem muito sucesso. Acredito que haviam muitos outros também que queriam trabalho. Então fomos deixados dessa forma, para nos virarmos por conta própria, e foi assim que eu comecei a trabalhar de biscate” [Claude Richards, J. Golden Kimball: The Story of a Unique Personality (Salt Lake City: Deseret News Press, 1934, 25)].

Imaginem a situação: Christeen, com seus três filhos, vivendo numa casa de dois cômodos e pagando pensão. É de deixar qualquer um surpreso. E com relação a J. Golden, ele se viu num dilema: sendo o mais velho dos filhos de sua mãe, ele se sentiu na obrigação de ajudar a ela e a seus dois irmãos. E contra o desejo de sua mãe (ela insistia que ele continuasse a estudar), ele largou a escola e se tornou condutor de mula, à tenra idade de 15 anos.

J. Golden começou seu discurso, numa conferência de estaca, perguntando “quantos aqui de vocês já leram o décimo sétimo capítulo de Marcos no Novo Testamento?”, ao que muitos na congregação apressadamente levantaram as mãos. “Bem, há apenas dezesseis capítulos no livro de Marcos, e vocês são exatamente o tipo de pessoa a quem eu vim aqui falar hoje. Meu discurso é sobre mentirosos e hipócritas”.

Pobre Christeen. Para começar, não era algo aceitável socialmente na época uma criança deixar a escola para trabalhar, mesmo nas piores das situações. Os jovens eram fortemente instados a permanecerem na escola e terminar a sua educação. E, pelos céus, um condutor de mulas? Christeen ficou horrorizada.

Mas J. Golden estava empolgado; ele pôde transportar minérios das minas, madeira dos canyons, e participar de outros trabalhos ousados com pessoas desorganizadas e desregradas que acabavam por dar um ar diferente ao trabalho. Ele gostava de conduzir a mula e de trabalhar com as pessoas vulgares que conduziam os times. E isso, senhoras e senhores, foi sua incursão no mundo impressionante da linguagem chula – linguagem realmente vulgar. Como um biógrafo disse: “Um clichê no Grande Oeste era ‘você não pode conduzir mulas sem falar palavrões’. Nenhuma mula vai te dar ouvidos, a menos que ela ouça um palavrão” (Thomas E. Cheney, The Golden Legacy: A Folk History of J. Golden Kimball (Santa Barbara and Salt Lake City: Peregrine Smith, Inc., 1974), 18).

Claro que Christeen ficou mortificada – e apesar de tentar convencê-lo a se esforçar para conseguir um emprego melhor, ele resistiu a todos seus clamores.

3. Ele se recusou a ir para casa depois de passar por problemas de saúde na missão.

Se tem alguma coisa que J. Golden nos ensinou é que você não pode deixar um bom homem cabisbaixo. Com o passar do tempo, a sua saúde ficava pior progressivamente – algo que o deixou com medo de voltar mais cedo para casa de sua missão. Foi um medo justificado. O seguinte aconteceu quando John Morgan, substituindo B. H. Roberts como presidente da missão, encontrou com J. Golden:

“Eu [J. Golden] ainda estava no escritório, no meu pior estado. O irmão Morgan me olhou bem e disse: ‘irmão Kimball, é melhor você ir para casa. A missão está sem dinheiro. Vai custar vinte e quatro dólares para te mandar para casa vivo, ou trezentos para te mandar para casa morto’. Tudo era uma questão de dinheiro naquele escritório, pois já não havia dinheiro. Talvez aquilo era tudo o que eu valia” [Claude Richards, J. Golden Kimball: The Story of a Unique Personality (Salt Lake City: Deseret News Press, 1934, 46)].

Mas J. Golden não aceitou a proposta. Ele disse ao presidente da missão:

“Irmão Morgan, eu não quero ir para casa. Eu acredito que fui chamado para essa missão por revelação, pelo menos foi o que me disseram na minha benção. Agora, Deus tem sido bom para mim, e fiel e verdadeiro. Eu O testei e se Ele não pode cuidar de mim, depois de eu ter sido fiel como fui e feito os sacrifícios que fiz, então Ele não é o Deus de meus pais” [Claude Richards, J. Golden Kimball: The Story of a Unique Personality(Salt Lake City: Deseret News Press, 1934, 46-47)].

O argumento funcionou, e o Presidente Morgan deixou que ele ficasse e terminasse a sua missão.

Uma manhã, quando J. Golden e seu companheiro estavam andando na Missão Southern States, eles passaram por um padre. Ao se aproximar, o padre zombou: ‘bom dia, filhos do diabo’. Ao que J. Golden respondeu prontamente e com um sorriso no rosto ‘Opa, bom dia… pai!’

No dia 23 de março de 1885, J. Golden terminou sua missão com honra, mais por causa de sua “saúde precária” (David Buice, “‘All Alone and None to Cheer Me’: The Southern State Mission Diaries of J. Golden Kimball,” Dialogue, 24:1, 52). Foi a algumas semanas antes da marca exata de dois anos de serviço: “mas estando já quase dois anos na missão, ele sentiu que podia voltar para casa honrosamente. Escreveu em seu diário: ‘Isso está de acordo com meus sentimentos’” (Referência acima).

4. Ele sempre usou de humor em seus discursos como Autoridade Geral.

[Em] 8 de Abril de 1892, enquanto ainda servia como presidente de missão, J. Golden foi ordenado como um dos sete presidentes do Primeiro Conselho dos Setenta (see James N. Kimball, “J. Golden Kimball: Private Life of a Public Figure,” The Journal of Mormon History, 24:2 (1998), 61) pelo apóstolo Francis M. Lyman. Ele com humor atribuiu o seu chamado ao seu pai dizendo: “Algumas pessoas dizem que a posição na igreja vem por revelação, e outros dizem que é por inspiração, mas eu digo que é por relação. Se eu não tivesse nenhuma relação com Heber C. Kimball, eu não seria coisa nenhuma nessa igreja” [Paul B. Skousen and Harold K. Moon, Brother Paul’s Mormon Bathroom Reader (Springville, UT: Cedar Fort, 2005), 32].

Mas não deixe que esse humor te faça pensar que J. Golden não tinha nenhum respeito pela Igreja. Ao discursar na Conferência Geral de Outubro de 1926, ele disse o seguinte sobre receber um chamado:

“Nunca saberemos a tamanha bondade que fazemos ao falar em nome do Senhor. E digo que todo homem cumpre seu papel quando ele é chamado por Deus e ordenado a um ofício. Ele talvez não o cumpra da mesma forma que outro, mas se ele é um homem de coragem, ele o cumprirá da sua forma, sobre a influência do Espírito Santo”.

Artigo publicado no site LDSLiving.com. ©2017 Português LDS Living, Uma divisão da Deseret Book Company | English ©2017 LDS Living, A Division of Deseret Book Company. Traduzido por Nathan Kutomi.

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