Por Catherine Reese Newton – The Salt Lake Tribune
Bonnie Goodliffe lembra vividamente o dia em que a edição de 1985 do hinário de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi colocada à venda. Goodliffe, uma organista do Tabernáculo que serviu no comitê que compilou o hinário, assistiu em meio às lágrimas as pessoas em fila esperando pelos caminhões de livros serem descarregados no Wilkinson Center, na Universidade Brigham Young. Ela falou, recordando 30 anos depois:
“Eu pensei, ‘Nós fizemos o nosso melhor’, eu espero termos feito o certo”,
Embora muitos Santos de algumas gerações ainda pensem que esse “hinário de capa verde” tenha estado presente nos bancos das capelas por muito tempo, Goodliffe disse que “algumas pessoas” dificilmente acreditam quando você conta a elas que os hinos Eu devo partilhar, Povos da terra, vinde, escutai! ou Sou um filho de Deus nem sempre estiveram nele.

A criação do hinário de 1985
O hinário de 1985 – título oficial: Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – foi um marco na história dos hinos da Igreja, disse o membro do comitê Marvin Gardner:
“Foi-nos dito para criarmos um ‘modelo’ nas quais edições subsequentes pudessem se basear em diferentes línguas. Isto ajuda a unificar a Igreja em todo o mundo, de um modo que nenhum hinário tinha feito antes… Ele também nos une entre gerações e congregações.”
Santos dos Últimos Dias em todo o mundo usaram uma sucessão de compilações autorizadas ou não, desde a época de Emma Smith, esposa de Joseph Smith. Ela publicou pela primeira vez a coleção oficial de 90 hinos de fé em 1835.
A linha entre um hino “oficial” e “não oficial” é algumas vezes imprecisa. A membro do comitê Karen Lynn Davidson escreveu no seu livro de 1988, Our Latter-day Hymns: The Stories and the Messages, que até 1985 não havia nenhum recurso padronizado para os membros ao redor do mundo.

Mudanças e inovações no conteúdo
Para os falantes de língua inglesa, Hinos: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, popularmente conhecido como “hinário azul”, celebrou um longo reinado como hinário oficial da Igreja, publicado em 1948 e revisado em 1950. Michael Moody foi indicado para supervisionar uma nova edição em 1983. Seu comitê reavaliou o conteúdo de livros existentes e fez uma pesquisa minuciosa em mais de 6.000 novas submissões. Cerca de 200 finalistas foram selecionados entre diversos grupos de Santos, os quais tiveram retornos positivos. Moody compartilhou:
“Tivemos um claro entendimento de qual era o nosso papel. O novo hinário era para servir uma comunidade global de Santos dos Últimos Dias. E o mais importante, era para ser um alimento espiritual — e não uma peça de museu.”
Muitos hinos permaneceram os mesmos, embora organizados por temas. Noventa e dois hinos foram adicionados – 44 novas seleções escritas por membros da Igreja, 14 hinos do hinário de 1948, 15 de fé tradicionais e 19 com novas melodias ou textos. Sessenta e cinco hinos e um punhado de hinos alternativos foram substituídos.
A exclusão mais famosa foi Come, Thou Fount of Every Blessing, a qual os membros do comitê pensaram que seria pouco lembrada entre os Santos, e Mack Wilberg nem tinha publicado seu arranjo de comemoração poucos meses depois.
Alguns hinos novos, como Onde encontrar a paz? e Creio em Cristo, tornaram-se sucessos. Outros, que o comitê tinha certeza de que fariam sucesso, como Behold the Mountain of the Lord (sem tradução para o português), não tiveram a mesma repercussão.
Goodliffe disse que antecipou algum microgerenciamento das autoridades da Igreja, mas se recorda de somente uma instrução explícita. O então apóstolo Boyd K. Packer foi inflexível e pediu que os versos:
“Somente aquele que faz algo, é digno de viver / O mundo não tem lugar para o murmurador”
Fossem cortados do hino Neste Mundo. Gardner trouxe versos substitutos:
“Só quem isso procura merece louvor / Só esse terá galardão!”
Goodliffe disse:
“Fiquei feliz com isto. Eu estava um tanto desconfortável com o [texto original], para dizer o mínimo.”
Embora muitos hinos populares dos primeiros anos do Mormonismo tenham sido mantidos por sua importância histórica, o comitê suprimiu diversas seleções mais esotéricas.
“Nós precisamos de mais hinos sobre irmandade, trabalho missionário, jejum e famílias.”
Eles também adicionaram hinos infantis, pois, como Gardner observou, os jovens frequentam os principais serviços de adoração da Igreja. Muitos hinos foram transpostos de modo harmonioso para serem fáceis de tocar e cantar.

Legado e impacto mundial
O hinário de 1985 também difere de seus antecessores na inclusão de referências das escrituras em cada hino. A membro do comitê Vanja Watkins relembrou o processo de combinação de escrituras, feito de modo mais fácil pela publicação de um guia de estudos da Igreja, apenas alguns anos mais tarde, como algo particularmente recompensador. Watkins disse:
“Sentimos um espírito sagrado vindo a nós.”
Outra característica introduzida no hinário de 1985 foi uma longa seção de índice.
“Estávamos ansiosos para torná-lo disponível, assim que possível”, disse Gardner.
Leitores podem procurar pelos hinos por tópicos, melodia, métrica, autor e compositor, bem como pelo título e primeira linha. Há também dicas para iniciantes, diretores de música e instrumentistas.
Diane Bastian, gerente de música da Igreja, disse:
“O hinário está disponível em 31 línguas, com inúmeras outras em produção. Existem 104 hinos principais incluídos em cada edição e um adicional de 50 outros que são “altamente recomendados”.”
Isso abre espaço para que até 50 hinos sejam cantados por membros de língua e cultura específicas. Por exemplo, a edição em italiano do hinário contém o Coro dos Escravos Hebreus, da ópera de Verdi, Nabucco.
Fonte: sltrib.com
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Apreciei muito este artigo, muito claro e didático e repleto de informações relevantes e interessantes. Realmente nos acostumamos ao nosso “Hinário Verde”, um tesouro para todo SUD.
And cant it be faz parte desse hinario.E muito lindo gostaria de saber se tem esse hino